segunda-feira, 17 de março de 2025

Os mais mais


Era uma manhã ensolarada em São Paulo, onde o trânsito sempre parecia uma batalha sem fim e o aroma do pão francês fresquinho invadia as padarias da cidade. No bar do seu Zé, um encontro inusitado de amigos se desenrolava. Ali, entre um copo de café e outro, quatro figuras carismáticas se reuniam semanalmente: Pedro, um católico fervoroso; Luciana, uma espiritista de carteirinha; Marcos, um ateu convicto; e Rita, uma praticante do Paganismo Moderno que ninguém entendia muito bem -- mas tinha sempre uma boa história para contar.

"Sabem, diz o ditado que tem gente que é ‘mais católico do que o Papa’", começou Pedro, sua voz ecoando com aquela eloquência típica de quem acredita veementemente em suas opiniões. "Tem muita gente por aí que diz seguir a religião, mas, na verdade, só usa ela como uma máscara."

Luciana assentiu, de olhos brilhando com a ideia. "É verdade! Tem muito mais gente preocupada com a imagem do que com a fé em si. Lembro de uma vez que fui a uma festa espírita. A maioria estava mais interessada em mostrar que era espiritualizada do que fazer algo verdadeiramente em prol da caridade."

Marcos soltou uma risada. "Pior que é isso mesmo. A gente está vivendo uma era em que o ‘criticar’ virou prática da moda. Todo mundo olha para o vizinho, e se ele não faz algo do jeito que considera certo, já sai por aí metendo o pau. E muito menos gente se preocupa em olhar para dentro de si."

E logo o assunto virou para Rita, que ouvira tudo com uma expressão divertida. "Olha, meu povo, eu sou das antigas! Vem cá, na minha religião, se eu tiver que me preocupar em seguir regras que não fazem sentido para mim, eu prefiro voltar a coletar flores e fazer um ritual para o sol do que ficar nessa disputa insensata."

"Ah, Rita", suspirou Pedro, "mas no Paganismo Moderno tudo parece tão... sem responsabilidade!"

Rita balançou a cabeça negativamente, sacudindo uma madeixa de seus cabelos longos e castanhos. "A gente celebra a natureza, a vida e a liberdade. Não é sobre responsabilidade como a sua vê. É sobre conexão e respeito. E eu juro que prefiro um paganismo genuíno a pessoas que apenas colocam o rótulo religioso na vida e não vivem de acordo com seus princípios."

"Então você diz que é 'mais pagã do que as bruxas'?" provocou Luciana, soltando uma risada.

"Exatamente! O problema é que, assim como no catolicismo, existem as bruxas wannabe. Aqueles que estão mais interessados em uma estética do que em um verdadeiro amor pelas tradições, sabe?" Rita animou, gesticulando com as mãos e criando o visual de uma tocadora de tambor em um festival.

Marcos interveio: "É, de certa forma, isso se aplica a qualquer religião. Temos os que fazem questão de praticar e os que só têm a aparência. Olha, no meu caso, não preciso disso. A vida é curta demais pra se prender a rituais que não vivemos de verdade."

A conversa fervia como um café passado no coador, cheio de opiniões fervorosas. A cada gole, a amargura se dissipava em meio a sorrisos e risadas. Em um momento de reflexão, Pedro soltou: "No fim das contas, o que une todos nós aqui não é um rótulo religioso, mas o quanto somos sinceros em nossas convicções."

"É verdade", respondeu Luciana. "A honestidade e a autenticidade são chaves para entendermos melhor uns aos outros. Porque, no fundo, todos buscamos algum tipo de propósito."

"O que é bem diferente de ser apenas ‘mais católico do que o Papa’", brincou Rita, piscando para o grupo. "Na verdade, acho que a gente deveria ser ‘mais verdadeiros do que a religião’!"

Todo mundo caiu na risada. Afinal, o que poderia ser mais cômico do que o papo sobre fé em plena São Paulo, em uma mesa de bar?

Rita continuou, “Olha, no Paganismo Moderno, nós não seguimos um único texto sagrado, mas sim uma série de crenças e valores que variam de cada praticante. Isso faz com que cada um seja responsável por seu próprio relacionamento com o espiritual. Como no catolicismo, onde existem católicos liberais e conservadores, no Paganismo tem quem use cristal e quem ainda acredita em sacrifícios. Cada um com sua verdade, muito embora a sociedade muitas vezes condicione o que é aceitável.”

“Uma verdadeira bagunça!”, protestou Marcos, levantando uma mão. "Mas você sabe, o que realmente me fascina em discussões como essa é que parece que todos nós chegamos à mesma conclusão no final: a necessidade de autenticidade.”

“Exatamente”, completou Luciana. “Não importa se somos espíritas, católicos, ateus ou pagãos; o importante é que a gente honre o nosso caminho e a escolha do outro. No final das contas, o que importa no divã da vida é que as crenças não nos separarem, mas que possamos rir juntos."

O tempo passou, e a conversa evoluiu entre piadas, histórias de rituais estranhos e revelações sobre as coisas que cada um fazia em suas crenças. O bar do seu Zé se tornou um verdadeiro templo de novos entendimentos, onde o que importava não era quem era mais “católico que o Papa” ou “pagão do que uma bruxa”, mas sim a união pelo respeito e a aceitação da diversidade.

E assim, entre risadas e mentiras desmascaradas, o dia se despedia, e a amizade continuava a crescer entre aqueles que buscavam a verdade em suas próprias jornadas. Afinal, a verdadeira religião sempre foi a amizade; não uma questão de convicções, mas de corações abertos para o próximo.

Criado com Toolbaz.
Imagem criada com inteligência artificial.

Nenhum comentário: