domingo, 29 de dezembro de 2019

A lei que é uma piada

Primeiro vamos à notícia:
Irlanda: quem disser blasfémias arrisca multa até 25 mil euros.
A "Lei da Difamação" entende a blasfémia como "uma expressão tremendamente abusiva ou insultuosa em relação a um assunto considerado sagrado por qualquer religião, causando indignação perante um número substancial de seguidores dessa religião".[Ionline-Portugal]

Agora vamos ao comentário:
Blasfêmia é o ato ou efeito de difamar o nome de um ou mais deuses. Isto pode incluir o uso de nomes sagrados em expressões vulgares ou imprecações, sem a intenção de rezar, ou falar de assuntos sagrados sem o devido respeito.
Ano passado, outros partidos políticos recomendaram a alteração do referido artigo para remover todas as referências à rebelião e blasfêmia, e a reformulação do artigo, à semelhança do artigo 10 da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, que trata da liberdade de expressão.
A proibição da blasfêmia remonta à Legislação Inglesa que visava proteger a igreja estabelecida, a Igreja Anglicana, de ataque. Tem sido usada há relativamente pouco tempo para processar publicações satíricas no Reino Unido. No único caso irlandês tomadas ao abrigo do presente artigo, Corway x Jornais Independentes, em 1999, o Supremo Tribunal concluiu que era impossível dizer “do que consiste o crime de blasfêmia”. Ele também declarou que uma proteção especial para o cristianismo era incompatível com a igualdade religiosa disposições do artigo 44.[Ceticismo Net, citando também casos envolvendo Cristãos que poderiam ser considerados "blasfêmia"]

O que este pagão gostaria de saber é quando a Igreja  e os Cristãos vão pagar pelas blasfêmias que disseram ou fizeram contra outras religiões. Evidentemente, quando a lei favorece à Igreja, ela é defendida, mas é atacada quando desfavorece a mesma [como no caso da PLC 122/2006].
Ato contínuo, é necessário que o ofendido reclame para que haja o crime de difamação e eu desconfio de um Deus que seja tão mesquinho e pequeno ao ponto de se ofender com o que dizemos ou fazemos satíricamente em relação ao seu nome, aos templos e crenças ligados à ele.
Por exemplo, eu não vejo blasfêmia alguma no trabalho do fotógrafo Andy Craddock, que fez um ensaio erótico...em uma igreja. Eu considero blasfêmia não ver a nudez como sagrada. E nada mais divino e sagrado [para mim] do que a nudez feminina. Onde e quem eu devo cobrar meus 25 mil euros?
Texto resgatado com Wayback Machine.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Um avanço tecnológico

Mais um sinal de que a pobreza sexual é um sintoma mundial:
Boneca criada por americano faz sexo, conversa e se adapta à preferência do usuário: ousada, tímida, madura ou inexperiente.
Um dos clichês do imaginário masculino é que mulher fala muito. Um inventor americano, porém, parece sentir falta de mais conversa feminina e construiu uma robô erótica que, além de satisfazer desejos sexuais dos donos, ainda promete “conversar, ouvir, falar, sentir o toque e até ser sua amiga e companheira”.
O aparelho, batizado de ‘Roxxxy, a primeira robô do sexo’, foi a estrela da AVN Expo, feira de entretenimento adulto que terminou no último domingo, nos EUA. O grande atrativo da ‘mulher-objeto’, que pode custar até 9 mil dólares (cerca de R$ 16 mil), é que o usuário pode escolher sua personalidade.
Dependendo do humor do dono, Roxxxy pode interpretar, por exemplo, a tímida ‘Farrah Frígida’, que reclama até quando o usuário faz carícias em sua perna, ou ‘Martha Madura’, que promete “ensinar algumas coisas”. Outros perfis disponíveis são a ‘Susan Sadomasoquista’, ‘Wendy Selvagem’ e simulação de adolescente de 18 anos.
O usuário, porém, poderá personalizar novos comportamentos para sua Roxxxy.
Agora, ela será comercializada por uma empresa chamada True Companion (companhia verdadeira, em inglês). “Ela é uma companheira, tem personalidade, te escuta, fala com você e vai dormir. Estamos tentando reproduzir a personalidade de uma pessoa”, jurou Hines à impresa. Durante a feira, Roxxxy, que parece ficar com a boca sempre numa posição sugestiva, tinha um laptop plugado em suas costas. Os fabricantes já esclareceram que a ‘moça’ vai poder ser programada por computadores sem fios.
Mas as mulheres não precisam se sentir negligenciadas. O próximo projeto de Douglas Hine é criar uma versão masculina do brinquedo: ‘Rocky, o robô do sexo’.
Fonte: O Dia

Enquanto isso, na batcaverna do Ratzinger, ainda se critica o casamento homossexual. Até pouco tempo, era o divórcio. A Igreja flexibiliza a lei canônica para poder incluir os Anglicanos, mas não flexibiliza para incluir os homossexuais. A mesma Igreja que condena a homossexualidade é a que fecha os olhos para os casos de pedofilia cometidos pelos seus sacerdotes.
Texto resgatado com Wayback Machine.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Escolas espanholas livres do crucifixo

O Caturo assinalou e eu fui pescar no oráculo virtual [Google] que, depois da Itália, a Espanha irá retirar o crucifixo das salas de aula.
A Comissão de Educação do Congresso pediu ao Governo que se retirem os símbolos religiosos dos centros educativos.
A sentença, conhecida em 3 de novembro, estabelece que a presença de crucifixos em salas de aula públicas infringem o 9º artigo da Convenção Européia de Direitos Humanos, ao restringir o direito dos pais de educar seus filhos conforme suas próprias convicções e a liberdade religiosa do aluno.[Euronews]
O anteprojeto de modificação da Lei de Liberdade Religiosa abordará a questão dos símbolos religiosos e avançará na laicidade do Estado.[La Vanguardia]
Enquanto isso, nos EUA, grupos de cristãos fundamentalistas lançam o Manifesto Manhattan, conclamando aos Cristãos para para que não abdiquem de suas convicções nos debates públicos sobre a vida, o matrimônio, a liberdade religiosa e à objeção da consciência.
Em outros textos deste blog eu ri muito dessa pretensão e hipocrisia. Cristãos dizem defender a vida, mas massacraram milhares de inocentes "em nome de Deus". Cristãos dizem defender o matrimônio, mas apenas o que a Igreja permite. Cristãos dizem defender a liberdade religiosa, mas apenas a deles. Cristãos defendem a objeção de consciência, mas apenas em defesa das doutrinas da Igreja.
O melhor é torcer para que a iniciativa continue até que a humanidade consiga derrubar esse espantalho levantado pela Igreja.
Texto resgatado com Wayback Machine.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Conciliação impossivel

Que a história mostra como o Cristianismo foi sendo formado [forjado?] por um grupo interessado em seu sucesso (a Igreja), mesmo que tomando símbolos e pensamentos de culturas e povos que, depois de Constantino e Teodósio, foram tachados pejorativamente de Pagãos, explica muito a atual tendência do mesmo grupo em ampliar seu ecumenismo e diversificar seu sincretismo.
Recentemente o sr Ratzinger, o Don Corleone de Cristo, fez uma "proposta irrecusável" aos Anglicanos, lhes oferecendo uma forma para retornarem à Igreja, passando por cima de muitos dos dogmas dessa instituição que ele representa. Eu não duvido muito que, em breve, a Igreja faça mais "exceções" como incluir o casamento homossexual ou mesmo "permitir" o aborto, tudo é uma questão política e social.
Portanto eu não me espanto que haja grupos de católicas em defesa do direito de escolha pelo aborto [Católicas Pelo Direito de Decidir] nem que haja uma igreja protestante [Betel-RJ] voltada aos homossexuais para incluí-los no rebanho, a despeito da doutrina impossibilitar tal ponte.
Entre nós, Pagãos Modernos, existem cada vez mais pessoas que [con]fundem doutrinas distintas, como o  Cristianismo com  o Sagrado Feminino, o Matriarcado, a Bruxaria e o Paganismo [incluindo aqui as religiões reconstrucionistas]. Mesmo entre nós, há os que apregoam que: "Todas as vezes que assuntos como pagamentos por ensinamentos na Arte são levantados e as pessoas se inflamam em indignação, me sinto no meio de um bando de Cristãos que valorizam a pobreza e acham o dinheiro sujo e pecaminoso, em vez de naturalmente desejarem valorizar aqueles que disponibilizam seu tempo e energia para a instrução de outros." E veio, do mesmo grupo, o "Manifesto contra falsas iniciações", o que me rendeu uma tentativa de debate com a personagem Eddie Van Feu. Se o mesmo grupo ora elogia a comercialização (tudo que envolve troca de dinheiro por bens ou serviço é comércio) ora ataca, isso é sinal de hipocrisia, fraude.
Mas o tópico de hoje é para analisar a perspectiva de existir um "matriarcado cristão", como encontrei em um blog de um hermano:

Antes de tudo, "Matriarcado Cristão" é o nome deste blog, [o que eu cito] no qual defendemos a matrilinearidade como o melhor modelo para a realização do que Jesus chamava de Reino de Deus. [Por que o Reino não é da Deusa?] Buscamos a extinção do patriarcado dominante e piramidal, por meios pacíficos porém valentes, mediante a elevação de uma fé adulta, desvinculada de toda instituição religiosa hierarquizada. [Bravo! Encore! Se não fosse pelo problema Cristianismo = Patriarcado]
É uma aposta pelo matriarcado, partindo da intuição de que uma sociedade distinta, matrilocal e matrilinear é possível. Nossa sociedade patriarcal ocidental, piramidal e hierárquica, é incapaz de gerenciar os recursos do planeta e as necessidades espirituais da humanidade.
Metade da humanidade tem submetido à outra metade mediante violência, religião e as categorias do pensamento apolíneo. A mulher, as meninas e os meninos, devem ser libertados de toda forma de opressão, injustiça e abuso.
[Falando por eu mesmo, esta luta tem sido soberbamente bem conduzida pelas Feministas sem precisar da nossa "ajuda"]
É cristão, mas não no sentido clássico e exclusivo. Não importa se é católico, nem batizado, nem crer nos dogmas da Igreja. [Isso é interessante e digno de nota: nem todo Cristão é Católico, nem todo Cristão é batizado ou crê em todas as doutrinas da Igreja. Por isso que muitos Cristãos foram perseguidos, presos, torturados e mortos por heresia pela Igreja] Somente, ser simpatizante do personagem chamado Jesus de Nazaré, que deu a vida para defender a ética do amor, da paz e da justiça. [O problema é que é um personagem. Tudo que se pode saber sobre ele vem de escritos compilados pela Igreja] Muitos estão familiarizados com o Cristianismo e é o ponto de partida. [Eu vejo aqui a velha mania do cristão de exclusividade, privilégio, monopólio] Mas de fato, o matriarcado cristão está desvinculado de toda a igreja posterior à primeira comunidade primitiva de Jesus de Nazaré. [Isso é vago, principalmente porque as comunidades primitivas tinham dois núcleos: o dos Judeus Helenizados e o dos Gentios] É universal, pois todos cabem no Reino de Deus. [Cadê a Deusa?] Incluindo os ateus estão convidados a construir este mundo novo onde se prima pelo respeito. [Algo não está certo aqui. Ou o autor parte do pressuposto que cristão=respeito ou que ateu=desrespeito. Em ambos os casos, tal afirmação é errada]
É também um espaço aberto para a recuperação daas cosmovisões que recuperam a sacralidade do feminino em uma pluralidade de manifestações simbólicas e multiplas tealogias. [A intenção do autor é boa, se não fosse todo o arcabouço doutrinário do Cristianismo a respeito da mulher, do corpo, do prazer] No meu entender, deve deixar de existir esta separação dualista entre o Pagão e o Cristão, pois o mais positivo de uma e outra dimensão, no fundo, conduziriam ao mesmo objetivo: um mundo melhor. [Impossivel, uma vez que a posição de muitos Cristãos/Judeus/Muçulmanos seja a de que quem pertença a outra religião necessáriamente está condenado por Deus]
Insisto, se inspira nos valores proclamados por jesus: o amor, a libertação, a justiça, a crítica a todos os poderes estabelecidos, ao ritualismo e à antiga lei. [O autor esqueceu que Jesus dissse que veio para cumprir a lei, não para revogá-la. Esqueceu também da "demonstração" de amor que Jesus deu aos cambistas no templo] Jesus tentou asuperar um modelo eminentemente patriarcal, mediante a implantação da ética do amor, baseada no respeito á liberdade alheia, o desejo ao bem do próximo e a doação incondicional. [Dificil de provar, mesmo com um enorme talento de "interpretação" dos Evangelhos] As mais beneficiadas por esta ética foram as mulheres. [O autor nunca se perguntou porque apenas homens foram chamados de apóstolos?]
A Ressurreição de Cristo pode ser perfeitamente entendida por todos como um relato imaginário de origem femenino: elas foram as primeiras a compreender que Jesus não podia morrer, devia seguir vivo para manter a esperança das gerações futuras. [Na realidade, as mulheres foram ao túmulo por causa que esta era a obrigação social delas] Segundo a tradição judaica, Deus ressucitaria aos justos. [E as justas, não?]
De certa forma, é um ato de fé em uma história de salvação que deve ser levada a termo pelas mulheres. [Do que precisamos ser salvos, mesmo?]
Se inspira também no feminismo da diferença: homens e mulheres não são iguais, ainda que tenham a mesma dignidade. [Ainda essa confusão entre igualdade real e igualdade ideal?!?] Se diferenciam na compreensão do próprio corpo, nas relações subjetivas e suas escalas de valores. [O Cristianismo proibe qualquer tipo de abordagem que envolva o corpo, sua compreensão e sua emancipação] É um convite a participar da transformação a partir deste novo modelo no qual a autoridade flui das mães, não dos pais. [Autoridade é algo delegado por uma comunidade a uma pessoa, independentemente de seu gênero]
Não significa ameaça alguma ao varão, ao contrário, é uma oportunidade de nos libertarmos das cargas culturais que nos tem sido impostas ao ter que assumir toda a autoridade em todos os ambitos da vida. [E bem que tem muito varão que tem mais amor pelo poder do que pela mulher] Pecamos por orgulho se segumos desconfiando da mulher. Devemos deixar de agir como pais para nos redescobrirmos filhos. [O problema é que ainda tem esse tal de "pecado". E um homem não é apenas "filho", mas também amante]
A força dos mitos cristãos que desafiam lógica ocidental masculina, principalmente a Ressurreição e a Virgindade de Maria, na minha opinião mitos que remetem ao ouroboros e à primazia do feminino, respectivamente, devem ser resgatados das interpretações patriarcais que tem desvirtuado seu poder transformador. [Mais devagar com o andor. A Ressurreição faz parte do mito do Ha-Massiah, um mito patriarcal, tanto que não se cogita que uma mulher pudesse ser uma Ungida, por causa da enorme carga negativa que as mulheres carregam pela religião patriarcal. o Mito da Virgindade de Maria é a maior expressão dessa carga negativa. Maria foi tornada "virgem" pela Igreja para que esta pudesse ascender ao Paraíso, ou seja, ela foi "purificada", como se houvesse algo de errado na gestação, na gravidez, no coito] São mitos que nos unem à terra e são capazes de impulsionar o nascimento de uma nova humanidade. [Um tanto dificil, uma vez que a tônica do Cristianismo gire em torno de um desprezo por este mundo e pelas coisas materiais, carnais] Estes mitos se opõem ao frio reducionismo patriarcal e nos abrem ao apaixonado poder criativo da mulher, livre e autônoma, guardiã da vida. [A inspiração vinda das Musas é uma idéia do Paganismo Clássico, não do Cristianismo, que segue mais o pensamento de Aristóteles, onde o Pensamento é um atributo de Apolo]
O primeiro núcleo matriarcal cristão foi a comunidade de Mria e das demais mulheres, junto a João [o apóstolo] fiéis a Jesus e presentes no instante de sua morte. [Dificil de engolir. Os núcleos de Jesus, como todos os grupos messiânicos, são patriarcais. As mulheres tinham a "permissão" de estarem presentes como servas, escravas] Jesus tinha a Maria como referência fundamental. [A influência de Jesus foi a escola rabínica, de uma sinagoga, de uma religião patriarcal] Sem a influência de Maria, Jesus não teria transcendido a ordem estabelecida. Apesar de parecer termos incompatíveis, matriarcado e Reino de Deus pertencem a uma mesma ordem, uma ordem diametralmente oposta ao patriarcal. [E continuam sendo incompatíveis enquanto não reconhecerem a existência de uma Deusa e de que o Reino é da humanidade]
Mesmo Jesus recebeu o pseudonimo de "nazareno" por ser o lugar de origem de sua mãe, não de seu pai José, cuja família era de Belém. [Nem tanto. Em alguns trechos dos Evangelhos, ele é chamado de Galileu. Alguns analistas acham que ele era chamado de "nazareno" por causa de seu voto de nazirenato]
Basta de interpretações patriarcais sobre a mensagem de Jesus. [Mas a mensagem de Jesus é patriarcal. Os homens foram curados, enquanto as mulheres foram "perdoadas", como se fosse parte da natureza delas o "pecado"] A teologia e a filosofia tem atuado como anticristo durante séculos, instrumentalizando a verdade sobre Maria e seu Filho, manchando os valores de paz, amor e libertação proclamados por Maria e Jesus. [Mas foi Jesus mesmo quem disse que veio trazer a guerra, não a paz] o Reino de Deus é, principalmente, das mulheres e para suas filhas e filhos. [O Reino é da humanidade. O próprio sentido de reino nos induz a uma forma de dominação, de ordem, de governo. Ao estipular que o Reino seja de Deus, o autor acaba por contradizer o matriarcado]

Para concluir, não podemos nos esquecer que o Cristianismo surgiu de uma realidade socio-política e, salvo por alguns trechos esotéricos, os Evangelhos refletiu essa realidade. A realidade é que falamos de uma sociedade marcantemente patriarcal [os Judeus], que tinha uma religião monoteísta [devoção a apenas um único Deus, YHVH, depois que este foi divorciado de Asherah], que pregava a purgação/purificação da carne [e nesse escopo, a mulher era posta em uma situação ainda mais grave que o homem], que acreditava na vinda de um Reino de Deus feito apenas para alguns, homens, purificados, escolhidos [as visões do Paraíso Judaico-Cristão não mostram a presença de mulheres] e - principalmente - que tudo aquilo que fosse diferente ou discordante dessa cosmovisão seria condenado [varrido, apagado, erradicado] pois era identificado como sendo algo diabólico.
Texto resgatado com Wayback Machine.

domingo, 15 de dezembro de 2019

A liberação sexual no Islã

Sexo sempre foi um assunto delicado na cultura islâmica. Cercado de proibições, ainda é um tabu dos mais arraigados em países fechados como o Irã. As restrições, no entanto, são menores do que se imagina em boa parte do mundo árabe. Com a bênção de Alá, dá para fazer quase tudo na cama. Cansadas de serem rotuladas de submissas e do prejuízo que o desconhecimento traz para a qualidade de vida, muçulmanas com posições de destaque estão vindo a público com um recado importante: o prazer é um direito e um dever de homens e mulheres, com igualdade, descrito no "Alcorão", o livro sagrado dos muçulmanos. Qualquer coisa que se diga em contrário não tem fundamento. O grupo, ainda pequeno mas crescente, exerce pressão por mais abertura para falar de sexo. Elas conseguem porque, diferentemente de gerações anteriores, não baseiam suas opiniões na ideia de emancipação feminina ocidental. São praticantes da religião e usam os textos sagrados para levar sua mensagem. A maioria pede educação sexual para praticar o aprendizado dentro do casamento e nunca em uma relação homossexual. Tratase de uma revolução que pode mudar (ou adaptar) alguns costumes árabes.
Por baixo do longo niqab preto, no qual apenas os olhos estão descobertos, a conselheira conjugal Wedad Lootah, 45 anos, não parece ser uma mulher que foi ameaçada de morte devido ao seu livro "Top Secret: Sexual Guidance for Married Couples" (Ultrassecreto: Orientação Sexual para Casados). Lançada em janeiro, a obra é um sucesso. Conta casos registrados nos oito anos em que Wedad orienta casais no principal tribunal de Dubai. Criado para tentar evitar o divórcio, virou um espaço de terapia. Entre as histórias, estão a do oficial militar que descobriu a relação extraconjugal da parceira, a esposa que flagrou o marido vestido de mulher em um bar para homossexuais e a mulher que temia o sexo oral imaginando ser proibido pelos preceitos - não é. "Esses problemas acontecem todos os dias e não podem ser ignorados", diz a conselheira. "É a realidade na qual vivemos." No livro, Wedad enfatiza a importância do prazer sexual feminino. A desigualdade nesse quesito, afirma, existente em muitos casamentos, não pode mais ser aceita.

Publicado no Folha de Várzea Grande.
Texto resgatado com Wayback Machine.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Preservativo e cinto de segurança

Recentemente o Vaticano voltou a declarar na pessoa do sr Joseph Ratzinger sua posição polêmica quanto ao uso de preservativos não evitar a transmissão do HIV, chegando a citar supostas pesquisas científicas que endossam a opinião doutrinária da Igreja.
Essa atitude apenas demonstra que a Igreja, como as demais instituições religiosas, para garantir sua soberania na vida de seus membros, mantém uma visão dogmática baseada em uma colação muito fraca de textos científicos, pegando apenas as partes que lhe interessa e escondendo as partes que desmontariam essa farsa.
Interessado em uma informação correta e cientificamente embasada, eu percorri diversos textos e sites médicos sobre o assunto, seguindo até mesmo algumas recomendações do dr Edward Green, citado a larga pelos defensores do Vaticano.
O que encontrei não constitui evidência suficiente para afirmar que o preservativo não evita a transmissão do HIV, o que encontrei foi o mais óbvio que está no comportamento do usuário e nos perigos do comportamento de risco, o que é bem diferente do discurso do Vaticano.
Um artigo interessante que eu encontrei foi essa associação entre o uso de preservativos, o uso de cinto de segurança e o chamado compensação de risco.
Em rápido relatório, o dr. John Richens e o dr John Imrie alegam que o uso de cinto de segurança, como o uso de preservativos, deve vir acompanhado de uma mudança de comportamento. Segundo os drs, o uso de cinto de segurança/preservativo induz a um comportamento adaptado que eles chamaram de compensação de risco:
"Motoristas que usam cintos de segurança se sentem mais seguros e dirigem com mais velocidade ou menos cuidado do que fariam sem cinto de segurança. Quando um aparelho de segurança é introduzido que leva a uma percepção de risco menor, a recompensa em se arriscar se torna mais atraente e inicia um aumento compensador em correr riscos (compensação de risco), o que pode fazer com que as taxas de acidentes volte ao seu nível original ou pode produzir um rearranjamento do prejuízo com o novo risco sendo transferido a outros (transferência de risco)".[Richens, John & etc.]
O texto não duvida da eficácia do objeto em si mesmo, coloca em questão o comportamento do usuário, colocando uma hipótese psicológica que não está cientificamente comprovada e não pode ser usada para embasar a proibição dogmática da Igreja contra o uso de preservativos.
Os preservativos ainda apresentam taxas de eficiência suficientemente altas (70%-80%) para recomendar seu uso nas relações sexuais, como uma parte de uma campanha de saúde pública que deve incluir educação sexual, orientação sobre o "comportamento de risco", orientação quanto ao correto uso dos preservativos e até mesmo orientações para que cada indivíduo possa conduzir sua vida sexual de forma saudável e segura, seja esta monogâmica ou poligâmica, homo/hetero/bissexual, sem a interveniência ou a interferência das eminências pardas do Vaticano ou de outro grupo religioso. Questões de saúde pública que tratam de problemas ligados à sexualidade individual devem ser tratadas por autoridades seculares, não por autoridades espirituais.
Texto resgatado com Wayback Machine.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Inaugurado bordel de LumiDolls

A cidade de Turim, na Itália, inaugurou nesta segunda-feira (3) o primeiro "bordel" com bonecas sexuais realistas da Itália.

Essa é a terceira unidade da "LumiDolls" no mundo. Além da Itália, a empresa possui um estabelecimento em Barcelona, na Espanha, e outro em Moscou, na Rússia.

O local oferece entretenimento lúdico-sexual com ao menos 10 bonecas realistas, produzidas em elastômero termoplástico, material que imita a pele humana. Além disso, as bonecas não são infláveis, mas sim articuladas e resistentes à água.

Para os interessados, os preços dos encontros variam de 80 euros (R$ 384, segundo a cotação atual) por 30 minutos a 100 euros (R$ 480) por uma hora. A ideia atraiu tantos clientes que a agenda do bordel está esgotada até novembro.

De acordo com a LumiDolls, entre os clientes estão homens, mulheres e até casais. Alguns deles, inclusive, pediram para alugar um quarto por quatro horas. O primeiro cliente da loja ficou duas horas.

O responsável pela unidade de Turim, que não se identificou, afirmou que os clientes têm anonimato garantido. O local possui três quartos com chuveiro e televisão, que transmite filmes pornográficos. Já a limpeza é realizada por uma profissional que frequentou um curso na unidade do bordel em Barcelona.

A LumiDolls, que é uma empresa catalã, já possui mais de 160 pedidos para abrir novas casas em outras cidades italianas.

Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/europa/turim-abre-primeiro-bordel-de-bonecas-sexuais-da-italia,4f741c1ea43c988d9681a3ded88d24fa5prx3x99.html

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Lancet acusa o Papa de distorcer a ciência

Uma das publicações médicas com maior prestígio internacional, a The Lancet, acusou o papa Bento 16 de "distorcer a ciência" em seus comentários sobre a eficiência do uso de preservativo no combate à Aids.
Em editorial divulgado nesta sexta-feira, a The Lancet afirma que um recente comentário de Bento 16 - de que as camisinhas exarcebam o problema da Aids - é errado, escandaloso e pode ter consequências devastadoras.
Em recente viagem para a África, o papa disse que a "cruel epidemia" deveria ser combatida com a abstinência e a fidelidade e não com o uso de preservativos.
Bento 16 afirmou que a Aids é "uma tragédia que não pode ser superada apenas com dinheiro e que não pode ser superada com a distribuição de preservativos, que podem até aumentar o problema".
Segundo a The Lancet, o papa "distorceu publicamente provas científicas para promover a doutrina católica nesta questão".
De acordo com a revista, o preservativo masculino é a maneira mais eficiente de reduzir a transmissão sexual do vírus HIV.
"Não está claro se o erro do papa se deve à ignorância ou uma deliberada tentativa de manipular a ciência para apoiar a ideologia católica", diz o editorial.
"Quando qualquer pessoa influente, seja uma figura política ou religiosa, faz uma declaração científica falsa que pode ser devastadora para a saúde de milhões de pessoas, elas devem se retratar ou corrigir o registro público."
A revista afirma que qualquer coisa menor que uma retratação "seria um imenso desserviço ao público e defensores da saúde, inclusive milhares de católicos, que trabalham incansavelmente em vários países para tentar evitar que o HIV se espalhe". Fonte: BBC
A caixa de correio do Vaticano vai receber dezenas de milhares de preservativos como forma de protesto pelas recentes declarações do Papa Bento XVI, em África, contra o uso do preservativo para combater a Sida. Os organizadores, um grupo de italianos registados na rede social "Facebook", asseguram que, esta sexta-feira, 60 mil pessoas enviarão preservativos para o Vaticano, noticia o jornal 20 minutos.
No entanto, os números podem chegar aos milhões, tendo em conta que outros grupos de todo o mundo de redes sociais similares se propuseram a participar. Cada pessoa enviará um preservativo para a Casa Pontifícia, prevendo-se que cheguem ao destino no primeiro dia de Abril.
O grupo italiano entende que esta é "uma provocação pacífica realizada por gente jovem, que são provavelmente os mais afetados por este problema, o das doenças sexualmente transmissíveis". A campanha iniciou em Itália, mas alargou-se a toda a Europa, a países como a França, Reino Unido, Alemanha, Áustria e Bulgária.
Texto resgatado com Wayback Machine.