terça-feira, 31 de outubro de 2023

O melhor dia do ano

Eu amo Halloween. Ou melhor dizendo, Sanhaim.
Estragaram tudo ao transformarem em coisa de criança.

Ao lado do Natal e Páscoa, essa é uma data que costuma ser disputada e usada para cultivar pânico moral.
Então os pastores ficam estressados.

No Patheos, dentro do Cristianismo Genérico, Tim Parson conduz os textos na coluna Christianity in Black and White. Traduzindo: Cristianismo em preto e branco. Nenhuma escala de cinza? Cores, nem pensar?

O título do texto dele:
O que Jesus faria em relação ao Halloween?

Limitado como ele faz questão de demostrar, ele pega trechos dos Evangelhos.
Isso e a enorme pretensão e arrogância típica do cristão de se achar melhor que os outros, por se considerar "salvo", ou "batizado no Espírito Santo", ou que são "a luz do mundo ".

Eu e muitos que celebram o Sanhaim não queremos nem precisamos de salvação. Essa luz, opressiva, combina mais com o fascismo. E o Cristianismo parece bem à vontade com a extrema direita. O fundamentalista e o supremacista branco rezam para o mesmo Deus.

Não. A existência desse Messias é discutível e, mesmo se tivesse vivido, ele não preenche os requisitos para ser considerado o Ha-Massiah. O termo, pobremente traduzido ao Grego Koiné, Cristo, tem uma conexão embaraçosa com o Gnosticismo, como pode ser visto no Evangelho de João.
Então é estranho que pessoas com origens e raízes européias acreditem nesse Cristo, uma figura atrelada aos Profetas do Antigo Testamento, prometida ao Povo de Israel, para o Reino de Deus, que declara ser o Deus de Israel. Os outros povos não estão convidados.

Então o que falta para o mundo ocidental superar essa farsa? Nós temos as nossas raízes, as nossas origens, os nossos ancestrais e os nossos Deuses.
Então comemore o Halloween.
Venha para o Sanhaim.
Nas sombras, todos são iguais.
E as cores são mais vívidas.

Entrando em uma fria

No OnlySky, Dale Mcgowan escreveu o artigo de título "Congelando os Deuses na Islândia"

Citando:
"A primeira das Sagas foi escrita no século XIII , no final de um período assolado pela violência e pela incerteza política, e descreve a vida na Islândia desde o período anterior, logo após os exploradores nórdicos a terem colonizado. Entre as mais populares está a Saga de Hrafnkell."

Esse é um fato. Todas as sagas que nós temos conhecimento hoje foram escritas entre o século IX e XII, quando esses povos estavam devidamente cristianizados. Muitas dessas sagas foram colocadas no papel pelas mãos dos padres. Então tinha uma forte influência da doutrina cristã, para mostrar as crenças antigas e os Deuses de forma desfavorável.

Curioso que um ateu, que vive desmerecendo os textos sagrados por terem autenticidade e originalidade discutíveis, faça uso de um texto para "provar" um argumento. Para um ateu, que vive falando que algo só existe se tiver evidência, aceitar que Hrafnkell existiu é desconcertante.

Seguindo:
"A Saga de Hrafnkell conta a história de um chefe guerreiro, Hrafnkell, que adora Freyr, o deus nórdico de coisas adoráveis como riqueza, sol e sexo. Hrafnkell dá a Freyr suas melhores oferendas e devoção constante, até mesmo construindo um grande templo ao deus. Apesar de toda essa devoção, Hrafnkell é atacado por um inimigo, seu templo queimado e ele e seu povo escravizados.

“É uma loucura acreditar em deuses”, diz ele, jurando nunca mais realizar outro sacrifício. Histórias de perda de fé em tempos difíceis são fáceis de encontrar, e geralmente você pode contar com o herói para experimentar uma epifania repentina que o leva de volta ao redil antes dos créditos finais. Mas a saga de Hrafnkell toma um rumo inesperado: ele escapa da escravidão, poupa a vida de seu captor em troca de liberdade e vive sua vida em paz e contentamento sem deuses."

Hum, vejamos, então Dale concorda que é uma reação infantil dizer que é loucura acreditar em Deuses. Típico de "ateu toddynho", algo que eu escrevi em algum lugar. Nenhuma existência que se preza o título de Deus age conforme a vontade humana, egoísta, limitada, falível e dúbia.

Fazendo uma analogia extravagante, seria o mesmo que negar a existência do serviço público quando não obtemos alguma solicitação.

Seguindo:
"O contribuidor mais famoso das Sagas Islandesas foi o maravilhosamente chamado Snorri Sturleson. Além de liderar o parlamento nacional e escrever a história, Snorri foi um mitógrafo, um coletor de mitos e crenças. E, curiosamente, Snorri chegou precisamente à mesma conclusão que o mitógrafo Euhemerus de Creta sobre a origem da crença em deuses: os chefes guerreiros humanos e os reis eram venerados em vida, depois venerados na morte, e gradualmente tornaram-se venerados como deuses."

Evidências, por favor? Opinião não é evidência.
Lamento Dale, isso é apenas mais um wishful thinking.

Museu de bruxaria em SP

A história da magia é milenar. São práticas e rituais que vêm da pré-história, quando as pessoas celebravam elementos da natureza.

No bairro da Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, um museu traça a linha do tempo da magia em diferentes culturas até a bruxaria moderna, estabelecida por Gerald Gardner nos anos 1950.

A sacerdotisa wicca Nadini Lopes conta que "quando uma pessoa honrava o sol, para que a sua plantação tivesse sucesso, ela estava fazendo magia. Quando ela pedia pela chuva, também estava fazendo magia".

Os visitantes do Museu Brasileiro de Magia e Bruxaria podem conhecer objetos usados em cerimônias e até participar dos rituais no templo montado nos fundos do museu, aos sábados e domingos.

"Nós temos muitos frequentadores aqui que são de outras religiões, mas gostam de vir aqui experienciar essa energia da deusa", conta a sacerdotisa Cynthia Campos.

Endereço: Rua Dr. Fabrício Vampré, 259 — Vila Mariana, Zona Sul
Funcionamento: Todos os dias, das 11h às 18h
Entrada: Gratuita

Fonte: https://g1.globo.com/google/amp/guia/guia-sp/noticia/2023/10/27/museu-conta-historia-da-magia-e-da-bruxaria-na-vila-mariana-na-zona-sul-de-sp.ghtml

Nota: depois que foi devidamente americanizada, a Wicca (e a Bruxaria Moderna) se tornou mais um produto de conveniência. Uma espiritualidade prêt-à-porter.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Velório do natimorto

No OnlySky, Victoria Smolkin escreveu sobre a vida curta e a morte repentina do "ateísmo" soviético.

Talvez ela não tenha se dado conta do caráter messiânico contido no ideal do regime bolchevique, criado a partir da teoria de Karl Marx. A União Soviética tinha um credo, e o Estado (junto com o Partido Comunista) tornou-se Deus.

Portanto não existia ateísmo soviético.

Segundo Victoria:
"Os bolcheviques imaginaram o comunismo como um mundo sem religião. A experiência soviética foi a primeira tentativa de transformar esta visão em realidade."

Oh, bem, nem a Igreja em seus milênios conseguiu arrancar completamente as crenças populares, nunca conseguiu impor completamente os dogmas e doutrinas, não seriam os bolcheviques a serem bem sucedidos em impor a descrença.

Seguindo:
"...os bolcheviques prometeram libertar as pessoas do velho mundo – superar a exploração com a justiça, o conflito com a harmonia, a superstição com a razão e a religião com o ateísmo.
Eles renunciaram às instituições religiosas, teologias e modos de vida tradicionais, oferecendo em seu lugar o Partido Comunista e o Marxismo-Leninismo – um partido que reivindicava o monopólio do poder e da verdade, e uma ideologia que prometia dar um novo significado à vida colectiva e individual."

Eu posso ouvir um amém, aleluia, irmãos? Essa é a mesma declaração dita por padres e pastores. E a União Soviética ruiu estrondosamente sob o peso da cegueira dogmática partidária.

Seguindo:
"No contexto soviético, o ateísmo sustentou a premissa mais radical e utópica do comunismo: a promessa de que a humanidade poderia dominar o mundo e que a injustiça e o mal poderiam ser superados nesta vida e não na próxima."

Mas o que se viu quando o sonho acabou é a riqueza imoral dos delegados, tecnocratas e burocratas do Partido Comunista.

Então as repúblicas que surgiram das cinzas da União Soviética rapidamente abandonaram a religião estatal soviética. Em alguns, ressurgiram as antigas crenças étnicas. O que causou a ruína do sonho soviético foi a própria arrogância e prepotência de ser o portador do monopólio da verdade.

O que é necessário dizer e lembrar é que a teoria de Karl Marx fala que a evolução natural do Capitalismo é o Socialismo. Não é algo a ser imposto pelo Estado nem monopolizado por um único partido.
Quem tiver ouvidos, que ouça.

domingo, 29 de outubro de 2023

Mascate e mascavo

No Wild Hunt, Lucas Babb declara:
"Não é nenhum segredo que neste momento todo mundo quer fazer sexo com o Diabo."

Oh, bem, Mick fez uma bela música chamada Sympathy for the Devil, mas meus olhos são exclusivamente para a mulher de Satã.

Segundo disse o Nário, Jagger significa mascate ou mascavo (açúcar). Também carregador, transportador, carreteiro. Mas não vamos nos deixar levar.

Então Lucas (não o Apóstolo) explica:
"Só há um problema: ninguém pode me dizer quem é o Diabo."

Talvez ele não saiba. Mas uma vez que falamos de personagens da teologia judaico cristão, o Diabo é Satã. Um pobre coitado que aceitou o papel tragicômico de ser o antagonista do Deus de Israel e dos cristãos.

Mas e o chamado Diabo Folclórico? Ah, essa é outra história. Satã, assim como o Deus bíblico, ganhou novas roupas, foi, como dizem, "repaginado". Em países onde vigorou e vicejou o Cristianismo, em suas muitas vertentes, onde a crença popular e as crenças étnicas eram (sub)vertidas, Satã foi identificado e confundido com o Deus Antigo e com Exú.

Fausto (o da literatura/ópera) que me perdoe, mas Satã não está interessado em fazer pactos nem comprar nossa alma. E Lucas tropeça na letra ao associar o Diabo (Satã) com Lúcifer. Existe todo um seriado que mergulha nessa neurose e paranóia cristã, mas são pessoas (?) diferentes.

Desculpe se isso parecer enfadonho, mas Lúcifer foi muito mal traduzido. A palavra original é Hilel. Os copistas apenas perpetuaram essa ofensa. Foi uma associação entre a Estrela da Manhã, Vênus, também chama Lux Ferrer e também Phosphoros.

Phosphorus (Lúcifer), Eósforo e Héspero para ser exato, mas não saia da trilha. Quem mais está associado/a à Estrela da Manhã? Ponto para quem disse Cristo.
Mas não seja preguiçoso. Os cristãos celebram a Páscoa, em inglês, Easter, no original, Eoster. Sim, a Páscoa é uma celebração pagã para Eoster, a Deusa da Alvorada.
Cujo culto e celebração tiveram no Oriente Médio, envolvendo a Deusa Ishtar/Inanna. Que também está associada à mesma estrela. Não existe coincidência.

Mas Lucas insiste no Diabo e na tentação. Oh, bem, Lucas ainda não superou a doutrina cristã, então ele ainda está amarrado na cena do Casal Primordial e a Serpente. Na minha módica análise essa foi uma encenação de uma iniciação mística. E para o desespero dos monges do culto do medo, ninguém morreu ao comer do Fruto Proibido. Se a tentação nos conduziu ao conhecimento (e à liberdade), então eu prefiro a tentação.

Eu não quero fazer sexo com o Diabo. Mas com a esposa dele.

Algo não cheira bem

O Projeto de Lei que visa estabelecer diretrizes para proteção e garantia do direito de crença e liberdade religiosa foi aprovado em segunda discussão nesta terça-feira (24), na Câmara Municipal de Aracaju (CMA).

O PL, de autoria do Pastor Diego (PP), propõe combater formas de intolerância, discriminação e desigualdades motivadas em função do credo religioso.

“A diversidade religiosa é um fato na sociedade atual e que é responsabilidade do governo municipal garantir que todos os cidadãos possam manifestar suas crenças livremente, sem medo de discriminação ou perseguição. Esse projeto é muito importante e busca reafirmar o nosso direito constitucional à liberdade de exercer a nossa fé conforme nossas convicções, dogmas, princípios e valores”, disse o vereador Pastor Diego.

O texto foi aprovado por 14 votos favoráveis e 4 contra e ainda passará pela redação final para posteriormente ser encaminhada ao Poder Executivo.

Fonte: https://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2023/10/24/projeto-de-lei-que-garante-direito-de-crenca-e-liberdade-religiosa-e-aprovado-na-camara-de-aracaju.ghtml#

Nota: esse projeto de lei pode ser considerado inconstitucional. Porque pretende, com uma lei municipal, sobrepor leis estaduais e federais. Porque falar na proteção e garantia do direito de crença e liberdade religiosa é vago e dá subterfúgio ao descomprimento de outras leis.

sábado, 28 de outubro de 2023

Curso de mestrado em ocultismo

A Universidade de Exeter, no Reino Unido, lançará um programa de mestrado voltado para o estudo da história da magia, bruxaria e rituais relacionados ao ocultismo.

A pós-graduação em magia e ciências ocultas, que a escola afirma ser a primeira do gênero numa universidade britânica, deverá ter início a partir de setembro de 2024.

“Será o primeiro desse tipo”, disse um porta-voz da universidade sobre o programa.

A professora associada de literatura árabe medieval, Emily Selove, será a responsável por ministrar o curso.

Selove revelou que a iniciativa de criar o programa de ocultismo surgiu entre os membros da equipe da universidade devido à crescente demanda e interesse em torno desses temas.

Ela disse que notou um “desejo de criar um espaço onde a pesquisa sobre magia pudesse ser estudada em todos os campos acadêmicos”, de acordo com o New York Times.

Centenas de interessados

O programa já recebeu “algumas centenas de consultas nos últimos dias” de estudantes interessados, segundo a professora.

“Se procuramos soluções verdadeiramente novas e criativas para os problemas que nós, como sociedade, enfrentamos, então precisamos de ser honestos e corajosos sobre o fato de que algumas das nossas metodologias testadas e comprovadas têm um limite”, disse ela.

“Vamos testar com cautela e responsabilidade algumas ideias novas ou antigas que descartamos.”

Os módulos de estudo abrangerão uma variedade de tópicos, como a presença de dragões ocidentais na tradição, literatura e arte, teoria da arqueologia, a representação das mulheres na Idade Média, a exploração da prática do engano e da ilusão, e a análise da filosofia dos psicodélicos.

Mistura de crenças

O curso adotará “as lentes das tradições judaicas, cristãs e islâmicas” e “os palestrantes explorarão como a magia influenciou a sociedade e a ciência”.

Segundo o New York Times, a fundadora de uma livraria londrina especializada em literatura sobre magia e espiritismo e acadêmica, Christina Oakley Harrington, comentou que conhece “muitas bruxas” que estão entusiasmadas em ouvir sobre o programa e pensando em se inscrever.

“Não porque eles sejam idiotas e pensem que isso vai ensiná-las a agitar uma varinha mágica e fazer um feitiço”, disse Harrington. “São pessoas que têm uma enorme curiosidade sobre o mundo e a forma como percebemos o mundo visível e o invisível.”

Nota: notícia publicada em uma página direcionada aos evanjegues. Teve uma notícia parecida no Texas que, pela pressão, desistiu e cancelou o curso.

Bruxaria na USP

Em maio de 2014, Fabiane Maria de Jesus foi espancada e morta em Guarujá, no litoral de São Paulo, após ser confundida com uma suposta praticante de bruxaria. A história ficou famosa nos noticiários e evidencia a intolerância religiosa que ainda condena à pena de morte mulheres tidas como bruxas — 321 anos depois dos julgamentos de Salém, que perseguiram e assassinaram 20 pessoas.

Buscando dar voz a essas narrativas historicamente oprimidas, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP sediará, nos dias 26 e 27 de outubro, entre as 9 e as 22 horas, o evento Filosofias ocultas: bruxaria como cultura, ciência e política — manifestação contra a intolerância religiosa, que será presencial com transmissão simultânea pelo canal do Youtube da FFLCH. A programação inclui mesas com pesquisadores, exposições de arte e performances artísticas, e não exige inscrição prévia para participar. 

Para Andréa Sechini, Gilmara Cruz e Oliver Tolle, membros da comissão organizadora, o evento busca trazer os temas relacionados à bruxaria para o cerne das discussões acadêmicas, para contemplar de forma plural as visões de mundo deixadas à margem da história e fomentar reconhecimento e respeito. “O Brasil é um país com enorme diversidade e, embora em teoria o Estado seja laico, a prática da tolerância e do respeito é ainda nos dias de hoje extremamente necessária”, acrescentam os organizadores.

Vítimas de machismo, racismo e capacitismo, as bruxas apresentam uma trajetória histórica de resistência e carregam saberes que abrangem diversas áreas do conhecimento.

A bruxaria é dotada de força religiosa e tem uma forte influência cultural — a figura das bruxas está presente em livros, filmes, esculturas, músicas, danças e vestimentas das mais diversas regiões do mundo —, além de ter uma participação relevante na história da ciência. Segundo a organização do evento, a magia foi uma das primeiras áreas a questionar o universo e tentar entendê-lo. “Ela também se esforçou para transformar positivamente a humanidade, pois a magia é justamente um ato intencional com a finalidade de causar mudanças a favor de quem a pratica”, complementam.

As filosofias ocultas, que foram historicamente compreendidas como doutrinas reprimíveis, também têm um caráter de união. “Como força religiosa, a bruxaria também tem o poder de reunir pessoas em torno de objetivos comuns com temas muitas vezes ligados ao futuro da humanidade, ao aperfeiçoamento da sociedade e à superação de injustiças”, complementa a comissão organizadora.

Enquanto as bruxas são frequentemente associadas à cultura e à história estadunidenses, as trajetórias das bruxas brasileiras seguem pouco noticiadas. Ludovina Ferreira foi uma dessas mulheres apagadas pela historiografia. Nascida em Belém, no Pará, Ludovina foi acusada de feitiçaria pela Inquisição, no século 18. Os seus poderes de cura, que eram conhecidos na província de Grão-Pará, e sua relação próxima com um indígena lhe custaram a liberdade.

A história de Ludovina será explorada no evento da FFLCH durante a mesa Ludovina Ferreira, uma “feiticeira” em Belém Colonial, que inaugura o evento no dia 26, às 9 horas. A representação das bruxas na literatura e no cinema — em obras como Fausto, livro célebre de Goethe, e na poesia de Horácio —, a história da perseguição à bruxaria em diversas regiões do mundo e as interligações com o anticapitalismo e o ecofeminismo também são contempladas na programação, que terá a participação de pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

Em ambos os dias do evento, a programação será encerrada, às 21 horas, com uma apresentação audiovisual que dialoga com o tema da bruxaria. No dia 26, será apresentada a peça teatral Aberta a temporada de caça (das bruxas), organizada por Andréa Sechini, e no dia 27 haverá uma apresentação de dança com o título The Witches Sabbath, dirigido por Gilmara Cruz. Além disso, durante todo o evento ficarão expostas 27 artes visuais, como parte da coletânea Lemniscata das Bruxas, que buscam captar a jornada errática, solitária e transgressora do processo de tornar-se bruxa.

Fonte: https://jornal.usp.br/diversidade/evento-na-usp-traz-a-bruxaria-para-o-cerne-das-discussoes-academicas/

O ABC da laicidade

Doze anos atrás, mais precisamente em maio de 2011, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), de forma unânime, equiparou as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões resultantes entre homens e mulheres, reconhecendo, assim, a união homoafetiva como um núcleo familiar.

A decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132.

O relator das ações, ministro Ayres Britto (aposentado), ressaltou, em seu voto, que a Constituição Federal de 1988 (artigo 3º, inciso IV) veda qualquer discriminação em razão de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua orientação sexual. “O sexo das pessoas, salvo disposição suficiente, não se presta para desigualação jurídica”, afirmou.

O referido artigo 3º indicado, pelo então, à época, ministro Ayres Britto, versa sobre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, e é um dos pilares da noção da laicidade, acrescido do artigo 19, incisivo I, que veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesses público”.

O que eu chamo de “ABC da laicidade” é o núcleo do conceito do Estado laico, o que pressupõe que o Estado não deve ter uma religião oficial e, consequentemente, não deve favorecer um credo religioso determinado em detrimento de outros, assim como o Estado não deve descriminar qualquer cidadão ou grupo de cidadãos face a ter ou não ter crenças religiosas. E, mais: o Estado não deve legislar com base em princípios religiosos.

No entanto, de 2011 para cá, cresceu a influência de grupos religiosos conservadores na sociedade e dentro do Congresso Nacional, os quais buscam criar leis sob justificativas religiosas, na pretensão “defesa da família, da moral e dos bons costumes”.

Um exemplo disso é a discussão feita atualmente na Comissão da Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, da Câmara dos Deputados, em torno de um projeto de lei que visa proibir a união civil homoafetiva aprovada pelo STF em 2011.

No entanto, como destacado no julgamento de 2011, o artigo 3º, inciso IV, veda a discriminação em função da orientação sexual. Além disso, o artigo 1º, inciso III, afirma que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana. Nesse caso, a união civil homoafetiva é uma garantia de direitos para uma parcela da população alijada dessa prerrogativa, sem diminuir os direitos de matrimônio de casais heterossexuais.

Porém, em decorrência da forte influência das instituições religiosas e da religiosidade no espaço público (não esquecer que até o final do século XIX o catolicismo era religião oficial do Brasil), existe uma tendência em naturalizar a ação de práticas políticas sob uma visão religiosa, vide leituras da Bíblia nas casas legislativas pelo país fora, uso de verbos públicos para eventos religiosos de determinados credos ou a defesa do uso do mandato político em “nome de Deus”.

Neste ano a Constituição de 1988 completa 35 anos de existência. Contudo, colocar na prática diversos dos seus dispositivos constitucionais ainda é um desafio. Assim como garantir a laicidade do Estado. O debate sobre a união civil homoafetiva é um exemplo disso.

Fonte: https://www.paulopes.com.br/2023/10/laicidade-de-estado-pressupoe-garantia.html

Nota: não é mera coincidência que exista um projeto de lei propondo limitar o poder do STF. Deputados e senadores ligados ao conservadorismo, à direita e ao fundamentalismo cristão querem limites no poder do STF para evitar decisões que afetem suas convicções.

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Uso justo

Encontrado em uma página direcionada aos evanjegues:

Citando:
Durante as eleições na Argentina, a Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da República Argentina (ACIERA) afirmou que “nenhum partido político pode representar as igrejas evangélicas”.

“Embora sejam membros das nossas comunidades de fé, o fato é que não representam a igreja evangélica como um todo, nem podem pretender ser tão representativos”, sublinhou.

Além disso, a ACIERA pediu aos cristãos que “não misturem ou confundam funções pastorais com vocação para a coisa pública, tendo cuidado com o rebanho e respeitando as liberdades e escolhas individuais dos fiéis”

Retomando:
A eleição de 2018 no Brasil teve a participação ativa de muitos pastores para disseminar desinformação e ajudar na eleição do Bolsonaro.
A Argentina corre o risco de eleger Javier Milei, considerado a versão argentina de Bolsonaro. Com a ajuda e participação da extrema direita, conservadores e fundamentalistas cristãos.
Como diz o americano, fair use:
Nenhuma igreja evangélica pode participar ou influenciar os partidos políticos. Ou o Congresso.

Segundo colocado

O Brasil é o segundo país "mais promíscuo" do mundo, de acordo com pesquisa realizada pela empresa NapLab e reproduzida esta semana pelo jornal New York Post. O Índice Global de Promiscuidade avaliou o nível de promiscuidade de 45 países.

A equipe levou em consideração a idade média em que a virgindade foi perdida, o número médio de parceiros sexuais, a taxa de DST e a porcentagem da população que considera o sexo antes do casamento entre adultos moralmente aceitável. Os fatores adicionais considerados foram se a prostituição é legal, ou pelo menos parcialmente legal, e se o sexo antes do casamento é ilegal para os cidadãos do país.

No caso do Brasil, a idade média em que a virgindade é perdida é 17 anos, segundo o estudo, e o número médio de parceiros sexuais é 9. O índice de DST por 100 mil habitantes é de 31,746 e 61% aceitam sexo antes do casamento. O NapLab compilou dados de várias fontes para elaborar a sua lista, analisando taxas nacionais e entrevistas.

A França tem a visão mais relaxada quando se trata de sexo antes do casamento, com 94% afirmando que não é uma questão moral. Já a Austrália foi considerada o país mais promíscuo do mundo: o cidadão médio tende a dormir com 13,3 pessoas e 81% dos residentes aprovam o sexo antes do casamento. A Índia foi nomeada pelo NapLab como o menos promíscuo dos 45 países examinados. Apenas 19% dos indianos consideravam o sexo antes do casamento aceitável, enquanto o cidadão médio tinha apenas três parceiros sexuais.

Fonte, citado parcialmente: https://extra.globo.com/blogs/page-not-found/post/2023/10/brasil-e-o-segundo-pais-mais-promiscuo-do-mundo-de-acordo-com-pesquisa.ghtml

Mais uma vítima do fundamentalismo

Está posta no Brasil uma nova guerra santa. As armas desse combate são chamadas pelo forte exército da fé, de “poderosas em Deus”, de Tibiras à Karolines. Incontáveis são os nomes das vítimas onde nenhum corpo chamado de minoria passa imune a esta LGBTfobia fantasiada de boa intenção religiosa.

As justificativas para o ataque ficam ao gosto do freguês: defesa da moral e dos bons costumes, a preservação da família “tradicional”, a proteção das crianças – cada um dos aliados dessa guerra veste a fantasia ideológica que melhor lhe serve. O alvo principal: curar os “doentes” de sua identidade, e tira-lhes os direitos básicos, para assim amolda-los ao dito padrão de Deus.

Karol Eller é mais uma vítima da obstinação do fundamentalismo evangélico, sedento pela espetacularização da dor daqueles e daquelas que caem em sua potente propaganda enganosa, a qual propõe vender a própria identidade para ganhar aceitação e o céu, sem que se haja qualquer clemência das vítimas que se aproximam. Para tamanho espetáculo, diferentes armas usadas: de exorcismos públicos, a terapias de reversão, tudo é válido na tentativa de “perder o mundo e não a alma”.

Karol Eller não é só mais um nome, mas uma história que se põe diante de nossos olhos, e que com ela apresenta tantos outros nomes vítimas do sonho de uma aceitação social completa. Os culpados por tamanha crueldade seguirão dormindo em paz, acusando Karol, e todos os demais dizimados em seus shows de horrores, de “reféns” de seus próprios abusos.

Se a Bíblia, que alegam usar como cartilha, diz que em Deus há vida em abundância, os frutos desta vida em abundância ainda não se apresentam diante de nós. Ao contrário, dor e sofrimento se apresentam a família de mais uma combatente abatida nessa guerra santa. Karol nos prova que a sentença está posta não só aos que se opõem a tais ideologias, mas também aos seus aliados. E que, mais do que claramente, podemos ver que sim, existe uma doença a ser curada e enfrentada, pois sua ferida aberta sangra diante de nós, por nome fundamentalismo religioso. Este sim, destruindo tudo o que vê por aí.

Fonte: https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/karol-eller-e-mais-uma-vitima-do-fundamentalismo-evangelico/

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Projeto de lei contra a "cura gay"

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), apresentou, nesta terça-feira 17, um projeto de lei no Congresso Nacional para equiparar as chamadas “terapias de conversão sexual” à crime de tortura.

Se o PL for aceito, o tratamento de ‘cura gay’ passa a ser crime inafiançável com pena de reclusão de dois a oito anos.  Caso um servidor público intermedie, lidere ou realize a prática, ele será destituído do cargo.

A proposição vem em meio à comoção pela morte da influenciadora bolsonarista Karol Eller. A Polícia Civil registrou o falecimento como suicídio, pois Eller foi encontrada após cair do prédio onde morava, em São Paulo. Um mês antes, ela havia passado por um “retiro de conversão” em uma igreja evangélica.

“Por definição, as terapias de conversão sexual podem caracterizar-se como tortura, principalmente em circunstâncias com dor, sofrimento físico e mental infligido sobre os indivíduos submetidos à prática”, diz o texto do projeto de lei.

Atualmente, a prática já é vedada pela resolução nº 1999 do Conselho Federal de Psicologia. Apesar disso, existem tentativas de reverter essa norma – como a encabeçada pelo Partido Novo, que buscou anular a resolução via STF.

A parlamentar argumenta que as ações devem ser investigadas com maior rigor, dado o crescimento dos casos.

No Brasil, existem pelo menos 26 propostas distintas de “tratamentos” voltados à conversão sexual, como mostra a pesquisa “Entre ‘curas’ e ‘terapias’: Esforços de ‘correção’ da orientação sexual e identidade de gênero de pessoas LGBTQIA+ no Brasil”, publicada em julho de 2022.

Fonte: https://www.cartacapital.com.br/politica/apos-a-morte-de-karol-eller-erika-hilton-propoe-lei-para-equiparar-cura-gay-ao-crime-de-tortura/

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Rodízio de miscelâneas

Eu pensei em dar o título de rodízio de pizza, mas vamos girar a roleta.

Todos os textos aqui foram tirados do Patheos e traduzidos com Google Tradutor.

Samantha Mattheiss, comparando os doces do Halloween com o Pão da Vida:
"Como e por que o Pão da Vida sacia? Bem, o Pão da Vida é o verdadeiro dom de si mesmo – o Amor perfeito. Receber amor e amar os outros certamente nos preenche profundamente. De qualquer forma, o Pão da Vida nos preenche não apenas por um momento, mas de forma profunda e duradoura.
De qualquer forma, o Pão da Vida nos preenche não apenas por um momento, mas de forma profunda e duradoura."

A história conhece bem o amor cristão. Cuja ignorância não permite saber que o pão servido na Pessach é o pão ázimo. Sem fermento. E diga-se de passagem que o Pão da Vida oferecido por Cristo não é nutritivo, em termos carnais e espirituais.

Sorteado G 60.

George Smith, falando do oráculo do urim e tumim:
"Você pode determinar a vontade de Deus através de jogos de azar como dardos e dados? Só porque os personagens da Bíblia fizeram isso, isso não significa que você deveria.
Claro, é importante notar que a Bíblia não é, nem nunca foi, um livro abrangente para responder a todas as situações e questões da vida."

Ele deveria dizer isso aos seus pastores. Então não é necessário lançar o urim e o tumim. Como também foi abolido a restrição alimentar e a circuncisão. Então por que o cristão perturba tanto sobre a orientação sexual alheia com base naquilo que era costume desse povo, dessa época?

Sorteado N 45.

Beverly Green, falando do "cosplay" pagão:
"Cosplay, então, pode ser uma forma de autoexpressão, e a autoexpressão é necessária para uma boa saúde mental.
Sendo esse o caso, as roupas podem ser uma forma tranquila de expressar valores, crenças, talentos e caráter poderosos.
Cosplay pode ser uma brincadeira , mas permite a oportunidade de “experimentar” os desejos ocultos do coração.
Quer seja para a melhoria do mundo ou para a melhoria de si mesmo, a imersão em um personagem que possui uma virtude ou talento desejado pode ser uma ferramenta eficaz.
Muitos sonhos habitam os mundos do mito e da espiritualidade. Quer a mente esteja entusiasmada com livros, videogames ou séries de televisão, itens podem ser adicionados a um guarda-roupa para dar a aparência ou a ilusão de um determinado personagem ou grupo de personagens ali encontrados.
Imagine por um momento uma mulher de meia-idade, professora de literatura apaixonada por Tolkien, Lewis, pelos contos arturianos e pelos mundos espirituais indescritíveis, participando de uma Feira da Renascença. Ao examinar o estande de um vendedor, ela encontra capas com capuz de tecido substancial, algumas pretas, outras brancas, forradas com um lindo cetim colorido. Eles são caros. Ela hesita. Isso não está no orçamento. Então, só por diversão, ela experimenta um preto com forro azul-petróleo e se olha no espelho. Naquele momento, ela é transportada para um dia de neve em Camelot, e a capa é imediatamente comprada como seu novo casaco de inverno."

Essa doeu. Eu também não vejo com bons olhos esse fenômeno entre meu povo. Ser pagão, bruxo ou wiccano não é (não deveria ser) cosplay. Eu devo ter escrito em algum lugar que eu abomino o Witchtok. Ou de gente que usa um pingente de pentagrama do tamanho de calota de carro. Ou de gente que acha que ser bruxo ou wiccano é copiar a moda gótica.
Mas devagar com o andor que o santo é de barro. Como você identifica um evangélico no meio da multidão? Pela roupa. E a Bíblia que mais parece desodorante, sempre debaixo do braço, pouco ou nunca lida. E nesse cosplay de redimido, de arrependido ou de batizado no Espírito Santo, o cristão também sonha que está salvo e que vai direto ao Paraíso. Isso é o roto falando do rasgado.

Sorteado O 67.

Kelley Mathews, falando no que uma Deusa pode ensinar sobre Jesus:
"Eu amo a Mulher Maravilha. Mas sou menos fã da deusa Diana, ou seja, Ártemis, em quem se baseia a personagem Mulher Maravilha. Mas uma coisa que adoro em Ártemis é esta: o conhecimento sobre ela me ajuda a compreender partes do Novo Testamento (NT). Os escritores do NT, embora considerassem os deuses gregos falsos, certamente não hesitaram em fazer referência a eles. Artemis recebe o maior faturamento. E compreender quem ela era na época dos primeiros cristãos nos ajuda a compreender alguns escritos de Paulo que nos deixaram coçando a cabeça."

Cristão não lê a Bíblia, não conhece a própria mitologia e acha que pode falar de Diana de Éfeso. Diana não é Ártemis, não é Selene, nem Cibele. Mas as religiões antigas, ao contrário do Cristianismo, não tinha uma doutrina, um dogma ou algum padrão imposto. Com frequência, tanto Gregos quanto Romanos, viam e interpretação os Deuses que encontravam conforme a cultura que dispunham.
Mas que os Apóstolos tiveram que correr de Éfeso para não serem linchados, eles tiveram. Nem Cristo nem o Deus Cristão fez qualquer coisa para proteger ou ajudar na fuga.

Sorteado I 26.

Ellen Fannon, falando (contando vantagem) do desafio de Elias aos profetas de Baal:
"Finalmente, Elias convocou um confronto entre ele e os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Asherah no Monte Carmelo para provar quem era o verdadeiro Deus.
Você provavelmente conhece o resto da história. Elias prepara sua oferenda, então, para tornar a disputa aparentemente mais difícil, ele encharca a oferenda e a lenha com água. Depois de orar a Deus, o fogo do Senhor desceu e queimou a oferta, a lenha e as pedras do altar, e lambeu a água que estava no rego ao redor do altar. Então Elias ordenou ao povo que prendesse os profetas de Baal e os matasse."

Curiosamente o Deus Cristão também não tem demostrado sua presença. O senhor Bergoglio inclusive disse, ao visitar Auschwitz - Onde estava Deus? Um leitor atento certamente perguntaria:
- E o que foi feito dos profetas de Asherah?
Sim, meus amigos. Nada se diz. Quem escreveu o texto esqueceu deles?
Não vamos esquecer que esse Deus simplesmente nada fez diante da conquista de Israel pela Pérsia.

Sorteado B 2.

Valeu o esforço, galera. Mas como eu dizia na Evangelize-me Se For Capaz, o curso supletivo Jesus teve que fechar as portas. Nenhum aluno conseguiu a nota mínima.

O ano novo divino

Centenas de figuras e representações egípcias foram reveladas durante um trabalho de restauração do teto do Templo de Esna, estrutura erguida há cerca de 2,2 mil anos que passou por uma grande reforma há aproximadamente dois milênios, quando os romanos dominaram o Egito.

As novidades foram divulgadas no último dia 16 de outubro pela Universidade de Tubinga, na Alemanha, cujos especialistas colaboraram em parceria com o Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito para a restauração do templo ao longo de cinco anos.

Uma equipe de 30 pesquisadores limpou a sujeira e a fuligem de centenas de figuras e representações astronômicas, revelando-as em suas cores originais. "A conclusão da restauração do teto marca o primeiro e talvez mais importante marco do projeto", diz Christian Leitz, do Instituto de Estudos do Antigo Oriente Próximo da Universidade de Tubinga, em comunicado.

Os relevos coloridos do teto mostram deuses, figuras mitológicas e representações do sol, da lua, além de signos do zodíaco e várias constelações. O teto é dividido em seis seções, cada uma com um tema. Entre eles estão o diário do sol, as fases da lua, as diferentes horas da noite e até o "Dia de Ano Novo".

A mitologia que detalha o "Ano Novo" egípcio é representada em uma cena com divindades: Órion (que representa a constelação de mesmo nome), Sótis (nome egípcio para Sirius, a principal estrela da constelação de Cão Maior) e Anúquis (deusa da água). Os três deuses estão em barcos vizinhos com a deusa do céu, Nut, engolindo o céu noturno acima deles.

"Sirius é invisível no céu noturno 70 dias por ano até que ela apareça novamente no leste", explica Leitz. "Esse ponto era o Dia de Ano Novo no antigo Egito e também anunciava a inundação anual do Nilo." No sistema de crenças dos egípcios, a terceira figura - a deusa Anúquis - era responsável pelo recuo das águas da inundação do Nilo cerca de 100 dias depois."

Além das pinturas mitológicas, a restauração do templo revelou quase 200 inscrições em tinta que eram completamente desconhecidas. Essas inscrições ajudaram os pesquisadores a identificar muitas das imagens representadas.

Agora que a restauração do teto foi concluída, os pesquisadores estão limpando paredes, colunas e pronaos (área frontal) do templo. Espera-se que esse trabalho revele novas cores e particularidades de imagens, como os “tronos dos deuses” e detalhes sobre suas roupas, segundo Leitzi informou em e-mail ao site Live Science.

Com 37 metros de comprimento, 20 metros de largura e 15 metros de altura, o pronaos era uma estrutura de arenito colocada na frente do edifício real durante o reinado do imperador romano Cláudio (41-54 d.C.). Sua localização no centro da cidade provavelmente contribuiu para a preservação e evitou que a área fosse usada como pedreira para materiais de construção, conforme ocorreu com outros edifícios antigos durante a industrialização do Egito.

Além do templo de Esna, onde predominam as cores amarelo e vermelho nas pinturas, há outro teto de templo astronômico excepcionalmente bem preservado no Egito. Este está no templo de Dendera, cerca de 60 km ao norte de Luxor, onde as cores predominantes são o branco e o azul claro, embora alguns dos mesmos temas estejam representados.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/google/amp/ciencia/arqueologia/noticia/2023/10/templo-egipcio-de-2-mil-anos-revela-cenas-mitologicas-e-ano-novo-divino.ghtml

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Laura 2050

Nos bastidores de alguma emissora de televisão, jornalistas, fotógrafos, seguranças e assessores parecem formigas atarefadas. No meio dessa agitação, uma influencer se aproxima da candidata e dispara a pergunta sem noção.

- Hei, você lembra desse vídeo?

Um vídeo que circulou pelas redes sociais mostrou um momento da comemoração dos 14 anos da filha mais nova do ex-presidente Jair Bolsonaro, Laura Bolsonaro, que aparece um tanto tímida ao lado do pai e da mãe, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Os internautas também notaram que a filha mais nova do ex-presidente não retribui o abraço e limpa o rosto no lado em que o pai encosta.

- Mais ou menos. Isso foi há mais de vinte anos atrás.

- Seus adversários vão falar sobre isso e vão querer usar contra você.

Ainda que remota, a possibilidade existia. Afinal, seu pai tinha dito que "pintou um clima" com garotas venezuelanas e isso passou pelo seu pensamento, pois tinha completado a mesma idade. Seu pai também foi considerado o principal responsável pela morte de 700 mil pessoas na pandemia da COVID 19. Isso e o escândalo do contrabando de jóias que seu pai tinha tentado vender. Em um ato inédito no Brasil, Bolsonaro e seus muitos associados, apoiadores e patrocinadores fo ram condenado s por atos contra o estado de direito e democracia, foram condenados por conspiração e envolvimento em um golpe de estado.

Laura lembra de outro vídeo.

Bolsonaro e a filha aparecem juntos e o presidente pede para quem está gravando o vídeo mostrar as panelas com a comida. “Mostra aqui a Laurinha cozinhando. É ou não é uma menina bacana?”, diz o presidente e afirma, logo em seguida: “Laurinha 2050”.

Foram muitos anos antes. Seus irmãos tiveram carreira na política, mas a experiência dela foi com terapia. Ela, como muitos brasileiros, ficou com nojo e ódio da política. Nisso, a elite que está no poder foi bem sucedida. Implantou na mentalidade comum a aversão à política. O resultado foi a eleição de seu pai em 2018 para presidente do Brasil.

Ela teve que mudar de nome, portar novos documentos arranjados pelo governo e viver dentro das regras do sistema de proteção à testemunha. Felizmente os governantes erradicaram a extrema direita em 2030. E o brasileiro tem memória curta.

Ela pode iniciar sua carreira na política. Resolveu seus traumas de infância e seus irmãos estão presos, juntamente com o que sobrou dos "bolsonaristas".

Então, o que mudou em quase trinta anos? As redes sociais têm que seguir regras na maioria dos países. A justiça pune rigorosamente quem dissemina o que era chamado de fake news. As grandes fortunas são taxadas. Aos poucos, oligopólios e monopólios estão acabando, pela força da lei ou da justiça. A igualdade de gênero é uma realidade. Praticamente foi erradicado o fundamentalismo cristão. Mesmo os países mais extremados têm leis que garantem e protegem os direitos da comunidade LGBT. Da mesma forma que os países admitiram seus excessos na chamada Caça às Bruxas, agora admitem os excessos da Cruzada Contemporânea.
A ONU emitiu uma declaração abolindo antigos preconceitos etários.

Então, o que Laura, candidata à deputada federal, tem a oferecer para seus eleitores e aos jovens que estão começando a vida? Ela ajeita os papéis com o discurso enquanto um assistente de produção assinala para ela entrar no estúdio e começar a entrevista.
Ela não sabe o resultado. Mas, ao menos, sabe que os meios de comunicação de massa agora são mais democráticos. O resto, se improvisa, conforme os fatos se apresentam.

Os caixões de Edimburgo

Próximo à cidade de Edimburgo, na Escócia, existe uma pequena montanha conhecida como Arthur’s Seat. Ela surgiu a partir de uma erupção vulcânica, e alguns dizem ter abrigado o castelo lendário do Rei Arthur, conhecido como Camelot. Além disso, o local está repleto de histórias e mistérios, uma delas ainda hoje confunde alguns cientistas, 17 pequenos caixões de madeira, escondidos em uma encosta.

Os caixões possuem cerca de 10 centímetros de comprimento, e estavam dispostos em duas fileiras de oito cada, e uma terceira de um;
Dentro de cada um existia uma figura de madeira vestida com roupas cuidadosamente costuradas;
Os caixões foram encontrados em 1836, por um grupo de meninos que caçavam coelhos pela região;
Eles datam de 1830, mas o motivo deles existirem ainda é um mistério;
Atualmente, eles se encontram expostos no Museu Nacional da Escócia.

A montanha de Arthur’s Seat é conhecida por ser um local evocativo e misterioso, fazendo com que alguns especialistas sugerissem que os caixões e as figuras de madeira fossem representações de alvos de bruxas.

No entanto, o cuidado com que as peças foram produzidas, refuta esse argumento. Artefatos de bruxaria são geralmente criados com o intuito de serem destruídos, para eliminar o inimigo que representavam, mas as estátuas foram produzidas respeitosamente.

Uma hipótese sugerida pelo Edinburgh Evening, ainda em 1836 era que os caixões podem ser enterros representativos de pessoas que faleceram em terras distantes. Outra, publicada no jornal Caledonian Mercury, também no mesmo ano dos eventos, é de que os objetos foram uma forma das esposas de marinheiros que morreram no mar dar um enterro cristão para seus maridos.

Embora convincente, não existem evidências de que essas práticas foram realizadas na Escócia. Além disso, as figuras de madeira são quase idênticas em tamanho e formato, sendo improvável que sejam produzidas para representar pessoas individuais. Um enterro substituto de 17 pessoas também estaria provavelmente ligado a um evento histórico, mas não existem registros de algo parecido na região ou época.

Uma das teorias é de que os caixões representam as vítimas dos serial killers do século 19, William Burke e William Hare. Entre os anos de 1827 e 1828, a dupla cometeu 16 assassinatos em Westport, tendo sido os cadáveres utilizados para dissecação por estudantes de medicina da época.

No entanto, além do número não ser exatamente igual, 12 das vítimas da dupla eram mulheres, mas todas as figuras de madeira dos caixões estavam vestidas como homens.

Existem, outras teorias que apontam que um comerciante escondeu os caixões em Arthur’s Seat para vendê-los depois como amuletos de proteção, e outra envolvendo um homem mudo, surdo e deficiente mental que apareceu na cidade depois que os objetos foram encontrados. 

No entanto, nenhuma das teorias é bem aceita, e um mistério de dois séculos atrás ainda hoje segue sem explicação.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2023/10/18/ciencia-e-espaco/caixoes-misteriosos-encontrados-em-castelo-do-rei-arthur/amp/

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Futuro tenso

Em inglês, future tense pode ser traduzido como futuro pretérito. Mas fica com mais sentido traduzir como futuro tenso.

As perspectivas são pessimistas, a crise climática é uma realidade e tende a piorar. Enquanto isso, os governantes discutem ações para serem postas em prática daqui há 50 anos, o que deveria ter sido feito 50 anos atrás.

Eu que estou quase completando 60 anos, eu deixo a pergunta ao dileto e eventual leitor.
Como você pensa que será o mundo daqui a 100 anos? Encare isso de forma otimista ou pessimista, mas nada disso que nos perturba terá o menor sentido, não terá a menor importância, neste futuro.

Um gênero literário surgiu na Era Moderna, a chamada ficção científica, onde o homem imagina um (admirável) mundo (novo) dominado pela tecnologia. Júlio Verne e H G Wells são os mais conhecidos. Pouco ou nada se fala da economia, sociedade ou política desse futuro maravilhoso.

Os autores chegaram a cogitar regras, supostamente universais, nas quais se entrevê os dilemas que nós estamos enfrentando.

Por exemplo, a viagem no tempo. Wells estabeleceu algumas regras, como a não interferência e a proibição de contato com parentes, familiares ou o outro "eu" daquele espaço-tempo. O filme "Efeito Borboleta" aborda isso de forma assustadora. O filme "De Volta ao Futuro" insere melhor o conceito de linhas de tempo e que essas linhas são coexistentes. Em termos superficiais, esse espaço-tempo que vivemos é apenas uma das possíveis realidades contidas nas dimensões. Supõe-se que tenham 10 dimensões e que isso que chamamos de"real" é a configuração de elementos que vibram feito cordas.

Os quadrinhos e suas versões para o cinema têm apresentado o conceito de Multiverso, talvez seja uma questão de desenvolvimento tecnológico ou percepção para constatarmos a existência do mundo além e do mundo do divino.

Outro escritor é Gene Roddenberry, criador da série Star Trek. Ele profetizou que a humanidade alcançaria a civilização galáctica ao desenvolver o motor de dobra. Talvez ele mudasse de idéia se visse que a exploração espacial se tornou um objetivo comercial. Bilionários como Jef Bezos e Elon Musk investiram (riqueza produzida por seus funcionários) para fazer turismo espacial.

Então o mais provável é que os ricos e poderosos nos abandonem na Terra e vão viver em colônias na Lua ou Marte. No terceiro milênio, livres de nossos capatazes, podemos desenvolver uma sociedade mais justa e inclusiva.
Como eu estou ficando sem assunto, eu vou apenas escrever histórias, com capítulos curtos, para ir direto ao assunto e facilitar a leitura.

domingo, 22 de outubro de 2023

A merda vos cobrirá

Bons tempos do Orkut, da comunidade Evangelize-me Se For Capaz. Os evangélicos tem problema em estabelecer até o mais básico raciocínio.

Falando no John "Stoned" street, a associada dele (Maria Baer) insiste em passar vergonha em público.
Citando:
"Um professor do Texas entrou com uma ação judicial depois de ter sido demitido por ensinar que o sexo de uma pessoa é determinado pelos cromossomos.

O Dr. Johnson Varkey disse que a administração do St. Philip's College, uma faculdade comunitária, lhe disse que vários estudantes fizeram reclamações sobre sua “ pregação religiosa inaceitável ” em sua aula de biologia . Não está claro exatamente o que eles consideraram “religioso” em sua lição: foi quando ele disse que a palavra “masculino” corresponde aos cromossomos XY e a palavra “feminino” corresponde a XX?"
Traduzido com Google Tradutor.

Curiosamente o mesmo John tinha afirmado que o que define nosso sexo são nossos órgãos sexuais.
Relembrando - nosso sexo é determinado pelo DNA. E nosso órgão sexual é definido pelo gene SRY cujo resultado pode ser o de uma pessoa intersexual.

Então não é surpresa ver essa gente espernear exigindo "liberdade religiosa".
Citando:
"Imagine que o Congresso estivesse a considerar um projeto de lei para proteger a “liberdade religiosa”. Digamos que o autor do projeto de lei admitisse abertamente que a sua intenção era “ permitir o máximo de liberdade religiosa ”. Talvez ele diga que está preocupado com as tentativas de restrições governamentais à expressão religiosa cristã em particular."
Traduzido com Google Tradutor.

O problema é que leis não podem ser exclusividade ou privilégio de um determinado grupo.  E o direito do cristão não pode se sobrepor nem excluir o direito das outras pessoas. Lembra que para o John não existe pessoas intersexuais? Com base na "liberdade religiosa" ele quer proteger e justificar o discurso de ódio, a homofobia.

Errou em genética e lei. Acertaria em história e moralidade sexual?
Citando:
"A União Soviética era conhecida por rejeitar a chamada moralidade “burguesa” de formas que levaram à rejeição da realidade. Economicamente, isto significava esmagar o interesse próprio humano em favor do controlo estatal. Assim, bens básicos modernos, como carros e canalizações, podem levar anos para serem garantidos pelo russo médio."

Eu duvido que isso se baseie em dados históricos e estatísticos. O que o pequeno burguês tem preguiça de entender é que os "bens básicos" não estão garantidos no capitalismo e, ao contrário do dito no texto, o russo médio teve mais acesso a esses bens no regime bolchevique.

Citando:
"Karl Marx e Friedrich Engels acreditavam que a família nuclear era, tal como a religião, apenas mais um meio de manter a classe trabalhadora oprimida."

Eu duvido que Kasey Leander tenha realmente lido Marx e Engels. Se leu, não entendeu. O sistema capitalista é baseado na propriedade privada e no monopólio dos meios de produção na mão dos burgueses.
A propriedade privada foi fundamental para o feudalismo, mas sua origem vem da Era do Bronze, com o surgimento das primeiras civilizações, reinos e impérios.
Antes, por milênios, a humanidade viveu em um regime econômico comunitário.
Marx e Engels viu na estrutura da família, tal como existia no mundo ocidental, uma condição e perpetuação desse sistema cruel e desumano do capitalismo.
Sejamos honestos, mesmo atualmente, os problemas citados por Kasey podem ser vistos mais como efeitos do capitalismo.

Nos bons tempos da Evangelize-me Se For Capaz, era usada a frase "o cocô vos cobrirá", parodiando as citações tiradas da Bíblia para um argumento. Outra usada, eu imaginava sendo dita por Mumm Rá: "putaria eterna".
Mumm Rá não teve que enfrentar cristão fundamentalista.

sábado, 21 de outubro de 2023

Por um sábado secular

Em busca de textos para publicar aqui, eu encontrei esse texto da Maria Baer, associada do John "Stoned" street.

"Recentemente, um repórter do The Free Press participou de algo chamado “ Secular Sabbath ”, um clube com sede em Los Angeles que se reúne ocasionalmente para se conectar com um “poder superior” vagamente definido."

Evidente, evanjegue não percebe a contradição e ironia em guardar o sábado, um preceito do Judaísmo que surgiu do Segundo Templo, posterior à libertação do Povo de Israel, dada pelo rei Ciro. Foi uma reforma religiosa, os rabinos impuseram o culto monoteísta a Yahweh, provavelmente pela influência do culto monoteísta persa.
Os Hebreus eram, como seus vizinhos, politeístas. Tudo aquilo que o cristão lê no Velho Testamento, foi escrito lá pelo século II AC, conhecido como Septuaginta. Inclusive a exigência da circuncisão, a restrição alimentar e a guarda do sábado são piedosas invenções.
Eu escrevi aqui em algum lugar que o sabbath judaico tem origem nos rituais feitos à Ishtar. A mesma que curiosamente continua sendo homenageada pelos cristãos na Páscoa.

Então no que consiste o sábado secular?
Citando:
"Secular Sabbath é uma instituição educacional alternativa e comunidade intencional, nascida de uma experiência de música ambiente que ocorreu pela primeira vez em 2016, hospedada e projetada pela fundadora Genevieve Medow Jenkins .
No coração do Secular Sabbath estão as propriedades curativas da música ambiente. Está comprovado que a música tem profundos efeitos psicológicos e subliminares nos seres humanos. No Secular Sabbath, acreditamos que a música ambiente pode ajudar a relaxar seu corpo sensorial: a maneira como você ouve, cheira, saboreia, toca e vê. A música ambiente pode inspirar você a um estado de meditação orgânica e passiva. Assim, a música ambiente improvisada por artistas musicais da nossa comunidade é o nexo da nossa experiência de evento. Incorporamos artistas que têm sucesso mundial com artistas que deveriam ter sucesso mundial e os convidamos a tocar música ambiente que pode variar de instrumental a vocal e conjuntos modulares.
Além da música, desenvolvemos um mundo de atividades de conscientização sensorial que são essenciais para o Sábado Secular, como cerimônia do chá, práticas de movimento como ioga e dança, aulas de desenho ao vivo, trabalhos corporais, faciais, respiratórios e muito mais. Alguns amálgamas dessas atividades estão presentes na experiência de união.

 Este evento experiencial construiu uma comunidade global orgânica de pessoas que desejam encontrar maneiras de incorporar o Sábado Secular em suas vidas diárias. O Sábado Secular tornou-se uma forma de viver: concentrando-se na consciência sensorial, nas explorações artísticas, no autocuidado e na permanência da curiosidade. Portanto, ao ingressar em nossa comunidade, você está se comprometendo a desenvolver sua própria prática do Sábado Secular."
Fonte: https://www.secular-sabbath.com/about-ss
Traduzido com Google Tradutor.

Excelente ideia. Como pagão moderno, que vê o divino na natureza e no corpo, eu espero que venham ao Brasil.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Dueto da extrema direita

Em uma cerimônia nesta segunda-feira (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), prestaram homenagens aos policiais da Rota que estiveram envolvidos na Operação Escudo.

A ação, desencadeada como resposta ao assassinato do soldado Patrick Reis, em julho, resultou em 28 mortes no litoral paulista. No entanto, a operação tida como massacre, embora elogiada, também enfrentou críticas em relação a possíveis violações de direitos humanos.

No evento, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, defendeu a atuação policial, refutando quaisquer irregularidades e destacando que as atividades realizadas estavam dentro dos limites da lei. “Infelizmente, 28 criminosos resistiram à prisão e foram neutralizados em operações legítimas”, afirmou Derrite, em defesa dos policiais voluntários envolvidos na operação.

Durante os discursos, o governador Tarcísio de Freitas e o comandante da PM, Cássio Araújo de Freitas, lembraram o soldado Reis, cuja viúva também esteve presente no evento.

Enquanto Bolsonaro cumprimentou os policiais e interagiu com seus apoiadores, ele evitou discursar ou conversar com a imprensa. A cerimônia, marcando o 53° aniversário da Rota, incluiu a entrega de medalhas a dezenas de policiais e contou com a presença do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), bem como outros aliados políticos.

No dia 1° de setembro, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), promoveu uma audiência pública na capital paulista com moradores da Baixada Santista.

Entre as mais de 20 falas realizadas, o tom predominante foi o da exigência do fim da Operação Escudo e a falta de respostas do governo do estado de São Paulo, seja na própria audiência, como também sobre as inúmeras denúncias de violações de direitos humanos na ação policial.

As críticas vieram de vítimas, organizações que atuam na questão da segurança pública e instituições públicas envolvidas de alguma forma na questão da violência policial.

No início da audiência, André Carneiro Leão, defensor público federal e presidente do CNDH, informou aos presentes que tanto o governador Tarcísio quanto o secretário Guilherme Derrite, foram convidados para o evento, mas não compareceriam nem enviariam representantes.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/bolsonaro-e-tarcisio-homenageiam-pms-responsaveis-pelo-massacre-do-guaruja/

A revolução na Disneylândia

Eu escrevi esse conto originalmente em outro blog que, por via das dúvidas e pelo risco que eu corro de ser preso (de novo?), eu deletei, só porque eu tenho coragem de falar o óbvio e de desafiar a bovinização do brasileiro médio.

Por exemplo, a notícia publicada pela BBC, onde eu cito este trecho:
"...até o começo da Idade Moderna, o mundo ocidental não dispensava tratamento especial para os mais novos, vistos como miniadultos. A partir de documentos antigos, principalmente pinturas medievais, Ariès conclui que a infância não era vista como uma fase específica da vida."

(https://www.bbc.com/portuguese/articles/cyx1p7p9753o)

Ou o texto do professor Ghiraldelli, onde eu cito este trecho:
"...a infância está longe de ser descrita pela visão de Rousseau. A infância que configura o bom selvagem é o grande engodo."

Quando eu escrevi a resenha da obra "Os Contos de Nárnia" eu disse:
Não confunda gênero infantil com infantilizado.
Mas o mundo ocidental tem sido infantilizado desde o início da Era Moderna. O fenômeno de considerar Olavo de Carvalho um filósofo e professor é um sintoma. Essa doença incapacitou o Azarão que deu sua opinião distorcida sobre o conflito entre a Palestina e Israel.
Essa tragédia é culpa do colonialismo e imperialismo dos países europeus. Mas a Mídia é dominada por uma oligarquia que interessa impor essa visão de que os atos cometidos pelo Hamas são terroristas e os atos cometidos por Israel são de legítima defesa.

A guerra só acontece, existe, é provocada e é mantida porque tem alguém lucrando com isso.

Então, eu inventei no diário fictício do Mickey Mouse essa "memória". Citando:

Nossa pequena e promissora empresa estava crescendo. O sucesso começou com a animação "Branca de Neve e os Sete Anões" (1937) dando início a uma linha de gênero conhecida como "Princesas da Disney". Notável, considerando que havíamos passado pela Grande Crise (1929) que causou a falência de muitas empresas e até de países.

Eu não sou historiador nem sociólogo, mas eu fiquei com a forte impressão que a crise foi causada pelo próprio capitalismo e a "solução" que nos foi oferecida foram os regimes de extrema direita.

Evidente, Donald ficou animado quando nosso estúdio começou a rodar os filmes com temática patriótica (e favorável aos EUA) quando começou a Segunda Guerra Mundial. Muito embora Donald tenha demonstrado (como o governo americano) apreço e apoio pelas ideias do Nazismo.

Eu achei que eu poderia voltar à rotina de rodar minhas comédias e fazer orgias, mas o preposto militar contratado pela Disney não nos deu sossego. Ainda que, pela versão oficial, o Nazismo estava derrotado, Donald (e seus verdadeiros donos) trouxe outra ameaça. Os comunistas. Era o início da Guerra Fria e da Cortina de Ferro.

Enquanto Donald queria (e defendia) a invasão de Cuba, supostamente em nome da segurança nacional, George ficou encantado e simpatizou com as ideias de um mundo melhor para todos.

Até parece uma de nossas histórias de comédia, mas foi sério. George, conhecido como Pateta, deu início à revolução dentro da Disneylândia.

Disso, meu único proveito foi ir para a cama com muitas das companheiras de batalha. Talvez porque tenha algo de excitante e erótico estar em um trincheira. Ou a iminente e trágica morte tão próxima.

Isso acalmou quando o muro de Berlim caiu e a União Soviética foi dissolvida. Nosso estúdio adquiriu outros estúdios e nos tornamos um império. Eu achei que teríamos sossego e a volta das orgias, mas Donald, através de seus contatos militares (e do conservadorismo) viu no fundamentalismo cristão (associado à extrema direita) um filão para explorar o medo, o ódio e a intolerância. Donald se tornou um expoente da homofobia.

Eu estou preparando uma outra revolução. Então não fique espantado se a Disney encampar diversas ações em prol dos direitos LGBT.
A luta continua. Na minha cama.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Intolerância religiosa na Globo

O Ministério Público Federal (MPF) recebeu um pedido de líderes de religiões de matriz africana para abrir uma investigação sobre possível intolerância religiosa em novelas da Rede Globo. Eles alegam que isso pode estar acontecendo por orientação do diretor da TV e dos Estúdios Globo, Amauri Soares.

A denúncia foi feita com base em uma reunião em que Amauri Soares teria mencionado que a maioria da população brasileira será evangélica em 2030 e que a Globo deveria priorizar histórias que atendessem a esse público, deixando de lado outras crenças.

Os líderes religiosos argumentam que é proibido discriminar credos religiosos em serviços regulamentados por concessões públicas, como a radiodifusão. Eles destacam que a televisão deve refletir a diversidade de crenças no país.

O Ministério Público Federal está analisando a denúncia, e a Globo nega a existência de tal orientação, enfatizando seu apoio à liberdade religiosa e à diversidade de crenças no Brasil.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/globo-e-denunciada-no-mpf-por-intolerancia-religiosa-em-novelas/

Nota: eu vou além. Todas as emissoras que alugam espaço para o televangelismo deve ceder o mesmo espaço para as outras religiões.

O novo templo de Tin Hau

The ice age is coming, the sun's zooming in
Engines stop running, the wheat is growing thin
A nuclear era, but I have no fear
'Cause London is drowning
I, I live by the river
- London Calling, The Clash.

O único templo flutuante do mundo dedicado à deusa cantonesa do mar, Tin Hau, encontrou um novo lar.

A embarcação foi transferida de seu local de atracação para local permanente, garantindo seu futuro. A nova localização do templo irá torná-lo mais acessível aos fiéis, proporcionar um acesso mais seguro aos fiéis, ao mesmo tempo que oferece melhor abrigo ao templo e às futuras construções contra tufões e outras tempestades.

A divindade Tin Hau, também conhecida como Mazu, é uma deusa do mar na religião popular chinesa e no taoísmo. Tin Hau protege os pescadores e marinheiros, garantindo a sua segurança e proporcionando-lhes bom tempo e capturas abundantes. Ela é adorada nas regiões costeiras e entre muitas comunidades pesqueiras na China, Hong Kong, Taiwan, Vietnã e outras partes do Sudeste Asiático. Ela também possui vários templos na Costa Oeste dos Estados Unidos, construídos por imigrantes que queriam agradecer sua proteção em sua viagem à América.

A deusa tem muitos títulos, incluindo Princesa da Graça Numinosa , Princesa Iluminadora do Céu que Protege a Nação , bem como Ancestral Materna .

Segundo a lenda, Tin Hau era um humano chamado Lin Mo, que viveu durante a Dinastia Song no século X. Diz-se que ela possuía poderes extraordinários para prever e controlar o clima e o mar. Após sua morte, ela foi deificada e se tornou Tin Hau, a deusa do mar.

O culto de Tin Hau é marcado por vários rituais e festivais, especialmente durante o Mês do Dragão, o terceiro mês do calendário lunar que corresponde aproximadamente de 20 de fevereiro a 20 de março no calendário solar ocidental.

Muitas comunidades costeiras realizam grandes celebrações e procissões durante este período para homenageá-la e buscar as suas bênçãos para uma temporada de pesca próspera e segura. Os próprios templos muitas vezes servem como importantes marcos culturais, arquitetônicos e religiosos nas comunidades onde estão localizados. Não são apenas locais de culto, mas também símbolos da estreita relação entre os habitantes do litoral e o mar, que desempenha um papel vital na sua subsistência.

A origem do templo atual não é clara, nem quando foi atracado pela primeira vez na área de abrigo contra tufões. A primeira gravação conhecida do templo data de 1955.

No início deste mês, as autoridades de Hong Kong anunciaram que, após 30 anos de trabalho, o Santuário da Paz da Deusa da Ilha Triangular de Tin Hau estará localizado perto da Baía de Causeway, no Porto de Victoria. As autoridades aprovaram o site em 2015.

“A realocação da deusa da Ilha Triangular do Santuário Tin Hau para a costa é de grande significado para os crentes”, disse a Sra. Jennifer Chow Kit-bing, presidente do comitê de preparação para a mudança. “O navio-templo estava atracado no centro do abrigo de tufões de Causeway Bay. Os adoradores precisavam embarcar em um barco leve para chegar ao templo. Em caso de mau tempo, a segurança tornou-se uma questão importante.”

O custo de construção é estimado em HK$ 10 milhões (cerca de US$ 1,28 milhão).

O desenho do futuro templo será um barco. Assim que a renovação inicial do templo em terra estiver concluída, uma estrutura maior será construída em torno dele. “Embora o único templo flutuante do mundo tenha chegado à costa, adotamos um design em forma de barco no novo templo para manter as características do templo original”, disse Chow.

O governo chinês pode ter aderido aos planos por motivações políticas. Diz-se que Tin Hau tem um poder extraordinário de cura e o governo chinês sob Xi Jingping aparentemente vê as peregrinações como um meio de reconciliação com a unificação chinesa.

Como relata o The Economist : “O Departamento de Trabalho da Frente Unida, o ramo do Partido Comunista encarregado de aumentar a influência da China no estrangeiro, vê a deusa como uma ferramenta para conquistar os corações e as mentes dos taiwaneses”. O chefe de um templo é membro da Conferência Consultiva Política Popular da China.

O templo será acessível através de sistema de reservas, devido à popularidade da deusa, ao espaço limitado e ao grande número de visitantes.

Hong Kong espera que o novo templo e estrutura se tornem um destino e planeia coordenar os esforços de marketing com o seu conselho de turismo.

“O templo flutuante de Tin Hau testemunhou as mudanças e desenvolvimentos de Hong Kong e espero que o novo templo continue a preservar a cultura e as memórias da comunidade e se torne uma nova atração turística”, acrescentou o secretário adjunto da Justiça, Cheung Kwok-kwan.

Fonte: https://wildhunt.org/2023/10/sea-goddesss-floating-temple-gets-new-home.html
Traduzido com Google Tradutor.
Inserção da música por conta da casa.
Notável que crenças populares sejam preservadas na China dominada por um único partido e pelo ateísmo estatal.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Eu só quero chocolate

Provavelmente você abriu as redes sociais nesta segunda-feira (16) e se deparou com a hashtag #BisNuncaMais, que foi iniciada por perfis bolsonaristas que pregam o boicote ao famoso chocolate. Mas por que eles decidiram atacar o popular doce?

No dia 10 de outubro, o perfil oficial do Bis divulgou uma campanha com o influenciador Felipe Neto. Na imagem, Neto aparece dentro de um jato particular e cercado por caixas de chocolate.

Posteriormente, no Dia das Crianças, Felipe Neto postou novamente uma imagem do Bis e fez uma declaração: "Muito amor."

A parceria entre o chocolate Bis e o comunicador Felipe Neto despertou a fúria dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-22), que perseguem Felipe Neto há anos. De maneira irônica, os apoiadores do ex-presidente foram às redes sociais para iniciar uma campanha de boicote ao chocolate e lançaram a hashtag #BisNuncaMais.

Nas publicações da campanha, os perfis bolsonaristas afirmam que o chocolate está encalhado em diversas lojas, embora não apresentem qualquer dado que comprove essa afirmação.

Mas a situação não para por aí, e a campanha dos bolsonaristas atingiu outro nível quando uma militante postou um vídeo propondo o consumo do chocolate KitKat, que concorre com o Bis.

No entanto, os bolsonaristas esqueceram que o KitKat possui um histórico de campanhas pró-LGBT e diversidade, que foi lembrado por alguns internautas.

Em nota à imprensa, a Mondelez, fabricante do Bis, afirmou que respeita a "diversidade de opiniões".

"A Mondelez Brasil, fabricante da marca BIS, reforça que suas contratações de influenciadores estão relacionadas à sua relevância no universo gamer e de entretenimento, sem qualquer vínculo ou apoio político de qualquer natureza. Como líder no mercado de snacks no Brasil e no mundo, a Mondelez reafirma seu absoluto respeito à diversidade de opiniões", declarou a empresa Mondelez.

Fonte: https://revistaforum.com.br/midia/2023/10/16/bis-nunca-mais-por-que-bolsonaristas-pregam-boicote-ao-famoso-chocolate-145908.html

Lista de chocolates 🍫 por orientação política 

Esquerda:

Bis - Bistrema esquerda

M&M - mulher com mulher?

Milka - o correto é MILK! Seria como falar Leita. Pronome neutro NÃO!

Hersheys - seu nome significa dela/elu, típico de identitários 

Lollo - Lollo na cadeia amanhã 

Nescau - preferido do Cau Marx

Baton - homens não consomem isso só o Zé Loreto

Havana - Cuba

Direita:

Kit kat - principal opositor do Kitgay

Bombom Caribe - tem recheio de bananinha 

Oreo - amém 🙏🏻 

Ouro Branco

Fonte: https://x.com/MarceloAdnet/status/1713975363104035284?s=20

Como diria Tim Maia, eu só quero chocolate.

Puritanismo rima com fascismo

Quando eu escolhi ler o livro "Um Romance Sentimental" de Alain Robbe Grillet eu admito que o fiz induzido pela propaganda na capa de que aquela era uma obra de conto de fadas para adultos. Decepção. Não é uma boa leitura. Aquele que eu considero meu mentor, Alphonse Donatien, escreveu com o mesmo estilo, com muito mais propriedade.


Eu devo ter escrito isso em algum lugar. Sobre como a elite que está no poder precisa criar e cultivar uma ameaça para manter o controle social. O pânico moral deu novo nome e forma do bode expiatório para a Era Contemporânea e o que vemos eu chamo de Cruzada Contemporânea. Todo esse furor em torno de uma palavra que começa com "p".


Isso aconteceu nas cruzadas originais, na chamada de caça às bruxas (e hereges), na demonização do judeu (e do muçulmano), depois em torno dos comunistas e agora visando os homossexuais.


Eu escrevi aqui sobre a hipocrisia, citando o caso do prefeito que casou com uma adolescente. Quando Fátima Bernardes falou sobre o relacionamento com Túlio Gadelha, todo mundo ficou meigo, mesmo sabendo da diferença de idade. Túlio tinha a metade da idade da Fátima.


Então eu vejo uma indignação seletiva em relação à notícia do PM que foi fazer seu pedido de casamento para uma adolescente.

Ou quando uma influencie admitiu ter tido um relacionamento com um adolescente.


Segundo o professor Ghiraldelli:

"Quem leu Lolita sem amarras morais sabe perfeitamente que a menina jamais foi uma vítima. Ao menos não em relação a HH. É mais fácil tomar o comportamento do professor HH como sintomaticamente angustiado. Percorrer Lolita com algum conhecimento da obra de Nabokov, leva a não se furtar de ver nesse seu livro um tema relativamente constante: a infância está longe de ser descrita pela visão de Rousseau. A infância que configura o bom selvagem é o grande engodo. Nada há de mais perverso que uma criança – a infância russa de Nabokov nunca se adaptou à infância do romantismo ocidental. A garota Lô é protegida pela ideologia da infância pura, tipicamente moderna, exageradamente americana, e com isso está liberta para os prazeres do sexo bem cedo, e para a concomitante prática de manipulação dos adultos. Essa é a tese de Nabokov."


O brasileiro médio comum esqueceu completamente do filme "Beleza Americana". Ou viu e não entendeu. Eu, que sou nascido na década de 70 e estudei comunicação social, história em quadrinhos, aponto para o fenômeno dos "catecismos" de Carlos Zéfiro e para os filmes de "soft pornô" que eram transmitidos pela Record (que ainda devem ser transmitidos por alguma emissora).

As décadas de 70-80 foram o tempo áureo das publicações para o público adulto e a minha geração recebeu educação sexual lendo isso escondido. A geração atual tem a internet, as redes sociais e os aplicativos de mensagens. Mas nós, que agora somos adultos, continuamos perpetuando o mesmo recalque, frustração e trauma de nossos avós.

Eu corro o risco de ser preso (de novo ?) por falar do óbvio e eu estou cansado. O brasileiro médio comum parece ter preguiça de pensar. Eu não fico surpreso em saber que nossos jovens não completam o ensino médio. Nossa educação pública é ruim. O resultado é gente como Olavo de Carvalho, tido e considerado professor e filósofo. Só no Brasil.


Ou não. O fascismo e a extrema direita estão voltando no mundo inteiro. O fundamentalismo cristão e o conservadorismo estão pegando carona nesse movimento e ganhando poder.

A pergunta que eu deixo é quanto tempo será necessário para vermos o erro judicial e que se está punindo pessoas inocentes?

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Saia do armário e viva

A cultura pop deve muito ao cinema e ambos devem muito à literatura. Dos gêneros no cinema, o infanto juvenil é o que mais influencia a garotada. Não confunda gênero infantil com infantilizado.
Um bom exemplo é o filme "As crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda Roupa", baseado na obra de C S Lewis.

Quem diria que Clive era ateu até ser convertido pelo seu amigo J J R Tolkien. Isso e a influência de G K Chesterton fez Lewis virar um verdadeiro apologista do Cristianismo. O que é interessante é que se Lewis ficou conhecido por sua defesa (e propaganda) do Cristianismo, Tolkien será lembrado por sua defesa da mitologia celta.

Os símbolos mais evidentes e declarados no título da obra, são o leão, a "feiticeira" (a tradução mais certa é bruxa) e o guarda roupa (que aqui nós conhecemos como armário).

O símbolo do leão está associado à figura de Cristo, tirado da leitura de Apocalipse, versículo 5:5. Curiosamente, o mesmo texto sagrado coloca o símbolo do leão associado ao Diabo, como pode ser lido em 1 Pedro, versículo 5:8.

O cenário é de um mundo alternativo dominado por um inverno eterno causado pela feiticeira Jadis, a Imperatriz de Charn e rainha usurpadora de Nárnia. Quem estuda um pouco sabe que tanto o inverno quanto o verão têm igual importância na preservação da vida. Um inverno eterno não é bom, mas com a crise climática e o aumento da temperatura, um verão eterno também não seria bom.
Lewis escreveu a obra em 1950 e parece não ter ficado impressionado com os horrores que o Cristianismo, a Igreja, proporcionou na história com o Santo Ofício. Milhares de pessoas foram perseguidas, presas, torturadas e mortas apenas por causa de suas crenças. Foram chamadas de hereges e bruxas, eram pessoas comuns que simplesmente seguiam o resultado do sincretismo das crenças antigas e o Cristianismo imposto pela Igreja.

Desde que se tornou a única religião oficial e se misturou com o governo do mundo, o Cristianismo sempre agiu com brutalidade e violência contra aquilo que era diferente ou destoava do padrão. O que nos leva ao guarda roupa, que nós chamamos de armário.
O mundo de Nárnia só é acessível através do armário. Trata-se de um mundo oculto ou proibido. Como a sexualidade de muitas pessoas, que precisam ficar escondidas por causa da doutrina cristã.
E a humanidade escolhe seus alvos para exercitar seu ódio e intolerância. Muçulmanos, judeus, ciganos, hereges, bruxas, comunistas e agora os homossexuais.

Se nós quisermos um mundo melhor, devemos caçar esse leão. Tirar as pessoas de seus armários. E deixar as bruxas viverem. Libere sua Jadis. Tire do armário. Venha para minha cama. Porque eu também sou do seu povo.
Assim seja, assim é, assim será.

Um grito contra a intolerância

No seio do Congresso Nacional, uma sombra obscura cresce, alimentada pelo fervor do fundamentalismo religioso da extrema direita. A Bancada Evangélica, com sua influência cada vez mais palpável, transforma as igrejas em palanques políticos, onde o púlpito se mistura perigosamente com a tribuna. Nesse cenário, vemos a ascensão de discursos extremistas que, longe de promover a tolerância, fomentam a perseguição à comunidade LGBTQIA+. É nesse contexto que a Comissão da Câmara aprovou, de forma alarmante, um projeto de lei que busca proibir o casamento homoafetivo. Um golpe duro contra a inclusão e a igualdade.

É impossível não contemplar o impacto na saúde mental de indivíduos que são, por lei, impedidos de unir-se à pessoa que amam. É como se lhes fosse sonegado o direito de serem felizes, relegando-os a um estado de permanente alienação. A busca pela aceitação forçada, na tentativa de se adequar a uma sociedade que os discrimina, é uma jornada tortuosa, uma metamorfose que exige um preço emocional indescritível. Não é mero acaso que filósofos como Sartre e Foucault tenham refletido sobre a opressão e a autenticidade do ser em um mundo que exige conformidade.

Michel Foucault, em sua obra "História da Sexualidade", desvelou as intricadas relações de poder que permeiam a sexualidade e a construção das identidades. Ao analisar a homossexualidade como uma construção social, ele oferece um olhar crítico sobre as formas de controle que são exercidas sobre corpos e desejos considerados "desviantes" pela normatividade vigente. Para aqueles que se encontram desamparados diante da influência da bancada evangélica na câmara, a perspectiva foucaultiana oferece um consolo intelectual e uma compreensão mais ampla de que as categorizações normativas não são inerentes à natureza humana, mas sim construções sociais que podem e devem ser questionadas. É um chamado à resistência e à reivindicação do direito à autenticidade, proporcionando um alento para aqueles que se sentem marginalizados e deslocados em uma sociedade que ainda luta para aceitar plenamente a diversidade das experiências humanas.

No entanto, diante da falta de aceitação e empatia de uma sociedade pouco foucaultiana e muito religiosa, surgem soluções de ressocialização trazidas por ‘‘especialistas’’ da direita ultraconservadora, como a chamada "cura gay". Uma quimera pseudocientífica que, além de moralmente questionável, é cientificamente ineficaz. Reduzir a orientação sexual a uma patologia é um desrespeito à dignidade humana, é negar a própria essência de milhares de indivíduos que, como qualquer outro cidadão, merecem o direito à felicidade e ao amor. Ao insistir nesse método arcaico, as igrejas fundamentalistas de extrema direita afiançadas pelo congresso ultraconservador, revelam um abismo entre sua visão de mundo e os avanços científicos e éticos do século XXI.

É inimaginável a angústia do indivíduo que contempla o ato extremo de pôr fim à própria vida. A falta de aceitação e empatia cria um vácuo emocional insuportável, levando muitos a considerar tal prática como a única saída. Não é correto presumir que aquele que atenta contra a própria vida deseja a morte. Pelo contrário, esse ato desesperado é uma tentativa de escapar das forças opressoras que o impedem de verdadeiramente viver. O extremismo religioso, com sua intolerância, é uma dessas forças que sufocam a vitalidade e a liberdade de ser e muitas vezes serve como a mão que guia, de maneira trágica, o destino de inúmeras vidas que se encontram em desespero. É imperativo que reconheçamos o papel que essa ideologia desempenha na perpetuação do sofrimento e na negação do direito humano fundamental de buscar a felicidade e a autenticidade.

O preconceito enraizado e disseminado por essa corrente política e religiosa pode ter consequências devastadoras. Quando uma comunidade se empenha em retirar direitos e te trata como uma anomalia, é fácil sentir-se deslocado, indesejado e, em casos extremos, levar alguém a um ato desesperado de pôr fim à própria vida. O peso do ostracismo social e a falta de apoio podem ser insustentáveis. É um chamado urgente à reflexão para todos nós: a inclusão e o respeito não são concessões, são direitos inalienáveis de todo ser humano.

Fonte: https://revistaforum.com.br/opiniao/2023/10/13/cura-gay-entre-vida-extrema-direita-um-grito-contra-intolerncia-por-fabio-santos-145791.html