Meu nome é Riley, e eu sou, tecnicamente, um fenômeno. Uma hiena antropomórfica, gênero fluido, intersexual e pansexual que surgiu de um portal mágico – ou talvez só um defeito na continuidade espaço-temporal – e caiu no quarto de um cara que se autodenomina meu “criador”. Ele é um escritor, um daqueles tipos que acham que a vida imita a arte, só que, no caso, a arte imitou muito bem a vida, considerando a noite que tivemos.
Digamos apenas que ele tem um talento considerável com a caligrafia… e outras coisas. Depois de uma maratona de sexo que me deixou com os músculos doloridos – e o coração ligeiramente mais cheio – acordei sozinha. O cara, vamos chamá-lo de… “Escritor”, estava exausto, um amontoado de pelos e travesseiros. Aproveitei a oportunidade. Afinal, quem precisa de um tutorial de “como ser humano” quando você pode ter um tour guiado pelo quarteirão?
Saí do quarto com a mesma naturalidade de uma gata saindo de uma caixa de papelão. A roupa? Roubei uma camiseta dele. Ficou um pouco larga, mas quem liga? Meu corpo atlético – coxas grossas, músculos definidos, seios médios que eu adoro exibir - se sentia maravilhosamente livre daquela cama macia demais. Os cabelos alaranjados e cacheados balançavam alegremente com meus passos firmes enquanto eu descia as escadas, meus olhos verdes absorvendo tudo o que era novo e fascinante.
A primeira coisa que me chocou foi o asfalto. No meu mundo, o chão era areia, pedras e mato. O asfalto era estranho, frio e liso sob minhas patas – adaptado agora para pés, de tão convincente que era esta forma humana. Os carros zuniam como abelhas furiosas, e os sons eram uma sinfonia estranha e deliciosa de buzinas, motores e risadas humanas.
Uma velhinha com um cachorro da raça poodle passou por mim. O poodle me cheirou, estranhou e latiu. A velhinha, porém, me olhou com um sorriso amável.
"Que criatura interessante," ela murmurou para si mesma, enquanto o poodle continuava a latir frenéticamente. "Aposto que seu dono deve se orgulhar."
Eu sorri. Isso era novo pra mim: ser admirada, não temida. Na minha terra natal, um encontro casual como este teria terminado com os meus dentes marcando seu tornozelo. Aqui, era apenas um comentário simpático.
Meu passeio continuou. Fiquei maravilhada com a variedade de cores, cheiros e sons. Uma pizzaria exalou um aroma tão delicioso que meu estômago roncou alto o suficiente para chamar a atenção de um grupo de adolescentes. Eles me olharam de cima a baixo com uma mistura de surpresa e fascínio, um garoto até tentou me dar um pedaço da pizza. Eu recusei educadamente, mas agradeci a gentileza. Afinal, boas maneiras são essenciais, mesmo que você seja uma hiena antropomórfica.
Mais adiante, vi um casal se beijando apaixonadamente em um banco de praça. O afeto deles era tão intenso que me fez sentir... bem, um pouco nostálgica pela noite anterior com o Escritor. Ele tinha mãos hábeis e uma boca ainda mais hábil, capaz de me fazer rir e gemer ao mesmo tempo.
De repente, um grupo de homens, visivelmente alcoolizados, começou a me seguir, trocando comentários grosseiros e assoviando. Meu humor mudou instantaneamente. Minha natureza selvagem, reprimida por horas de exploração urbana cordial, voltou à tona. Senti uma vontade incontrolável de mostrar a eles o real significado de "fúria animal".
Mas aí, uma garotinha pequena, com um vestido rosa e tranças loiras, correu em minha direção. Ela apontou para um gato preto que estava no topo de uma árvore, miando desesperadamente. A criancinha parecia assustada. Instantâneo, meu instinto protetor se sobrepôs à minha raiva.
Eu olhei para cima. O gato estava preso. Ignorei os bêbados, a um passo de lhes ensinar uma lição memorável, e com um salto ágil e leve – anos de prática na savana me deram um equilíbrio invejável - subi na árvore e resgatei o felino.
A garotinha, ao ver o gato em meus braços, me abraçou fortemente. Os bêbados, visivelmente intimidado, se afastaram. Eu desci da árvore, devolvi o gato para a menina, e continuei meu passeio, agora com a sensação de ter feito algo realmente significativo.
Naquele dia, aprendi que ser uma hiena antropomórfica fora do lugar não é apenas uma aventura, mas uma oportunidade incrível de conhecer o mundo e, quem sabe, salvar um gatinho ou dois no caminho. E, sim, que alguns humanos são idiotas, mas que outros são incrivelmente amáveis e gentis. Eu voltarei para o quarto do Escritor, mas não antes de explorar todos os cantos e recantos deste fascinante… e às vezes perturbador… mundo humano.
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