segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Crise de Identidade

Este é um ensaio sobre identidade, identitarismo, política e paganismo moderno.

Eu vou partir do conceito de identidade:

“Conjunto de características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la”.

Identidade também é usada com frequência como referência à cédula de identidade, vulgo Registro Geral.

O que consta em uma cédula de identidade: nome, data e local de nascimento, filiação e foto. Ali pode conter outros dados, como título eleitoral, CPF, registro de casamento, tipo sanguíneo e etc. Normalmente só há um nome para cada número de registro, mas não é incomum encontrar cédulas falsas. Ora, considerando que um documento de identidade pode ser falsificada, muito mais o conceito de identidade.

Vamos a um exemplo prático. Eu tenho a minha identidade, distinta em diversos sentidos de outras pessoas, mas em muitos quesitos eu compartilho a mesma identidade com diversas pessoas. Então a minha identidade é individual em termos específicos, mas é coletiva em termos gerais.

De forma alguma as características que compõem a minha identidade me torna melhor ou mais superior do que outra pessoa. Assim, eu considero errado quando um pagão moderno tem conceitos equivocados sobre identitarismo, acreditando que a Europa foi formada por povos de origem ariana, ou origem indo-européia, conceitos que foram constituídos e convencionados na Era Moderna. Os povos antigos não se viam assim, não existia nacionalismo na Era Antiga. Os povos que tem origem indo-européia eram constituídos por diversas tribos, que possuíam em comum somente a língua, a religião e a região de origem. Se formos separar os tipos humanos conforme a categoria de raças tão utilizado no racismo, a etnia Caucasiana deveria ser subdividida em diversas raças. Se formos separar os tipos humanos conforme a categoria de raças tão utilizado no racismo, as tribos que fazem parte dos povos indo-europeus deveriam ser subdivididas em diversas raças.

Ainda que consideremos a existência de diversos humanoides, ou encontravam-se extintos, ou foram dominados/assimilados/absorvidos pelo Homo Sapiens, como no caso do Neandertal, com quem os Homos Sapiens copularam. As demais etnias que conhecemos hoje, ou são todas descendentes dos Homo Sapiens, ou são descendentes da miscigenação com outros hominídeos.

Quando pensamos na identidade enquanto conceito político, encontramos o identitarismo.

“Uma política identitária (em inglês: identity politics) refere-se a posições políticas baseadas nos interesses e nas perspectivas de grupos sociais com os quais cidadãos se identificam. Políticas identitárias visam a moldar ações de agentes públicos e privados para que determinados grupos tenham suas reivindicações atendidas e ganhem visibilidade social. Tais grupos podem se formar a partir de uma grande quantidade de sinais identitários, tais como idade, gênero, orientação sexual, religião, classe social, etnia, raça, língua, nacionalidade etc.

Aplicações contemporâneas da política de identidade descrevem povos de raça, etnia e sexo específicos, identidade de gênero, orientação sexual, idade, classe econômica, deficiências psicomotoras, educação, religião, língua, profissão, partido político, status de veterano e localização geográfica. Esses rótulos de identidade não são mutuamente exclusivos, mas são, em muitos casos, combinados em um ao descrever grupos hiperespecíficos [...]”. – Wikipédia.

Dentro desse conceito, eu vou ressaltar o Movimento Identitário.

“O movimento identitário ou identitarianismo é um movimento de extrema-direita que se popularizou na Europa pós-II Guerra Mundial, afirmando o direito dos europeus e povos de origem europeia a uma cultura e territórios reivindicados como pertencendo exclusivamente a eles”. – Wikipédia.

O Movimento Identitário faz parte do nacionalismo pan-europeu, igualmente patrocinado pela extrema-direita e pela “alt-right” [direita alternativa], tendências políticas que surgiram na Era Moderna. Alguns historiadores teorizaram que o nacionalismo existiu na Idade Média. Estas teorias apontam que esse nacionalismo emergiu da tradição judaico-cristã e está fortemente ligado ao Cristianismo.

Ainda que se pode apontar certos discursos do Cristianismo que parecem defender o anti-racismo e o universalismo, esses discursos estão desconectados da prática, da doutrina e da história do Cristianismo. Basta lembrar que o Cristianismo é a causa principal do antissemitismo que ainda existe na Europa. Basta lembrar que muitos grupos da extrema-direita estão intimamente ligados à alguma forma de Cristianismo, estendendo a intolerância e segregação aos negros, imigrantes, muçulmanos e homossexuais. Basta lembrar a distinção étnica explícita nos Evangelhos entre Cristãos e Gentios. O “universalismo” deve ser entendido como uma consequência da evidente incoerência existente dentro do Cristianismo, como se pode atestar com a Controvérsia Ariana.

Ou seja, um pagão moderno que abraça a causa identitária, nacionalista, racista e xenofóbica, está professando a mesma ideologia da supremacia branca da extrema-direita que foi formada dentro do Cristianismo.

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