terça-feira, 10 de agosto de 2021

Dois conceitos de destino

Quando se fala em viagem, em caminhada, em jornada, tanto em termos profanos como em termos espirituais, nós temos que falar de origem [de onde viemos] e de destino [para onde vamos].

Geralmente, quando se viaja, o que mais se quer é chegar ao nosso “destino”. Mas como diz a letra da música da Blitz, todo mundo quer ir para céu, mas ninguém quer morrer.

A humanidade está recordando, recuperando, suas verdadeiras origens e raízes com o Paganismo Moderno. Mas quando falamos em destino, esse conceito tem dois sentidos. Em inglês a distinção fica mais interessante: existe a palavra fate [de onde se tirou o titulo da série de anime Fate] e a palavra destiny.

Eu irei ousadamente traduzir as palavras e os conceitos para a nossa cultura.

Fate é entendido como Destino, tal como as Parcas, as Moiras e as Norns decidem sobre a vida, tanto de Deuses quanto dos Homens. Na cultura popular, nos quadrinhos, na série Sandman, Destino é retratado como um homem encoberto de um capuz e carregando um enorme e pesado livro. Nesse sentido, Destino/Fate é o resultado inescapável das forças que regem o Universo.

Destiny é entendido como destino [em minúsculo], no sentido de para onde nós queremos chegar, como objetivo, como resultado ou consequência do nosso livre-arbítrio, portanto, moldável, alterável. Nesse sentido, nosso “destino” recebe a influência da Deusa Fortuna.

Nos mitos e religiões antigas, nem mesmo a nossa “sorte” no Além é definitivo ou predeterminado. Ao contrário do fatalismo das religiões abraãmicas, onde o indivíduo estará, irremediavelmente, destinado a ir ou ao Paraíso ou ao Inferno [eventualmente pode passar por um “estágio” no Purgatório], nossos Deuses não vão julgar nem condenar nossa alma pela eternidade por qualquer ato em nossa vida efêmera.

Entretanto, nossas ações e palavras têm consequências. Como Newton disse uma vez, para toda força de ação existe uma força de reação que possui o mesmo módulo e direção, porém em sentido contrário. Na filosofia hindu o conceito de karma é semelhante a esta Lei de Newton. Outro conceito muito usado no esoterismo é a de que “semelhante atrai semelhante”, no sentido de afinidade, não de magnetismo.

Quanto a isso, os mitos e religiões antigas concordam: todos nós iremos ao Mundo dos Mortos, independentemente de nossas posses, riquezas, títulos ou diplomas. Até nisso as religiões antigas são melhores do que as religiões abraãmicas: a vida que teremos no Além não será muito diferente da que tivemos no Mundo Humano, com a vantagem de podermos rever nossos familiares, antepassados e ancestrais. Outra vantagem é que nossa estadia não é eterna, nós podemos reencarnar no Mundo Humano ou ir morar com os Deuses.

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