Então veio a internet, as redes sociais e aplicativos de mensagens, imagens e vídeos. As pessoas não vivem mais de ver a vida alheia, quer mostrar uma vida que não tem.
Os moradores de Alvorada espicharam os olhos quando chegou a nova moradora, mas ficaram de olhos arregalados quando viram a inusitada decoração colocada no muro.
O comum é ver estátuas de santos nas outras casas, instalar uma estátua de uma cabra preta, sentada em um trono e adornada com símbolos, foi algo que exige muita coragem, principalmente em um país dominado pelo Cristianismo e marcado pela intolerância religiosa.
A nova moradora, chamada de Mãe Michele da Cigana, tem boas razões. Ela, seguidora das religiões afro brasileiras, declamou, intimorata:
-Ele é o senhor dos meus caminhos.
Chamado pelo povo da umbanda e candomblé de Belzebu, nome que tem origem na demonologia cristã, embora esse nome tenha um histórico originário da demonologia judaica - algo que eu escrevi sobre isso em algum lugar - a figura em si, que foi igualmente apossada pelo satanismo ateista, tem sua origem no Baphomet, o Deus que a Igreja acusou os Templários de adorar e foi descrita em primeira mão por Eliphas Levi.
A parte que eu mais gosto das religiões afro brasileiras é a chamada Gira da Esquerda, dedicada à Exu e Pomba Gira. Coisa que é usada e explorada (de forma prejudicial e sensacionalista) pelas igrejas neopentecostais para causar pânico moral.
Eu acho que causaria desmaios se vissem o meu santuário, contendo uma estátua do meu Doce Senhor, outra de minha Deliciosa Senhora e uma quartinha para representar meus ancestrais.
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