sábado, 11 de março de 2023

Rituais e autoconhecimento

O estereótipo assustador da mulher que voava em uma vassoura não pode vir à cabeça quando se fala da bruxa moderna. A jovem Mariana Zeferino Santos, de 24 anos, reitera que “ser uma “feiticeira” está mais ligada a práticas naturais de autoconhecimento do que qualquer outra coisa.

“É ser uma mulher conectada com a natureza, que segue sempre a intuição. Cada uma tem um despertar em momentos diferentes da vida. Eu me aprofundei na bruxaria natural aos 18 anos e cada vez me apaixono mais por esse mundo livre”, explica.

A família de Mariana tem um loja esotérica em São José, na Grande Florianópolis, onde ela aprendeu a desenvolver ainda mais a sua espiritualidade, especialmente com o que a natureza oferece.

Ela conta que já experimentou rituais com chás de ervas “para entender melhor aquilo que viemos fazer aqui na terra”, além de canto, reza e dança para expressar “os sentimentos mais internos”.

A doutora em Antropologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Andrea Barbosa Osorio, afirma no artigo “Bruxas Modernas: um estudo sobre identidade feminina entre praticantes de wicca”, que a categoria bruxa “assenta-se em uma cosmovisão que dá à mulher um valor e um papel preponderantes no universo, não apenas dentro da prática ritualística”.

Assim, a bruxaria moderna coloca o feminino como uma figura de maior valor, que é o oposto do que ocorre em sociedades de dominação masculina.

“Os atributos femininos permanecem em grande medida os mesmos destas sociedades, mas o valor a eles atribuído não é negativo, e sim positivo. Na mesma lógica de inversão, ser bruxa não é uma acusação de malefício (Evans-Pritchard 1976), mas uma expressão de dons”, explica a autora.

Por meio de rituais que participa, Mariana diz que o mais incrível é que quanto mais mergulhou nas terapias, mais passou a se entender profundamente.

“Entender também os defeitos e as qualidades das pessoas, passar a viver de maneira mais leve, sem julgar e brigar.”

A jovem acredita que o maior preconceito com o qual enfrenta é pela denominação de bruxa. “Soa forte para quem não entende, mas não podemos comparar o preconceito de antigamente que eles queimavam mulheres ‘bruxas’ por fazerem chás pra curar pessoas.”

Ela reitera que as mulheres usavam a “sabedoria medicinal com as ervas para ajudar pessoas”.

Estar na Ilha da Magia também provoca uma conexão com a ancestralidade. Por meio dos contos de Franklin Cascaes, que trouxe seres fantásticos como boitatás e lobisomens, o imaginário do que é uma bruxa também foi criado.

“A Ilha carrega consigo muita história. Morar aqui e saber que a história aqui era muito forte nos enche de orgulho e nos faz levar esse legado em frente, sem tabus e preconceito”, destaca Mariana.

Neste Dia da Mulher, a jovem bruxa diz que estudar sobre bruxaria faz toda mulher entender mais sobre si mesma, além de promover o “despertar da sua bruxa interior faz ser ainda mais forte” para buscar seu verdadeiro propósito.

Fonte: https://ndmais.com.br/cidadania/pocoes-e-vassoura-voadora-bruxa-moderna-de-sc-conta-sobre-rituais-e-autoconhecimento/amp/

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