sexta-feira, 10 de março de 2023

Fundamentalista vandaliza livro infantil

O livro infantil Amoras, escrito pelo rapper Emicida, foi alvo de intolerância religiosa em uma escola particular de Salvador, na Bahia. O crime foi praticado pela mãe de um aluno do ensino fundamental que vandalizou a obra escrevendo salmos bíblicos, e afirmando que as informações sobre orixás disponíveis nela são “falsas”.

O livro do artista foi encontrado com as declarações na última segunda-feira (6). Segundo a direção da escola Clubinho das Letras, a obra foi indicada como sugestão didática para o projeto Ciranda Literária. Nele, os pais são convidados a comprar livros sugeridos pela unidade de ensino que, em seguida, são levados à escola e disponibilizados entre os alunos.

“Amoras” é indicada para crianças de cinco anos e conta a história de uma menina negra que está aprendendo a se reconhecer no mundo. Em conversas com seu pai, ela tem acesso a conhecimentos ligados às culturas e religiões diferentes, além de ser apresentada a grandes ícones das lutas dos povos negros, como Zumbi, Martin Luther King e Malcolm X.

Nesta terça-feira (7), o rapper divulgou um vídeo comentando o caso. Segundo Emicida, sua reação é de tristeza, mas “não uma tristeza de derrota”. “A história do livro, ela fala por si, e é uma grande vitória. A repercussão dele, fala por si. A tristeza é por essas pessoas que querem que a sua religião, no caso a cristão, protestante, conhecidos como evangélicos, seja respeitada, e deve ser respeitada, mas não se predispõem nem por um segundo a respeitar outras formas de viver, de existir e de manifestar sua fé”, disse.

“No começo, imaturo, eu fiquei com raiva e levei para o pessoal, mas era uma questão muito maior. Então, eu fiquei triste porque é de entristecer viver entre radicais que se propõem a proibir e vandalizar livros infantis. Livros. Sobretudo um livro tão inofensivo como esse, Amoras. Quer dizer inofensivo para os não racistas”, acrescentou.

Emicida também celebrou as religiões de matriz africana e afirmou que elas “resistiram, resistem e seguirão resistindo em nome do respeito e da vida”.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/livro-infantil-de-emicida-e-vandalizado-em-escola-na-ba-e-de-entristecer-viver-entre-radicais/

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