terça-feira, 23 de junho de 2009

Roupa, sociedade e religião

Recentemente foi noticiado que Nicolas Sarkozy, Presidente da França, pretende agir contra o uso da burca na França:
Sob a justificativa de que a burka “não é questão de religião, mas de servidão”, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, abriu ontem uma guerra contra a vestimenta muçulmana que cobre todo o corpo da mulher, escondendo inclusive o rosto.[Zero Hora]
"O problema da burqa não é um problema religioso. É um problema de liberdade. É um problema de dignidade da mulher"[AFP]

O governo francês se pronunciou a favor da comissão de investigação solicitada por quase 60 deputados de todo o espectro político que denunciam o uso do véu integral das mulheres muçulmanas (burca), e não descartou uma lei a respeito.[AFP]
Para uma pessoas do ocidente cristão esse assunto pode não ser um problema, parece que a solução do sr. Sarkozy é acertada, mas como os cristãos reagiriam se ele (ou outro dignatário no mais alto poder) resolvesse proibir que as freiras usem seus hábitos em público? Essa questão mexe com os direitos de liberdade, opção e manifestação religiosa e a questão de até que ponto o Estado pode interferir na vida de um indivíduo ou grupo social.
Para a mulher muçulmana, usar determinado tipo de roupa é uma obrigação religiosa:
O Alcorão determina que as mulheres devem se vestir de forma a não atrair a atenção dos homens, para isso é preciso esconder todo o corpo, com exceção do rosto e das mãos, também não é permitido o uso de roupas justas a ponto de delinear o corpo da mulher e muito menos roupas semi-transparentes.[wikipedia]

24.31 . "Dize às fiéis que recatem os seus olhares, conservem os seus pudores e não mostrem os seus atrativos, além dos que (normalmente) aparecem; que cubram o colo com seus véus e não mostrem os seus atrativos, a não ser aos seus esposos, seus pais, seus sogros, seus filhos, seus enteados, seus irmãos, seus sobrinhos, às mulheres suas servas, seus criados isentas das necessidades sexuais, ou às crianças que não discernem a nudez das mulheres; que não agitem os seus pés, para que não chamem à atenção sobre seus atrativos ocultos. Ó fiéis, voltai-vos todos, arrependidos, a Deus, a fim de que vos salveis!"
O Islamismo deve ser a única religião monoteísta patriarcal que admite que não se pode legislar, controlar, certas necessidades básicas e instintivas, mas o preceito é conveniente apenas ao homem e, como nas demais "religiões de livro", como o Judaismo e o Cristianismo, há diversas interpretações do trecho citado e a roupa ou véu que a muçulmana é forçada a vestir é mais uma imposição dos líderes religiosos do que um preceito religioso, visto que o Alcorão não define o que considera como sendo "véu", o que considera como sendo "pudor", o que considera como sendo "atrativo oculto".
Na prática existe o hijab, a jilbab, a nicab, o xador e a burca, variando o tamanho e a quantidade do que é exposto do corpo, mas cabe a pergunta: uma vez que os homens não sabem se controlar, por que então não se colocam vendas nos olhos dos homens?
Em outro tópico eu escrevi sobre como seria se a Igreja tivesse uma Mama, o que me faz imaginar como seria o Islamismo se Allah tivesse escolhido uma Profetisa ao invés do Profeta. Certamente ela teria mantido mais da rica tradição de seu povo, como a linhagem matrilinear, o politeísmo e Allah seria o Deus Consorte das Deusas Triplices Al-lat, Manat e Al-Urza. O Islamismo ganharia conversos não pela força ou pela guerra, mas por uma opção livre e amorosa da população no Oriente Médio e parte da Ásia, a Renascença Científica do Islão na Idade Média teria continuado, não estaria havendo essa disputa fratricida entre Palestinos e Judeus. Uma mudança e tanto, para um simples véu.

Nenhum comentário: