A Hyacinthia durava três dias. O primeiro dia era de lamentação pelo morte do herói [Hyakinthos, aportuguesado para "Jacinto"]: sacrifícios eram oferecidos, o banquete era autero e sem pompa ou decoração, os pães sacrificiais eram modestos.
O segundo dia era a celebração de seu renascimento. Diversos sacrifícios eram oferecidos, exclusivamente bodes, com a ocasião dos kopis, banquetes onde os cidadãos convidavam seus amigos e familiares.
O terceiro dia não é descrito em detalhes, é possivel que fosse mais solene, ou que mistérios fossem celebrados.
A Hyacinthia foi um grande feriado religioso em Esparta.
O mito de Hyakinthos bem como o de Ganymedes são crenças sagradas da Grécia antiga que envolvia o amor entre um homem e um jovem, a pederastia.
Sócrates estudou este processo e desenvolveu o chamado Chastitas Pederastia, que é uma relação de amor casto entre um jovem e um adulto do mesmo sexo (normalmente um guerreiro mais velho e o aprendiz de soldado, especialmente nos exércitos gregos). Mas este “amor” a que ele estava se referindo não era o amor homoerótico (que incluía sexo), mas sim o amor fraternal de um Mestre de Guilda para com o Aprendiz.
A Igreja deturpou a palavra “pederasta” como sinônimo pejorativo para homossexual.[Marcelo del Debbio]
Designava, na Antiguidade grega, uma instituição existente em praticamente toda a sua história embora com diferentes visões, segundo a área geográfica, que variavam desde a aceitação total até a recusa absoluta. A própria natureza do relacionamento variava entre o estritamente erótico, sem qualquer tipo de intercurso sexual, até o ato sexual como única razão de ser da relação.
Em algumas situações, a pederastia era vista como uma questão de fascínio estético; em outras era inserida na educação dos adolescentes do sexo masculino, rapazes de famílias de boa posição social, por parte dos pedagogos - varões maduros, a relação entre erastes e eromenos - o erastes era um homem aristocrata envolvido em um relacionamento com um adolescente do sexo masculino denominado eromenos. Geralmente estes pedagogos tinham o papel de mestres para estes rapazes, ensinando-lhes algum ofício.
Em outros casos, era conveniente para uma família que seu filho homem pudesse conseguir um mestre de prestígio, e desta forma ascender socialmente. Com freqüência, o relacionamento entre ambos ultrapassava a mera amizade, ganhando contornos de relacionamento amoroso e, por vezes, também sexual e de poder do mestre sobre o adolescente. Esses relacionamentos eram tão difundidos na Grécia Antiga que Platão os considerava como um elemento de distinção entre a civilização helênica e as culturas bárbaras. Porém o costume não foi institucionalizado na Grécia até o século VII AC, quando o casamento era proibido ou fortemente desencorajado para os homens com menos de 30 anos.[wikipédia]
Em várias de suas lendas Apolo tomou amantes masculinos, o que refletia a cultura grega antiga, onde o homossexualismo masculino era socialmente aceito e tinha, entre outras funções, um caráter pedagógico e ritualístico de grande importância. Um homem maduro, o erastes, escolhia um jovem, o eromenos, e fazia dele ao mesmo tempo amante e discípulo, tornando-se seu iniciador nos mistérios da vida adulta e nas suas responsabilidades sociais. Assim que surgissem os sinais da puberdade o jovem era declarado adulto e a relação se rompia. Ele então casava com uma mulher, constituía família e assumia por sua vez o papel de erastes, tomando para si um jovem eromenos e continuando a tradição.[wikipédia]
Nós não podemos interpretar os mitos e as crenças antigas conforme as nossas necessidades, temos que entender e perceber as circunstâncias históricas, sociais, sagradas e religiosas em que estas existiam. De acordo com Nobuo Komita, Hyakinthos era um Deus que existia antes de Apolo e era adorado em Amicleia, na Lacônia. Hyakinthos era um Deus da Vegetação que foi substituído e assimilado com a chegada do culto a Apolo, depois da conquista dos Dórios.
Todas as formas de sexualidade humana eram consideradas normais nas sociedades politeístas, haviam relações homossexuais nos exércitos e existiam os prostíbulos sagrados.
Depois de muitos anos sofrendo com a opressão, tanto da Igreja quanto do Estado, na década de 1960 (século XX) aconteceu a Contracultura e o mundo conheceu a Revolução Sexual que produziu o Amor Livre, a Amizade Colorida e ajudou a formar condições sociais para a manifestação do feminismo e da homossexualidade. A opção sexual se tornou uma bandeira para a contestação social e política. Essa tendência acabou sendo misturada e enfatizada nos muitos grupos de neopaganismo, bruxaria moderna e wicca eclética que surgiram, muitos disassociados dos princípios da Wica ou de qualquer sentido de tradição. A Antiga Religião resgatada/renovada, depois de tantos golpes sofridos, é esfaqueada por aqueles que alegam segui-la, ao ser distorcida para atender a agendas e vaidades pessoais.
Na cerimônia wiccana nós dizemos: "todos os atos de amor e prazer são meus rituais", uma afirmação e um estatuto, recebidos e celebrados de diversas formas, em diversas tradições, cujo conceito não é bem compreendido e faz com que pareçamos promíscuos às pessoas comuns e aos cristãos fundamentalistas. Tanto para estes quanto para os puritanos infiltrados na Arte é mister dizer que, para cada caso, para cada cerimônia, existem intenções diferentes. Ou seja, na ótica dos Deuses, nossa opção sexual é um assunto que interessa apenas a nós, mas a intenção que será realizada pela cerimônia tem consequências diferentes. O Grande Rito real, executado na cerimônia wiccana tradicional, com um ato sexual entre o Alto Sacerdote e a Alta Sacerdotisa tem por intenção religar o corpo ao seu sentido sagrado e recriar o mundo. Em outros grupos neopagãos e wiccanos, o Grande Rito é executado de forma simbólica por causas evidentes (traumas, tabus, recalques), mas a intenção é a mesma. Em outras formas de neopaganismo e bruxaria moderna, existem cerimônias homossexuais cuja intenção é o de alcançar o caráter extático e produzir vínculos[...].[Erotismo e sexualidade sagrados]
Toda beleza, toda alegria do mundo manifestam-se por uma explosão erótica. Tudo está organizado nos seres vivos em função dessa expressão de prazer, de alegria, de beleza, de felicidade, que é a natureza divina de tudo o que existe. O Eros é o laço de atração que une dois polos opostos e complementares. O ato sexual pode ser um procedimento de identificação mística do mesmo modo que outros meios provocam o êxtase, seu emprego é normal desde que grupo social deseje aliar-se com as forças naturais, representadas por protagonistas sagrados. A identificação com o ser divino no prazer se realiza através dos ritos sexuais, todo ato sexual pode se tornar um sacramento.
No rito, o homem se identifica com o primeiro princípio e a mulher com o outro. Essa união reproduz o Hiero Gamos, o Casal Divino, o Andrógino, bem como o mistério da natureza desse mundo, um mundo que é manifestado e condicionado, em que a humanidade aparece como separados em uma dualidade, vão se unir por um instante. No orgasmo sexual, a lei da dualidade é suspensa, o êxtase ocorre e, no arrebatamento, conduz os celebrantes à iluminação absoluta.[Alain Danielou]
Os mistérios da Wica não incluem qualquer entidade andrógina, não se pode elevar agendas pessoais à condição de sagrado. A homossexualidade é igualmente uma manifestação do Amor, não há necessidade alguma de inventar um Deus para que uma opção sexual seja divinizada ou sacramentada.
A entidade andrógina, nos mitos antigos, serve exatamente para nos lembrar que nós todos somos filhos e filhas da união entre um macho e uma fêmea, todos nós carregamos os gens masculinos e femininos. O que não se pode confundir é gênero genético com gênero fenótipo, identidade genética com identidade ou opção sexual. Não é preciso ser homem ou masculinizado para gostar de mulher, não é preciso ser mulher ou femininizado para gostar de homem. Viva sua vida com plenitude e prazer, pois os Deuses Antigos nos geraram a todos.[O que é Dian Y Glass]
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