Em muitas páginas e blogs de colegas há a divulgação de um dito "mito de criação" da Wicca. Há muita confusão entre o que é genérico e o que é específico. Os articulistas se esquecem ou omitem o autor ou a fonte e desinformam ao público ao informar uma liturgia específica como sendo uma crença genérica.
Esse "mito da criação" foi concebido por Victor Anderson, fundador da Tradição Feri, uma forma de Neopaganismo, incorretamente identificado como Faery Wicca. Esta concepção ganhou público graças à publicação do livro de Starhawk, pela expansão do Dianismo e pela comercialização da Wicca Popular.
Aqui eu teci considerações sobre as falhas da teoria da "religião da Deusa-Mãe", de Marija Gimbutas. Então passo a uma análise do mito que, como tal, não pode ser interpretado literalmente e, diga-se de passagem, não é dogma nem doutrina da Wicca.
Solitária, majestosa, plena em si mesma, Ela, cujo nome sagrado, não pode ser jamais dito, flutuava no abismo da escuridão, antes do início de todas as coisas.
Este trecho é muito parecido ou é uma cópia dos mitos bíblicos. No Gênesis, temos Yahveh igualmente pairando sobre as águas profundas. Uma divindade que paira por sobre algo é uma contradição, pois se tal entidade é uma existência absoluta, não devia existir nada mais além dela mesma.
E quando Ela mirou o espelho curvo do espaço negro, Ela viu com a sua luz o seu reflexo radiante e apaixonou-se por ele.
Novamente, temos uma contradição. Se tal entidade é uma existência absoluta, não haveria espelho, nem reflexo e a imagem refletida não seria outra coisa senão ela mesma. Haveria, então, um reconhecimento, não um deslumbramento.
Nos mitos, o espelho simboliza ora um portal, ora uma armadilha para os espíritos. Então a Deusa viu algo ou alguém, uma outra existência, uma outra dimensão, além Dela mesma.
Ela induziu-o a se expandir devido ao seu poder e fez amor consigo mesma e chamou Ela de "Miria a Magnífica".
Novamente, contradição. Se tal entidade é uma existência absoluta, não haveria para onde haver tal expansão e não se pode fazer amor com um reflexo. Esse auto-erotismo [masturbação?] nos dá prazer, mas não produz geração.
O seu êxtase irrompeu na única canção de tudo que é, foi e será e com a canção surgiu o movimento, ondas que jorravam para fora e se transformavam em todas as esferas e círculos dos mundos. A Deusa encheu-se de amor, que crescia e deu à luz uma chuva de espíritos luminosos que ocuparam os mundos e tornaram-se todos os seres.
Embora existam mitos que falem de Deusas que deram origem a outros seres por partenogênese, ou seja, eram "virgens" e geraram "sem ter conhecido um Deus", estes mitos precisam ser compreendidos e contextualizados dentro do conjunto religioso como um todo. Definitivamente, não é possível que um universo e uma natureza tão múltiplos e diversificados pudessem ser obra de uma partenogênese de uma Santa Ameba.
Mas, naquele grande movimento, Miria foi levada embora e enquanto Ela saia da Deusa, tornava-se mais masculina. Primeiro, Ela tornou-se Deus Azul, o bondoso e risonho Deus do Amor. Então tornou-se no [Deus] Verde, coberto de vinhas, enraizado na terra, o espírito de todas as coisas que crescem. Por fim, tornou-se o Deus da Força, o [Deus] Caçador, cujo rosto é o sol vermelho, mas no entanto, escuro como a morte. Mas o desejo sempre O devolve à Deusa, de modo que Ela circula eternamente, buscando retornar em amor.
Novamente, contradição. Se a entidade é uma existência absoluta, não teria para onde ser levado este probóscide. Considerando que a separação desta entidade de sua contraparte amada foi provocada pela criação das coisas, é possível pensar em um tipo de sentimento de culpa, algo de que é necessário uma purgação, uma expiação, uma purificação.
Aqui neste blog eu refutei o mito do Deus Azul [postagem extinta] e definitivamente não há como uma Deusa gerar por partenogênese o Deus. O que se pode afirmar das antigas crenças européias é a existência do Greenman - identificado no mito como o Deus Verde - um dos aspectos do Deus das Bruxas, enquanto Senhor das Plantações e dos Rebanhos. Outro aspecto do Deus é Herne - identificado no mito como o Deus da Força, o Deus Caçador - enquanto Senhor das Florestas e das Feras. Nos mitos antigos, Ele é o Deus dos Mortos e Senhor do Submundo. Este é o aspecto mais misterioso, oculto e sombrio das antigas crenças e nisso há que se ressaltar o acerto do mito ao identificar a imensa escuridão - na qual a Deusa está imersa - o Deus que, através do espelho, se manifesta à Deusa, como sendo uma outra divindade, semelhante mas oposta, contrária mas não antagônica, com quem a Deusa, pelo Hiero Gamos, gera todo o universo, o mundo, a natureza.
A conclusão que eu posso dar é que se está querendo "corrigir" a tirania do Deus Cristão que dominou a humanidade por 2 mil anos através da implantação de outra tirania: a da Jeovulva. Eu não preciso de mais 2 mil anos para saber que disso só pode advir desgraças.
Esse "mito da criação" foi concebido por Victor Anderson, fundador da Tradição Feri, uma forma de Neopaganismo, incorretamente identificado como Faery Wicca. Esta concepção ganhou público graças à publicação do livro de Starhawk, pela expansão do Dianismo e pela comercialização da Wicca Popular.
Aqui eu teci considerações sobre as falhas da teoria da "religião da Deusa-Mãe", de Marija Gimbutas. Então passo a uma análise do mito que, como tal, não pode ser interpretado literalmente e, diga-se de passagem, não é dogma nem doutrina da Wicca.
Solitária, majestosa, plena em si mesma, Ela, cujo nome sagrado, não pode ser jamais dito, flutuava no abismo da escuridão, antes do início de todas as coisas.
Este trecho é muito parecido ou é uma cópia dos mitos bíblicos. No Gênesis, temos Yahveh igualmente pairando sobre as águas profundas. Uma divindade que paira por sobre algo é uma contradição, pois se tal entidade é uma existência absoluta, não devia existir nada mais além dela mesma.
E quando Ela mirou o espelho curvo do espaço negro, Ela viu com a sua luz o seu reflexo radiante e apaixonou-se por ele.
Novamente, temos uma contradição. Se tal entidade é uma existência absoluta, não haveria espelho, nem reflexo e a imagem refletida não seria outra coisa senão ela mesma. Haveria, então, um reconhecimento, não um deslumbramento.
Nos mitos, o espelho simboliza ora um portal, ora uma armadilha para os espíritos. Então a Deusa viu algo ou alguém, uma outra existência, uma outra dimensão, além Dela mesma.
Ela induziu-o a se expandir devido ao seu poder e fez amor consigo mesma e chamou Ela de "Miria a Magnífica".
Novamente, contradição. Se tal entidade é uma existência absoluta, não haveria para onde haver tal expansão e não se pode fazer amor com um reflexo. Esse auto-erotismo [masturbação?] nos dá prazer, mas não produz geração.
O seu êxtase irrompeu na única canção de tudo que é, foi e será e com a canção surgiu o movimento, ondas que jorravam para fora e se transformavam em todas as esferas e círculos dos mundos. A Deusa encheu-se de amor, que crescia e deu à luz uma chuva de espíritos luminosos que ocuparam os mundos e tornaram-se todos os seres.
Embora existam mitos que falem de Deusas que deram origem a outros seres por partenogênese, ou seja, eram "virgens" e geraram "sem ter conhecido um Deus", estes mitos precisam ser compreendidos e contextualizados dentro do conjunto religioso como um todo. Definitivamente, não é possível que um universo e uma natureza tão múltiplos e diversificados pudessem ser obra de uma partenogênese de uma Santa Ameba.
Mas, naquele grande movimento, Miria foi levada embora e enquanto Ela saia da Deusa, tornava-se mais masculina. Primeiro, Ela tornou-se Deus Azul, o bondoso e risonho Deus do Amor. Então tornou-se no [Deus] Verde, coberto de vinhas, enraizado na terra, o espírito de todas as coisas que crescem. Por fim, tornou-se o Deus da Força, o [Deus] Caçador, cujo rosto é o sol vermelho, mas no entanto, escuro como a morte. Mas o desejo sempre O devolve à Deusa, de modo que Ela circula eternamente, buscando retornar em amor.
Novamente, contradição. Se a entidade é uma existência absoluta, não teria para onde ser levado este probóscide. Considerando que a separação desta entidade de sua contraparte amada foi provocada pela criação das coisas, é possível pensar em um tipo de sentimento de culpa, algo de que é necessário uma purgação, uma expiação, uma purificação.
Aqui neste blog eu refutei o mito do Deus Azul [postagem extinta] e definitivamente não há como uma Deusa gerar por partenogênese o Deus. O que se pode afirmar das antigas crenças européias é a existência do Greenman - identificado no mito como o Deus Verde - um dos aspectos do Deus das Bruxas, enquanto Senhor das Plantações e dos Rebanhos. Outro aspecto do Deus é Herne - identificado no mito como o Deus da Força, o Deus Caçador - enquanto Senhor das Florestas e das Feras. Nos mitos antigos, Ele é o Deus dos Mortos e Senhor do Submundo. Este é o aspecto mais misterioso, oculto e sombrio das antigas crenças e nisso há que se ressaltar o acerto do mito ao identificar a imensa escuridão - na qual a Deusa está imersa - o Deus que, através do espelho, se manifesta à Deusa, como sendo uma outra divindade, semelhante mas oposta, contrária mas não antagônica, com quem a Deusa, pelo Hiero Gamos, gera todo o universo, o mundo, a natureza.
A conclusão que eu posso dar é que se está querendo "corrigir" a tirania do Deus Cristão que dominou a humanidade por 2 mil anos através da implantação de outra tirania: a da Jeovulva. Eu não preciso de mais 2 mil anos para saber que disso só pode advir desgraças.
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