sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O que os Deuses estão fazendo hoje em dia?

Uma vez que não são adorados [cofcof neopaganismo - NT], e considerando que eles são imortais e provavelmente entediados até a morte, eu acho que os deuses antigos têm de descobrir novos métodos para se manterem entretidos. O alado Nike está mergulhado profundamente na produção de calçados esportivos, a vingativa Eris arrumou um droid, e Nero está queimando CDs (bem, não o faz como um deus, mas está tão relacionado que eu acho que ele conseguiu esgueirar-se pela porta dos fundos depois de tudo).

Então eu queria saber o que os doze grandes deuses da Grécia e Roma estão fazendo, além do óbvio (cuidar de seus respectivos planetas, dias da semana, meses do ano, convidados para história em quadrinhos e séries de televisão e assim por diante) .

Apolo é de longe o mais bem sucedido com o seu programa de exploração espacial. Apesar de ser um pouco estranho uma tentativa de pouso na Lua nomeada em homenagem ao deus-sol. Por que não chamá-la de Artemis, a deusa da lua? Misóginos.

Ares/Marte tem uma barra de chocolate. E uma empresa que produz a barra de chocolate. Bom o suficiente, até a próxima guerra mundial.

Atena/Minerva tem o projeto de pesquisa CERN de antimatéria. Muito adequado, para a deusa da sabedoria e do ofício, mas só se ela se provar muito, muito bem-sucedida e fizer um enorme impacto. Caso contrário, Athena está maciçamente sub-avaliada nestes dias. Misóginos.

Artemis/Diana ... desempregada, para ser honesto, especialmente desde que a caça foi proibida em um de seus principais territórios. Há um bordel famoso em Berlim chamada Artemis. Estranho para a deusa virgem, mas os tempos são difíceis, até mesmo deuses assumir tudo o que empregos estão disponíveis.

Hefesto/Vulcano fizeram nome no showbiz, com os vulcanos de Star Trek. Eles estão em toda parte! Acho que foi o seu retorno, depois do insulto de um planeta hipotético levar seu nome (no século 19, o planeta Vulcano era suposto estar escondido entre o Sol e Mercúrio). Um plano hipotético para uma grande divindade! Horrivel.

Hermes/Mercúrio tem um elemento químico. Quem teria imaginado o deus travesso de ladrões em um laboratório?

Hades/Plutão perdeu seu planeta, mas ainda pode mostrar seu famoso personagem da Disney. Sim, é um cão, escada de um rato, mas de longe o mais famoso personagem de desenho animado em homenagem a um deus. E alegre, também, para alguém que vive no inferno.

Hestia/Vesta se divertiu quando seu nome grego foi usado como o nome informal de Himalia, uma das luas de Júpiter. Espere. Luas têm nomes informais? Nós devíamos chamá-la de Sra. Moon?

Poseidon/Netuno é realmente entusiasmado com a evolução da música e lançou seu próprio selo de gravadora para promover novos talentos. Eu suspeito que tem algo a ver com a sua mulher ter sonhado com uma carreira de cantora desde que ela era apenas uma jovem nereida.

Demeter/Ceres está experimentando com algumas cervejarias e empresas produtoras de suco, mas nenhum deles teve qualquer sucesso ainda.

Zeus/Júpiter e Hera/Juno levaram um milênio sabático para explorar outras galáxias e reconectar-se um com o outro, antes que seja tarde demais para salvar seu casamento.
Original do Ancient Links

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O substrato do abstrato

O que há em comum entre alguns evangélicos e alguns ateus? Radicalismo. Este é um texto baseado na tentativa de debate que tive com um desses seguidores de Dawkins.

- Ensinar ateísmo é o mesmo que ensinar uma crença: imposição.

- Não exatamente. A escola ensina o que é ateísmo, e não a ser ateu, o que é bem diferente. Ao invés de ensinar uma "verdade", imaginária, lendas antigas, ensina a pensar racionalmente e as bases do pensamento crítico.
Na verdade, nem é preciso ensinar ateísmo propriamente, pois somos todos ateus ao nascer, e é preciso muita doutrinação e lavagem cerebral para deixar esse ateísmo natural e passar a acreditar em superstições ancestrais e em seres imaginários.

- Se ensina-se apenas uma ideologia, sem contraste, sem controvérsias, não deixa de ser igual à inculcação doutrinária feita pela Igreja. Segundo estudos com crianças, todas apresentam a ideia de um ser superior, então essa bravata falaciosa de que se nasce ateu não cola.

- Não existem 'controvérsias" sobre a lógica e o pensamento racional não levarem em consideração a existência de coisas sem evidências.
Crianças podem ter uma idéia de "ser superior" apenas se isso for algo comum a seu ambiente.

- Falar em evidências é método cientifico. Fala-se em visões e interpretações sobre o mundo. O ser humano não é feito apenas de pensamento racional, mas do abstrato também, senão não tem arte, poesia, literatura, teatro e até mesmo matemática.

- O ser humano, dadas as evidências disponíveis, é sim formado apenas por matéria, e as abstrações que produz, com sua mente, são, bem, apenas de sua mente. Arte, poesia, etc, são abstrações da mente humana, não elementos concretos deste mundo. Não é preciso evidência de existência.

- O argumento foi o de que ensinar ateísmo é ensinar o pensamento racional, o que remete a anular ou ignorar o pensamento abstrato que, como você atesta, faz parte da matemática.
Querer limitar o entendimento do mundo e do universo a algo tão pobre é mais típico das "malvadas religiões" que você tanto critica. O ser humano não é formado apenas por matéria, senão não há como entender a mente, o pensamento, a ideia.

- Nada implica que o pensamento racional não inclua o abstrato. Matemáticos pensam racionalmente. Escritores, ao criar suas obras, abstratas, pensam racionalmente. Um matemático sabe que o número "1" é uma abstração, não um elemento real, concreto, deste universo. Um escritor sabe que seus personagens não existem de verdade.

- Você mesmo em seus argumentos acaba fazendo essa suposição. Voltando um pouco: crianças acreditam em um ser superior devido ao ambiente, então o ateu está desambientado ou é um alienígena. Você argumentou que só existe o que está evidenciado. Portanto, aquilo que é abstrato não pode ser aceito pelo pensamento racional, o que inviabiliza os conhecimentos humanos que listei.

- Para existir, para que se conclua pela existência, é preciso evidências, mas abstrações, imaginação, nada tem a ver com isso.

- Você tenta ignorar seus próprios argumentos, nos quais se pode concluir que apenas o pensamento racional e válido, onde apenas o que é evidenciado é aceitável, portanto tudo o que é abstrato é irracional, invalido, inaceitável. Eu não toquei no tema filosófico/teológico das crenças, mas abordado que o pensamento racional deve incluir o pensamento abstrato, o que, de acordo com você, não faz parte do ateísmo.

- A existência de algo, existência real, só pode ser objeto de conclusão confiável, se apresentar evidências. Pensamentos abstratos, conceitos abstratos, nada tem a ver com isso, sejam matemáticos, sejam imaginativos. ‘Existir’ na imaginação nada tem a ver com a existência real. Evidências, é o que importa, quer você acredite ou não. Pode acreditar que pular de um prédio não vai causar dano a você, mas se pular, vai se machucar.

- Muito bem. Apenas evidências que importam. Então evidencie o numero 1. Evidencie uma soma. Se eu lembro bem, você concorda que são conceitos abstratos, portanto, não existem, portanto não são importantes para a matemática. Se eu acreditasse que posso pular de um prédio, eu procuraria uma forma de poder pular sem me machucar. Crer e saber não estão em conflito.

-  Somas não existem, não são reais, são descrições de relações numéricas, matemáticas. Coloque duas maçãs sobre a mesa, depois coloque mais duas. E quando precisar explicar o que aconteceu, e quantas maças tem sobre a mesa, vai usar um conceito que chamamos de 'soma’. Mas, a soma propriamente, não existe, não pode colocar uma 'soma’ em um saco, ou bater com a soma na cabeça de alguém. Algo que não 'existe’ de forma concreta, ainda pode ser importante como idéia ou abstração, como o conceito de honra. Mas continua a não existir materialmente, concretamente, apenas como conceito. Não tem evidências de existir.

- Vamos dividir o tema em "evidência" e "existência". Evidência é assunto do método cientifico. A ciência não afirma que Deuses não existe, apenas que não tem evidências, afinal o homem aceita idéia de abstrato numa boa. A soma é um conceito abstrato, uma convenção, não existe no sentido de ser algo concreto. Mas são usados para se explicar algo. A existência também é algo a ser explicado e não apenas por evidências, por elementos concretos, pois muitas "coisas" existem e não são concretas, como elétrons, ondas, diversas energias. Estes elementos podem ter a existência evidenciada pelo efeito que causam, ou seja, uma evidência secundária. Então não deveria haver tanta resistência em aceitar que a existência dos Deuses pode ser evidenciado pelo efeito causado, que é a própria natureza. Da mesma forma que cessam os efeitos com a ausência destes elementos, da mesma forma cessaria a natureza, o mundo, o universo, a vida tal como conhecemos na ausência dos Deuses. E isto explica apenas o aspecto material da natureza, não da existência. A existência é um tema da filosofia, visto que procede de conceitos e convenções humanas, não de evidências, da ciência, do método cientifico. Você não quer compreender que nem tudo que existe tem evidência, conceitos abstratos existem embora sem evidência. Existência está além da ciência. Não é função ou preocupação da ciência explorar questões existencialistas, metafísicas ou sobrenaturais, mas tudo isso faz parte do questionamento e natureza humana.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O circulo do coração

Para o pagão, o bruxo, o mundo dos sonhos não é um mero espasmo da mente, mas um canal para a Sabedoria, a Verdade e a Realidade Divina.
A habilidade e a consciência dessa ferramenta não é simples nem é fácil de dominar. Quando eu fazia meus jornais oníricos, tudo o que eu percebia é a constância e a insistência dos temas e tipos de sonhos que eu tinha.
Pois bem, depois que eu parei de escrever os jornais, depois que eu saí da vida de cobaia de um treinamento, depois que eu zerei e reiniciei por conta própria minha jornada é que me veio uma compreensão, durante um estado de vigília, em um dia qualquer.
A miríade de sonhos são laços de um único, central e singular sonho. Como tudo na vida, nós criamos incessantemente elos em torno daquilo que realmente necessitamos.
Adquirimos conhecimento material necessário, mas insistimos em querer saber mais, crentes de que a ciência vai nos dar a resposta sobre tudo.
Procuramos aprimorar cada vez mais a capacidade e a eficiência de produção, confiantes no inesgotável potencial laborativo humano e fertilidade agrária natural.
Tentamos administrar com consciência, responsabilidade e ética nossa família, empresa e cidade, certos de que nossos parentes, colegas e cidadãos farão sua parte.
Escolhemos e seguimos uma espiritualidade, uma crença, uma religião. Falamos e divulgamos proficuamente os beneficios do que acreditamos e promovemos o Amor, fiéis de que há um propósito maior.
A cada anel que construímos, nos afastamos do que é essencial e recheamos o vazio com diversas ilusões para sustentar essa subrotina. Nos dedicamos de tal forma na execução e no aperfeiçoamento dessas atividades que nos esquecemos dos motivos e finalidade delas.
Os descrentes se aferram na ciência, na evidencia, mas estas coisas não servem para explorar o ser, a percepção, a consciência, a existência.
Os burgueses se isolam na riqueza, na expropriação, mas este sistema não produz condições para a justiça, a segurança, a satisfação, a felicidade.
Os governantes se deslumbram no poder, no mandato, mas esta política não legitima a autoridade, a influencia, o prestigio.
Os crentes se vangloriam na benção, na promessa, mas esta disciplina não garante a virtude, a graça, a redenção.
Nossa vida tornar-se-ia bem mais simples e nossa sociedade aproximar-se-ia da utopia se nos atessemos ao que é necessário e fundamental, que é o que eu chamo de círculo do coração.
Neste círculo, há saber e crer, ocupação e produção, representação e participação, razão e imaginação em proporções equilibradas e harmoniosas. Aqui, o Amor é a única lei, sem condições, sem limites, sem fronteiras, irrestrito.
O dileto e eventual leitor esperto há de protestar que este círculo ainda constitui um laço em volta de algo. Bom, não há outra forma de falar do que seria o centro de tudo senão os Deuses.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

No mundo dos errados

No mundo dos errados, os idiotas e medíocres usam e abusam da liberdade de expressão. Os sábios e estudiosos são patrulhados pelo Politicamente Correto e, para não suscitar melindres, acabam se censurando.
No mundo dos errados, os estudantes saem às ruas para protestarem contra o governo e o sistema, como se não tivessem participado na construção dessa estrutura e cultura, como se esquema, suborno e corrupção não fizessem parte da rotina do cidadão.
No mundo dos errados, mendigos analfabetos pregam em praça pública a retórica do evangelho, como se fossem porta-vozes da mais pristina verdade. O Cristianismo deve muito de seu sucesso à miséria mental, física e espiritual.
No mundo dos errados, se investe mais em futebol e novela do que em educação, saúde e transporte público.
No mundo dos errados, os partidos são legendas, no fundo são associações criminosas, sustentadas pelo voto do rebanho. Séculos de história nos contam a omissão, imperícia, negligência, incapacidade e incompetência de nossos governantes.
No mundo dos errados, a tecnologia para comunicação e informação avança inversamente proporcional à qualidade dos programas e notícias divulgadas.
No mundo dos errados, se faz concurso para entrar no serviço público, mas não para concorrer a cargos públicos. Os funcionários públicos são muito cobrados e tem que ser excelentes, apesar da falta de recursos materiais, tecnológicos e humanos.
No mundo dos errados, o mesmo jovem que faz passeata contra a violência e o crime é o mesmo que sustenta o tráfico,  dirige depois de beber e engrossa o numero das torcidas organizadas.
No mundo dos errados, falar de violência faz mais sucesso do que falar de amor.
No mundo dos errados, a sociedade impõe a monogamia e a fidelidade ao mesmo tempo que produz a pornografia e tolera a troca de casais.
No mundo dos errados, saber da novela ou do resultado do jogo é mais importante do que saber do seu bairro ou de política.
No mundo dos errados, aquele que se esforça para ser humano é o mais criticado e cobrado.
No mundo dos errados, escritor é aquele que agrada ao público, não aquele que tem talento e conteúdo.
No mundo dos errados, os que se põe no cargo de tutor, orientador, professor está mais perdido do que seu aluno.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Arrumando a casa

Passado um mês a casa está quase arrumada. Nós estamos ambientados. Nem estou sentindo falta de telefone fixo, facebook, sky. Setembro está transcorrendo tranquilamente, nem parece que eu passei por um período de turbulência.

Eu digo constantemente que não existem coincidências, os três meses anteriores me ensinaram a ter paciência, a não criar expectativas, a fazer aos poucos, a de não inventar problemas (ou vê-los aonde não existem) e fazer o que deve ser feito (reclamar em nada adianta).
As empresas Vivo e Sky bem que tentam nos arrebanhar de volta, mas quando eu era cliente não tinham tanta gentileza assim. Quem dependeu de assistência técnica de empresas sabe do que eu falo.

Esta é uma verdade inconveniente. Nós somos procurados pelas empresas (sejam organizações politicas, comerciais ou religiosas) enquanto formos consumidores em potencial. Adquirido o vicio, seremos tratados com desídia.
Imaginem como seria se fabricantes de cigarro e bebida fizessem o mesmo para reconquistar os otá... digo, clientes assíduos de seus produtos? Alhures neste blog eu escrevi um texto questionando sobre o que realmente necessitamos.

O truque das empresas (comerciais, políticas, religiosas) consiste em criar uma necessidade inexistente em seus consumidores em potencial. A isca é quase irresistível. Criada a dependência, recebemos o tratamento dispensado a viciados.

Como comunicólogo eu posso afirmar que, para isso, a propaganda e a publicidade ajudam a vender produtos, serviços e ideias.  Mas seria incompleto, o próprio sentido e razão dos meios de comunicação de massa consiste em criar esse mundo maravilhoso  irreal. Cris Polly que me desculpe, mas eu não engulo "Supernanny" que, em um mês, consegue transformar uma família. Eu tentei por dois anos essa "terapia behaviorista" e não aconteceu milagre algum.

Recentemente tentaram empurrar a ideia de que o Brasil (e os brasileiros) ia mudar. Meu caro e eventual leitor deve ter lido o que aconteceu quando eu simplesmente apontei o óbvio. Passados alguns meses, nos deparamos com o escândalo Donadon, o deputado-presidiário. Cadê os "black blocks"? Só o que vejo são propagandas partidárias tomando partido (desculpem o trocadalho) das manifestações de rua. Ou seja, vamos ficar na mesma, como este profeta vos disse.

A mídia eletrônica é profícua em divulgar esse mundo ideal, impossível e irreal, onde somos todos iguais, podemos ser felizes (mediante o uso de um produto, serviço ou comportamento) e somos importantes. Somos constrangidos a aceitar um ideal, diante de historias de superação. Somos constrangidos pela exposição das mazelas, misérias, sofrimentos e exclusões que esse sistema mesmo produz. Caridade é um suborno moral à consciência pequeno-burguesa. Apenas medíocres precisam ver a miséria alheia para mitigar e aceitar a própria miséria.
De algum jeito eu sabia que o resultado de uma mudança (física, mental ou espiritual) será sempre uma conquista e vitória individual e solitária.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

No reino de Southerly

Depois de 2 meses e meio eu terminei de ler os 5 volumes das Cronicas de Gelo e Fogo. A saga é intensa e capta a atenção, os capítulos recebem o nome do personagem no qual a ação está centrada, dando a impressão de que a historia ocorre em diversos níveis. Por outro lado é incompreensivel o sucesso desta história ambientada na Idade Media com nobres e reis vivendo uma riqueza indecente enquanto a massa vive na pobreza extrema. Eu vou dar um desconto por ter referências ao Paganismo e aos mitos antigos, mas eu não achei qualidade literária, as "cronicas" está para a Literatura como o som ambiente está para a Música.
No encerramento do vol 5 muitas historias ficaram sem conclusão e o futuro de Westeros ficou indefinido. Não houve um clímax, o que tornaria necessário o vol 6. O 4 vol foi o mais chato, cheio de historias e personagens secundários enquanto o vol 5 alguns personagens principais saíram de cena.
O reino de Westeros, pelo mapa apresentado, parece-se muito com a Grã-Bretanha, os Países Livres seriam a França, o que tornaria os reinos do Mar do Leste a Asia Menor e o Oriente Médio.
Eu tento imaginar como seria o Brasil dentro das "cronicas". Eu chamaria a América Latina de reino de Southerly e o Brasil seria o Condado de Vera Cruz.
Aqui os castelos são feitos de taboas e sapê. As armaduras de nossos "sores" são feitas de latão. As correntes de nossos "meistres" são feitas de arruelas e tampinhas. A muralha, que ficaria no sul para nos proteger dos argentinos, seria feia de casca de côco. Em comum teria a intriga, traição, conspiração, patifaria, a riqueza indecente, a pobreza extrema, a negociata, a politicagem. Nossa inovação é a tradição tupiniquim de fazer tudo nas coxas.
Brasileiro é uma praga pior que barata. Onde não tiver brasileiro, pode ter certeza que tem um viajando. Quanto tempo Westeros aguentaria a presença de Brasileiros é uma questão que assombraria George Martin. Qual seria a reação dos lordes de Westeros ao ver chegar caravelas do Condado de Vera Cruz? Nossa reputação não é bem vista sequer nos Países Livres. Nos Países do Verão, os Dothraki teriam nojo de colocar qualquer khalazar em nosso encalço. Nenhum Homem de Ferro arriscaria passar pelo nosso litoral para fazer esposas de sal. Pobre do Lannister que passeasse por aqui, seria rapidamente tosquiado. Quem se daria bem e passaria longas férias por aqui seria Robert Baratheon.
George Martin negará, mas Westeros começou a entrar em decadência quando começaram a chegar os brasileiros. Eu sei porque Cersei mandou vir um mercenário [eu] do Condado de Vera Cruz. Aqui eu encontrei muitos brasileiros na corte. As Cronicas de Gelo e Fogo terminaram, mas para eu e muitos westerosis brasileiros a historia continua. Eu vou tentar desencalhar Bran, liberar Sansa, propor casamento para Arya, achar Ben Stark. Eu vou tirar Stannis do Jogo dos Tronos e, se eu achar Jaime e Tyrion Lannister, talvez consiga uma saída honrosa para Cersei, desde que me deixem cuidar de Mindinho.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sopa de pedras

Depois de dias, semanas e meses, cheios de surpresas e desafios, eis que eu tenho uma casa nova.
Eu mudei...ou será que não? Eu estou confuso. Uma vez eu recebi o elogio por ter conseguido mudar radicalmente para depois, a mesma pessoa que me elogiou, acusar-me de não ter mudado, que eu havia retrocedido. Acho que ela não me conheceu o suficiente ou não confiou ou não deu o devido crédito ao trabalho feito. Eu dei sinais que até um leigo teria visto que eu forçara a situação exatamente para haver um rompimento. Tal leitura não ocorreu, 2 anos de esforço, trabalho, dedicação foram descartados sem cerimônia.
Em outros momentos e épocas isso me deixaria deprimido, mas nada acontece por acaso. Eu não esperava sequer ter encontrado essa pessoa, aconteceu quando e como era necessário, acabou pela vontade divina. Caro dileto e eventual leitor, não se esqueça que seu mestre é um ser humano, não o idealize.
Mudanças ocorrem constantemente, mudamos diariamente, até o que parece não mudar não permanece o mesmo, não se entra no rio duas vezes do mesmo jeito. Mudanças acontecem por uma dinâmica própria, vem do jeito que devem vir, no momento que devem  vir e os resultados nem sempre são o esperado. Nisso eu vejo a Fortuna e o Destino. Na percepção das probabilidades se escondem pequenos milagres. Como acontecem com histórias de sucesso e seus autores.
Histórias de sucesso nos chamam a atenção exatamente por serem raras e eu imagino que ganho de riqueza seria para a Literatura se não tivesse o gênero "auto-ajuda". O problema das histórias de sucesso e seus personagens é que o ser humano ao focar sua atenção em um ponto tende a distorcer o que está em volta. Sem as devidas oportunidades, meios e a colaboração de diversos anônimos, não há história de sucesso.
Olhando em retrospecto, a mudança depende bastante da ação de terceiros. Freqüentemente eu ouço o quanto nós somos "culpados" pelo que nos acontece, de como nossa ação, comportamento e até sentimento resultam em uma situação e no ambiente. Depois de quatro meses conturbados e dois anos de trabalhos, vendo que o ambiente e as pessoas continuam a reagir da mesma forma, por mais que eu tenha mudado, eu vejo que há uma via de mão dupla. O meio e a sociedade também tem "culpa" no cartório.
A despeito de nossos esforços para termos um mundo, um país, uma humanidade melhores, caro dileto e eventual leitor, as coisas vão continuar a ser e acontecer como devem ser. No tocante ao brasileiro, depois daquela semana de protesto que foi uma brisa, onde tudo parece continuar a ser como era, eu mantenho o ceticismo que resultou no rompimento simplesmente por eu ter declarado o óbvio e a realidade: o buraco é mais embaixo.
Demos um passo importante e, mesmo se voltarmos atrás, não será a mesma coisa. Como quando se perde algo  ou a trilha. Carece coragem reconhecer o equivoco, refazer os passos e reiniciar a jornada de algum ponto inicial.
Eu mudei e eu vou continuar andando, agora mais experiente e amadurecido. O sentido de escolher um caminho é ser mestre de si mesmo. Não se entregue a terceiros, se entregue á jornada e confie nos Deuses.
Somente você, caro dileto e eventual leitor, sabe o tamanho de suas dificuldades. Só você sabe onde o calo aperta. Só você sabe o esforço e o recurso que dispõe. Somente você pode ser você, esteja onde for ou faça o que fizer, ninguém mais pode te substituir. Ninguém ocupará seu lugar e sua função de escrever sua história. Outros personagens ficarão envolvidos pois, em algum sentido, nossos destinos estão interligados. Mas não se esqueça que são gente, terão os mesmos medos, inseguranças, defeitos.
O sol sempre surge no dia seguinte. Esteja atento, esteja preparado, esteja aberto, seja realista e não crie espectativas nem faça apostas. Quando te apontarem o dedo, sorria e assimile. Lembre-se que, para cada dedo apontado, terão três na direção oposta.