Passado um mês a casa está quase arrumada. Nós estamos ambientados. Nem estou sentindo falta de telefone fixo, facebook, sky. Setembro está transcorrendo tranquilamente, nem parece que eu passei por um período de turbulência.
Eu digo constantemente que não existem coincidências, os três meses anteriores me ensinaram a ter paciência, a não criar expectativas, a fazer aos poucos, a de não inventar problemas (ou vê-los aonde não existem) e fazer o que deve ser feito (reclamar em nada adianta).
As empresas Vivo e Sky bem que tentam nos arrebanhar de volta, mas quando eu era cliente não tinham tanta gentileza assim. Quem dependeu de assistência técnica de empresas sabe do que eu falo.
Esta é uma verdade inconveniente. Nós somos procurados pelas empresas (sejam organizações politicas, comerciais ou religiosas) enquanto formos consumidores em potencial. Adquirido o vicio, seremos tratados com desídia.
Imaginem como seria se fabricantes de cigarro e bebida fizessem o mesmo para reconquistar os otá... digo, clientes assíduos de seus produtos? Alhures neste blog eu escrevi um texto questionando sobre o que realmente necessitamos.
O truque das empresas (comerciais, políticas, religiosas) consiste em criar uma necessidade inexistente em seus consumidores em potencial. A isca é quase irresistível. Criada a dependência, recebemos o tratamento dispensado a viciados.
Como comunicólogo eu posso afirmar que, para isso, a propaganda e a publicidade ajudam a vender produtos, serviços e ideias. Mas seria incompleto, o próprio sentido e razão dos meios de comunicação de massa consiste em criar esse mundo maravilhoso irreal. Cris Polly que me desculpe, mas eu não engulo "Supernanny" que, em um mês, consegue transformar uma família. Eu tentei por dois anos essa "terapia behaviorista" e não aconteceu milagre algum.
Recentemente tentaram empurrar a ideia de que o Brasil (e os brasileiros) ia mudar. Meu caro e eventual leitor deve ter lido o que aconteceu quando eu simplesmente apontei o óbvio. Passados alguns meses, nos deparamos com o escândalo Donadon, o deputado-presidiário. Cadê os "black blocks"? Só o que vejo são propagandas partidárias tomando partido (desculpem o trocadalho) das manifestações de rua. Ou seja, vamos ficar na mesma, como este profeta vos disse.
A mídia eletrônica é profícua em divulgar esse mundo ideal, impossível e irreal, onde somos todos iguais, podemos ser felizes (mediante o uso de um produto, serviço ou comportamento) e somos importantes. Somos constrangidos a aceitar um ideal, diante de historias de superação. Somos constrangidos pela exposição das mazelas, misérias, sofrimentos e exclusões que esse sistema mesmo produz. Caridade é um suborno moral à consciência pequeno-burguesa. Apenas medíocres precisam ver a miséria alheia para mitigar e aceitar a própria miséria.
De algum jeito eu sabia que o resultado de uma mudança (física, mental ou espiritual) será sempre uma conquista e vitória individual e solitária.
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