O anúncio foi feito esta terça-feira pelo Ministério da Educação britânico, que referiu que a nova disciplina deverá incluir “mitos sobre mulheres e relacionamentos que são espalhados na manosfera [conjunto de sites onde é espalhada cultura misógina]”, de acordo com o Guardian. Mas alertou as escolas contra a “estigmatização dos rapazes por serem rapazes”.
O anúncio surge ao mesmo tempo que um novo inquérito, desenvolvido pelo Ministério da Educação, mostra que a misoginia nas escolas do Reino Unido está “numa escala epidémica”: 54% dos inquiridos entre os 11 e os 19 anos reportaram ter ouvido comentários que classificariam como misóginos na semana anterior ao inquérito e 37% disseram ter ouvido comentários que os fizeram sentir-se preocupados com a segurança das raparigas.
Alunos britânicos vão ter aulas sobre misoginia e masculinidade positiva
“As crianças de hoje são bombardeadas com conteúdo — quer seja através de influencers no Instagram que criam expectativas irrealistas sobre a aparência, ou algoritmos que os mantêm presos a vícios como o jogo e as drogas”, referiu Bridget Phillipson, secretária de Estado da Educação, citada pelo Guardian.
“O novo currículo da disciplina Relações, Sexualidade e Educação em Saúde (RSHE, na sigla em inglês) vai ajudar os alunos a desenvolverem atitudes positivas, a construir resiliência perante conteúdo potencialmente perigoso, desde o início do ensino escolar”, continuou.
O Partido Trabalhista já se havia comprometido, durante a campanha eleitoral que o levou ao poder, em Julho de 2024, a reduzir para metade, em dez anos, os índices de violência contra mulheres.
Depois do fenómeno da Netflix Adolescência, que retrata um rapaz de 13 anos acusado de matar uma colega, ter causado algum alarme junto dos pais, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, comunicou que a produção iria ser exibida nas escolas do Reino Unido. "Todos nós precisamos de ter mais dessas conversas", referiu, na altura.
A nova disciplina pretende agora "garantir que, quando as crianças tiverem idade suficiente para entender temas como o suicídio e a automutilação, tenham as ferramentas para distinguir a realidade da ficção e consigam rejeitar o conteúdo vil que as encoraja a magoarem-se".
As orientações referem também que os pais devem poder consultar o plano de estudos da RSHE e que os conteúdos devem ser apropriados à idade dos alunos - ainda que não haja uma divisão de tópicos por idade, devendo os professores responder de forma adequada às questões levantadas pelos alunos.
"É importante que não digamos simplesmente aos rapazes o que é errado, mas que lhes mostremos modelos de masculinidade positiva", apontou Margaret Mulholland, especialista em necessidades especiais e inclusão na Association of School and College Leaders, citada no mesmo texto.
Em Abril último, as autoridades britânicas contra o terrorismo e a Agência Nacional do Crime (NCA, na sigla inglesa) mostraram-se alarmadas com jovens que, alimentados por uma "forte misoginia" perseguiam raparigas e mulheres em sites ligados a suicídio e distúrbios alimentares.
Foi, na altura, criada uma taskforce para encontrem comunidades online de jovens que consomem e produzem conteúdo relacionado com agressões sexuais e homicídio, como jovens que planeiem tiroteios em escolas ou que encorajem raparigas a magoarem-se a si próprias - uma tendência que encontraram.
Fonte: https://www.publico.pt/2025/07/16/p3/noticia/alunos-britanicos-vao-aulas-misoginia-masculinidade-positiva-2140521
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