Para nós, mortais, quem cuidava da retribuição divina são as Erínias, conhecidas como Fúrias pelos Romanos.
Alecto, Megera e Tisífone. A segunda foi apropriada pela cultura humana, mais especificamente, foi caracterizada pelo Bardo na peça "A Megera Domada". De personagem divino a um mero estereótipo de uma mulher rancorosa ou ciumenta. Oh, bem, mesmo o Bardo sofria da misoginia estrutural.
Heródoto diz que o rei Creso recebeu a visita das Fúrias e Ésquilo diz que Orestes quem foi perseguido por elas. Na tragédia escrito por Ésquilo explica (mostra?) que isso aconteceu porque Orestes matou a mãe dele, Clitemnestra. Porque ela matou o pai dele (e marido dela). Porque ela queria vingar a morte de sua filha, Ifigênia, sacrificada por exigência de Ártemis.
Ou assim o dramaturgo quer que acreditemos. Quem interpretou a vontade dos Deuses foi Calcas, ao dizer para Agamenon que os ventos não estavam favoráveis para seu caminho (e conquista) de Tróia porque o rei tinha irritado a Deusa por ter matado um cervo. Em uma segunda versão, Ifigênia não foi sacrificada, mas tornou-se sacerdotisa de Ártemis.
Isso é algo que carregamos conosco. Arrependimento, remorso, culpa. Em maior ou menor grau, nós temos consciência de que nossos atos e palavras podem causar dano ou sofrimento a outra pessoa. Essa consciência exige também em maior ou menor grau que exista uma reparação ao dano e sofrimento que venhamos a ter por atos e palavras de terceiros.
Mas a justiça humana é falível, as leis humanas são falíveis e não raramente uma pessoa mais voluntariosa decide "fazer justiça com as próprias mãos". Esse é o ímpeto que torna Batman um personagem tão admirado e colocado como ideal aos justiceiros. Isso se torna um problema social, moral e ético quando, âncoras de televisão, usando uma concessão pública, estimula, encoraja e defende conceitos como prisão perpétua ou pena de morte. O cultivo do pânico moral resultou na morte de milhares de inocentes.
Somente a justiça divina é perfeita, exata, imparcial e adequada.
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