“Era uma vez, no maravilhoso mundo de LinkeDisney...
Uma magia que faz a abóbora virar carruagem, Muito like para pouca coisa, embarque nessa viagem, muita gente aplaudindo CEO e diretor que só fala bobagem.
Pura Fantasia, posts sobre autoajuda, tudo vai dar certo, que alegria, o que aprendi na Pandemia...é só rolar a linha do tempo que sentirá a energia.”
-Eduardo Felix
Quando eu entrei no LinkedIn, eu fui achando que esta rede social fosse específica para profissionais, para falar de trabalho, emprego e assuntos correlatos. Ledo engano, o LinkedIn, tal como o Facebook, serve para um pouco de tudo. Essa parte que possa existir entre empresas e profissionais deve ter ficado em último plano.
Tal como em demais plataformas de emprego, como Vagas, Infojobs e Indeed [outras nas quais eu tenha feito inscrição, eu acabei saindo ou não consulto mais], o LinkedIn é inócuo e ineficiente na busca por serviço. Por outro lado, aqui eu pude entrar em contato com diversas pessoas e grupos que vivem de vender cursos que podem ser, em muitos casos, considerados parte da vizinhança das vagas fajutas, arapucas e estelionatos.
Depois de algum tempo e experiência como Linkedin Creator, eu tive um estalo e lembrei vividamente do filme “Ardil 22”, baseado no livro homônimo escrito por Joseph Heller.
De acordo com o Wikipédia, Ardil 22 é uma expressão que descreve uma situação paradoxal, na qual uma pessoa não pode evitar um problema por causa de restrições ou regras contraditórias.
Diante de tantas postagens “gratiluz” escritas por profissionais de RH, de departamento Pessoal e Gerenciamento de Pessoas, o termo Linkedisney cunhado por Eduardo Felix descreve com exatidão essa estranha realidade paralela, cheia de fantasia e ilusão, sendo propagada nessa rede social.
Como eu sou menos gentil e mais crítico, eu vou usar o conceito do Ardil 22 para dissecar a realidade do LinkedIn.
O profissional que entra no LinkedIn em busca de emprego é como o soldado em busca de paz. A evidente contradição é proposital, a figura do soldado é necessária para a minha análise, então conceda-me pelo menos isso.
Tal como o soldado, o profissional em busca de emprego vai ter que levar consigo uma bagagem, expressa pelo currículo vitae. Aqui começa o perrengue, afinal, tal como o soldado, que antes era cidadão comum até ser convocado, o jovem que inicia sua vida profissional vai ter que ter alguma bagagem se quiser conquistar uma vaga de serviço. Ato contínuo, quem, como eu, tem vasta experiência e capacidade, inevitavelmente será julgado e analisado exatamente por essa bagagem que carregamos e isso será feito de forma subjetiva e preconceituosa. A solução consiste em aumentar o conteúdo da bagagem que, por dedução, irá aumentar o peso e o julgamento [Ardil 22!]
Na melhor das hipóteses, a bagagem que você juntou [com ou sem seu consentimento] irá te apontar para direções, ofertas e oportunidades. Vamos evitar o terreno minado do problema da bagagem que passamos. Vamos enfrentar o Mercado de Trabalho que, para essa analogia, é semelhante ao Campo de Batalha.
O Processo Seletivo então é como o Quartel General que irá te entregar as ordens a serem cumpridas fidedignamente, sem direito a contestação, condição ou reclamação. Quem busca [esmola] por um serviço não está em condições de esperar qualquer reciprocidade por parte da empresa que, para os fins desta analogia, tem um papel dúbio. Para usar um ditado popular, a empresa tem a faca e o queijo na mão [eu acho que isso simplifica bem a questão]. Mesmo tendo o perfil desejado [que é chamado de “aderência”], mesmo tendo alta pontuação nos testes ridículos e sem sentido que nos enviam, há uma enorme probabilidade da empresa simplesmente fechar a vaga sem qualquer explicação, sem qualquer motivo, isso quando há algum retorno. Exigem comprometimento, dedicação e disposição para enfrentar essa quermesse, mas não oferecem nada em troca, o que vai contar e prejudicar suas outras buscas [Ardil 22!].
Vamos sair do corporativo para passar para o pessoal. Ah, sim, nessa busca por emprego você irá encontrar muitos que parecem vestir o mesmo uniforme que o seu, apresentar problemas [casos e testemunhos] que se assemelham ao seu mas que, por alguma sorte, talento, arte ou habilidade, conseguiram sair da trincheira do desemprego, são bem-sucedidos e, em troca de alguns cobres, prometem te ensinar o caminho para o porto seguro. Eles [e elas] irão exibir casos de terceiros para te convencer de que é possível e que você também pode usufruir do Mar Rosáceo da meritocracia [que eu posso analisar em separado em outro texto, que pode ou não ser escrito]. Cuidado, leitor, pois essa pessoa que parece vestir o mesmo uniforme que o seu e aparenta ter uma vida parecida com a sua pode muito ser um sabotador, ou pior, um vigarista. Eu encontrei com muitos assim, mas por precaução eu não irei declinar nomes. Alguns irão, inclusive, se apresentar como representantes de uma empresa e irão te oferecer uma oportunidade sensacional e imperdível. São as vagas fajutas e as arapucas. Pode parecer estranho que gente da nossa gente tenha o descaramento de usar um momento tão delicado e sensível como esse para praticar estelionato, mas não se esqueça de que isso é considerado “normal” e até faz parte da cultura brasileira, do chamado “jeitinho brasileiro”, da Lei de Gérson. O mais curioso é ver o brasileiro criticar a corrupção de nossos políticos, como se esse tipo de trapaça não fizesse parte de nosso cotidiano. O fato é que, no LinkedIn, o que você mais verá é a insistência de se fazer network, contatos, por essa rede social, o que praticamente te deixa mais exposto aos picaretas [Ardil 22!]
Eu creio que, como veterano nessa luta, tenha abordado todas as questões pertinentes, mas fique à vontade para fazer perguntas e sugestões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário