Os Gregos copiaram dos Líbios o traje e a égide de Atena,
com a diferença que o traje dos Líbios é feito de pele, e as franjas de suas
égides não são de pele de serpente, mas de tiras de couro muito finas. No
restante, porém, em nada diferem. O nome desse traje prova que as vestes das
estátuas de Atena vêm da Líbia. As mulheres líbias usam, realmente, por cima do
traje, peles de cabra, guarnecidas de franjas e pintadas de vermelho, de onde
os Gregos tiraram o nome de égide. Creio também que os gritos agudos que se
ouvem no templo da deusa derivam de um costume daquele país. [Herodoto, História,
Vol 4, CLXXXIX]
O local de nascimento da deusa foi às margens do Lago
Tritônio, na Líbia.
Alguns helenos dizem que Atena teve um pai chamado Palas, um
gigante alado libidinoso que mais tarde tentou viola-la, cujo nome ela
adicionou ao seu, depois de arrancar-lhe a pele (para fazer a égide) e as asas
(para coloca-las em seus próprios ombros). Isso se a égide não foi feita da
pele da górgona Medusa, que, depois de decapitada por Perseu, foi esfolada por
Atena.
Há quem diga que seu pai foi Itono, rei de Iron, em
Ftiótide, cuja filha Iodâmia ela matara acidentalmente, ao deixa-la ver a
cabeça da gorgona, transformando-a, assim, em um bloco de pedra ao adentrar seu
santuário inadvertidamente a noite.
Contam ainda que Posídon era seu pai, mas que ela o teria
renegado, pedindo a Zeus que a adotasse, o que ele fez com prazer. [Templo de
Apolo]
O nome Atena, cujo significado é desconhecido e possivelmente
tem uma origem asiática, é a versão portuguesa do grego ático Αθηνά, Athēnā, um
nome que também era encontrado em outras variantes: Aθηναία, Athēnaia; Aθηναίη,
Athēnaiē (no grego épico); Aθήνη, Athēnē (no grego jônico); Aθάνα, Athana.
A sua citação em uma tabuleta em Linear B atesta que Atena
estava presente entre os gregos desde uma data muito antiga, antes mesmo de a
civilização grega tomar a forma pela qual se tornou célebre. Diversos
pesquisadores têm tentado traçar as origens de seu culto, mas nada pôde ser
provado conclusivamente; ele pode ter derivado da adoração da Deusa Serpente ou
da Deusa do Escudo da Civilização Minoica, ou da Grande Mãe dos povos
indo-europeus, ou ser uma importação diretamente oriental, a partir da
identificação de alguns de seus principais atributos primitivos, a guerra e a
proteção das cidades, com os de várias outras deusas cultuadas no Oriente
Próximo desde a pré-história. Sua história entre os gregos até o fim da Idade
das Trevas é de difícil reconstrução, mas é certo que quando surgem as
primeiras descrições literárias sobre Atena, no século VIII AC, seu culto já
estava firmemente estabelecido não só em Atenas, mas em muitos outros pontos da
Grécia, como Argos, Esparta, Lindos, Lárissa e Ílion, geralmente lhe atribuindo
uma função de protetora das cidades e especificamente das cidadelas, tendo um
templo no centro das cidadelas muradas, e sendo, por extensão, uma deusa
guerreira. [Wikipédia]
O nome de Atenas nos reporta para algo mais arcaico que o
seu próprio nome.
Athênê,
< Athênaiê, < Att. Athênaia, < (in some Attic Inscrr.), Athênaa <
(earlier Attic Inscrr) Athêna, < Dor. Athana < Athanaia < Aeol.
Athanaa.
Atena < At-Ana = Ana-at > Anat.
O nome de Atena foi Ath-| ênê / ena / ana > anaa / ênaa
< ênaia / anaia! O étimo inicial foi invariavelmente Ath seguramente do
anatólico At-, que ora significaria, nas suas formas semânticas mais arcaicas,
o fogo e mais comummente o “pau de fogo”, pau de lenha e logo rebento ou filho,
ora passou a ser mais modernamente o sufixo genitivo, diminutivo ou género
feminino. Os restantes elemento do nome de Atena são variações fonéticas do
sumério Anat filha da deusa Ana a esposa de Anu o que faz prever que a forma
pura teórica do nome desta deusa tenha sido *At-Ana, literalmente “o fogo do
senhor ou a filha do céu”.
A relação de Atena com as Gorgona, tanto no plano
etimológico da nomenclatura como no da iconografia do seu Egis, um «peitoral de
cobras» entrelaçadas como malhas de cota de ferro, como no das vicissitudes da
mitologia são de tal modo constantes e flagrantes que é quase inevitável não
suspeitar que Atena tenha sido uma delas. Senão a Medusa pelo menos Stheno.
Como um outro epíteto de Atena era Sthenias é quase certo
que esta foi a gorgona Stheno irmã de Euryale.
Neste caso Atena acompanha a tradição síria que fazia de
Anat uma mera variante de Ishtar/Astoret o que reforça a ideia de que Atena
deixou de ser Afrodite por estranha confusão mítica relacionada seguramente com
uma traumática perversão na tradição doutrinária a quando da passagem dos
centros de poder ideológicos de Creta para a Hélade. O mito de Perseu deve ser
uma das comprovações de que terão havido graves conflitos políticos entre Creta
e Atena ao ponto de Atena ter acabado por mandar matar, no plano mítico, a mãe
pátria com uma sangrenta guerra de secessão. Deste trauma reformulado
simbolicamente resultou o mistério que fez com que Atena acabasse incorporando
a mãe, vestindo os seus atributos, poderes e funções, ou seja, tornando-se uma
medusa sublimada, tão estéril quanto virgem, tão bruxa quanto sábia e má
quanto, guerreira.
Quanto ao epíteto de Atena Gorgopi, “de rosto severo”, que
parece ser literalmente sinónimo de «olhos de Gorgonas», é correlativo do mesmo
equivoco semântico que levou ao nome Gorgofona, ou seja, a que fala, e mata,
como Gorgona, tem que estar relacionado com mito das Gorgonas.
Kor era a filha de Demeter (literalmente a deusa mãe de Ter
/ Ker), ou seja Persefone.
Atena teve também o epíteto Kor, ou seja, a virgem negra
como Ker, tal como foi também Coronis e Niquete, a virgem alada do génio da
vitória. Obviamente que a verdade estará sempre no meio-termo.
Atena Glaucoris significará apenas e tão-somente a dos olhos
de coruja, seguramente por ser este o animal totémico de Atena e por ser esta
uma ave nocturna como foi primordialmente Atena a deusa mãe da Noite
primordial.
No entanto, a conotação de olhar severo que este epíteto
concede a Atena só pode ter tido uma conotação mítica posterior e revela, como
é suspeito, que Atena fosse ela mesma uma das Gorgónia. Como estas seriam
inicialmente belíssimas donzelas, o significado de deusa de olhos glaucos não
lhe fica despropositado.
Neste caso, teria sido também esposa do deus supremo da
guerra, que aliás era o deus dos mares chamado outrora Nereu na tradição grega,
mas que teria sido An Horus (> Urano) nos tempos minóicos, o mesmo que assim
ficou na tradição Egípcia onde teria sido o deus minóico e estrangeiro
Seth/Nefis esposo de Neftis, e, por ser Enki,
deus da «vida eterna» (Ankh) e da sabedoria como Atena era, ou seja, a
que fala pela «boca de Kar» pois, Kar e Enki eram o mesmo deus.
Dito de outro modo, o mito das Gorgonas é uma variante
deturpada de arcaicos cultos das deusas mães do fogo telúrico e da morte «dos
campos santos», atestado por este epíteto de Atenas que foi também chamada por
isso de Gorgofona.
Em qualquer dos casos Atena está relacionada com as deusas
dos cabelos desgrenhados, como serpentes, pelo mito de Perseu. O facto Atena, a
deusa das tácticas por causa da sua particular destreza no manejo da arma do
pensamento, ter pensado no usado do seu escudo luzidio como espelho deixa
algumas suspeitas psicanalíticas no ar! Desde logo o espelho enquanto alegoria
da reflexão especulativa. Depois fica-nos a impressão de que Atena usaria o seu
escudo de metal polido para se mirar.
Na verdade, tudo aponta para que Afrodite, tal como Atena,
seja uma evolução clássica do nome e de parte das funções essenciais da deusa
mãe cretense das cobras mas, no caso da deusa do amor, à escala helénica. Na
verdade o manejo das cobras, símbolo universal de sensualidade, não poderia
deixar de fazer parte da panóplia de sugestões sexuais das deusas do amor e da
sedução.
Deméter, Artemisa e Atena eram assim variantes evolutivas da
deusa triforme que foi Hecate e Diana Lucina. No caso das Gorgonas gregas pode
subentender-se ter sido a deusa Artemisa, nas suas variantes mais telúricas e
arcaicas, a deusa do panteão olímpico que escondia nos seus ritos secretos a
tradição infernal da Deusa mãe. Porém, ao lado pacífico e maternal de deusa das
mil mamas sobrepõem-se os aspectos agressivos das arcaicas deusas da caça em
postura predadoras como era o caso de Kali.
Esta relação ambígua entre a deusa mãe de que Atena teria herdade
a parte hefaística dos poderes do fogo e a faceta negativa das Gorgonas é
referida como sendo suspeita de encobrir, de forma mítica, antigas rivalidades
entre os micénicos da jónia e os cretenses, onde o cultos ofídios da deusa mãe
eram preponderantes, e que as invasões dóricas só vieram agravar. [Numancia]
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