A Wicca, como uma religião da natureza, exige um grande
respeito e apreciação de todos os processos da natureza. Ela também encoraja
não apenas um relacionamento místico com seus mistérios, mas também um
relacionamento prático. Os ritos de fertilidade são direcionados tanto para
influenciar a mente, como também para influenciar o ambiente.
Na Wicca, iniciação é transformação e outro aspecto dela é a
sacralização do sexo. Para os wiccanos, sexo é a energia criadora do universo
e, como tal, é realizada com reverência. Esta atitude simples faz uma enorme
diferença em como vemos o sexo.
Na jornada iniciática, o Grande Rito é consumado, não entre
duas pessoas nos papéis de sacerdote, sacerdotisa e iniciado ou iniciada, ou
como dois membros do círculo, mas como o Deus e a Deusa. A união que acontece
recaptura o momento da criação. Através do Grande Rito abre-se as portas para
se apreciar a sexualidade oculta. Ao celebrar a união sexual, não apenas como
um fenômeno sensual e emocional, mas como um ato sagrado ritualístico, ela
convida ao iniciado a perceber os aspectos espirituais da união sexual. Isto
dignifica o sexo em uma experiência estética e espiritual.
O Casamento Sagrado [Hiero gamos – NT], a transferência de
poder de acordo com a metade do ano é simbolizado como uma regra. Assim que a
sacerdotisa começa a cerimônia, o casamento sagrado pode ocorre entre ela e seu
sacerdote, então o Hiero Gamos é mais um rito iniciático do que um rito de
fertilidade.
Muitas lendas celtas mostram a união que acontece entre um
herói e uma Deusa, cujo nome significa a terra ou o país. O herói que encontra
a Deusa em um mundo sobrenatural tem um paralelo com o iniciado que entra no
mundo sobrenatural do círculo mágico e encontra sua sacerdotisa. O fruto da
união não é fertilidade, mas poder e majestade. O Grande Rito é a redescoberta
da dimensão espiritual da união sexual. A expressão do sexo sagrado é uma das
formas mais elevadas do amor. Ao unir o sensual e o espiritual, o observável e
o misterioso, o Grande Rito conduz a pessoa a ter um contato direto com os
Deuses.
Viajar ao centro do círculo, ao local do místico Grande
Rito, é atravessar o mundo do nome e forma e ir ao centro do universo. Mas tudo
isso representa apenas uma forma do Grande Rito. A outra forma é a união das
forças masculinas e femininas, resultando então na criação do hermafrodita, ou
o divino andrógino. Cada um de nós, a despeito do gênero, é um hermafrodita.
Esta natureza hermafrodita é importante ser entendida para conquistar um
crescimento espiritual equilibrado. Além de todas as diferenças existe uma
unidade oculta.
A maioria dos sistemas reconhecem uma força descendente do
firmamento e uma força ascendente da natureza. Um Grande Pai ou Deus, que desce
ao universo da matéria e uma Grande Mãe o Deusa, que é toda a natureza em nossa
volta. Estas forças circulam por nosso corpo, através de nossos nervos, através
de nossa espinha dorsal.
Quando falamos em rituais sexuais deve-se manter na mente
que eles são planejados para alcançar o ponto além do tempo e do espaço do ego
e torna-lo realidade. O Grande Rito nos garante realizar a Vida além da Vida.
Um dos primeiros passos é trabalhar as várias preferências e
preconceitos sexuais e aprender em como canalizar suas expressões sexuais sem
sentimentos de culpa ou ciúmes. Uma religião da natureza sempre abraçará um
objetivo supremo – conhecer por dentro e por fora o sagrado da natureza e o
desconhecido poder que vem do sexo. A Wicca, ao invés de alterar seus ritos
sexuais para se ajustar às mentes das pessoas inibidas, deve reconhecer sua
importância e restaurar sua dignidade. Todas as restrições, empecilhos legais e
convenções devem ser suspensos dentro do círculo.
Mesmo quando os ritos de fertilidade são honrados por seus
objetivos agrários, seus princípios não são de ensinar o campo a crescer, mas a
de que o excitamento sexual irrestrito serve para nos sintonizar com o
funcionamento da terra. A orgia wiccana é um festival religioso no qual o
êxtase do deleite sensual é misturado com a exuberância espiritual. O propósito
destes rituais é recapturar o ato sacramental do sexo.
O maior presente que pode ser dado aos Deuses é o Fogo
sagrado – a Chama do Amor. Durante esse momento, todos os sentimentos de posse,
de exclusividade e segregação devem ser abolidos, portanto convenções sociais e
outras proibições deixam de existir por algum tempo.
A união sexual em uma atmosfera reverente de um ritual é uma
forma de adoração extremamente poderosa e bela porque combina os estados mais
intensos que podemos experimentar – sexo e prece. Por si mesmo o sexo é a
experiência mais importante e poderosa na vida ordinária. Quando sexo e culto
são combinados ambos podem alcançar a transcendência. O êxtase sexual se
equipara ao mistério religioso. De nossos encontros periódicos com os Deuses
nós aprendemos sobre as forças mais básicas da natureza e em como trazer a graça
da sabedoria para o mundo comum, nos dando um vislumbre da transpersonalidade.
Autora:
Lady Galladriel.
Fonte:
Black Moon Archives.
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