Yvonne Aburrow escreveu no Patheos na coluna Sermons from
the Mound:
“Tradição é algo que cresce e evolui. Não está gravado na
pedra, mas é mais como um discurso; se você começa com uma séria de premissas,
ideias e valores, você desenvolverá ideias e práticas que são consistentes com
o conjunto inicial. Tradições religiosas evoluem de acordo com as
circunstâncias sociais, culturais e políticas”.
Eu tenho que discordar. A autora está confundindo tradição
com costume.
Parodiando um comentário meu:
A tradição não evolui. As espécies evoluem. Por processos
ditados pela natureza. Uma tradição não é um organismo. A tradição não mudou, foram
os hábitos e costumes das pessoas que são membros ou sacerdotes das mesmas que mudaram.
Tradição (do latim:
traditio, tradere = entregar ou "passar adiante"), é a continuidade
ou permanência de uma doutrina, visão de mundo, costumes e valores de um grupo
social ou escola de pensamento.
Ao nível da
etnografia, a tradição revela um conjunto de costumes, comportamentos,
memórias, rumores, crenças, lendas, música, práticas, doutrinas e leis que são
transmitidos para pessoas de uma comunidade, sendo que os elementos passam a
fazer parte da cultura.
Designam-se como
costumes as regras sociais resultantes de uma prática reiterada de forma
generalizada e prolongada, o que resulta numa certa convicção de
obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura específica. [Wikipédia]
Costuma-se comparar a escravidão ou outro exemplo de costume
que tem em uma sociedade, antiga ou moderna, que são mantidos em nome da
tradição. Costumes existem para satisfazer necessidades sociais e políticas de
um determinado período, tradição é um conjunto maior que pertence à cultura de
um povo, conjunto este que somente se mantém e se preserva quando há um valor
universal contido nele.
Juniper Castália escreveu na Amber and Jet:
O Ofício que Gerald
Gardner encontrou em suas passagens entre grupos teatrais, sociedades folclóricas
e clubes de saúde não é o mesmo Ofício que praticamos atualmente, embora as
raízes estão bem visíveis se a pessoa é iniciada e treinada de uma forma que
mostre e preserve isso.
Os pedaços que Gardner
encontrou e que seus iniciados desejam perpetuar são os pedaços que
sobreviveram mais coisas que bruxas de outras fontes trouxeram a ele ou a seus
iniciados e foram incluídos para o que se tornou as Tradições.
Os pedaços que ainda
são praticadas e ensinadas, ainda existem e podem ser revividas. Quando uma
prática não é mais ensinada, os iniciados seguintes não sabem o que fazer se
devem aprender, ocorreu uma evolução e isso não é positivo ou negativo.
A evolução
"criou" o gato doméstico. Eu imagino o que o tigre pensa dessa
evolução. Um dia não haverá mais tigres, porque nós tiraremos todo o habitat
deles. Um dia em um festival [público] alguém irá estranhar a presença de um
tradicionalista. Substitua essa tradição por outra e nos tornamos dinossauros
ou peças de museu porque os ecléticos se multiplicam rapidamente e poucas das
Velhas Bruxas escolhem reencarnar e se juntar a nós novamente.
Portanto, eu acho que
mudanças às vezes acontecem por uma falha no esforço, trabalho negligente e o
desenvolvimento de hábitos que não são consistentes como o que veio
anteriormente.
4 comentários:
tradição não se cria se herda. gostei do seu comentário
você não é pagão. Tem no perfil a estatua de Pan.
Linda seu comentário é interessante por dois motivos. O primeiro é um detalhe, mas ainda assim necessário: meu avatar não é uma imagem de Pan, mas de Herne. O segundo, mais pertinente, é que você perpetua o preconceito cristão [e ateu] de que pagão é sinônimo de irreligioso, no sentido de que não é cristão.
Mas para herda
essa tradição ela foi criada , então vc pode criar uma tradição
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