18:94.Disseram-lhe: Ó Zul Carnain, Gog e Magog são devastadores
na terra. Queres que te paguemos um tributo, para que levantes uma barreira
entre nós e eles?
18:95.Respondeu-lhes: Aquilo com que o meu Senhor me tem
agraciado é preferível. Secundai-me, pois, com denodo, e levantarei uma muralha
intransponível, entre vós e eles.
18:96.Trazei-me blocos de ferro, até cobrir o espaço entre as
duas montanhas. Disse aos trabalhadores: Assoprai (com vossos foles), até que
fiquem vermelhas como fogo. Disse mais: Trazei-me chumbo fundido, que jogarei
por cima.
18:97.E assim a muralha foi feita e (Gog e Magog) não puderam
escalá-la, nem perfurá-la.
[Corão Sagrado, Surata Al Cahl]
O Corão Sagrado, tal como a Torah e a Bíblia, está cheio de
referências indicando as raízes pagãs desta religião de livro. Por exemplo, o
resquício de três Deusas que resistiram ao reformismo religioso do Profeta:
53:19 Considerai Al-Lát e Al-Uzza.
53:20 E a outra, a terceira (deusa), Manat.
[Corão Sagrado, Surata Na Najm ]
Gog e Magog são nações que estão igualmente presentes nos
textos proféticos da Torah e estão presentes no Apocalipse e em todos os casos
estas nações estão vinculadas ao Fim dos Dias. Quando o Corão passou a ser
escrito, foram usados trechos destes outros textos sagrados para emprestar a
impressão de fidelidade. Mas e quanto a Zul Carnain?
Zul Carnain significa, literalmente, "aquele de dois
chifres ou cornos", o rei com os dois cornos, ou o Senhor das Duas Épocas.
A identidade de Zul Karnain é um mistério, pode ser uma referência a um rei ou pode
ser mais uma referência a um Deus que existia antes do Profeta.
Alguns analistas acreditam que Zul Karnain pode ser Ciro da
Pérsia ou Alexandre o Grande. A identidade de Zul Karnain pode estar associada
a muitos dos Deuses dos povos que precederam a reforma religiosa empreendida
pelo Profeta e neste sentido temos os Deuses dos Árabes, dos Persas, dos
Fenícios, dos Acadianos e dos Sumérios. No Oriente Médio os Deuses eram
representados portando chifres, enquanto na Ásia Menor o touro sempre acompanhava
uma Deusa.
Karnain tem a mesma raiz de Kern e Hern, uma palavra de
origem indo-europeu que não apenas denotava chifre, mas também poder, realeza e
um antigo Deus Touro, de onde origina Kernunnos e Herne. Curiosamente, Shiva,
ao se manifestar como o Senhor das Feras, assume a forma de Pashupati, que no
vale do rio Indus é representado com uma enorme semelhança a Kernunnos. Alto relevos
com cabeças de touro em diversos templos na Ásia Menor e no Oriente Médio
mostram que provavelmente este Deus Touro era tão antigo e tão venerado como a
Grande Mãe.
Um muro não era construído apenas para separar ou proteger
uma cidade de invasores. A fundação de uma cidade, o próprio fosso escavado
para o alicerce da urbe, tinha uma função sagrada e divina, como acontece no
mito da fundação de Roma. Havia a necessidade de demarcar o profano e o sagrado,
estabelecer um limite entre cidade e campo, entre humano e divino. O ato de
escavar a terra remetia aos mitos de criação do mundo, o arado [cujo
significado fálico o liga ao deus Touro] abria o solo [cujo significado
telúrico o liga à Deusa Mãe] e propiciava a colheita assim como o Hiero Gamos
propiciara a criação do mundo.
Este é o significado de lançar o círculo no ritual wiccano,
mais do que separar, mas de demarcar o mundo além do mundo, o tempo além do
tempo. Para entrar no mistério que é celebrado nos rituais wiccanos, o
celebrante deve empreender a jornada para o interior do labirinto, levantar o
véu da ilusão, encontrar o Deus Touro e unir-se com a Deusa Serpente.
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