De acordo com a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o livro mais antigo de que se tem registro na Europa foi encontrado por arqueólogos na Grécia durante as escavações de uma tumba macedônia pertencente a um nobre de Tessalônica, cidade da Grécia Antiga fundada em 315 a.C. por um dos generais de Alexandre, o Grande, na Macedônia, no lugar onde hoje se situa a cidade de mesmo nome.
As escavações revelaram, em 1962, entre as cinzas funerárias de uma pira, e revolvido por "lama queimada", o fragmento do primeiro rolo de papiro já encontrado na Grécia, narra a revista Smithsonian.
Denominado "Papiro de Derveni" (porque foi encontrado ao norte de Tessalônica, no sítio arqueológico de Derveni), essa peça foi estudada durante 45 anos por pesquisadores gregos, até ser considerada o papiro grego mais antigo a ser encontrado, datado entre 340 a.C. a 320 a.C.
Ele foi encontrado junto a outros artefados de metal, e suas camadas de rolo precisaram ser cuidadosamente desenroladas (apesar de estarem carbonizadas), a fim de reunir seus fragmentos. Foi possível recuperar pelo menos 26 colunas de texto, mas as partes inferiores dos fragmentos haviam sido descoladas durante a pira responsável pela queima no enterro do nobre.
O conteúdo do papiro, que parecia ser um livro escrito no final do século 5 a.C., continha os "ensinamentos escatológicos de um louva-a-deus", de acordo com o Centro de Estudos Helênicos da Universidade de Harvard, e seu conteúdo se dividia entre "instruções religiosas sobre sacrifícios a deuses e almas e comentários alegóricos sobre um poema teogônico atribuído a Orfeu [uma figura lendária da mitologia grega, conhecido como um músico divino, poeta e fundador da tradição religiosa do orfismo]"
Com uma visão filosófica similar à de Anaxágoras, um filósofo pré-socrático conhecido por sua teoria cosmogônica baseada no conceito da Mente (Nous), um princípio imaterial e inteligente responsável por organizar a matéria (sob o lema "tudo está em tudo"), no sistema atomista e nos ensinamentos de Diógenes de Apolônia, o livro possui um método de interpretação alegórica que lembra "um reminiscente das acrobacias mentais e etimológicas de Sócrates", embora sua interpretação permaneça um assunto de disputa entre os estudiosos.
Os fragmentos recuperados do papiro somaram cerca de 266 ao longo dos anos, que formam as 26 colunas de texto já estudadas.
"Além dos insights religiosos, há a interpretação do autor de um poema órfico, hoje perdido, que revela informações sobre o pensamento filosófico grego da época", diz a Smithsonian.
É uma representação de como os filósofos gregos antigos entendiam o mundo. Não se sabe quem foi seu autor, mas acredita-se que tenha sido um filósofo ligado à tradição órfico-pitagórica (que combina elementos do orfismo e do pitagorismo, correntes espirituais que compartilhavam crenças sobre a natureza da alma e a reencarnação) e ao pensamento pré-socrático.
Fonte: https://revistaforum.com.br/cultura/2025/2/4/este-livro-mais-antigo-ja-encontrado-na-europa-reconhecido-pela-unesco-173507.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário