sábado, 18 de novembro de 2023

O manto de açafrão

Um recurso disponível aos pagãos modernos são os Hinos Órficos. Ainda que seja atribuído à Orfeu, as composições tem diversos autores e a primeira referência aos 86 hinos é feita no século XII DC, por João Galeno.
Os hinos foram escritos na métrica do hexâmetro dactílio. Destes, o que certamente é mais usado pelas bruxas modernas é o hino de Hécate. O curioso é que esse hino é parte da composição número zero. Como se fosse um preâmbulo.

O problema é a tradução. Aqui, a língua é uma versão do português, uma língua latina, nosso nexo de poesia não compreende a poesia épica grega.

Eu vou pegar emprestado as traduções para o inglês, traduzido para o português brasileiro com o Google Tradutor.


Eu chamo Hécate Einodiana, adorável dama, de estrutura terrena, aquosa e celestial,
Sepulcral, vestida com um véu açafrão, cercada por fantasmas sombrios que vagam pela sombra;
Salve a caçadora persa e invencível! O porta-chaves do mundo nunca está condenado a falhar
Na rocha áspera para vagar por tuas delícias, líder e enfermeira estejam presentes em nossos ritos
Propício conceda sucesso aos nossos justos desejos, aceite nossa homenagem e o incenso abençoe.
(Theoi)

Eu chamo Ækátî da Encruzilhada, adorado no encontro dos três caminhos, ó adorável.
No céu, na terra e no mar, você é venerada em suas vestes cor de açafrão.
Daimôn fúnebre, celebrando entre as almas dos que já faleceram.
Persa, gosta de lugares desertos, você se delicia com veados.
Deusa da noite, protetora dos cães, Rainha invencível.
Atraída por uma junta de touros, você é a rainha que detém as chaves de todos os Kózmos.
Comandante, Nýmphi, educadora de crianças, você que assombra as montanhas.
Reze, Donzela, participe de nossos rituais sagrados;
Seja sempre gentil com seu pastor místico e alegre-se com nossos presentes de incenso.
(Hellenic Gods)

A tradução do inglês ficou ruim. E eu não tenho capacidade para traduzir do original.

O epíteto de Hécate mais evidente é que ela está presente nas encruzilhadas e nos caminhos. Ela é representada com três faces exatamente para demostrar seu domínio sobre a encruzilhada, tal como as tradições africanas reconhecem tal regência para Exú.

Algo que é interessante é a suas vestes, de cor de açafrão. Um estudioso deve querer saber o motivo. A cor de açafrão é conhecida por ser a cor da pureza espiritual. Não é mera coincidência que os monges budistas usem mantos dessa cor.

Ela é chamada de Persa porque consideram que ela seja filha de Perses. Sua mãe pode ser Astéria ou Nix. Perses é o Deus da destruição, Astéria é a Deusa das estrelas cadentes e Nix é a Deusa da noite.

Ela fazia parte dos Titãs (não a banda), mas na luta entre os Titãs e os Olimpianos, Hécate escolheu lutar ao lado de Zeus. Dos Deuses Gregos, ela é a única que nunca possuiu um templo ou sacerdotes fixos. Não obstante, os nossos ancestrais cantavam hinos e faziam oferendas à ela nas encruzilhadas.

Ela também exerce um papel importante na mitologia de Deméter e Perséfone.  Ela conduziu Deméter pelo reino de Hades, por isso ela é representada portanto tochas, acompanhada por uma matilha de cães e é considerada a condutora das almas dos mortos. Então é compreensível que ela seja representada entre sepulcros e cercada por almas.

Sua natureza, ctônica, além de sua progenitora e seu papel em mitos tão relevantes, torna evidente o motivo pelo qual ela é considerada a Deusa da bruxaria.

Nenhum comentário: