terça-feira, 14 de novembro de 2023

Index Librorum Prohibitorum

O governador bolsonarista de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), determinou a retirada de circulação de nove obras literárias das bibliotecas das escolas estaduais. Dentre os livros censurados, estão obras que abordam temas como terror, comportamento, questões de gênero e sexualidade, e até mesmo aspectos históricos relevantes.

A ação foi comunicada por meio de um ofício assinado pelo supervisor de Educação, Waldemar Ronssem Júnior, e pela integradora Regional de Educação, Anelise dos Santos de Medeiros. Entre os títulos afetados estão clássicos da literatura como “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, e “It: A Coisa”, de Stephen King.

A medida, segundo a Secretaria de Estado da Educação, visa a redistribuição de alguns dos títulos das bibliotecas das unidades escolares, para melhor adequação das obras literárias às faixas etárias dos estudantes da rede estadual de educação. No entanto, não foram fornecidas justificativas específicas para a retirada dos livros, com o comunicado indicando apenas o envio de novas orientações em breve.

Constam na lista títulos como “Coração Satânico”, de William Hjortsberg, e “Donnie Darko”, de Richard Kelly. A restrição também afeta obras como “Os 13 Porquês”, de Jay Asher, que trata de questões de bullying, e “O Diário do Diabo: Os Segredos de Alfred Rosenberg, o Maior Intelectual do Nazismo”, de Roger Moorhouse.

A divulgação da lista gerou reações negativas, com críticos destacando a natureza ideológica e restritiva da ação do governo estadual. Evandro Accadrolli, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do estado, denunciou o caso ao Ministério Público, classificando a decisão como “ideológica” e resultado de “agravos políticos e religiosos”.

Elenira Oliveira Vilela, coordenadora-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica, acusou o governo catarinense de promover censura, comparando a situação à ideia de queimar livros. A professora Juliana Andozio, que leciona em Santa Catarina, ressaltou casos de perseguição a professores da rede pública, destacando a importância da discussão adequada e da não alienação dos estudantes.

O escritor Marco Vasques fez uma comparação entre a lista de livros recolhidos e práticas da ditadura. Por fim, questionado sobre as críticas, o governo estadual de Santa Catarina não respondeu.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/governador-bolsonarista-de-sc-censura-livros-de-escolas-publicas/

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