segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Grande é Diana


No estilo de Silas Malafaia, Saulo/Paulo pregava contra o artesanato de estátuas, sendo que pode-se ler nos textos sagrados que o próprio Deus bíblico ordena que sejam feitas esculturas.
Na história do Cristianismo, a idolatria e a iconoclastia resultou em muitas lutas, mas isso é um outro assunto.

Segundo o texto sagrado:
"²⁶ E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos.
²⁷ E não somente há o perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram.
²⁸ E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos efésios. 

Atos 19:26-28.

O templo foi uma das sete maravilhas do mundo antigo. Em 21 de julho de -356, na mesma noite em que nasceu Alexandre III, “o Grande”, o santuário foi incendiado. Segundo Plutarco, a deusa “estava tão ocupada cuidando do nascimento de Alexandre que não pôde ajudar o próprio templo”. Anos depois, Alexandre ajudou a reconstruí-lo. Em 262 o templo foi destruído pelos godos e novamente reconstruído; em 401 o templo foi finalmente destruído por instigação de São João Crisóstomo, em meio à histeria dos cristãos contra o paganismo.
(https://greciantiga.org/img.asp?num=0594)

Mas o templo é descrito como sendo de Ártemis. Afinal, qual é a Deusa de Éfeso?

No século -VI o artemision de Éfeso era a maior edificação de toda a Grécia. A construção de mármore, conhecida entre os arqueólogos por “templo D”, foi erguida sobre as fundações de templos anteriores possivelmente dedicados à deusa Cibele e que remontam ao século -VII. Demorou cerca de um século para ficar pronto e, segundo a tradição, o rei Creso da Lídia doou muito dinheiro para a construção.
(https://greciantiga.org/img.asp?num=0594)

Complicado? Nem tanto. Ao contrário do Cristianismo, a religião antiga permitia o sincretismo e a adoração de quaisquer Deuses. Era muito comum que cada um visse, interpretasse e identificasse um Deus ou Deusa com o nome que era mais conhecido/a em sua cultura, conforme os epítetos e símbolos utilizados na representação desse Deus ou Deusa.

Mas não podemos confundir. Ainda que Diana seja identificada com Ártemis, nós falamos de Deusas diferentes.
Diana é mais conhecida pelo seu santuário no lago de Nemi, sobre quem escreveu James Fraser no livro "O Ramo Dourado", onde inclusive é citado o hierogamos, então não combina, ou é contraditório dizer que Diana é virgem.
Assim como sua contraparte grega, Ártemis, Diana era chamada ou conhecida como "virgem" por não ser casada com um Deus, não por não ter relações sexuais.
Ártemis é irmã gêmea de Apolo e suas origens, como Hécate, é Frígia. Os Romanos simplesmente assimilaram a mitologia de Ártemis e a atribuíram a Diana.
Igualmente de origem Frígia, Cibele foi também conduzida para Roma com toda a pompa, antecipando a adoção do culto de Ísis por Roma. Então em Roma (e entre os Romanos) não existia xenofobia nem racismo, viu, Caturo?

Pela imagem encontrada em Éfeso, a imagem tem a mesma coroa de Cibele. Adornada no tórax com o que parece ser um colar de testículos (que foi confundido com seios, também com grãos e ovos), novamente a imagem confirma sua identidade com Cibele. Seu torso, da barriga, até seus pés, parece ser uma colunata repleta da representação de animais, identificando a divina em seu epíteto de Potnia Theron, ou senhora dos animais, um epíteto muito comum a inúmeras Deusas, dos cultos às Deusas Mães.

Mas a minha preferida é outra.

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