segunda-feira, 6 de novembro de 2023

A desgraça move o mundo

"The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind"

-Blowin' In The Wind, Bob Diland.

"Take me to the magic of the moment
On a glory night
Where the children of tomorrow dream away
In the wind of change"

-Wind of Change, The Scorpions.

Ventos. Mas será que nós estamos preparados para essa mudança e resposta? A Crise Climática é, a cada dia, mais palpável e os especialistas disseram que é tarde demais.

Tem um ditado popular que diz que o dinheiro faz o mundo girar. Eu quase concordo. Mas vendo as notícias e o estranho comportamento das pessoas por estarem mais preocupadas com os participantes de um reality show do que com o que acontece em sua cidade, eu digo que a desgraça é que move o mundo.

São Paulo teve um gostinho do que aconteceu com Muçum, cidade do Rio Grande do Sul, não o humorista. E a previsão é de retorno do serviço de energia elétrica na terça feira. Em São Paulo, galhos e árvores caídas. Pessoas presas em casas, gente que depende de equipamentos para sobreviver em risco.

Mas tudo que importa para o brasileiro é se seu time ganhou o campeonato. Com as mesmas demonstrações de agressão e violência entre torcedores. Até quando?

Mas nossa indignação está em outro conflito. Israel e Palestina. A chamada Crise no Oriente Médio é apenas uma das consequências dos crimes cometidos pela colonização européia. Sendo que temos isso aqui mesmo, na Guerra Civil diária em nossas periferias, nas ações violentas da Polícia, outro terrorismo de Estado.

Mas o que o brasileiro quer é dinheiro, sucesso, fama, influência e poder.

"…75% dos jovens brasileiros querem ser influenciadores digitais. Não querem mais ser engenheiro, médico, professor ou artista de TV.

É o atalho para a visibilidade e a ascensão social.

O antigo formador de opinião do século 20 tem a concorrência do influencer de qualquer idade, incluindo idosos, mesmo que esse não seja uma cópia do outro. Podem dizer que o poder de ser referência perdeu em densidade e profundidade e ganhou em superficialidade. Mas assim é o mundo virtual do século 21.

O influencer é muito mais alguém dedicado ao entretenimento do que à disseminação de informação ou opinião sobre assuntos complexos. Mas é ele que a maioria quer ouvir e a ele as marcas entregam seus produtos.

O influencer é o fenômeno de massa de um mundo depressivo em busca de pequenos prazeres até nessa troca em que alguém diz ao outro que está feliz por vestir algo que agora mesmo ou daqui a alguns dias esse outro também poderá vestir.

O novo famoso tem a aceitação, a audiência e o aplauso de quem reconhece sua ascensão como uma pessoa comum que virou celebridade.

Essa é a melhor expectativa de quem segue uma influencer: se ela chegou lá sozinha, eu posso chegar, sem ter de pedir para a Globo. O seguidor do influencer acredita que pode ser o que ele é amanhã. Se tiver talento, basta um celular."

-Moisés Mendes, no artigo "Eu te influencio, tu me influencia, nós nos influenciamos."

O mundo é assim desde que se implantou o sistema capitalista. A internet, as redes sociais e os aplicativos de mensagens apenas popularizaram a exposição. E o resultado é o aparecimento de grupos que disseminam discurso de ódio, fake news e o extremismo ideológico. Nós estamos sendo alimentados pela idiotice e estupidez que nós mesmos produzimos e disseminamos pelos meios digitais.

"você me ensinou que o importante é a renda
contrato milionário, grana, fama e mulheres
a música não importa, o importante é a renda!
Ambição - grana, fama e você"

-Minha Renda, Plebe Rude.

Se sobrevivermos às mudanças climáticas, não sobreviveremos a essa onda de burrice explícita que produzimos, mantemos e consumimos.

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