quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Não adianta tentar esconder

John Stonestreet que eu chamo de Stoned street faz mais um discurso tentando convencer que a doutrina cristã tem embasamento científico, histórico e social.

Ele “pergunta” (com uma resposta antecipada):
As culturas antigas acreditavam em um “terceiro gênero”?

A “resposta” dele:
Se um punhado de pessoas ao longo de toda a história e cultura humana são a prova de que o sexo biológico é falso, o que fazemos com o facto de o resto do mundo, ao longo de toda a história e cultura humana, saber que o sexo biológico era real?

Assim, mesmo que as culturas antigas acreditassem nas ideias modernas sobre mulheres, género ou sexo, isso não torna as suas ideias mais verdadeiras ou menos absurdas.

Presumir que apenas essas culturas acertaram é cometer o que é conhecido como o erro do “nobre selvagem”. Imagine alguém sugerindo que, como algumas culturas permitiam a escravidão ou o canibalismo, nós também deveríamos fazê-lo. Isso seria ultrajante!

Retomando.
Não, evanjegue. Sexo e gênero são coisas diferentes. E suas ideias sobre mulheres, gênero e sexo são completamente equivocadas. E ao presumir que só a sua cultura está certa é prepotência e arrogância. A sua cultura quer impor uma doutrina religiosa e isso é muito mais ultrajante.

Mas considerando que você tem dificuldade em entender a Teoria da Evolução de Charles Darwin (claro, faz muito mais sentido afirmar que o mundo foi criado em seis dias 😏🤭), eu recomendo a leitura desses textos.
Citando:

Não é preciso viajar muito para encontrar um precedente histórico amplamente difundido para o conceito de terceiro género. Que tal uma das civilizações mais importantes e influentes do mundo ocidental? Grécia antiga.

Os humanos eram, segundo Aristófanes, originalmente seres com duas cabeças, quatro braços e pernas e dois corações, que eram muito poderosos. Cada cabeça (e órgãos genitais correspondentes) poderia ser masculina ou feminina – portanto, havia três sexos possíveis! Masculino, onde ambos eram homens, feminino, onde ambos eram mulheres, e 'andrógino', onde havia um homem e uma mulher. Essas poderosas pessoas duplas decidiram invadir o Monte Olimpo e, para detê-los, Zeus os feriu, partindo todos ao meio. Cada pessoa tentou então desesperadamente encontrar o seu par original – que posiciona as pessoas duplas masculina e feminina como homens gays e mulheres lésbicas, com o terceiro género representando o que hoje chamaríamos de heterossexualidade.

Isto demonstra de forma importante como um sistema de dois géneros nem sempre teve o monopólio total que se poderia supor que tivesse. Embora isso não diga nada sobre os pensamentos sobre gênero do grego antigo cotidiano, simplesmente mostra que houve reconhecimento de um terceiro gênero por meio de histórias, e não houve qualquer estranheza, falha moral ou doença associada a ele. A mesma cultura nos deu Hermafrodito, o filho divino nem homem nem mulher, e raiz da palavra hermafrodita, frequentemente usada historicamente para descrever pessoas intersexuais .

https://genderben.com/2015/03/22/non-binary-genders-have-thousands-of-years-of-precedent/

Na Grécia Antiga, na Frígia e em Roma, havia sacerdotes galli que alguns estudiosos acreditam terem sido mulheres trans. O imperador romano Heliogábalo (falecido em 222 d.C.) preferiu ser chamado de senhora (em vez de senhor) e procurou uma cirurgia de redesignação sexual , e nos dias modernos tem sido visto como uma figura trans. As hijras no subcontinente indiano e os kathoeys na Tailândia formaram comunidades sociais e espirituais transfemininas do terceiro género desde os tempos antigos, com a sua presença documentada durante milhares de anos em textos que também mencionam figuras trans masculinas.

https://en.m.wikipedia.org/wiki/Transgender_history#:~:text=Indian%20subcontinent,-Hijra%20and%20companions&text=Indian%20texts%20from%20as%20early,Indian%20subcontinent%20since%20ancient%20times.

Leitura recomendada, especificamente o verbete “história”:
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Third_gender

A rejeição dos fatos apenas demonstra que o discurso do John é somente o mesmo discurso de ódio, homofobia e transfobia.

Acervo comprometedor

Um dos maiores colecionadores da revista Playboy no Brasil criou um acervo digital para disponibilizar gratuitamente as imagens lançadas em todas as edições (entre 1975 e 2017). O conteúdo tem irritado algumas mulheres que participaram de ensaios e hoje se tornaram religiosas.

O responsável pelo site é o radialista Geylson Paiva (37), que tem todas as mais de 500 edições nacionais lançadas desde a década de 1970. Ele afirma que duas das ex-modelos que pousaram para a revista pediram a retirada do conteúdo do ar.

Regininha Poltergeist, atriz e ex-modelo considerada uma das musas dos anos 1990, foi uma delas. Questionada sobre o pedido para retirar suas fotos do ar, ela afirmou ao blog F5 da Folha de S.Paulo: “Não falo sobre isso, sou da Igreja agora”. A outra ex-musa que fez a solicitação preferiu ter a identidade preservada.

O acervo de Geylson se chama Inside Playboy Brasil e ele publica os conteúdos de forma gratuita. “Fiz esse espaço respeitosamente para que as pessoas tenham acesso a um material imperdível, é um recorte histórico do nosso país em quatro décadas”, afirma.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/acervo-da-playboy-revolta-ex-modelos-que-viraram-evangelicas-sou-da-igreja/amp/%3ffbclid=IwAR0ADaU7IvWJVW5dLS9ez7njQ2M30W9FIkmHQ8j_69UhT0BwoI84sny1iB8

Nota: a Playboy foi a escada para muita gente. Mas com o advento do novo puritanismo, gente como Xuxa vai tentar apagar esse histórico.

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A piada do Malafaia

Notícia publicada no GGN.
Citando:

Com o primeiro ano do governo Lula chegando ao final, Jair Bolsonaro quer sondar quanto apoio ainda é capaz de mobilizar. O palco será a Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (26), aonde está sendo preparado um ato bolsonarista.

A convocação foi feita pelo pastor Silas Malafaia, nesta terça-feira, em vídeo divulgado nas redes sociais, com o mote da defesa dos presos dos atos golpistas de 8 de janeiro.

A decisão de preparar o ato foi após um dos detentos, Cleriston Pereira, morrer de infarto fulminante, nesta segunda (20), no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.

O líder evangélico disse que o protesto será em memória do bolsonarista e em “defesa do estado democrático de direito e dos direitos humanos”.

Fonte, citado parcialmente: https://jornalggn.com.br/politica/apos-um-ano-derrota-bolsonaro-medira-bolsonarismo-neste-domingo/

Eu escrevi em algum lugar aqui sobre a indignação seletiva dessa gente. Eu falei também da enorme hipocrisia. Falam em defesa do estado de direito ao mesmo tempo que defenderam a intervenção militar. Falam em diretos humanos, mas isso só vale para seus apoiadores.

Se fosse uma manifestação de trabalhadores, do MST ou outra manifestação da Esquerda, não pensariam duas vezes para ordenar a prisão com requintes de crueldades, como acontece na periferia, contra o pobre, o negro e o favelado.

Mas os terroristas estão acima da lei. São "cidadãos de bem", branco, heterossexual e cristão.

Enquanto isso, a conversa sobre a desoneração da folha, essa desculpa de que isso resultaria em mais investimento em empregos e em mais dinheiro ao trabalhador. Eu ouvi isso antes, no governo Temer. Até quando o governo (dito de esquerda) vai tratar do banqueiro e do empresário com leniência? Até quando o trabalhador vai ser cobrado por impostos que não são pagos? O empresário pode chorar e será ouvido porque tem muitos representantes. O trabalhador sofre porque vota sem consciência de classe.

Pior mesmo é ver pequeno burguês defendendo quem o explora. Pior é vendo pequeno burguês defendendo o neoliberalismo. Quem tem Olavo de Carvalho como guru e Jair Bolsonaro como líder não merece nossa consideração.

Os santos intoxicados de Kali

O êxtase espiritual é elogiado pelos cristãos.
Citando:

A embriaguez física é ruim, sem dúvida. Mas a intoxicação espiritual é boa. Muito boa. Existe algo como ficar bêbado com Deus. Os discípulos experimentaram isso no Pentecostes. Quando saíram do Cenáculo cheios do Espírito Santo, foram dispensados por alguns que só podiam supor que tal alegria era produto da embriaguez, de desfrutar de muito vinho novo (Atos 2:13). E, de fato, eles estavam embriagados. Mas o vinho que os encheu era espiritual, o “vinho novo” que é o Espírito Santo. Os próprios discípulos eram os odres novos sobre os quais Cristo havia falado - odres cheios e transbordantes da inebriante bondade de Deus. O impacto se manifestou fisicamente, mas a fonte foi espiritual.

https://aleteia.org/2020/06/11/there-is-such-a-thing-as-getting-drunk-on-god/

O êxtase faz parte da liturgia wiccana e é também carnal. Para as religiões antigas e étnicas, o corpo e o espírito não estão separados nem estão em conflito. Eu recordei um livro que eu li sobre Kali e seus santos intoxicados.
Citando:

Ó Mãe, enlouquece-me com Teu amor!
Que necessidade tenho eu de conhecimento ou razão?
Embriaga-me com o Vinho do Teu amor;
Ó Tu que roubas os corações de Teus bhaktas,
Afogue-me profundamente no Mar do Teu amor!
Aqui neste mundo, neste Teu hospício,
Alguns riem, alguns choram, alguns dançam de alegria:
Jesus, Buda, Moisés, Gauranga,
Todos estão embriagados com o Vinho do Teu amor.
Ó Mãe, quando serei abençoado
Juntando-se à sua feliz companhia?

A busca pela felicidade.

A busca pela felicidade é universal. As pessoas bebem álcool, usam drogas, gastam mais
de sua energia correndo atrás de fama, riqueza, um amante. Por que? Porque eles pensam quando os obtiverem, terão felicidade. Não há uma pessoa viva que não quer a felicidade e não a busca ativamente.
“Eu queria viver profundamente e sugar toda a medula da vida”, disse o Naturalista e escritor americano, Henry Thoreau. À nossa maneira, todos nós queremos essa realização, o conhecimento de viver a vida em toda a sua extensão. Mas a felicidade neste mundo é, ah, tão temporária. Um momento de felicidade, no próximo, tristeza.
Nós nos esforçamos para desfrutar, mas em vez disso, acabamos sendo apreciados. Desejamos, mas
não conseguimos acompanhar nossos desejos. Quando o rosto de alguém fica manchado com
rugas e os cabelos ficaram grisalhos, não é mais fácil correr atrás dos desejos sempre jovens e vigorosos. No entanto, jogado entre a esperança e
desesperança, as pessoas continuam a perseguir o pássaro fugaz da felicidade.
Este mundo é como um museu – cheio de cartazes que dizem “Não toque”. Mas queremos tocar; queremos possuir. Enfrentando pressões sociais intermináveis e responsabilidades, percebemos que não podemos ter tudo o que queremos. E então ficamos deprimidos. Assistimos TV ou vamos dormir para não precisar lidar com nossa depressão. Um terço das nossas preciosas vidas são passadas na cama, dormindo.
As pessoas sonham com amor, com paixão louca. Mas quem se atreve a amar? Quem ousa
viver a vida ao máximo? Quem se atreve a ficar louco de alegria? Este mundo é um lugar maravilhoso para quem sabe viver.
A bem-aventurança permanente reside no espírito que é sutil e difícil de compreender.
E, no entanto, embora o caminho para alcançar este pináculo de felicidade esteja repleto de obstáculos tremendos, certamente vale a pena persegui-los se quisermos tudo. Nós chamamos as pessoas que alcançaram o mais elevado de santos, iogue, mestre, avatar.
O poder da sua influência sobre nós reside parcialmente na sua convicção de que Deus é a única coisa que vale a pena perseguir neste mundo e que um apaixonado o conhecimento de Deus é a maior bem-aventurança que pode ser obtida aqui e no futuro. Nós adoramos essas almas felizes. Nós os aceitamos como nossos professores porque eles
pode nos mostrar o caminho para a felicidade que buscamos.

Kali, a Deusa Negra de Dakshineswar. PG 194 - 195. Elisabeth Harding. Editora Red Wheel/Weiser. 1993.

Isso é comum na Ásia, como pode ser visto neste trabalho acadêmico.
Citando:

O santo louco é um personagem familiar no Sul da Ásia. Pelas aparências externas, ele não é diferente de um lunático, mas o santo louco passa a ser reverenciado porque se acredita popularmente que sua idiotice surge de uma causa diferente da loucura comum. O psicopata comum negligencia as convenções sociais porque a sua consciência está obscurecida pela incapacidade; o louco santo também viola as convenções, mas o faz porque sua consciência elevada o libertou dos laços da convenção que prendem as pessoas comuns. Nos termos do Hinduísmo, ele provou o néctar divino da realização de Deus e retornou ao reino humano intoxicado pela experiência.

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/4049007/

Uma boa reflexão, no Espelho de Circe.
Citando:

Na tradição mística, por exemplo, o êxtase é considerado o ápice da jornada espiritual, um estado de fusão com o divino. Místicos de diferentes tradições, como o sufismo, o hinduísmo, o cristianismo e o budismo, têm buscado atingir o êxtase como uma forma de alcançar a iluminação, a união com Deus ou a realização espiritual suprema. Para eles, o êxtase é um momento de transcendência, onde a separação entre o indivíduo e o divino se dissipa, permitindo uma experiência direta da unidade cósmica.

Em estados de êxtase, as fronteiras do eu se dissolvem, e nos sentimos parte integrante do tecido do universo. Nesse sentido, o êxtase nos coloca em contato direto com a essência da vida e da existência, desafiando as limitações do ego e oferecendo uma visão mais ampla da realidade. É nesse momento que podemos experimentar um profundo senso de significado, propósito e conexão com o divino.

https://www.espelhodecirce.com.br/post/o-%C3%AAxtase-na-espiritualidade

Para concluir:
De um lado tem um rabino mítico que deu origem a um culto fundado por escravos, servos, fracos e covardes, que é responsável por dois mil anos de medo e vergonha, rejeitando tudo aquilo que é realmente sagrado.

Do outro lado tem a Deusa, completamente nua [babando], oferecendo seus seios [e seu sexo] para que todos vivam satisfeitos, ao lado do Deus Consorte, com quem celebra tudo aquilo que realmente é sagrado: o mundo, a natureza, o corpo, o desejo, o prazer e o sexo.

Coma-me, Kali 😍

terça-feira, 28 de novembro de 2023

A estranha concordância de doutrinas

Eu devo ter escrito em algum lugar que o Satanismo de LaVey é uma paródia religiosa que foi levada muito a sério.

A maior parte da Bíblia Satânica é um plágio do livro Might is Right. O que sobra eu considero filosofia de boteco, qualquer adolescente com algum raciocínio consegue escrever algo melhor.

8. Satã representa todos os assim chamados pecados, pois todos levam à gratificação física, mental e emocional!

As 9 declarações satânicas.

Anton Szandor LaVey.

Essa é uma variação da primeira declaração. Eu não quero dar spoiler, mas sem o pecado, a Igreja deixaria de existir.

O principal “produto” [patrocinador?] do Cristianismo é o pecado. Sem o peso do medo, da culpa e do castigo eterno aplicado por esse Deus violento, ciumento e vingativo, praticamente o Cristianismo teria permanecido como uma seita excêntrica.

O medo é utilizado para conversão e proselitismo, sem o medo do Diabo, do Inferno ou da condenação eterna, o Cristianismo sumiria.

Tal como a inconsequente promoção do hedonismo irrefreado e o Self como Deus, o elogio ao pecado é apenas marketing. A CoS não vai te defender nem te proteger se a lei e a justiça te pegar.

Ao dizer que Satã está associado ao que é chamado de pecado, a filosofia (pueril) de LaVey acabou concordando com a doutrina cristã que, supostamente, diz combater.

Nota: essa é uma série de postagens para analisar e criticar a doutrina satanista.

Orixás para crianças

Quatro parques públicos do Recife serão ocupados por um projeto de valorização da cultura de matriz africana voltado paro público infantil. O "Orixás para Criança" promoverá sua primeira edição no Parque das Graças, na Zona Norte do Recife, neste sábado (25), a partir das 15h, com entrada gratuita. Os pequenos de 5 a 12 anos poderão vivenciar e aprender sobre religiões de matrizes africanas.

Esta será a primeira de quatro vivências do projeto. Na programação, crianças, mães, pais, cuidadores e demais frequentadores do Parque, poderão participar de contações de história, oficinas de musicalidade, produção de dedoches (fantoche de dedos), produção de utensílios de culinária. A ideia do projeto é apresentar elementos da cultura afro para o público infantil, com o objetivo de desmistificar e promover a tolerância e a inclusão religiosa e social.

“Não há mais espaço para preconceito religioso, especialmente, em uma sociedade como a nossa, com uma diversidade gritante. Precisamos apresentar às crianças de onde viemos, nossas origens, nossa história. Levar para perto das crianças elementos da religião, falar sobre a força da natureza e mostrar que o mas importante é conviver em harmonia e respeitar o diferente”, explica uma das realizadoras do projeto Marine Moraes.

A contação de história ficará por conta de Adélia Oliveira, que vai apresentar os itãs (histórias) dos orixás, com muita magia, respeito e sonoridade. As oficinas, por sua vez, ficarão sob responsabilidade dos arte educadores Clébia Sousa, Dayanne Barros e Theo Coutinho.

O Orixás para Criança tem como produção a MM Produção e Comunicação, foi idealizado e está sendo organizado pelas produtoras e mães Marine Moraes e Dyanne Barros.

“O projeto surgiu da necessidade de um espaço lúdico para crianças, que a aproximem de nossa religião. Desmistificar, apresentar uma nova realidade e o valor de nossa ancestralidade para eles que serão nosso futuro irá contribuir na formação de uma sociedade mais justa”, explicou Dyanne. 

O projeto conta com patrocínio da Prefeitura da Cidade do Recife, através do SIC - Sistema de Incentivo à Cultura, e tem apoio do Ilê Axé Xangô Aganjú.

Fonte: https://www.folhape.com.br/cultura/parque-das-gracas-recebe-estreia-do-projeto-orixas-para/302811/

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Recalculando a identidade

Um museu deve renomear sua exposição sobre um imperador romano depois de concluir que ele era, na verdade, uma mulher trans.

O Museu North Hertfordshire agora se referirá ao imperador Heliogábalo com os pronomes femininos ela e dela.

Isso ocorre depois que textos clássicos afirmam que o imperador disse uma vez "não me chame de senhor, pois sou uma senhora".

Um porta-voz do museu disse que seria "educado e respeitoso ser sensível à identificação de pronomes para pessoas do passado".

O museu possui uma moeda de Heliogábalo, que é frequentemente exibida entre outros itens LGBTQIA+ de seu acervo.

O porta-voz disse que a instituição de caridade LGBTQIA+ Stonewall foi consultada para garantir que “as exibições, a publicidade e as palestras sejam tão atualizadas e inclusivas conforme for possível”.

Marco Aurélio Antonino, mais conhecido como Heliogábalo, governou o Império Romano por apenas quatro anos, de 218 DC até seu assassinato, aos 18 anos, em 222 DC.

Ele se tornou uma figura cada vez mais controversa durante seu curto reinado, desenvolvendo uma reputação de promiscuidade sexual.

Cassius Dio, senador e contemporâneo de Heliogábalo, escreve em suas crônicas históricas que o imperador foi casado cinco vezes - quatro vezes com mulheres, e uma vez com Hiercoles, um ex-escravizado e cocheiro.

Nesse último casamento, Dio escreve que o imperador "foi concedido em casamento e foi denominado esposa, amante e rainha".

O debate sobre a identidade de gênero de Heliogábalo é antigo e muitas vezes divide os acadêmicos.

Shushma Malik, professor de clássicos da Universidade de Cambridge, disse à BBC que "as palavras que Dio usa não são uma citação direta de Heliogábalo e, no momento em que este artigo foi escrito, o imperador estaria no início da adolescência".

"Há muitos exemplos na literatura romana de épocas em que linguagem e palavras efeminadas eram usadas como forma de criticar ou enfraquecer uma figura política."

"Referências a Heliogábalo usando maquiagem, perucas e removendo pelos do corpo podem ter sido escritas para minar o impopular imperador."

Malik acrescentou que embora os romanos estivessem conscientes da fluidez de gênero, e existam exemplos de pronomes alterados na literatura, "era geralmente usado em referência a mitos e religião, em vez de descrever pessoas vivas".

No entanto, o vereador Keith Hoskins, membro executivo de Empresas e Artes do North Herts Council, disse que textos como o de Dio fornecem evidências "de que Heliogábalo definitivamente preferia o pronome 'ela' e, como tal, isso é algo que refletimos ao discuti-la nos tempos contemporâneos, como acreditamos ser uma prática padrão em outros lugares."

"Sabemos que Heliogábalo se identificou como mulher e foi explícito sobre quais pronomes usar, o que mostra que os pronomes não são uma coisa nova", acrescentou.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c97rdr4mzypo.amp

Frase de para-choque de caminhão

O Azarão tem uma doença. Ela é conhecida como reacionarismo.

Citando:
Uma das canalhices mais manjadas da esquerdalha, mais clichê, mais batida que carne de vaca de segunda é projetar seus defeitos e atos espúrios para cima de seus oponentes, transformar, às vistas míopes da opinião pública, seus inimigos no que ela, a esquerda, é. 

Máxima sintetizada em uma frase atribuída a Lênin, um dos totens sagrados da vermelhada: 

“Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é “.

Com preguiça, eu vou refutar com um texto que eu achei.
Citando:
O “Decálogo de Lênin”, amplamente repetido em sites nacionais, nada mais é que uma versão abrasileirada de um documento apócrifo, supostamente soviético, difundido nos Estados Unidos há décadas, intitulado “Rules for Revolution” (Regras para a Revolução)...

Facilmente, pode-se perceber que o “Decálogo de Lênin” constitui mera repetição adaptada das “Regras para a Revolução” (que jamais foram atribuídas ao revolucionário russo). Deste modo, surge uma pergunta óbvia: este último documento é verdadeiro? A resposta é negativa…

Em vários sites brasileiros (principalmente, os críticos da esquerda), encontra-se alguma versão da frase acima (também costuma ser relatada, por exemplo, como: “Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é”). Por outro lado, nas páginas em inglês, há raras menções a afirmações similares ligadas a Lênin.

Nenhum autor brasileiro de matérias na internet, ainda quando questionado por seus leitores, aponta uma fonte primária comprovadamente autêntica da suposta citação. Pesquisei e, outrossim, não encontrei nada. A explicação mais provável é a de que se trata apenas de outra farsa online. Inclusive, acredito que tenha sido formulada originalmente da seguinte maneira: um amálgama entre outra frase falsa de Lênin e um trecho de um texto apócrifo na internet.

Em 728 páginas na internet, encontramos um texto apócrifo (publicado em sites ultradireitistas) chamado The Tactics of Disinformers (As táticas dos “desinformantes”), que contém o seguinte trecho: “Always accuse your adversary of whatever is true about yourself…“ (“Sempre acuse seus adversários do que é verdadeiro sobre você mesmo…”). Ora, pode-se perceber facilmente sua semelhança com a suposta citação de Lênin.

Há, portanto, três informações importantes para alcançar uma conclusão sobre o tema:

A “citação de Lênin” aparenta ser difundida apenas em sites brasileiros críticos da esquerda;
Há uma comprovada frase falsa de Lênin que menciona calúnia e difamação como táticas do comunismo;
Em sites ultradireitistas americanos, encontramos o seguinte trecho num texto apócrifo: “sempre acuse seus adversários do que é verdadeiro sobre você mesmo”.

Fonte, citado parcialmente: https://otaviopinto.com/index.php/2016/06/25/lenin-disse-isso/

Mas o reacionário perdeu todo medo e receio de exibir o quanto é tosco e desinformado. A pauta mais usada pelo pequeno burguês para agradar seus donos é fazer discurso sobre a Ideologia de Gênero. O Azarão comenta um poster da USP por causa dessas palavras: mulheres de próstata.

Se ele tivesse o cuidado de olhar no Oráculo Virtual (Google) teria achado esse texto:

Ao contrário do que se acreditava até recentemente, a próstata não é um órgão exclusivamente masculino. Estudos recentes indicam que a mulher também pode possuir a glândula, cujas características se aproximam das do homem. Pesquisas sugerem que a próstata feminina pode ser afetada pelas terapias de reposição hormonal ou pelo uso de anabolizantes, procedimentos que contribuiriam para o eventual desenvolvimento de tumores malignos.
Fonte, citado parcialmente: https://www.unicamp.br/unicamp_hoje/ju/maio2007/ju358pag05.html

Então eu não estranho que o Azarão tenha se lembrado de uma declaração de Lula à Playboy. Ele não sabe (ou não interessa saber) o que significa contexto.
Mas já que ele gosta tanto de citações, aqui vai uma de graça:
Uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade.
-Joseph Goebbels.

domingo, 26 de novembro de 2023

Conversão vs pragmatismo

Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto, uma foto de um gol
Em vez de reza, uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém

-João Bosco, De Frente Pro Crime.

Eu li a notícia no OnlySky e depois no Friendly Atheist.
Citando (traduzido com Google Tradutor):

Ayaan Hirsi Ali, ex-atéia, torna-se cristã.

Ayaan Hirsi Ali é, ou devo dizer que foi, uma famosa autora e debatedora anti-teísta, anti-islâmica. Ela tem defendido veementemente que o Islão não é uma religião de paz e tem sido frequentemente vista como um membro marginal do movimento Novo Ateu. Portanto, é um grande choque que ela tenha anunciado publicamente a sua conversão ao cristianismo.

Na verdade, Hirsi Ali gerou alguma controvérsia com suas opiniões bastante ardentes e de direita sobre o Islã.

Parece então bastante adequado que ela tenha anunciado sua conversão no site de mídia cripto-religiosa Unherd, de tendência direitista.

Em outras palavras, podemos ver como um ateu pode ser capaz de saltar para o teísmo através da política.

Não tem nada a ver com a verdade evidencial da narrativa cristã ou com qualquer argumento racional a favor dela, mas com o facto de ser uma ferramenta útil – necessária – para combater o mal do Islamismo.

Fonte, citado parcialmente: https://onlysky.media/jpearce/ayaan-hirsi-ali-former-atheist-becomes-christian/

Hirsi Ali explicou sua mudança de fé em um ensaio para o site de direita UnHerd. Ela não escreveu sobre como “encontrou Deus”. Ela não teve uma epifania repentina tarde da noite. Ela não estava convencida de seu erro no meio de algum debate teológico. Na verdade, você não encontrará nenhuma defesa real do Cristianismo em nenhum lugar do texto.

Em vez disso, ela racionaliza o seu cristianismo citando, entre outras coisas, o “islamismo” e a “ideologia desperta”. O que significa dizer que ela agora sente que tem mais em comum com a política dos cristãos conservadores do que com os humanistas seculares, porque o primeiro grupo despreza os muçulmanos e os progressistas tanto quanto ela. É o cristianismo por meio do pragmatismo.

Dessa forma, ela é como muitos apologistas cristãos, usando muitas palavras para dizer muito pouco, ao mesmo tempo que insiste que disse tudo o que importava.

Ela não se converteu para Cristo. Ela se converteu para as guerras culturais. Como descreveu um tweet, toda a charada se resume a “Não consigo justificar as minhas posições de direita sem também afirmar uma religião e esta é muito melhor do que a minha antiga”.

Fonte, citado parcialmente: https://www.friendlyatheist.com/p/ayaan-hirsi-ali-is-a-christian-now

Retomando. O que o ateu não fala e não quer admitir é que o ateísmo tem gente em ambos os lados do espectro político. Ayaan não se deu conta (ainda) mas ela está sendo usada por conservadores, direitistas e fundamentalistas cristãos. E será sumariamente descartada quando perder sua utilidade.
Eu escrevi em algum lugar aqui sobre se Cristo ser capitalista ou socialista. Diversas pistas e trechos dos textos sagrados mostram Cristo com uma visão voltada para uma sociedade mais justa e inclusiva.
A relação entre o Cristianismo e o Sistema começou com a Igreja, os políticos (na maioria burgueses, banqueiros e empresários) só pensam em ganhar dinheiro. Então o conservadorismo e a extrema direita acharam interesses em comum com o fundamentalista cristão. O resto é história e discurso.

Uma camisa em homenagem

O Bahia (nota: time de futebol) lançou, na última segunda-feira, Dia da Consciência Negra, uma camisa em homenagem às religiões de matriz africana e em combate ao racismo religioso. Intitulado de “Aláfia”, a peça tem layout desenvolvido pelo artista plástico Alberto Pitta, referência no Brasil em estampas afrobaianas.

A palavra "Aláfia" foi escolhida pelo clube para dar nome ao uniforme por ser uma expressão de paz e prosperidade. "Aláfia é a antítese do ódio, uma luz que abre os caminhos para a compreensão e a aceitação mútua", definiu o Tricolor em manifesto divulgado no lançamento da nova camisa.

A peça já está à venda na Loja Esquadrão, tanto de forma online quanto presencial, na Arena Fonte Nova.

Confira o manifesto divulgado pelo Bahia:

“Em um mundo diverso, onde as cores se entrelaçam num mosaico de culturas e crenças, erguemos nossa voz contra o racismo religioso. Acreditamos que, em nossa jornada compartilhada, a palavra “Aláfia” se torna um poderoso guia. Aláfia, expressão de paz e prosperidade, transcende fronteiras e nos lembra da essência humana que nos conecta.

Neste manifesto, conclamamos a unidade e o respeito pelas diferentes práticas religiosas, reconhecendo que a diversidade de credos é uma riqueza que engrandece a nossa sociedade. Aláfia é a antítese do ódio – uma luz que abre os caminhos para a compreensão e a aceitação mútua.

Promovendo diálogo e empatia, rejeitamos toda e qualquer forma de preconceito. Juntos, erguemos uma bandeira que exige respeito e tolerância. Esperamos que o eco desta mensagem inspire uma transformação duradoura em nossas comunidades. Aláfia é nosso compromisso com um mundo onde cada ser humano é livre para expressar sua espiritualidade, sem medo.”

Fonte: https://ge.globo.com/ba/futebol/times/bahia/noticia/2023/11/21/bahia-lanca-camisa-em-homenagem-as-religioes-de-matriz-africana.ghtml

sábado, 25 de novembro de 2023

Eu quero reencarnar em um anime

Quem não tem colírio usa óculos escuros
A formiga só trabalha porque não sabe cantar

-Raul Seixas, Como Vovó Já Dizia.

Ah, anime. Esse produto da cultura nipônica tem sido a salvação e a danação dos otakus ocidentais. O anime oscila entre a homofobia e o elogio da comunidade LGBT.
Troca de gênero, travesti, cross dresser, drag queens, gays, lésbicas, transgêneros. Existe uma lista grande de personagens que parecem bem femininos, mas são meninos, como Joana D'Arc descobriu ao ver Astolfo saindo do banho (Fate Apocrypha). Tem até um gênero para isso, é o "trap", mas confesse, não é armadilha quando existe desejo.

Tem um ditado que fala sobre discutir o sexo dos anjos, mas eu escrevi em algum lugar aqui sobre o Livro de Enoque e os anjos que treparam com mulheres.
Mas nós, pobres adultos ocidentais, educados e condicionados pela repressão e opressão sexual ditada por dogmas religiosos, tentamos, inutilmente, discutir sobre a sexualidade. Não estamos prontos para aceitar e assumir nossas pulsões e libidos e ficamos teorizando sobre a sexualidade de personagens de anime.

Por exemplo, a discussão sobre a sexualidade da Neferpitou. Do anime Hunter vs Hunter. Que apareceu na última temporada. Aquela com as formigas quimeras.

Um pouco de biologia antes.
As formigas são um dos insetos que possuem um comportamento de conjunto chamado de eussocialidade. Outros insetos com essa característica são as abelhas e os cupins.
Somente a rainha produz ovos e o tipo da comida determina a classe daquela formiga. Mas basicamente o formigueiro é formado por formigas fêmeas inférteis.

Agora vamos à "biologia" das formigas quimeras, conforme pode ser lido no Wikifandom.

As Rainhas Formigas Quimera possuem um método de reprodução totalmente único conhecido como Fagogênese, um termo que significa reprodução através da devoração. Ao comer outras criaturas, uma formiga quimera rainha pode transmitir as características das criaturas ingeridas à próxima geração de formigas quimera que ela der à luz.

Retomando. Os internautas afirmam que todas as formigas quimeras são machos, o inverso do observado na natureza.
Mas além de Neferpitou, tem Zazan, Hina e Shidore.
O leitor (e o internauta) pode alegar que é usado um pronome masculino nos diálogos de Neferpitou. E ter (ou não) seios está longe de ser um padrão para se definir o sexo de um ser vivente. Mesmo se considerarmos que formigas quimeras assumiram a anatomia humana.

Eu vou pegar a Zazan e o Ramot. Esses personagens vestem-se com pouca roupa. Não mais do que uma tanga cobrem os quadris. Inegável a diferença, Ramot tem, digamos, um "pacote" bem visível entre as pernas, enquanto que Zazan é, digamos, "lisa".

Em várias cenas de Neferpitou é possível ver a bermuda laranja e o que pode ser visto é uma região, digamos, "lisa". Portanto, Neferpitou é fêmea.

Eu quero reencarnar em um anime. Assim eu posso conferir pessoalmente.

Cobrando alvará de terreiro

Praticantes de religiões de matrizes africanas em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, acusam a prefeitura de perseguição religiosa. Os moradores dizem que o município está mandando fiscais para os terreiros para cobrar um alvará de funcionamento ilegal.

De acordo com eles, o documento nunca foi pedido, o prazo de 15 dias é impossível de ser cumprido e é exigido com base em uma lei que nem cita templos religiosos. A fiscalização, ainda de acordo com os moradores, não acontece em templos de outras religiões.

“Em janeiro de 2024, vai fazer 22 anos que nós estamos aqui. E nenhum problema nós tivemos aqui. Então, de repente, essa perseguição de dar primeiro 15 dias e agora 12 dias para nós apresentarmos um alvará definitivo de funcionamento. E a gente sabe que o próprio trâmite para conseguir isso depende de uma série de burocracias e isso não é possível”, disse o babalorixá Gelson D’Olufon.

A Defensoria Pública da União recebeu as denúncias e decidiu apurar o caso. O órgão afirma que há indício de racismo religioso.

“Apenas três terreiros de candomblé foram intimados pela Secretaria de Fazenda Municipal, para providenciar o alvará de funcionamento e localização num prazo de 15 dias. São práticas que visam restringir a liberdade de crença, que é um direito assegurado pela Constituição brasileira”, disse a defensora pública federal Natália Von Rondow.

Fiscais da Secretaria de Fazenda visitaram pelo menos três terreiros de candomblé e umbanda em Itaboraí para cobrar alvará de funcionamento. Em um outro terreiro, em Aldeia da Prata, foram 4 notificações. O babalorixá Diego T’osogian disse que a prefeitura se baseia numa lei municipal de 2014.

“É uma lei que não cita em nenhum momento sobre legalização de templos religiosos. Ele fala apenas de estabelecimentos. E eles vêm com constância em nossos terreiros mandando essa intimação para que compareça à secretaria de Fazenda. Eu tenho certeza absoluta que é uma perseguição”, afirmou o babalorixá.

Depois que os fiscais estiveram nos terreiros em Itaboraí, o deputado federal pastor Henrique Vieira (Psol) enviou um requerimento de informação ao prefeito Marcelo Delaroli (PL). Agora, o município tem o prazo de 30 dias para responder.

“O nosso mandato oficiou a prefeitura de Itaboraí para que ela dê as devidas explicações, porque tanto os entraves e tantas burocracias para o funcionamento de terreiros na cidade de Itaboraí. Cabe ao poder público, em qualquer esfera, inclusive a municipal, respeitar o estado laico, a democracia, a cidadania, a diversidade religiosa”, disse Vieira.

A Prefeitura de Itaboraí disse que a Secretaria de Fazenda fez um programa de recadastramento imobiliário para garantir a imunidade de impostos dos templos religiosos. Além disso, informou que lamenta que questões religiosas sejam usadas de forma política.

No entanto, a prefeitura não respondeu às perguntas da reportagem: se existe regulamentação para templos religiosos, se fiscais também estão indo a templos de outras religiões e nem se retornou à defensoria e ao deputado pastor Henrique Vieira.

Fonte: https://g1.globo.com/google/amp/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/11/20/religiosos-de-matriz-africana-de-itaborai-dizem-que-prefeitura-passou-a-cobrar-somente-de-terreiros-alvara-de-funcionamento.ghtml

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Os três irmãos eslavos

Autor: Jarosinski do Brasil.

A lenda conta que viveram em priscas eras três irmãos eslavos nas terras banhadas pelo rio Vístula: Lech, Čech e Rus. Esses três aventureiros empreenderam uma longa viagem. Após exaustiva caminhada, resolveram descansar. Foi quando Lech avistou nas proximidades, um ninho com aguiotos brancos. Exclamou, instintivamente: “Isso aí é sinal de que devo estabelecer-me por aqui com a minha família”.

Seus dois irmãos prosseguiram a caminhada. Čech tornou-se pai dos Tchecos; e Rus, o pai dos Rutenos (Russos, Bielorussos e ucranianos).
Lech, porém com a sua comitiva preferiu se fixar, definitivamente, à pequena distância do ninho das águias brancas, fundando a cidade de Gniezno. A palavra Gniezno deriva de gniazdo que quer dizer ninho. Lech escolheu para brasão de sua família a Águia Branca e passou a ser considerado o pai da Nação Polaca.

Na região da Wielkoposki (Grande Polônia), no Parque Rogalin, existem três árvores de mais de 700 anos denominadas justamente Lech, Čech and Rus.

Os eslavos estão distribuídos geograficamente assim:
Sul - Sérvios, Croatas, Eslovenos, e Búlgaros
Leste - Russos, Bielorussos, Rutenos (atuais Ucranianos)
Oeste - Tchecos, Eslovacos, Polacos
Uma lenda semelhante, com os mesmos personagens existe na Croácia, porém com uma pequena mudança em relação aos nomes.

Fonte: https://iarochinski.blogspot.com/2008/05/os-trs-irmos-eslavos.html?m=1

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Vistam-se de céu

Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou
Com que roupa eu vou
Pro samba que você me convidou

-Noel Rosa, Com que Roupa Eu Vou?


Caturo, aquele português pagão esquisito, publicou essa imagem enigmática. Ele, por acaso, está dizendo que a herança étnica é como uma roupa, que pode ser vestida e trocada facilmente?

Felizmente (ao contrário do Caturo) eu estudei e reconheço esse traje como típico do leste europeu. Mas o leste europeu é vasto, ocupado por diversos povos, de diversas origens.

Esse traje é bem parecido com o chamado traje típico português, mas os portugueses tem origens bem distintas dos povos do leste europeu. Será que isso é suficiente para o Caturo se dar conta da idiotice e estupidez em falar de "estirpe"?

Mesmo se considerarmos Portugal, o "traje típico" varia conforme a região e o propósito do traje. 

Eu encontrei o seguinte texto no Quora:
"Isso não deveria ser surpreendente, historicamente todos povos circum-mediterrâneos (o que inclui os atuais árabes) tinham basicamente a mesma cultura, a "europa" como pseudo-continente ou pseudo-etnia é uma invenção recente que não faz sentido algum na história antiga ou na antropologia.

Povos ibéricos e Norte Africanos tem várias similaridades na cultura, história, fenótipo e até genótipo."

Roupa, linguagem e crenças. Tudo que é cultural pode ser aprendido, assimilado e copiado, independente de sua origem. Mesmo os Gregos e Romanos adotaram e cultuaram os Deuses de outras Terras, de outros povos. Não existia racismo na Antiguidade.

A aberração do Cristianismo se deve à imposição de crença. E na negação de suas origens vindas das crenças antigas. E na absurda prepotência da Igreja. Quando e se o Cristianismo (o monoteísmo ou as religiões abraâmicas) deixar de ser uma imposição e superar o fundamentalismo, talvez a humanidade tenha paz.

França quer compensar condenações por homossexualidade

Milhares de pessoas foram condenadas por homossexualidade na França até 1982. Um projeto de lei, que será debatido no Senado na quarta-feira (22), tem como objetivo reabilitá-las, indenizar os condenados e reconhecer a responsabilidade do Estado nessa perseguição.

“É um projeto de lei simbólico destinado a compensar um erro cometido pela sociedade na época”, disse Hussein Bourgi, senador socialista que iniciou o projeto de lei, que será debatido no Congresso francês.

Ele está propondo que a França reconheça sua política de discriminação contra os homossexuais entre 1942 e 1982, com base em dois artigos do código penal, um estabelecendo uma idade específica de consentimento para relações homossexuais e o outro aumentando as penalidades para indecência pública cometida por duas pessoas do mesmo sexo.

Essas leis tiveram “repercussões muito mais sérias do que podemos imaginar hoje: elas esmagaram as pessoas, algumas das quais perderam seus empregos ou tiveram que deixar sua cidade”, ressalta Hussein Bourgi.

Sua proposta de lei também criaria uma comissão independente para indenizar os condenados, no valor de € 10 mil (cerca de R$ 53 mil).

Perseguidos pelo Estado

Para Antoine Idier, sociólogo e historiador especializado em homossexualidade, o projeto de lei é “salutar”, embora “muito restritivo”.

“Ele se concentra em dois artigos, mas os juízes têm usado um arsenal criminal muito mais amplo e todos os tipos de artigos para punir a homossexualidade, mesmo que eles não tenham sido explicitamente destinados a esse fim”, explica o professor da Sciences Po Saint-Germain-en-Laye. Como resultado, algumas pessoas foram condenadas por “atentado ao pudor” ou “incitação de um menor à devassidão”.

“A homofobia do Estado significava caçar homossexuais em todos os lugares”, lembrou Michel Chomarat, de 74 anos, quando foi preso em maio de 1977 em Paris, junto com outros oito homens, durante uma batida policial no bar gay Le Manhattan.

“Era um lugar privado, a entrada era filtrada, mas a polícia veio e nos levou algemados, acusando-nos de indecência pública”, conta o ativista. Ele lamenta que esse projeto de lei tenha chegado “tão tarde”, pois muitas das pessoas afetadas pelas condenações já morreram. Em um artigo publicado em junho do ano passado na revista “Têtu”, ativistas, sindicalistas e representantes eleitos pediram à França que reconhecesse e reabilitasse as milhares de vítimas da repressão “antigay”.

Para Joël Deumier, copresidente da SOS Homophobie (uma organização de apoio LGBT com sede na França) esse “reconhecimento” do papel do Estado é “essencial”: “se a homofobia ainda existe na sociedade atual, é também porque as leis, os regulamentos e as práticas do Estado legitimaram essa discriminação no passado”, acredita ele.

Condenação infame

Outros países europeus já abordaram a questão. Em 2017, a Alemanha decidiu reabilitar e indenizar cerca de 50 mil homens condenados por homossexualidade com base em um texto nazista que permaneceu em vigor por muito tempo após a Segunda Guerra Mundial.

A Áustria está em processo de introdução de um esquema semelhante, que deve entrar em vigor em fevereiro de 2024.

No entanto, poucas pessoas estão tomando medidas para obter indenização, ressalta Régis Schlagdenhauffen, professor sênior da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS).

Além do fato de que os arquivos administrativos são “complicados” de reunir, esse é um assunto doloroso, que as pessoas envolvidas geralmente preferem não revisitar: “foi uma condenação infame com a qual foi difícil conviver”, enfatiza o especialista.

É difícil fazer uma estimativa para a França, especialmente porque o número de condenados permanece incerto. De acordo com sua pesquisa, pelo menos 10 mil condenações ocorreram na França entre 1942 e 1982, com base no artigo do código penal que estabelecia uma idade específica de consentimento para relações entre pessoas do mesmo sexo. Esses eram principalmente homens da classe trabalhadora. Um terço deles era casado e um quarto tinha filhos.

Régis Schlagdenhauffen está dando continuidade à sua pesquisa com seus alunos da EHESS, analisando os arquivos dos tribunais de Paris. O objetivo é encontrar outras pessoas condenadas por homossexualidade, com base em outros artigos penais.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/projeto-de-lei-na-franca-quer-compensar-condenacoes-por-homossexualidade-ate-1982/

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Manifestação tolhida

Por mais que o viés religioso não esteja sendo apontado como o protagonista que motiva o genocídio perpetrado por Israel contra o povo palestino, declarações de Netanyahu citando a Bíblia para justificar os seus crimes humanitários, e o apoio da maioria do segmento evangélico ao assassinato indiscriminado de crianças e mulheres pelo exército israelense, não nos deixa dúvidas do quanto o conceito judaico-cristão de sociedade precisa ser urgentemente destruído, para o bem da humanidade do Deus criador. A história, que é a minha grande aliada nesse artigo, não me deixa mentir. E a própria Bíblia, onde se encontram diversos textos apresentando genocídios de povos inteiros como mandamento divino, me absolve de qualquer acusação de injúria, calúnia ou difamação religiosa que tentem me imputar.

É sempre bom lembrar que religião é cultura, e como somos um povo colonizado pelo eurocentrismo português, obviamente, fomos expostos a absorção da cultura europeia como o padrão de formação da nossa sociedade. Quando ouvimos que o Brasil é um país cristão, estão nos dizendo sobre a exclusão de outras identidades étnicas como os indígenas, os legítimos donos da terra, e os africanos que foram trazidos para cá sob escravização e que empregaram forçosa e gratuitamente a força do seu trabalho para o progresso econômico desta terra. O Brasil cristão é um país branco cultural, social e economicamente falando. Do aspecto religioso, a cultura cristã imposta tratou de inviabilizar quaisquer outras que pudessem ameaçar o pleno domínio dessa branquitude na sociedade. O processo de demonização das religiões africanas e do culto religioso dos povos originários, fez parte desse processo.

Quando vimos as manifestações de ódio e intolerância sofridas pelo atacante Paulinho, do Atlético Mineiro e da Seleção Brasileira, por conta de uma postagem feita nas suas redes sociais onde ele agradece a Exu a sua convocação, é preciso entender que se trata de racismo. Os povos não brancos, sobretudo, os de origem africana, sempre estarão submetidos a esta opressão racial, social e cultural, enquanto o conceito de sociedade cristã, ou judaico-cristã, prevalecer em um determinado país. A solução para diminuir essa opressão é a chamada conversão religiosa. Ou seja, os não brancos negarem a sua ancestralidade para serem minimamente aceitos dentro do conceito de branquitude dominante. E nesse caso, a palavra do deus bíblico e opressor daqueles que não o servem como ele determina, é a carta de alforria que lhes garantirá a salvação da perseguição do corpo e a purificação da essência da alma não branca.

Também é importante deixar claro que Jesus Cristo nada tem a ver com esse processo de dominação cristã. E tenho a certeza de que ele se recusaria a entrar na maioria dessas igrejas existentes por aqui. Da mesma forma que Deus, pelo menos, o verdadeiro criador, nunca mandou matar crianças inocentes e nunca ordenou que se cometesse genocídios contra povos que ele mesmo teria criado, segundo a teoria criacionista em que se baseia o conceito judaico-cristão. Até porque, se Deus sabe de todas as coisas antes mesmo delas acontecerem, ele já deveria saber quem iria ou não lhe obedecer. O que já deveria invalidar qualquer texto bíblico que se refira a esses genocídios como castigo por desobediência a ele. O que está por trás desses textos onde a violência é a arma divina empregada para combater um suposto mal, é a repressão social aos povos que não se submeteram ao deus de Israel. Um deus criado à imagem e semelhança dos desejos, vontade e aspirações dos homens que queriam impor um domínio absoluto sobre os demais.

Exu é um orixá do panteão africano conhecido como mensageiro, e nada tem a ver com o diabo, que é uma criação judaico-cristã, a qual é atribuída a missão de roubar, matar e destruir. Curiosamente, algo que o deus bíblico também faz. Pelo menos, segundo as ações e comportamentos de profetas inspirados por ele. A narrativa da terra prometida a Israel que, na verdade, foi roubada da palestina com a benção desse deus, é um dos exemplos. O deus bíblico ordenou que os amalequistas e cananeus fossem completamente dizimados, como podemos ver em Deuteronômio 20:16-18, onde está escrito: "Contudo, nas cidades das nações que o Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança, não deixem vivo nenhum ser que respira. Conforme a ordem do Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança, não deixem vivo nenhum ser que respira. Conforme a ordem do Senhor, o seu Deus, destruam totalmente os hititas, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Se não, eles os ensinarão a praticar todas as coisas repugnantes que fazem quando adoram os seus deuses, e vocês pecarão contra o Senhor, o seu Deus". E também em 1 Samuel 15:2-3, quando o deus bíblico comandou a Saul e aos israelitas dizendo: "Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Castigarei Amaleque pelo que fez a Israel: ter-se oposto a Israel no caminho, quando este subia do Egito. Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupe; porém matarás homem e mulher, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos."

Exu é a divindade responsável pela comunicação entre o mundo terreno e o espiritual. Segundo a tradição iorubá, ele é o senhor dos caminhos, o guardião do culto, e nada se faz sem a sua presença. Na nação angola, Exu recebe o nome de Aluvaiá ou Pambu Njila, de onde deriva o nome Pomba-Gira, uma entidade feminina do culto umbandista brasileiro, que seria um tipo de exu feminino para esse segmento. No candomblé jeje ele é chamado Lebá. Na Umbanda, uma junção entre o culto africano e o catolicismo e o espiritismo europeus, Exu não é orixá, mas sim uma egrégora de diversas entidades que trabalham de acordo com as missões que lhes são dadas. O que pode ter contribuído, a partir das diversas formas através das quais essa egrégora é apresentada nesse culto, para que a sua associação ao mal fosse possível. Assim como Hermes para os gregos, e Osíris para os egípcios, Exu para o culto africano também é uma divindade que pode trazer prosperidade, fartura e sucesso. O que explica o agradecimento feito pelo jogador Paulinho, após ser convocado para a seleção brasileira. O sonho máximo de qualquer jogador de futebol profissional.

Das inúmeras postagens e mensagens em ataque a fé do jogador, me chamou atenção uma onde a imagem do jogador Neymar usando uma faixa “100% Jesus” na cabeça, se contrapõe à manifestação religiosa de Paulinho e fortalece a ideia de antagonismo e supremacia “cristã” europeia sobre as religiões africanas. Um resquício de séculos de colonização, escravização e desumanização dos povos africanos e sua cultura.

Sem contar o contrassenso do personagem escolhido para representar Jesus no time de futebol do “bem”. Aliás, desde o surgimento do movimento chamado “atletas de cristo”, onde se destacavam nomes como o do polêmico Marcelinho Carioca, do ex-atacante Miller e do tetracampeão mundial Jorginho, que foi auxiliar de Dunga na seleção e quando treinou o América-RJ sugeriu a expulsão do diabo como mascote do clube, uma ideia de meritocracia cristã nas conquistas dos jogadores foi sendo instituída no esporte. Daí, veio a chatice sistêmica de se comemorar gols apontando o dedinho para o céu agradecendo a Deus pela assistência dada. Como se do outro lado, no time adversário, Deus não estivesse ajudando aos outros jogadores. É provável que nem esteja mesmo. Nem para um lado, nem para o outro. Mas sempre vale tentar fazer prevalecer a ideia de que o vencedor está com ele e o perdedor não. Em caso de empate, foi castigo divino para os dois times.

É preciso cada vez mais falarmos sobre racismo religioso. Principalmente, quando temos um parlamento repleto de neopentecostais sedentos por poder e dominação sobre ovelhas incautas e mal instruídas. Se estamos escandalizados com o que acontece na Palestina, devemos também estar atentos ao que acontece no Brasil. Existe um projeto de poder evangélico cada vez mais ambicioso e que não medirá esforços e nem poupará vidas, se necessário, para se estabelecer definitivamente como uma teocracia no país. Se levarmos em conta que o controverso deus bíblico é a referência dessa gente, podemos esperar um genocídio particular em seu nome para fazer valer a sua vontade. Até porque, quem determina a vontade desse deus são os homens que o criaram.

E eles costumam fazer justiça com as próprias mãos. Digo, com a mão do seu deus. Que o verdadeiro Deus criador se manifeste e nos livre desses impostores racistas e preconceituosos.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/exu-nao-e-o-diabo-e-o-deus-biblico-e-uma-criacao-humana

O pecado de se levar a sério

Eu devo ter escrito em algum lugar que o Satanismo de LaVey é uma paródia religiosa que foi levada muito a sério.

A maior parte da Bíblia Satânica é um plágio do livro Might is Right. O que sobra eu considero filosofia de boteco, qualquer adolescente com algum raciocínio consegue escrever algo melhor.

7. Satã representa o homem como qualquer outro animal, às vezes melhor, mas frequentemente pior do que aqueles que caminham em quatro patas, e que graças ao seu “desenvolvimento intelectual e espiritual divino” se tornou o animal mais corrupto e cruel de todos!

As 9 declarações satânicas.

Anton Szandor LaVey.

Tem outra frase atribuída a LaVey:
“Existe uma besta no homem que precisa ser exercida, não exorcizada.”
No entanto, a primeira declaração satânica diz que apoia a indulgência. Portanto, eis a contradição, afinal, só se entregar à indulgência (hedonismo) inconsequente, a filosofia de LaVey está premiando o nosso lado animal.

Como a religião que supostamente pretende combater ou superar, o satanismo não teísta incorporou a demonologia cristã, emulou os rituais voltados à essas entidades, omitindo ou escondendo que são subversões da Igreja dos Deuses Antigos. Adotaram o símbolo do Baphomet, uma imagem que foi usada pelo esoterismo e pelo ocultismo com um caráter iniciático. A Igreja usou para justificar e cometer o assassinato dos Templários. Quantos erros ainda são necessários para se descartar essa filosofia de boteco?

LaVey e seus seguidores cometem o pior pecado. Se levam muito à sério.

Nota: essa é uma série de postagens para analisar e criticar a doutrina satanista.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

A diferença entre umbanda e candomblé

Apesar de serem duas religiões com influência de crenças africanas, e semelhantes em alguns aspectos, a Umbanda e o Candomblé têm pontos importantes que as diferenciam em relação às suas fundamentações, ritos e estrutura religiosa. Saber a diferença entre as duas é importante para combater o racismo e a intolerância religiosa que ambas as crenças sofrem no Brasil.

O primeiro ponto que diferencia as duas religiões é que o Candomblé é uma religião de matriz africana, trazida para o Brasil pelas pessoas negras escravizadas, e Umbanda é considerada uma religião brasileira, pois nasceu em solo brasileiro em 1908, e mistura crenças e mitos do Candomblé, do espiritismo, do catolicismo - devido ao sincretismo religioso - e dos elementos indígenas.

Outras diferenças são em relação ao culto aos Orixás, às vestimentas, à hierarquia, aos instrumentos, e outros pontos listados abaixo:

As duas religiões realizam o culto aos Orixás, mas cada uma os tratam de forma diferente. Na Umbanda, os Orixás são um mistério divino. Já no Candomblé, eles são considerados ancestrais supremos, com personalidades e habilidades distintas.

Na Umbanda, os rituais sagrados (giras) acontecem por meio da incorporação de espíritos humanos através dos médiuns. Há também a incorporação de entidades como caboclos, preto velho, pomba-gira, Exu e outros. No Candomblé, o espírito humano (Egun) não pode se manifestar e a conexão com os Orixás acontece no Ori (cabeça da pessoa).

No Candomblé, os seguidores da religião têm contato com o mundo superior (Orixás) através da consulta de búzios. Na Umbanda, a assistência é feita através da incorporação, onde os espíritos se manifestam para conversar com os religiosos.

Apesar das vestimentas brancas estarem presente nas duas religiões, o Candomblé também faz uso de roupas específicas para cada Orixá, com muita cor e brilho. Para os candomblecistas, é importante estar “Odara”, que na língua iorubá é o bom e bonito na mesma conjunção. 

A Umbanda faz uso o uso padrão de uniformes na cor branca, como saias e camisetas ou calças e camisetas. Há exceções em giras dedicadas a Exu e pomba-gira, onde a cor vermelha se torna presente. Também há uso de capas, cartolas, lenços em alguns terreiros.

No Candomblé há o abate de animais como galinhas e cabritos, em algumas datas do ano, para alimentar os filhos da casa e comunidade. As outras partes do animal além da carne são servidas aos Orixás como um ritual de troca de energia de vitalidade entre a pessoa iniciada e seu orixá.

Na Umbanda, não há essa prática.

Para o Candomblé, se não há música, o Orixá não desce para a terra. Por isso, a presença dos tambores é imprescindível durante as celebrações. Na Umbanda, o uso do atabaque é opcional de cada terreiro e frequentemente usado para pontos de Umbanda, cantos que se diferenciam do Candomblé, onde são entoados em alguma língua africana que aquele o terreiro tem como vertente.

Na Umbanda, não há uma hierarquia tão rígida quanto no Candomblé, onde antiguidade, em relação ao tempo de iniciação da pessoa naquele terreiro, é posto. Por isso, os mais velhos na casa são sempre reverenciados pelos mais novos. Na Umbanda, a hierarquia acontece apenas em relação ao cargo: Pai de Santo, Ogãs, Cambones e Médiuns.

Tanto a Umbanda quanto o Candomblé acreditam no retorno do espírito à terra após a morte. No entanto, para o Candomblé, essa reencarnação tem relação com o culto aos ancestrais, não tendo um objetivo fundamental para que aconteça. Já na Umbanda, o retorno acontece para que os espíritos tenham oportunidade para evoluir, até transcender e passar a um outro estágio de vida.

Fonte: https://revistaforum.com.br/cultura/2023/11/17/dia-da-umbanda-conhea-diferena-entre-umbanda-candomble-147927.html

A Deusa do meu coração


Quem viu os últimos filmes da Marvel deve ter se ca**** todo com Thanos e as Jóias do Infinito.
Lamento, garotos, mas mesmo Thanos com a manopla com as Jóias do Infinito é pequeno diante da Deusas Inanna/Ishtar.

Você ouviu falar (ou deveria ter ouvido falar) dos Annunaki, ou os filhos de Anu, aqueles que desceram do céu e (pelos mitos sumerianos) geraram (manipulação de DNA?) os humanos.

Enfim, nós temos o poder nesse nosso mundo dividido por dois Deuses - Enlil e Enki. Mas quem ficou com a Tábua dos Destinos e as Pedras ME foi Enki.

"Ao comando dele, sua arma me atingiu malignamente. Quando deixei os poderes divinos saírem de minha mão, esses poderes divinos retornaram ao abzu . Quando deixei o plano divino sair de minha mão, este plano divino retornou ao abzu . Esta tábua de destinos retornou ao abzu . Fui despojado dos poderes divinos."

Enki dividiu seu poder entre os demais Deuses, mas Inanna sentiu que ficou"desempregada".

Então, sozinha sem quaisquer funções, a grande mulher do céu, Inana , sem quaisquer funções – Inana entrou para ver seu pai Enki em sua casa, chorando e fazendo-lhe sua reclamação:

"Enlil deixou em suas mãos a confirmação das funções dos Anuna , os grandes deuses. Por que você me tratou, a mulher, de maneira excepcional? Eu sou a sagrada Inana - onde estão minhas funções?"

Então, sozinha sem quaisquer funções, a grande mulher do céu, Inana , sem quaisquer funções – Inana entrou para ver seu pai Enki em sua casa, chorando e fazendo-lhe sua reclamação:" Enlil deixou em suas mãos a confirmação das funções dos Anuna , os grandes deuses. Por que você me tratou, a mulher, de maneira excepcional? Eu sou a sagrada Inana - onde estão minhas funções?"
Enki respondeu à sua filha, a sagrada Inana : "Como eu te menosprezei? Deusa, como eu te depreciei? Como posso te aprimorar? Donzela Inana , como eu te menosprezei? Como posso te aprimorar? Eu fiz você falar como uma mulher com voz agradável. Eu fiz você sair....... Eu cobri...... com uma roupa. Eu fiz você trocar seu lado direito e seu lado esquerdo. Eu te vesti com roupas de poder feminino. Eu coloquei a fala feminina em sua boca. Coloquei em suas mãos o fuso e o grampo. Eu ... para vocês o adorno de mulher. Coloquei em vocês o cajado e o cajado, com a vara de pastor ao lado deles.
"Donzela Inana , como eu te menosprezei? Como posso melhorá-la? Entre as ocorrências ameaçadoras no tumulto da batalha, farei você falar palavras vivificantes; e no meio disso, embora você não seja um pássaro arabu " ( um pássaro de mau agouro ), farei você falar palavras de mau agouro também. Eu fiz você emaranhar fios retos; donzela Inana , fiz você endireitar os fios emaranhados. Eu te fiz vestir roupas, te fiz vestir de linho. Fiz você tirar a estopa das fibras, fiz você girar com o fuso. Fiz para você um pano tufado (?) colorido com fios coloridos."
"Inana , você amontoa cabeças humanas como pilhas de poeira, você semeia cabeças como sementes. Inana , você destrói o que não deveria ser destruído; você cria o que não deveria ser criado. Você remove a tampa do tambor šem de lamentações, Donzela Inana , enquanto fecham os instrumentos tigi e adab em suas casas. Você nunca se cansa de admiradores olhando para você. Donzela Inana , você não sabe nada sobre amarrar cordas em poços profundos."

Surpreso com o poder de Inanna, An declarou:
"O que meu filho fez? Ela se tornou maior que eu! O que Inana fez? Ela se tornou maior que eu! De agora em diante , a duração normal da luz do dia torna-se mais curta e a luz do dia é convertida em noite. A partir de hoje, quando o relógio diurno tem três unidades de duração, a luz do dia é igual à noite. E agora, quando o dia começou, foi realmente assim."
Porque você é incomparável entre os Grandes Príncipes, donzela Inana , elogiá-la é magnífico!"

Então Inanna era tanto cobiçada quanto temida. Como sendo a Deusa da Guerra e do Amor, ela tinha muitos poderes. Ciente disso, Enki, achando que era malandro, preparou algo quando ela veio visitá-lo.

Naquele dia, aquele de conhecimento excepcional, que conhece os poderes divinos no céu e na terra, que de sua própria morada já conhece as intenções dos deuses, Enki , o rei do abzu , que, mesmo antes da sagrada Inana ter se aproximado dentro de seis milhas do { abzu } {( 1 ms. tem em vez disso:) o templo} em Eridug , sabia tudo sobre seu empreendimento - Enki falou com seu homem, deu-lhe instruções.
...... ela vai beber, ...... ela vai comer. Venha aqui! ……. Eu vou ……, …… fazer. A donzela …… o abzu e Eridug , Inana …… o abzu e Eridug ……. Quando a donzela Inana entrou no abzu e Eridug , quando Inana entrou no abzu e Eridug , ofereça-lhe bolo de manteiga para comer. Deixe-a ser servida com água fresca e refrescante. Sirva cerveja para ela, em frente ao Portão dos Leões, faça-a sentir como se ela está na casa da namorada, faça dela ...... como colega. Você deve dar as boas-vindas à santa Inana na mesa sagrada, na mesa de An ."
Quando a donzela entrou no abzu e em Eridug , quando Inana entrou no abzu e em Eridug , ela pegou bolo de manteiga para comer. Serviram-lhe água fresca e refrescante e deram-lhe cerveja para beber, em frente à Porta dos Leões. Ele a fez se sentir como se estivesse na casa da namorada e a fez... como colega. Ele deu as boas-vindas à santa Inana na mesa sagrada, à mesa de An .
Então aconteceu que Enki e Inana estavam bebendo cerveja juntos no abzu e saboreando o vinho doce. Os vasos aga de bronze foram cheios até a borda, e os dois iniciaram uma competição, bebendo dos vasos de bronze de Uraš .
"Eu os darei à sagrada Inana , minha filha; talvez... não......" Santa Inana recebeu o heroísmo, o poder, a maldade, a retidão, o saque das cidades, fazendo lamentações, regozijando-se. "Em nome do meu poder, em nome do meu abzu , eu os darei à sagrada Inana , minha filha; que... não......".

6-9.Santa Inana recebeu o engano, as terras rebeldes, a bondade, o estar em movimento, o ser sedentário. "Em nome do meu poder, em nome do meu abzu , eu os darei à sagrada Inana , minha filha; que... não......".

Resumindo, Enki, bêbado, entregou as Pedras do ME para Inanna. Ao contrário do que muitos dizem, acusando ela de roubo. Como diz o ditado, se não aguenta, bebe leite.

E mesmo com todo esse poder, Inanna/Ishtar pouco pode fazer quando desceu ao Mundo dos Mortos. Foi esse texto sagrado que eu usei quando eu estive no pior momento de minha vida.

Grande é Diana? Maior é Inanna/Ishtar.
Nota: imagens geradas por inteligência artificial, através do Bing Image Generator.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

A revolução sexual no século XXI

Na abertura de "Orlando, minha biografia política" (2023), o filósofo Paulo Preciado, que assina o roteiro e a direção do longa, explica por que não escreve uma autobiografia, pois, para ele, ela já foi escrita, e a autora é a lendária escritora Virginia Woolf.

O livro em questão é "Orlando, uma biografia", publicado originalmente em 1928. A obra de Virginia Woolf é considerada uma das principais do modernismo e gerou um grande alvoroço quando lançada: de crítica e de venda, o livro foi um sucesso absoluto.

Mas por que, para Paulo Preciado, o livro "Orlando, uma biografia" trata-se de sua vida biografada por Virginia Woolf? Para responder a tal pergunta, é preciso voltar um tanto no tempo e compreender o contexto social e histórico do momento em que "Orlando" é publicado.

Virginia Woolf já era uma renomada escritora, ensaísta e ativista política vinculada às teses trabalhistas, muito em voga no começo do século XX na Inglaterra. Antes de "Orlando, uma biografia", Virginia já havia publicado “Mrs. Dalloway” (1925) e “Ao Farol” (1927), duas obras-primas que versam sobre os impactos da Primeira Guerra Mundial e da decadência dos valores que regiam a sociedade inglesa, que ainda buscava entender o que era viver sem o poder regencial.

“Mrs. Dalloway” e “Ao Farol” colocam a autora como uma das principais escritoras do modernismo, principalmente devido ao uso do fluxo de consciência na escrita, método ao qual Virginia Woolf é considerada uma das precursoras.

Mas, com "Orlando, uma biografia", Virginia Woolf dá um passo adiante e, além de toda a sua inventividade estética, ela apresenta ao leitor a história de um personagem aristocrata que vive 400 anos, parte deles como homem, parte deles como mulher.

Com a transformação de Orlando em mulher em determinada parte da trama, Virginia Woolf busca desmontar valores da decadente sociedade vitoriana que iriam cair - a criminalização da homossexualidade - e outros iriam surgir - o direito das mulheres ao trabalho, ao voto e à herança, e o fim da divisão binária das roupas em "masculinas" e "femininas".

Outro detalhe importante da obra "Orlando" e que geralmente não é trazido à tona é que se trata de uma obra dedicada à Vita Mary Sackville-West, com quem Virginia Woolf manteve uma relação de profundo amor e amizade. Mas, em que sentido “Orlando” é a biografia de Vita?

Vita Mary Sackville-West viveu um casamento de fachada (em comum acordo) com o diplomata e escritor Harold George Nicholson, pois ambos eram homossexuais, prática que era crime na Inglaterra e que só deixou de ser um delito em 1967.

Portanto, “Orlando, uma biografia” é um livro que teve por objetivo derrubar todos os valores morais herdados da Era Vitoriana, que marca o fim da Monarquia enquanto poder político.

Não à toa, a obra de Virginia Woolf causa rebuliço e isso por alguns motivos: pelo fato de tratar abertamente de questões como sexualidade, vestimenta, binarismo de gênero e liberdade e autonomia às mulheres e às LGBT+. O velho mundo precisava morrer, e Virginia sabia que tal realidade estava com os dias contados.

Em seu filme, Paul Preciado traz para o século XXI a escritora Virginia Woolf e as questões por ela abordadas em seus livros “Orlando, uma biografia” (1928) e “Um teto todo seu” (1929). Mas, Preciado avisa Virginia: o seu Orlando se multiplicou e se espalhou pelo mundo todo.

Dessa maneira, Paulo Preciado traz para o seu filme uma série de pessoas transexuais e não binárias que interpretam Orlando nos dias de hoje, mas que agora precisam enfrentar outras barreiras: a tirania do diagnóstico médico que decide quem é “mulher” e quem é “homem”, o acesso ao direito civil e, principalmente, o direito ao nome e a uma identidade.

Ao colocar em seu filme as narrativas dos diversos Orlandos, Paul Preciado atualiza os valores morais e sexuais que estão decrépitos e que irão cair por terra. Assim como Virginia Woolf acreditava, Preciado também trabalha com a perspectiva de que há uma revolução sexual em curso no século XXI e que não há mais volta e, mais importante, tudo será transformado.

Sabe-se muito bem que uma revolução não é algo que se dá da noite para o dia; pelo contrário, ela demanda muito tempo de preparo e construções políticas, ocupações dos espaços de poder, destruição das velhas normas e a ocupação de tais espaços com uma outra forma de vida.

Em 2001, ao publicar o livro “O Manifesto Contrassexual” (Zahar), Paulo Preciado chacoalhou o mundo dos estudos de gênero, sexualidades e, principalmente, aqueles voltados para os estudos gays e lésbicos.

Provocador, Preciado propõe a substituição por completo do Contrato Social que nos rege até hoje, pois, para ele, tal contrato ainda é eivado de patriarcalismo, sexismo e, principalmente, marcado por uma profunda desumanização das pessoas LGBT+.

Se em suas primeiras obras, Preciado realiza críticas contundentes às identidades, é verdade que tal posicionamento já não é o mesmo - não que ele tenha abandonado o caráter radical e queer de suas teses -, mas reposicionou certas críticas ao tratar das identidades enquanto fator de peso na disputa política em curso.

É fato que elas, as identidades, não são estáticas, como pretende fazer crer o pensamento conservador, mas também é verdade que uma vida fora das identidades está muito longe de ser algo palpável e estratégico politicamente. Paul Preciado é um filósofo, mas também é um militante político, e isso faz toda a diferença em sua atuação.

Dessa maneira, em seu filme “Orlando, minha biografia política”, Preciado passa longe de qualquer discussão que nos remete às teses queer, das quais ele é a principal referência, mas passa os 90 minutos de duração de seu longa-metragem a discutir as identidades trans, a não binariedade e o fim do discurso médico enquanto regulador dos corpos classificados como “anormais”.

Portanto, podemos afirmar que Paul Preciado continua a revolução sexual iniciada por Virginia Woolf e os responsáveis por levarem a cabo tal transformação radical das sociedades serão os Orlandos espalhados, mas também unidos e com muita raiva, ao redor do mundo.

Fonte: https://revistaforum.com.br/opiniao/2023/11/14/virginia-woolf-paul-preciado-revoluo-sexual-no-seculo-xxi-147740.html

Grande é Diana


No estilo de Silas Malafaia, Saulo/Paulo pregava contra o artesanato de estátuas, sendo que pode-se ler nos textos sagrados que o próprio Deus bíblico ordena que sejam feitas esculturas.
Na história do Cristianismo, a idolatria e a iconoclastia resultou em muitas lutas, mas isso é um outro assunto.

Segundo o texto sagrado:
"²⁶ E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos.
²⁷ E não somente há o perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram.
²⁸ E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos efésios. 

Atos 19:26-28.

O templo foi uma das sete maravilhas do mundo antigo. Em 21 de julho de -356, na mesma noite em que nasceu Alexandre III, “o Grande”, o santuário foi incendiado. Segundo Plutarco, a deusa “estava tão ocupada cuidando do nascimento de Alexandre que não pôde ajudar o próprio templo”. Anos depois, Alexandre ajudou a reconstruí-lo. Em 262 o templo foi destruído pelos godos e novamente reconstruído; em 401 o templo foi finalmente destruído por instigação de São João Crisóstomo, em meio à histeria dos cristãos contra o paganismo.
(https://greciantiga.org/img.asp?num=0594)

Mas o templo é descrito como sendo de Ártemis. Afinal, qual é a Deusa de Éfeso?

No século -VI o artemision de Éfeso era a maior edificação de toda a Grécia. A construção de mármore, conhecida entre os arqueólogos por “templo D”, foi erguida sobre as fundações de templos anteriores possivelmente dedicados à deusa Cibele e que remontam ao século -VII. Demorou cerca de um século para ficar pronto e, segundo a tradição, o rei Creso da Lídia doou muito dinheiro para a construção.
(https://greciantiga.org/img.asp?num=0594)

Complicado? Nem tanto. Ao contrário do Cristianismo, a religião antiga permitia o sincretismo e a adoração de quaisquer Deuses. Era muito comum que cada um visse, interpretasse e identificasse um Deus ou Deusa com o nome que era mais conhecido/a em sua cultura, conforme os epítetos e símbolos utilizados na representação desse Deus ou Deusa.

Mas não podemos confundir. Ainda que Diana seja identificada com Ártemis, nós falamos de Deusas diferentes.
Diana é mais conhecida pelo seu santuário no lago de Nemi, sobre quem escreveu James Fraser no livro "O Ramo Dourado", onde inclusive é citado o hierogamos, então não combina, ou é contraditório dizer que Diana é virgem.
Assim como sua contraparte grega, Ártemis, Diana era chamada ou conhecida como "virgem" por não ser casada com um Deus, não por não ter relações sexuais.
Ártemis é irmã gêmea de Apolo e suas origens, como Hécate, é Frígia. Os Romanos simplesmente assimilaram a mitologia de Ártemis e a atribuíram a Diana.
Igualmente de origem Frígia, Cibele foi também conduzida para Roma com toda a pompa, antecipando a adoção do culto de Ísis por Roma. Então em Roma (e entre os Romanos) não existia xenofobia nem racismo, viu, Caturo?

Pela imagem encontrada em Éfeso, a imagem tem a mesma coroa de Cibele. Adornada no tórax com o que parece ser um colar de testículos (que foi confundido com seios, também com grãos e ovos), novamente a imagem confirma sua identidade com Cibele. Seu torso, da barriga, até seus pés, parece ser uma colunata repleta da representação de animais, identificando a divina em seu epíteto de Potnia Theron, ou senhora dos animais, um epíteto muito comum a inúmeras Deusas, dos cultos às Deusas Mães.

Mas a minha preferida é outra.

domingo, 19 de novembro de 2023

A resolução da CNJ

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou de forma unânime, nesta terça-feira (14), uma resolução que visa garantir a igualdade de direitos no processo de adoção, proibindo magistrados de recusarem a autorização com base em critérios como orientação sexual e identidade de gênero dos adotantes.

A medida tem como objetivo principal evitar que casais homoafetivos e pessoas transgênero sejam discriminados durante o processo de adoção. A resolução também impede a discriminação daqueles que buscam adotar individualmente, seja como pai ou mãe solo.

De acordo com o texto, os tribunais e magistrados devem zelar pela igualdade de direitos e combater qualquer forma de discriminação no âmbito do processo de adoção. A resolução destaca que a decisão do juiz deve se basear no interesse das crianças e dos adolescentes, sendo a idoneidade e a capacidade de exercer a função parental os critérios fundamentais para orientar essa tomada de decisão.

“A aprovação dessa resolução importará em um importante passo para acrisolar qualquer forma de discriminação nas atividades do Poder Judiciário, nessa tão importante missão, que é a de garantir direitos fundamentais à formação de família”, afirmou o conselheiro Richard Pae Kim, relator da proposta, que coordenou a comissão de juízes responsável pela versão final da resolução apresentada ao plenário do CNJ.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/cnj-proibe-juizes-de-negarem-adocao-por-orientacao-sexual-e-identidade-de-genero/

Macron e o aborto

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou neste domingo (29) que o seu governo planeja inscrever o direito ao aborto na Constituição para torná-lo "irreversível".

Macron indicou que um projeto de lei será apresentado na próxima semana ao Conselho de Estado, o máximo tribunal administrativo da França, com o objetivo de incluir o direito ao aborto na Constituição até o final do ano.

"Em 2024, a liberdade das mulheres para abortar será irreversível", escreveu ele na rede social X (antigo Twitter).

O presidente francês havia prometido este registro no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em resposta às preocupações levantadas pela revogação do direito federal ao aborto nos Estados Unidos no ano passado. 

As revisões constitucionais na França exigem um referendo ou a aprovação de pelo menos três quintos dos membros reunidos de ambas as câmaras do Parlamento.

O aborto foi descriminalizado na França em 1975. De acordo com uma pesquisa de novembro de 2022, 86% dos franceses são a favor da inclusão do direito ao aborto na Constituição. 

Segundo dados do governo, 234 mil abortos foram realizados na França no ano passado.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2023/10/amp/5138602-franca-vai-inscrever-o-direito-ao-aborto-na-constituicao-anuncia-presidente.html

sábado, 18 de novembro de 2023

Os Anglicanos e a união homossexual

Dezenas de bispos emitiram uma declaração pública afirmando a necessidade de emir diretrizes pastorais que permitam que padres celebrem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Assim, 44 bispos, incluindo 15 diocesanos e 29 sufragâneos, assinaram a declaração.

Nesse sentido, entre aqueles que assinaram a declaração estão o Bispo de Bristol, Vivienne Faull, o Bispo de Buckingham, Alan Wilson, o Bispo de Chelmsford, Guli Francis-Dehqani e o Bispo de Liverpool, John Perumbalath. Eles disseram que há uma “necessidade de um fim rápido à atual incerteza para clérigos e ordenandos LGBTQIA+”.

"Esperamos que emitam orientações sem demora, que incluam a remoção de todas as restrições para clérigos entrarem em casamentos civis do mesmo sexo, bem como para bispos ordenarem e licenciarem esses clérigos, além de conceder permissões para oficiar”, escreveram.

De acordo com Christian Today, a declaração foi publicada dias antes da Reunião Geral de novembro, quando o órgão parlamentar da Igreja Anglicana debaterá o trabalho feito pela Câmara dos Bispos sobre as “Orações do Amor e da Fé” desde fevereiro, quando o Sínodo as apoiou.

“Sabemos que nem todos concordarão, mas é nosso desejo que encontremos uma maneira de reconhecer e honrar nossas diferentes perspectivas e o presente que somos uns para outros na vida da Igreja da Inglaterra, de modo que ninguém precise agir contra sua consciência ou convicção teológica”, acrescenta a declaração dos bispos.

Desse modo, as “Orações do Amor e da Fé” representam uma quebra com o cristianismo bíblico ao oferecer bênçãos para casais do mesmo sexo. Evangélicos na Igreja da Inglaterra tem as contestado, incluindo 11 bispos que expressaram seu desacordo, como o Bispo de Blackburn, Philip North, o Bispo de Chichester, Martin Warner e o Bispo de Ebbsfleet, Rob Munro.

"Compartilhando as profundas preocupações de muitos na Igreja da Inglaterra e na Comunhão mais ampla, com pesar encontramos necessário discordar publicamente das decisões da Câmara”, disseram.

Por fim, na próxima semana, os membros do Sínodo discutirão as medidas que estão sendo tomadas para implementar as “Orações do Amor e da Fé” e as diretrizes pastorais que estão sendo elaboradas à luz das orações. A Igreja da Inglaterra deve concluir o processo completo para implementar as orações até 2025, após consultar as dioceses e obter a aprovação do Sínodo Geral.

Nota: notícia publicada em uma página direcionada aos evanjegues. Desde sua fundação, o Cristianismo teve várias vertentes e doutrinas. Mas, infelizmente, tem os intolerantes fundamentalistas.

O manto de açafrão

Um recurso disponível aos pagãos modernos são os Hinos Órficos. Ainda que seja atribuído à Orfeu, as composições tem diversos autores e a primeira referência aos 86 hinos é feita no século XII DC, por João Galeno.
Os hinos foram escritos na métrica do hexâmetro dactílio. Destes, o que certamente é mais usado pelas bruxas modernas é o hino de Hécate. O curioso é que esse hino é parte da composição número zero. Como se fosse um preâmbulo.

O problema é a tradução. Aqui, a língua é uma versão do português, uma língua latina, nosso nexo de poesia não compreende a poesia épica grega.

Eu vou pegar emprestado as traduções para o inglês, traduzido para o português brasileiro com o Google Tradutor.


Eu chamo Hécate Einodiana, adorável dama, de estrutura terrena, aquosa e celestial,
Sepulcral, vestida com um véu açafrão, cercada por fantasmas sombrios que vagam pela sombra;
Salve a caçadora persa e invencível! O porta-chaves do mundo nunca está condenado a falhar
Na rocha áspera para vagar por tuas delícias, líder e enfermeira estejam presentes em nossos ritos
Propício conceda sucesso aos nossos justos desejos, aceite nossa homenagem e o incenso abençoe.
(Theoi)

Eu chamo Ækátî da Encruzilhada, adorado no encontro dos três caminhos, ó adorável.
No céu, na terra e no mar, você é venerada em suas vestes cor de açafrão.
Daimôn fúnebre, celebrando entre as almas dos que já faleceram.
Persa, gosta de lugares desertos, você se delicia com veados.
Deusa da noite, protetora dos cães, Rainha invencível.
Atraída por uma junta de touros, você é a rainha que detém as chaves de todos os Kózmos.
Comandante, Nýmphi, educadora de crianças, você que assombra as montanhas.
Reze, Donzela, participe de nossos rituais sagrados;
Seja sempre gentil com seu pastor místico e alegre-se com nossos presentes de incenso.
(Hellenic Gods)

A tradução do inglês ficou ruim. E eu não tenho capacidade para traduzir do original.

O epíteto de Hécate mais evidente é que ela está presente nas encruzilhadas e nos caminhos. Ela é representada com três faces exatamente para demostrar seu domínio sobre a encruzilhada, tal como as tradições africanas reconhecem tal regência para Exú.

Algo que é interessante é a suas vestes, de cor de açafrão. Um estudioso deve querer saber o motivo. A cor de açafrão é conhecida por ser a cor da pureza espiritual. Não é mera coincidência que os monges budistas usem mantos dessa cor.

Ela é chamada de Persa porque consideram que ela seja filha de Perses. Sua mãe pode ser Astéria ou Nix. Perses é o Deus da destruição, Astéria é a Deusa das estrelas cadentes e Nix é a Deusa da noite.

Ela fazia parte dos Titãs (não a banda), mas na luta entre os Titãs e os Olimpianos, Hécate escolheu lutar ao lado de Zeus. Dos Deuses Gregos, ela é a única que nunca possuiu um templo ou sacerdotes fixos. Não obstante, os nossos ancestrais cantavam hinos e faziam oferendas à ela nas encruzilhadas.

Ela também exerce um papel importante na mitologia de Deméter e Perséfone.  Ela conduziu Deméter pelo reino de Hades, por isso ela é representada portanto tochas, acompanhada por uma matilha de cães e é considerada a condutora das almas dos mortos. Então é compreensível que ela seja representada entre sepulcros e cercada por almas.

Sua natureza, ctônica, além de sua progenitora e seu papel em mitos tão relevantes, torna evidente o motivo pelo qual ela é considerada a Deusa da bruxaria.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Batismo liberado

O Vaticano anunciou mudanças que permitem que pessoas transgênero sejam batizadas e atuem como padrinhos durante os batismos na Igreja Católica. A decisão é uma resposta ao bispo brasileiro José Negri, da Diocese de Santo Amaro (SP), que enviou seis perguntas relacionadas às pessoas LGBTQIAP+ para o Dicastério da Doutrina da Fé, um departamento da Santa Sé.

O documento, aprovado pelo papa Francisco durante audiência realizada no dia 31 de outubro, também estabelece que pessoas trans possam ser testemunhas de casamento. Além disso, determina que filhos de casais homoafetivos devem ser batizados, mesmo que tenham nascido de barriga de aluguel, desde que "haja uma esperança bem fundamentada de que eles serão educados na fé católica".

Doutor em teologia moral e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), André Boccato define a resolução como um sinal verde para que a religião católica escute, dialogue, acompanhe e se integre às mudanças. "Respondendo à pergunta do bispo, o papa está indiretamente dando um aviso de que a Igreja Católica jamais pode excluir alguém", avalia.

Diante das questões enviadas pelo bispo brasileiro, a conclusão do pontífice e do chefe do Dicastério da Doutrina da Fé, o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, foi de que os sacramentos são permitidos "se não houver situações em que haja risco de causarem escândalo público ou desorientação entre os fiéis". O teólogo ressalta que, principalmente com relação ao batismo e ao matrimônio, existe um código de direito canônico da Igreja, de alcance universal.

Segundo Boccato, a decisão pode ser interpretada sob duas óticas que se completam: uma delas canônica-institucional e a outra de caráter teológico. "A grande preocupação de Francisco em seu pontificado, que completou 10 anos em março, é a de que a Igreja se aproxime das pessoas. Mais do que ser próxima, seu desejo é acolher e integrar, sem discernir."

Francis DeBernardo é diretor-executivo do New Ways Ministry ("Ministério Novos Caminhos"), organização de defesa e justiça para católicos LGBTQIAP+ sediada em Mount Rainier (Maryland). Para ele, a mudança ajudará outros católicos a enxergarem as pessoas trans como pessoas de fé. "Há uma suposição de que essas pessoas estão fora da Igreja ou não são membros fiéis, o que é totalmente falso", argumenta. "Quando outros católicos as virem nesses papéis sacramentais, entenderão a seriedade da fé transgênero."

DeBernardo ainda aponta que, antes do anúncio, não havia nenhuma restrição às pessoas LGBTQIAP na religião católica e tudo dependia de visões individuais dos padres e bispos. Agora, ele afirma que a medida ajudará na inclusão da comunidade nas igrejas. "Acredito que haverá alguma resistência, mas essas novas políticas são uma base para que pessoas trans apelem contra proibições locais", aponta.

Apesar do avanço, ele destaca que há muito a ser feito. "Ainda temos que considerar tópicos, como pessoas transgênero serem permitidas a trabalhar nas igrejas e não serem demitidas por sua identidade de gênero", destaca. Ele também diz ser preciso mais proteção dos direitos de pessoas trans em instituições católicas, particularmente em hospitais.

Em relação ao cenário brasileiro, o teólogo André Boccato considera que mesmo em um país onde a questão LGBTQIAP+ ainda é um tabu — o Brasil está no topo do ranking de nações que mais matam pessoas trans no mundo, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) —, a carta do Vaticano terá um impacto positivo. "Será um eco, no sentido de dizer que a vida sacramental não é apenas para os santos, para os puros, para os perfeitos, mas um caminho para todos."

"O papa, de fato, sabe das resistências que há na Igreja e reconhece que elas podem gerar uma violência simbólica, existente nas religiões. Ele quer retomar o que é mais fundamental ao cristianismo, o amor. O maior dos mandamentos é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, conclui.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2023/11/6653200-igreja-papa-decide-que-catolicos-transgenero-podem-ser-batizados.html