quarta-feira, 27 de abril de 2022

As mentiras do Carmadélio

Carmadélio, autor do blog Shalom, é católico, uma das muitas vertentes do Cristianismo e, como seus "parentes", demonstra ter dificuldades em lidar com fatos, história, antropologia e interpretação de texto.
Ele escreve muitas mentiras sobre a condição da mulher, na Antiguidade, no Feminismo, no Cristianismo e na religião antiga [Paganismo].
Ele começa mal ao afirmar: "vou mostrar como o Cristianismo colocou a mulher em uma situação muito melhor do que qualquer outro sistema religioso ou filosófico que já existiu."
Ele convenientemente esquece, omite ou ignora Tomás de Aquino, [santo] Agostinho, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, entre outros "santos doutores" da Igreja. Ele esquece o Santo Ofício, a Inquisição, que prendeu, torturou e matou milhares de mulheres sob acusação de heresia e bruxaria.
Resumindo, ele desconhece a história e a teologia de seu credo.
Continuando no texto: "A vida da mulher não era fácil nas culturas antigas. Em geral, eram propriedade dos maridos. Não eram consideradas capazes ou competentes para agirem independentemente."
Fontes? Carmadélio demonstra ignorância, senão tendenciosismo e má-fé, ao falar das culturas antigas.
Os Etruscos forma conhecidos não apenas pelo estado de urbanização e cultura avançada, mas pela igualdade de gênero. Entre os Bretões [e povos Celtas em geral] a mulher assumia cargos de importância social como rainhas, sacerdotisas e guerreiras. Ao contrário das civilizações clássicas [Gregos e Romanos] as Deusas eram tão senão mais adoradas que os Deuses. Os mitos demonstram uma equivalência de poder e força entre Deuses e Deusas.
No Oriente Médio temos as grandes civilizações dos Hititas, dos Filisteus, dos Cananeus, dos Frígios, dos Assírios, dos Acadianos e Sumerianos, de onde se originaram o culto à Deusa-Mãe.
Na África, temos a civilização dos Egípcios onde a história ainda se lembra das mulheres-faraó que reinaram e deixaram sua marca de beleza na arte, como Nefertiti, Hashepsut, Cleópatra.
Em suma, das civilizações antigas, apenas a dos Gregos e a do Romanos a condição da mulher estava abaixo da condição de um escravo.
Resumindo, ele desconhece as culturas antigas, ou convenientemente distorce os fatos apenas para sustentar suas opiniões.
Sabendo que lhe faltam razões, argumentos e fatos, emenda, finalmente:
"O que o paganismo faz para proteger a mulher? Nunca fez nada, e nunca fará. E estas outras religiões não-cristãs? Normalmente colocam o sexo feminino em uma posição inferior a do homem. E o humanismo? Nada trouxe de bom para as mulheres. Na prática, uma vertente humanista (evolucionista) ensina que nada há de especial na humanidade; tudo que há é resultante de acaso. Somente o mais forte sobrevive (ou domina). Se for o sexo masculino, assim deve continuar a ser. É natural que seja assim. Não há justificativa moral (do ponto de vista evolucionista) para proibir a violência física, sexual, emocional à mulher, e nem mesmo porque condenar posicionamentos machistas."
Novamente, Carmadélio parte de distorções deliberadas para fazer acusações infundadas. Em seus 2k anos de existência, o Cristianismo foi quem mais diminuiu a mulher, a colocando como cidadão de segunda categoria. Foi graças ao Humanismo e ao Feminismo que a mulher pôde votar, trabalhar, dirigir carros e se divorciar. Basta uma leitura nas notícias para ver que a Igreja ainda é um obstáculo aos direitos da mulher, especialmente em seus direitos sexuais e reprodutivos. O machismo, a violência moral, física e sexual contra a mulher é sustentado e baseado na misoginia teológica contida no Cristianismo. Ainda nos dias de hoje a Igreja não reconhece o sacerdócio das mulheres enquanto que nas religiões não-cristãs elas são reverenciadas e costumam ser referência para uma vida espiritualizada.
Boa tentativa, Carmadélio e Leandro Teixeira, verdadeiro autor do texto citado.
Mas mentir é pecado.

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