domingo, 23 de setembro de 2007

Confiança, caráter, honra

Atualmente é muito difícil haver confiança entre as pessoas e não é para menos, aqui no Brasil vale a máxima ‘cada um por si’ ou pior, o ‘levar vantagem em tudo’.
Nós não temos confiança sequer em nós mesmos, haja visto a aparente indiferença dos brasileiros quanto aos rumos desta nação. Um povo que não tem confiança na sua comunidade não devia ficar tão surpreso com as traições cometidas pelos políticos brasileiros.
Nossos antepassados tinham duas coisas que valiam mais que dinheiro. Uma é caráter, algo que demora para ser construído e mantido. Outra é honra, mas não essa honra idiota que alguns homens evocam para matar suas mulheres.
Antigamente, a palavra de uma pessoa valia muito por causa da honra e do caráter que a pessoa demonstrava ter. Se confiava nas pessoas porque havia efetivamente uma vida comunitária, as pessoas trocavam mercadorias e favores, sem pensar em tirar vantagem ou juntar mais moedas do que o necessário.
Dentro da comunidade, todos se conhecem, todos sabem que podem contar com a ajuda e auxílio de seu vizinho, mesmo viajantes podiam contar com a hospitalidade da vila. Cada habitante contribuía com trabalhos ou víveres pensando no bem comum. Anualmante todos se juntavam para celebrar a colheita, trazendo aquilo que de melhor havia produzido para compartilhar debaixo da lua. Anualmente todos de juntavam para resistir ao inverno, a estiagem e a escassez, dividindo os mantimentos entre todos.
Nessas rodas, os velhos podiam contar as lendas que reviviam a fundação do mundo e de seu povo, as pessoas experimentavam na pele sua convivência com seus Deuses e os sacerdotes buscavam orientar espiritualmente seu povo.
Nesse cenário, os reis e sacerdotes eram escolhidos pela comunidade não por sua riqueza ou prestígio social, mas pelo serviço e envolvimento com a comunidade. Os idosos eram respeitados porque eram portadores da herança e da memória. As crianças podiam crescer fortes, saudáveis e seguras.
Por não terem livros escritos, nossos antepassados foram vistos como primitivos, incultos.
Curiosamente, aos poucos, esse preconceito acabou ao se achar a arte e as escrituras cerimoniais por toda a Europa e hoje nós podemos ler a beleza das antigas sagas e lendas orais de nossos antepassados e nos maravilhar como eles eram civilizados.
Em algum momento nós mudamos ou fomos levados a mudar. Nós deixamos de nos importar com nossas crianças, com os jovens, com os idosos. Abandonamos o cuidado com o ambiente, com a cidade, com o país. Nós estamos nos deixamos levar por sacerdotes mal intencionados ou por revelações interpretadas de livros.
Entretanto, apesar de tudo, eu ainda confio nas pessoas, eu ainda tenho esperanças que o brasileiro seja cidadão.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Que venham as flores

O inverno está de partida do Brasil e não mostrou muito trabalho. Ele certamente foi influenciado pelos hábitos locais.
Foi-se o tempo que de Julho a Setembro os paulistanos sofriam com o inverno e as chuvas de meia estação. Eu fico preocupado com o ano seguinte, que certamente mostrará mais dramaticamente a alteração climática global.
Enquanto o ano seguinte não vem, trazendo consigo o circo eleitoral, os brasileiros poderão desfrutar a partir de 22 de Setembro o inicio da primavera.
Um momento para comemorar e celebrar a volta das flores, da fertilidade, do sol.
Os pagãos brasileiros irão comemorar nessa data o Ostara, a ‘Páscoa’ dos Pagãos, enquanto nossos irmãos do hemisfério norte comemoram o Mabon, a “Quaresma’ dos Pagãos.
A idéia de que a natureza sempre se renova, ciclicamente, infalivelmente, é um motivo para nós meditarmos sobre as renovações necessárias em nossa família, em nossa cidade, em nosso país, em nossas leis, em nossa sociedade.
Também é um momento para começarmos a ter mais responsabilidade, mais consciência e mais compromisso com a nossa cidadania, com nossa comunidade e com nosso ambiente.
Ou seja, ao invés de nos indignarmos com os atos de nossos governantes, nós estamos ganhando a oportunidade de moralizar a política nacional, com a nossa organização e mobilização política.
Não devemos esperar que nossos políticos tenham vergonha na cara, nós é que temos que ter vergonha, nossos políticos são apenas um reflexo de nossa sociedade.
Eu espero, como brasileiro e pagão, que nesta primavera venham os ventos da mudança e o Brasil possa se renovar.
Que venham as flores!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Publicidade e Proselitismo

Nós somos uma espécie que gosta de se expressar, de se comunicar, de trocar idéias e expor opiniões sobre os mais diversos assuntos.
No campo da religião não é diferente. Grupos e intituições que representem um credo fazem uso dos meios de comunicação de massa para divulgar a doutrina dessa religião, incluindo esse blog.
Uma pessoa interessada em desenvolver sua espiritualidade pode encontrar em bancas de jornais e livrarias muitos textos para se desenvolver ou mesmo vir a escolher um credo em especial.
A ferramenta mais atual de divulgação de conhecimento, a Internet, também oferece muitas opções.
Nem sempre as coisas foram assim. Até meados do século XVIII, não era sequer permitido às pessoas comuns lerem a bíblia nem traduzí-la para o idioma local.
Com a Reforma Protestante e a Renascença, a Igreja Católica perdeu muito de seu poder e influência o que tornou possível a distribuição em massa da bíblia na vulgata, juntamente com a versão do Protestantismo.
Com a Revolução Industrial e o desenvolvimento da Ciência, apareceram os primeiros pensadores ateístas e a divulgação de textos de ocultismo.
Enquanto a Igreja Católica e a Igreja Protestante brigavam, livres pensadores e mestres esotéricos iam aproveitando o espaço para divulgarem seus trabalhos.
Graças a esta coragem, a Humanidade pode sair aos poucos de debaixo da sombra de terror das Igrejas.
Somente com a invenção da imprensa, do rádio, da televisão e da internet é que apareceu a Publicidade Religiosa.
O maior utilizador das técnicas da Propaganda Moderna são as Igrejas, que perceberam o potencial dessa ferramenta para aumentar a freguesia e também para evitar que seus membros se desgarrassem.
A maior característica da Propaganda Religiosa é o Proselitismo, ou seja, mensagem calculadas e projetadas para converter o público a uma determinada Igreja, com mensagens muitas vezes carregadas de críticas a outros credos, quando não cheias de calúnia.
A marca registrada do Proselitismo consiste em omitir partes dos textos da bíblia que sejam contraditórios, descontextualizá-los ou mesmo induzir o público a aceitar a interpretação dada a este livro.
Para uma pessoa comum, qualquer texto lido por meio de artigo, revista ou livro que trate de alguma religião acaba sendo confundido como Proselitismo, mas ao contrário da estratégia das Igrejas, o Paganismo e a Wica são contrários ao Proselitismo.
Não é porque existe mais publicidade desses credos que isto signifique tal prática. A intenção de quem escreve sobre Paganismo e Wica é o de divulgar, tornar pública essa possibilidade a todos de opção até hoje negada pelas Igrejas.
Nenhum escritor irá falar de Paganismo ou Wica como se estes fossem as únicas opções, nem que estes credos são os verdadeiros ou que estes caminhos sejam os corretos.
A intenção de quem escreve sobre Paganismo e Wica é o de abrir um debate, sem impor uma doutrina religiosa. Quem segue o Paganismo e a Wica gosta e defende o livre diálogo, o direito de todos de optar e a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Como viver sem medo

Em nossa rotina diária, nós convivemos com várias exigências em muitos aspectos da vida. Isso cria um clima de incerteza ou insegurança quanto ao nosso futuro e bem-estar.
Esse tipo de problema é bem real e imediato, mas pode ser resolvido através de uma consciência social e política. Nós podemos e devemos tomar as rédeas do destino de nosso país.
Entretanto existem problemas que não são tão tangíveis, mas que podem ser considerados igualmente reais, ainda que pertençam ao âmbito espiritual.
Essas preocupações vêm de nosso antepassados que, desde as mais remotas eras, procuravam cuidar de seus mortos. A reverência aos ancestrais desenvolveu em nós esse sentimento da presença de espíritos e entidades nesse mundo, que merecem igualmente oferendas e reverência.
Desse sentimento encontramos os Deuses, seus mitos, ritos e cerimônias. Os Deuses são os mecanismos da natureza e são as fatalidades da vida. Cabe a nós escolher se aprendemos a lidar com essa verdade ou se nos rebelamos infantilmente. Esse é o verdadeiro sentido do livre-arbítrio.
Para o pagão, o sentido de que os Deuses são a Vida e esperam que vivamos plenamente está bem evidente, mas em outras religiões o sentido é bem diferente.
Nas religiões onde se é idealizado um estado de pureza, a aversão a este mundo, a esta vida e aos prazeres é mais evidente. Sem atingir esse estado artificial de pureza, de virtude, não é possível entrar no Paraíso.
Enquanto para o pagão não faz o menor sentido não desfrutar da vida, para o cristão é fundamental ter uma vida de privações para merecer esse Paraíso idealizado, não porque o Deus Cristão é bondoso, mas porque o cristão teme o Inferno. Esse terror psicológico é a arma mais utilizada, nos discursos escatológicos, para manter a estrutura e o poder dos templos do Deus Cristão.
No mundo carnal, a humanidade tem conseguido resistir e lutar contra o terror e a tirania. Todos nós podemos também resistir e lutar contra o terror e a tirania no mundo espiritual. Basta ter a consciência de que a vida, neste ou noutro mundo, é resultado de nossos méritos, os Deuses nos dão o que cultivamos.
Se Deus ensina pela religião uma vida de ascetismo, tudo que se obterá é aridez e esterilidade. Se Deus se mantém pelo medo e ameaça, tudo que se viverá é servidão e obediência. Se Deus te fala por um livro sagrado, um sacerdote, um templo, não pelo coração, pela vida, pela natureza, esse é um Deus pequeno e mesquinho.
Não queira ganhar um Paraíso assim. Não tema o Inferno. Esse Deus merece apenas teu desprezo. Viva com abundância nesse mundo e continue a viver com abundância, na Terra da Juventude, junto com teus ancestrais e os Deuses da Vida!

sábado, 25 de agosto de 2007

A raiz de todo o medo

Nós somos acometidos por várias formas e graus de medo. A ansiedade e a angústia são formas de medo.
O medo é uma memória herdada de nossos antepassados que, não tendo outra forma de compreender a vida e a natureza, emprestou a fatos e fenômenos casuais, uma causa espiritual.
Segundo Oliveira Martins, este é a raiz de toda religião e, por consequência, a razão dos ritos e cerimônias que fazem parte destas religiões.
Quando vemos algumas das receitas que são veiculadas por livros, revistas e jornais, muitos de nós podemos dar risada e imaginar como é possível ainda existir tanta superstição, mas atrás dessa superstição está uma tradição cultural que tem sobrevivido por milênios.
A tradição de fazer oferendas em busca de cura, sorte, trabalho está presente o mesmo princípio buscado pelos xamãs, mais tarde dos sacerdotes. Com as oferendas se busca os favores dos Deuses ou suborná-los por uma fortuna melhor. Com isso foi possível estruturar os mitos e as cerimônias de todas as religiões.
Infelizmente, o medo foi usado para manter no poder a estrutura das instituições religiosas e esse fator foi elevado ao máximo pelas religiões monoteístas, através do discurso escatológico. Sem dúvida, um dos maiores medos criados pelas religiões é o medo da vida que se inicia após a vida carnal. Não é necessário muito esforço para vermos nos sermões a mesma ameaça de uma pós-vida em eterno tormento.
Assim, nas últimas décadas as pessoas buscam por alternativas que as livrem dessa opressão eclesiástica e o Paganismo e a Wica oferecem exatamente esta abertura, com a vantagem de não haver Inferno para ameaçar as almas.

domingo, 12 de agosto de 2007

Ex Ateu graças aos Deuses

Comentários críticos ao texto de Alfredo Bernacchi.

Apresentação

Eu sempre achei curioso como alguém define a realidade, geralmente dentro de um conceito arbitrário escolhido, um padrão, fora do qual todo aquilo que não se adequa é descartado. Quando eu fui católico eu percebi isto, quando fui ateu não fui diferente. Permanecer na mesma ideologia pós-renascentista anti-religião não nos conduzirá a lugar algum, toda repressão é exercida por um Estado e não sobram motivos, razões ou bandeiras pelas quais o Estado comete crimes em defesa da Lei. O poder não é dominado apenas por "religiosos", mas também por industriais, banqueiros, mercadores e até cientistas. Ouvir de um ateu sobre uma Nova Era chega a ser irônico, uma vez que esta palavra causa um furor irado destes utópicos da auto-suficiência que estranhamente se esquecem nesse momento da tão propalada liberdade de expressão, pensamento e religião (incluindo a falta em uma). 
Qual é a "realidade" dos ateus? - A inexistência de Deus. Esta análise disseca a resposta do autor que, comodamente, escolhe de qual moeda e de qual lado dela quer falar, tudo em nome do Raciocínio, uma Instituição Etérea tão transcendente quando o "Deus" que eles negam em vão. A pedra de prumo dos ateus sempre se situa a respeito do fanatismo, do radicalismo, do fundamentalismo e de ações desesperadas em países em que vigoram uma Teocracia, convenientemente se esquecendo que igual fanatismo, radicalismo e fundamentalismo pode ser encontrado em países - teoricamente ateus - que igualmente agem de forma desesperada quando o povo age contra o sistema. Cito o caso recente que aconteceu na China, na Praça da Paz Celestial. A abertura do discurso do autor a respeito de uma libertação do leitor de amarras não soa diferente da pregação de um pastor evangélico pela salvação da alma do pecador. Usa do velho clichê pós-renascentista quando fala em dogmas, mas oculta do leitor que apenas irá trocar um padrão de dogmas por outros, os aceitos cientificamente. Ao longo do livro, o autor não poupa críticas e ataques à religião, muitas vezes de forma pueril e generalizante. Chamar a obra de um convite ao raciocínio é o mesmo que o estuprador dizer que está fazendo a corte.

Preâmbulo

O autor começa se identificando como ateu, como se isso transferisse alguma aura de autoridade a ele ou de verdade ao que escreve. Que é bem claro que isto significa que ele não acredita em Deus, qualquer um que seja, isto é uma redundância desnecessária. Existem muitos tipos de ateus, mas a maior parte assume sempre Deus como aquele do conceito Cristão. Um ato falho da parte do autor: "você vai me conhecer melhor dentro do próprio livro, porque escrevo muito sobre mim mesmo". Eu, eu, eu. Ateu do tipo Narciso.
Depois ele repete a gentileza hipócrita que ele quer apenas "emitir a minha (dele) opinião e trocar uma idéia (impor a dele, na verdade) a respeito de religiosidade, explicar porque acreditava em Deus (que veremos se tratar do Deus Cristão) e cheguei hoje a essa posição". Um ponto interessante de todo livro é que nunca uma obra escrita pode ser um diálogo, uma discussão dinâmica, todo livro é um discurso, um monólogo, onde o autor sempre se põe em um pedestal, nunca é desinteressado, uma vez que o autor se põe na missão sagrada de "abrir os olhos do ser humano... contra os prejuízos de uma crença ilusória".
Apontar dedos é o recurso mais fácil, mas nem sempre é racional, a Ciência e o Ateísmo possuem igualmente uma história obscura que é mantida oculta do público comum. Outro recurso simplista vem a ser a desgastada reclamação da exploração monetária que, diga-se de passagem, não é privilégio da Igreja e o igualmente discurso batido sobre as muitas vítimas inocentes feitas em nome de Deus, como se a Ciência e o Ateísmo não tivessem seus esqueletos também.
O autor a seguir demonstra seu lado prestidigitador, tentando hipnotizar a platéia com uma repetição do discurso de introdução, tentando hipnotizar o leitor incauto para que este realmente acredite nas boas intenções do autor e de sua obra e mais uma incontável seqüência de clichês. Numa tentativa irrisória de passar de uma forma mística a si e à sua obra esse atributo sobrenatural de ser a resposta mais racional, o autor começa a demonstrar que não está interessado em fatos ou em debater o alvo de sua fúria, mas em instalar no leitor o preconceito, ódio e raiva que o mesmo tem contra toda forma de religião.
A autoconfiança do autor é louvável, mas cabe a pergunta: ele é realmente livre? Vejamos por que e como ele se considera livre. Ele se considera livre porque "hoje, eu tenho uma sensação de poder, de liberdade, de capacidade de discernimento e autocontrole, de uma força que vem de dentro de mim, um orgulho interior, uma sensação interna de crescimento, da descoberta de um enigma... uma satisfação de haver descoberto o mistério e se tornar um igual, uma sensação de que você deu um passo importante na direção do seu crescimento".
Quando se deixa de ser criança, nos tornamos primeiro adolescente antes de amadurecermos realmente e nos tornarmos adultos. O autor deixará evidente em seu ataque furioso nada racional contra qualquer tipo de religião que está nessa fase adolescente, em que é importante negar figuras paternais na tentativa desesperada de encontrar e afirmar sua própria identidade.
Aqui entrou um engano e uma ilusão pessoal do autor. Todo ser humano possui algum interesse e o autor não é diferente. Preparem-se, pois o autor irá se esmerar em seus truques literários para passar a impressão e a crença ao leitor que ele tem interesse altruístico e não tentará enganar o leitor. Sinta as garras da fera do sofisma: "jamais enganaria a um filho ou um amigo... posso até estar enganado, mas só ensino aquilo que creio ser o certo, senão diria: quem sabe, talvez, pode ser, é provável, é possível, acho que sim, acho que não".
Nenhum texto possui a Verdade Absoluta, todo texto é um discurso autoritário do escritor ao leitor, não pretendem explicar todos os fatos, apenas os que agradam ao seu autor, não quer promover a liberdade da mente, mas instaurar um outro padrão de dogmas, nenhum texto está isento disto que o autor chama de "conselhos sociais". O que cada um pode ter não são teorias, mas interpretações da realidade e opiniões sobre essas interpretações.

Final

Eu li tudo, Alfredo. Por graça dos Deuses da Internet e muita paciência minha. Eu sou pagão moderno, racional, lógico e inteligente. Mas não estou limitado a isto. Vociferar pela 'lógica', 'raciocínio' e 'inteligência' contra aquilo tudo que você, preconceituosamente, por causa de uma visão simplista e generalizante, define como o pior veneno da humanidade, não te torna melhor nem mais verdadeiro.
O que eu te proponho é ainda mais radical do que ficar continuando com suas bravatas. Perceba que o raciocínio pertence a todas as pessoas, independente de crer ou descrer. Se alguns escolhem não usar o raciocínio, não é sua missão sagrada livrá-los das garras da superstição.
O conhecimento e a informação estão disponíveis a todos. Como o senhor realmente crê que não há nada além desta vida, então que te importa se as pessoas desperdiçarem suas vidas com ilusões? A vida é deles.
Caso sua plataforma seja o de acabar com o poder político e econômico dos grupos religiosos, existem meios para fazê-lo, combata os grupos, mas não jogue por causa deles todas as religiões no mesmo saco.
Caso sua plataforma seja o de combater o proselitismo, o assédio religioso e o aliciamento de consciência, não se esqueça de sempre deixar bem claro a que pessoa física ou jurídica está combatendo, essas ações são perpetradas por seres humanos, não por seres espirituais ou divinos.
Também lembre que, se não vamos permitir aos grupos religiosos que catequizem os jovens, nós também não podemos fazê-lo, mas sim dispor a eles os meios e os instrumentos para que conheçam, comparem e escolham.
Eu li o livro e ele não acrescentou em nada ao que eu conhecia, nem passou de forma sobrenatural mais lucidez do que eu possuía antes. A opinião que você demonstrou não foi equilibrada, mas sim uma fúria iconoclasta irracional. Eu nasci livre, tanto que me livrei do Cristianismo, do Satanismo e do Ateísmo.
O seu livro não torna quem quer que seja mais ou menos livre, não se é segundo a sua idealização de 'liberdade'.
Crente ou descrente são racionais. Infelizmente em alguns casos o raciocínio é falho ou tendencioso.
O paraíso, para o ateu, é esta ilusão de ser mais racional, inteligente e lógico que outras pessoas simplesmente pelo fato de se dizer ateu.
Você acertou em cheio quando falou que a fonte de todos os problemas somos nós mesmos e isto não ocorre apenas na religião, mas também na política, na ideologia, na economia e na ciência.
Então nós devemos tentar buscar o diálogo com as pessoas, demonstrando por meio de informação e conhecimento o quanto estão enganadas, sem a pretensão de possuir a verdade. Cabe a cada indivíduo decidir refletir ou refratar, cabe a cada indivíduo escolher em continuar no mesmo mundinho ou ter uma perspectiva mais ampla. No fim de tudo, teremos vivido a nossa vida. O que vier depois, quando vier, se vier, é outra história.

sábado, 4 de agosto de 2007

O tesouro oculto da humanidade

O tesouro, cuja riqueza não pode ser corroída nem roubada e por mais que se acumule não ocupa espaço, é o tesouro oculto que tem sido confiado dos mais velhos aos mais novos, desde o princípio da humanidade e será nossa herança para as gerações futuras. Em nossa sociedade atual, onde é mais valorizado a realização profissional e a riqueza pessoal, falar na importância da tradição me torna ridículo, antiquado e obsoleto.
Entretanto, a tradição está presente em muitos aspectos de nossa sociedade, por mais superficial e imediatista que ela seja, desde coisas simples como esperar a vez na fila; até coisas complexas como competir por um cargo eletivo.
A tradição é a razão da continuidade e consistência da cultura que caracteriza um povo. Sem tradição, um povo não tem origens, identidade ou perspectivas de futuro. Ela é a formação e a educação que recebemos de nossos pais e professores. Com ela podemos nos relacionar e interagir com outras pessoas e com o nosso meio social.
Graças à tradição, a música clássica torna-se mais vibrante e os mestres da pintura ganham mais brilho. Sem tradição não haveriam os clássicos da literatura nem sobreviveriam os pensamentos dos gênios da filosofia.
Os mitos antigos foram preservados e deram uma forte base para as religiões e cultos humanos devido a existência da tradição.
Conforme o mundo desperta seus sentidos para a interdependência da humanidade com a natureza, o mundo redescobre os princípios e valores que nossos ancestrais conheciam, sabiam e faziam questão de preservar na forma de tradição.
Com esse resgate de nossa memória e origens, a humanidade entra em contato com o Paganismo, revolucionando a espiritualidade e extinguindo muitos preconceitos.
Grupos religiosos que até a pouco desfrutavam da popularidade, da preferência e do poder ficam incomodados com isso e tentam fazer campanhas cheias de calúnias e difamações. Felizmente, poucos são os que ainda escutam essas opiniões ou se deixam influenciar pela suposta autoridade que esses grupos se outorgam. Felizmente, pagãos e bruxos não tem mais que temer ou se esconder. Digam o que disser, façam o que fizer, a Wica cresce e um dia tomará seu lugar entre as grandes religiões.