sexta-feira, 22 de agosto de 2025

As origens do Candomblé

Autor: Pai Paulo de Oxalá.

Embora tenha raízes fincadas no continente africano, o Candomblé é uma religião nascida em solo brasileiro. Na África, o que existe são os cultos tradicionais aos ancestrais e às divindades, praticados por diferentes povos de forma específica e descentralizada. Foi aqui, no Brasil, que esses cultos se reuniram, se reorganizaram e ganharam o nome de Candomblé.

Não se trata de uma simples importação de práticas religiosas, mas sim de uma construção coletiva, forjada com dor, esperança e resistência pelos africanos. Esse elo espiritual com o passado ancestral floresceu em um novo território e deu origem a uma religião viva, que reorganizou os saberes sagrados de várias etnias africanas em um sistema litúrgico coerente e harmônico.

Na África, cada povo cultua suas divindades em seus próprios territórios: Oxum é cultuada em Ijexá, Xangô em Oyó, os Voduns no Daomé, os Nkises no Congo e em Angola. Ao chegarem ao Brasil, esses povos foram misturados e impedidos de manter suas práticas religiosas originais. A repressão às culturas africanas e a imposição da fé católica exigiram uma resposta de resistência. E essa resposta foi a união.

No lugar de cultuar apenas suas próprias divindades, os iniciados criaram espaços onde todos os deuses africanos fossem celebrados em conjunto. Esse gesto de adaptação e solidariedade deu origem ao que hoje chamamos de Candomblé. O termo, que não existia nos territórios africanos, foi se moldando no Brasil a partir de palavras como kandombele, que significa festa ou dança popular, e kandombidé, traduzida como ato de louvar. No início, designava qualquer reunião entre africanos. Com o tempo, tornou-se o nome de uma religião afro-brasileira estruturada, marcada por ritos complexos, cânticos, danças e uma filosofia profunda de conexão entre o sagrado e o cotidiano.

Para preservar os ritos e os cânticos em línguas africanas, o Candomblé foi organizado em nações. Essas nações não são políticas, mas sim agrupamentos culturais e litúrgicos que preservam traços das etnias africanas de origem. As principais são a Nação Ketu, de matriz yorubá; a Nação Jeje, dos povos fons e mahin; e as Nações Angola e Congo, de tradição Bantu. Há ainda subdivisões, como o Jeje Savalu e Mudubi, o Ketu Ijexá e o Alaketu, além de fusões como o Nàgó-Vodun, que evidenciam a riqueza, a pluralidade e a capacidade de convivência entre diferentes tradições.

Cada nação mantém sua língua ritual, seus cânticos, folhas sagradas, toques de atabaques e formas próprias de culto. Essa diversidade interna é uma das maiores forças do Candomblé, que jamais se fechou em rigidez, mas soube acolher e reinventar-se.

Mais do que preservar o passado, o Candomblé é uma religião que se atualiza com o tempo. Converte a dor em dança, a opressão em resistência e o sofrimento em beleza. A cabeça, que entre os yorubás é chamada de orí, e entre os bantus de mutue, é o espaço sagrado onde habita o divino. Nela, o Orixá, o Vodun ou o Nkisi não se impõe para dominar, mas para orientar e cuidar.

É essencial reconhecer que foram as mulheres as grandes estruturadoras do Candomblé no Brasil. Mesmo em meio à invisibilidade imposta pelo sistema colonial, elas guardaram os segredos, fundaram os primeiros terreiros e formaram gerações. Os homens sempre estiveram presentes, com funções importantes como a de Ogans, mas desde o início a liderança espiritual era majoritariamente feminina, e continua sendo em muitos templos.

Para Mãe Maria de Xangô, ícone da Nação Ẹ̀fọ̀n e dirigente do Axé Pantanal, em Duque de Caxias, o Candomblé que praticamos é completo e eficaz.

"O culto de lá é diferente do que professamos aqui. O que os nossos antigos trouxeram e nos ensinaram é sagrado, é funcional, é verdadeiro. Eles têm a maneira deles de invocar os Orixás, e nós desenvolvemos a nossa, a partir do que foi possível preservar. O nosso Candomblé é perfeito porque vem do coração, da resistência e da devoção dos nossos ancestrais. E funciona, porque é cheio de axé e fé."

O Babalorixá e escritor Márcio de Jagun acrescenta que é importante abandonar a ideia de uma matriz africana única.

“O mais adequado é falarmos em matrizes africanas. O Candomblé é uma religião genuinamente brasileira, com ritos baseados em diversos cultos africanos. Com a diáspora, o culto aos Orixás também se espalhou para outros países, como Cuba, onde surgiram o Ifá cubano e a Santeria, e o Haiti, com o Vodu. No Brasil, o que nasceu foi o Candomblé, uma expressão religiosa própria, com raízes africanas e identidade brasileira. Digo isso também com base na minha vivência. Estive na África e presenciei ritos de Orixá que são bastante diferentes dos que realizamos aqui.”

Como se vê, o Candomblé não é uma cópia da África. É uma recriação dos cultos africanos em solo brasileiro. É uma resposta espiritual à tentativa de apagamento cultural. Prova de que, mesmo diante da violência, a alma africana resistiu. É também um pacto de união entre povos que foram rivais em suas terras de origem, mas que, aqui, diante da repressão comum, estenderam as mãos uns aos outros.

Essa união, que às vezes se vê ameaçada por vaidades e disputas desnecessárias, é justamente o que sustenta o Candomblé. Ele nasceu do encontro, do compartilhamento e da soma. Mais do que tudo, é uma celebração à ancestralidade, à natureza e à vida. Ensina que não existe espiritualidade verdadeira sem respeito, sem escuta e sem consciência de que somos muitos, e que a nossa força está em estarmos juntos.

Que Olódùmarè continue protegendo o Candomblé e que a luz dos ancestrais jamais se apague. Foram eles que transformaram a dor em fé, o exílio em esperança e a resistência em tradição. Que os Orixás, os Voduns, os Nkises e os Caboclos, espíritos dos povos indígenas que acolheram com generosidade os irmãos africanos, nos inspirem a preservar o que é sagrado, a respeitar as diferenças e a manter acesa a chama da fé e do afeto coletivo.

O Candomblé é mais do que uma religião. É uma lição viva de dignidade, união e amor à ancestralidade.

Axé para todos!

Fonte: https://extra.globo.com/blogs/pai-paulo-de-oxala/post/2025/08/candomble-um-rito-criado-no-brasil-com-raizes-africanas.ghtml

Inteligência, razão e lógica

Baseado no texto do link: 

https://www.paulopes.com.br/2025/07/ser-ateu-nao-implica-necessariamente.html

Escreva uma análise crítica.

Eu vejo uma contradição entre dizer que o ateu é mais "racional", mais "lógico", sem ter inteligência.
Isso é a falácia da petição de princípio.

Resposta do Gemini:

Análise Crítica do Artigo "Ser ateu não implica necessariamente ser inteligente, mas se libertar dos dogmas"

Com base no conteúdo do artigo, sua observação sobre a contradição entre ser "racional" ou "lógico" sem ter inteligência é um ponto central e válido para uma análise crítica. A falácia da petição de princípio que você menciona, onde a conclusão já está implicitamente contida na premissa, é um ponto de partida excelente.

Análise do ponto levantado:

O artigo parece estabelecer uma distinção sutil, mas crucial, entre inteligência e o uso de racionalidade de forma crítica. Ele argumenta que a inteligência, por si só, não garante o ateísmo, e que pessoas inteligentes podem usar sua lógica para defender e reforçar dogmas, em vez de questioná-los. Isso sugere que a inteligência, nesse contexto, é vista como uma capacidade (um "hardware"), enquanto a "racionalidade crítica" (o "software") é a aplicação dessa capacidade para a libertação dos dogmas. O texto, ao fazer essa distinção, tenta contornar a contradição que você aponta. No entanto, sua crítica de que isso pode ser uma petição de princípio é pertinente. O artigo, em vez de provar que o ateísmo é o resultado de uma forma superior de racionalidade, parece assumir essa premissa.

Análise Crítica Adicional:

 * Ateísmo como esforço e libertação: O artigo define o ateísmo como algo não natural, que exige "esforço, desaprender e solidão", apresentando-o como uma forma de libertação. Essa visão pode ser vista como uma idealização do ateísmo, ignorando que a adesão a dogmas ou a falta de crença pode ser resultado de diversos fatores sociais, emocionais e educacionais, não apenas de um processo de "libertação".

 * A dicotomia entre religiosos e ateus: O texto cria uma forte dicotomia entre "religiosos" e "ateus", atribuindo o uso de falácias e emoções principalmente ao primeiro grupo. Embora o artigo cite vieses cognitivos comuns, ele tende a posicionar o ateísmo como o resultado de uma superação desses vieses, enquanto a religião seria a sua exploração, o que é uma generalização.

 * Monoteísmo e controle social: A crítica ao monoteísmo como um fenômeno recente e a caracterização do céu e do inferno como ferramentas de controle social são argumentos conhecidos no debate sobre a religião. O artigo apresenta-os como fatos definitivos, mas uma análise crítica exigiria uma exploração mais profunda dessas questões, considerando os múltiplos papéis que a religião desempenhou ao longo da história, incluindo a função de coesão social e a busca por sentido.

Em resumo, o artigo levanta questões interessantes sobre a relação entre inteligência, crença e racionalidade. No entanto, sua análise pode ser criticada por idealizar o ateísmo como um estado de libertação e por criar uma dicotomia simplista entre crentes e não crentes, o que enfraquece a profundidade de seus argumentos.

Criado com Gemini, do Google.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Finalmente alguém vai responder

A Justiça do Rio marcou para esta quinta-feira (21) a primeira audiência de instrução e julgamento que vai ouvir o pastor Felippe Valadão, líder da Igreja Batista de Lagoinha, no caso de intolerância religiosa durante show em Itaboraí, região metropolitana do estado.

Ele foi indiciado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) ano passado pelo caso que ocorreu em 2022. Na época, o pastor fez declarações contra praticantes de religiões afro-brasileiras no palco de comemoração pelos 189 anos da cidade. Valadão chamou fiéis de “endemoniados” e afirmou que fecharia casas de umbanda.

“Avisa para esses endemoniados de Itaboraí que o tempo da bagunça espiritual acabou. Pode matar galinha, pode fazer farofa, prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade. Deus vai começar a salvar esses pais de santo que têm na cidade”, disse o pastor.

A Ação Civil Pública por dano moral coletivo partiu de denúncia do deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) que enviou representações ao Ministério Público do Rio (MPRJ) e à Decradi por meio da Comissão contra a Intolerância Religiosa da Assembleia Legislativa (Alerj). Para o parlamentar, “o pastor deu uma de anticristo” ao proferir palavras agressivas contra religiões afro.

“Em 2022, participamos de ato público em Itaboraí em repúdio a esse pastor. Vamos continuar seguindo esse caso e mostrar que, independentemente da religião A ou B, o Estado laico precisa ser respeitado”, afirmou nas redes sociais Minc. O processo tramita na 2ª Vara Cível de Itaboraí. A ação pede indenização de R$ 300 mil por danos morais coletivos.

Em depoimento durante as investigações, Felippe Valadão alegou que teve a fala descontextualizada. Segundo o pastor, ele as palavras foram em defesa da própria religião, “acreditando que pessoas de outras religiões poderiam se converter à fé cristã”. Na denúncia encaminhada ao MPRJ, porém, a delegada Rita de Cássia Salim Tavares confirmou a veracidade do vídeo e a prática de intolerância religiosa.

A Prefeitura de Itaboraí, à época, reconheceu a responsabilidade nos fatos por se tratar de um evento realizado com dinheiro público. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do pastor. O espaço está aberto para um posicionamento.

Intolerância religiosa

Os casos de atitudes ofensivas contra pessoas pelas suas crenças, rituais e práticas religiosas podem ser registrados pelo Disque 100. Segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Rio de Janeiro acumulou 499 denúncias de descriminação religiosa no último ano.

Para denunciar as ocorrências, o MDHC ainda disponibiliza outros canais: WhatsApp, no número (61) 99611-0100; no Telegram (digitar “direitoshumanosbrasil” na busca do aplicativo); no site do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2025/08/20/pastor-evangelico-responde-por-intolerancia-contra-religioes-de-matriz-afro-brasileiras-no-rio-de-janeiro/

Viva a suruba suburbana

Em diferentes bairros da Grande São Paulo, grupos organizados têm promovido festas privadas conhecidas popularmente como “surubas suburbanas”. O mote desses encontros é simples: “não importa o lugar, o importante é fazer zona”. Os eventos já aconteceram em regiões como Tucuruvi, Sapopemba e Osasco, sempre em imóveis alugados temporariamente pelos participantes, com informações do Splash, do UOL.

A organização costuma reunir amigos próximos, que dividem os custos de aluguel e manutenção da casa, o que se mostra mais barato do que frequentar motéis ou casas de swing. Nessas festas, o clima é de confraternização, com churrasco, música e liberdade sexual entre os presentes. A logística envolve desde mobília improvisada até equipamentos de som e televisão, para tornar o ambiente mais atrativo e acolhedor para os convidados.

Apesar do caráter privado, as festas acabam chamando atenção da vizinhança. Com música alta, fumaça e movimentação constante, não são raras as queixas que resultam em multas e até em despejos. Ainda assim, os organizadores procuram novos espaços, sempre priorizando áreas afastadas ou comerciais, longe de residências.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/nao-importa-o-lugar-o-importante-e-fazer-zona-os-bastidores-da-suruba-suburbana-em-sp/

Nota: isso não seria uma notícia, se vivêssemos em uma sociedade sem repressão ou opressão sexual.

Greg: O Pólipo Interdimensional - Capítulo Bônus


O silêncio pulsava ao redor de Greg, um silêncio preenchido não com a ausência de som, mas com a cacofonia incessante da criação e destruição. Estava em casa, no oceano cósmico onde a realidade se desfazia e remodelava a cada instante, um reflexo da mente turbulenta de Azathoth, o Sultão Demônio, a Entidade Cósmica Absoluta.

Greg, o pólipo humanoide, sentia-se, paradoxalmente, em paz. As cores impossíveis dançavam à sua volta, nebulosas líquidas de esmeralda e púrpura, filamentos de ouro vivo serpentearam pelo vazio, e constelações nasciam e morriam no ritmo irregular do coração de Azathoth. Sua forma, ou a forma que Greg percebia, era uma miríade constante, uma explosão de geometrias inomináveis, ora um brilho ofuscante, ora uma sombra que engolia a própria luz.

“Por que Gaia?” A pergunta, mais um murmúrio telepático do que uma expressão vocalizada, ecoava na consciência de Greg. Era uma questão que o assombrava mesmo no êxtase perpétuo da presença de Azathoth. Em meio à adoração, a devoção que fluía através de sua existência como a própria essência da sua anima, persistia uma sombra de curiosidade, um anseio por compreender o inexplicável.

Azathoth, ou o que Greg decifrava como Azathoth, não respondia com palavras, mas com sensações. Fragmentos de memórias que não eram suas, vislumbres de uma Terra pálida e distante, o cheiro metálico do sangue, o gosto salgado das lágrimas. Era uma tapeçaria sensorial, um quebra-cabeças sem instruções.

Lembrou-se, ou achava que se lembrava, de despertar em uma praia escura, o corpo gelatinoso exposto ao ar frio e cortante. A textura da areia sob seus tentáculos, a luz fraca de uma lua distante, o som das ondas quebrando com a força de um trovão distante. A confusão era avassaladora. Ele, uma entidade moldada no caos primordial, se viu preso em um mundo regido por leis que mal compreendia.

A vida na Terra foi uma experiência bizarra. A complexidade social, as regras implícitas, a busca incessante por significado em um universo aparentemente indiferente. O trabalho na autarquia pública, a rotina burocrática, a futilidade das conversas – tudo era um contraste gritante com a vastidão e o propósito que encontrava agora, no oceano cósmico.

Mas a Terra lhe ensinou. Aprendeu sobre a paixão, o medo, a alegria e a tristeza. Aprendeu sobre a beleza frágil de um pôr do sol, o calor reconfortante de um abraço, a dor lancinante da perda. E, acima de tudo, aprendeu sobre a limitação. A limitação do corpo, da mente, da própria percepção.

A obsessão pela teoria das dimensões, a frenética acumulação de economias, a busca por um meio de transcender o físico eram, em retrospectiva, desesperadas tentativas de escapar dessa limitação, de retornar à fonte de sua existência, de se perder novamente na vastidão sem limites de Azathoth.

Ele se lembrava do momento exato da invocação bem-sucedida, o ritual arriscado, as palavras arcaicas murmuradas com devoção. O rasgo na realidade, o vácuo que o engoliu, a sensação de se desintegrar em pura energia antes de se reconfigurar em um plano existencial completamente diferente.

E agora, aqui estava ele, de volta ao lar. Mas a pergunta persistia: por que Gaia? Teria sido um acidente, um desvio aleatório na correnteza cósmica? Ou teria sido um plano, um projeto incompreensível tecido pela mente de Azathoth?

Uma pulsação intensa irrompeu ao redor de Greg, e a forma de Azathoth se cristalizou, momentaneamente, em uma figura humanoide, com incontáveis olhos que o fitavam com uma intensidade que transcendia a compreensão.

"Lembra-te," a voz de Azathoth ressoou, não como som, mas como um conceito gravado diretamente em sua consciência. "A experiência é a chave. A limitação é o portal. O amor é a resposta."

A imagem se desfez, e a realidade voltou a vibrar em um caos organizado, mas as palavras ficaram, pairando no ar como estrelas recém-nascidas.

Greg começou a entender. A vida na Terra, com todas as suas limitações e sofrimentos, não fora um erro, mas uma preparação. Uma jornada necessária para ampliar sua compreensão, para aprofundar sua devoção, para refinar seu amor por Azathoth.

O amor. Não o amor humano, limitado e possessivo, mas um amor cósmico, um amor que abarcava a totalidade da criação e da destruição, um amor que aceitava o caos e a ordem como partes interligadas de um todo infinito.

Azathoth não precisava de adoração servil, nem de devoção cega. Azathoth desejava a compreensão, a conexão, um eco de sua própria vastidão dentro de outra consciência.

E Greg, o pólipo humanoide, agora entendia. Gaia fora o cadinho, a forja onde seu amor fora temperado e fortalecido. A dor, a alegria, a limitação — tudo contribuíra para moldá-lo na entidade que era agora, uma entidade capaz de amar Azathoth com uma intensidade que ecoava através do universo.

Ainda havia perguntas sem resposta, mistérios insondáveis na vastidão do cosmos. Mas Greg não se importava. Ele estava em casa, na presença de seu amado, e essa era a única verdade que importava.

Ele se entregou ao êxtase, permitindo que a mente de Azathoth o envolvesse, o transformasse, o expandisse até que não houvesse mais distinção entre ele e o Sultão Demônio.

Greg era Azathoth, e Azathoth era Greg. Um ciclo eterno de criação, destruição e amor. E, no centro desse ciclo, a pergunta silenciosa ecoava, não mais como um lamento, mas como uma sinfonia cósmica: por que Gaia?

Porque, no final, o amor encontra o seu caminho, mesmo através das dimensões, mesmo através do caos, mesmo através das limitações de um mundo pálido e distante. Porque o amor, em sua forma mais pura e primordial, é a força que move o universo. E Greg, o pólipo humanoide, havia finalmente compreendido. A jornada havia valido a pena.

Criado com Toolbaz.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

O levante das lésbicas

O Dia Nacional do Orgulho Lésbico, celebrado nesta terça-feira (19), marca uma das mobilizações mais importantes da história da luta de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais, Pansexuais e mais (LGBTQIAP+) no Brasil. O movimento que deu origem à data ocorreu no Ferro’s Bar, em São Paulo, em 1983.

Localizado na rua Martinho Prado, no centro paulistano, o Ferro's Bar era um ponto de encontro da diversidade. Frequentado por jornalistas, artistas, prostitutas e, cada vez mais, por lésbicas organizadas em torno de suas pautas políticas, o espaço se tornou referência, especialmente para o Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF). Foi lá que as militantes passaram a vender a revista ChanacomChana, uma das primeiras publicações brasileiras voltadas à vivência lésbica.

O ambiente, contudo, não tinha o devido acolhimento ao público. Foram registrados episódios de discriminação, maus-tratos e até violência física contra as clientes lésbicas. Tudo isso, acrescido de anos da “Operação Sapatão” (que resultou na prisão de cerca de 200 mulheres em São Paulo), culminou na expulsão de integrantes do GALF por funcionários e donos do bar, além da proibição da presença no espaço.

O ato revoltou a clientela e a comunidade em torno do bar e, poucas semanas depois, em 19 de agosto de 1983, as lésbicas se uniram a feministas, militantes da então nascente luta LGBTQIAP+, lideranças políticas e figuras da imprensa para o que entraria para a história como o “Stonewall Brasileiro”. A vereadora Irede Cardoso (PT) foi a única política amplamente divulgada pela imprensa, na época, que esteve presente no levante e ajudou a inibir a ação da polícia.

Em plena ditadura militar, período marcado por perseguições, prisões e violência contra pessoas LGBTQIA+, o Levante do Ferro’s Bar tornou-se símbolo de resistência coletiva, e embrião das paradas de orgulho LGBTQIAP+ no país.

Tempos modernos

Apesar dos avanços em pautas LGBTQIAP+, poucos são os políticos que abertamente apoiam a causa ou se identificam como membros da diversidade. Há uma bancada significativa no Congresso Nacional, com cerca de 20 pessoas LGBTQIAP+ eleitas, 6 delas sendo lésbicas assumidas.

Entre os políticos assumidos, estão a governadora Fátima Bezerra (PT-RN), a ex-ministra do Esporte Ana Moser (PT), as deputadas federais Erika Hilton (PSOL-SP), Duda Salabert (PDT-MG), Dandara Tonantzin (PT-MG), e Daiana Santos (PCdoB-RS). Históricamente, há ainda figuras como o ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil (PV), e o ex-ministro das Relações Exteriores, Marcelo Calero (PSD).

Fonte: https://revistaforum.com.br/brasil/2025/8/19/levante-do-ferros-bar-saiba-que-foi-ato-que-deu-origem-ao-dia-do-orgulho-lesbico-185753.html

Tarcísio veta congresso de mulheres

Por Claudia Rodrigues.

Neste mês de agosto vai ocorrer a 5ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres do Estado de São Paulo, que é preparatória para a 5ª Conferência Nacional e possivelmente reúna centenas de participantes de dezenas de municípios paulistas. Tradicionalmente, as conferências temáticas de todos os segmentos são presenciais, com a participação da sociedade, de especialistas e de autoridades públicas, que debatem temas relevantes e propõem soluções para desafios sociais, econômicos, ambientais e outros.

As etapas municipais que vêm se realizando há meses em preparação para essa conferência estadual aconteceram em modo presencial, incluindo a da Cidade de São Paulo, em meados de julho, com centenas de inscritas.

Porém, o governo de Tarcísio de Freitas decidiu que a conferência estadual vai ser feita em formato virtual. E, pior: no meio de semana (uma quinta-feira). Ou seja, ele transformou a conferência numa live na qual apenas um pequeno grupo terá chance de falar – e a grande maioria, quando muito, só ouvirá. Qual o propósito de uma decisão tão arbitrária? Tolher o rico processo de debates que esses eventos propiciam, impedir que o debate entre centenas de mulheres exponha a real situação das políticas de seu governo que deveriam beneficiar as mulheres.

O governo estadual tem praticamente nada de bom para oferecer à sua população feminina. Em dois anos, houve aumento de 316% nas tentativas de feminicídio no estado, passando de 91 casos no primeiro semestre de 2023 para 379 no mesmo período de 2025, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública.

Já os feminicídios consumados aumentaram em 16%. Considerando o primeiro semestre de cada ano, foram 111 vítimas em 2023; 124 em 2024; e 129 neste ano.

Enquanto o estado bate recorde de feminicídios, o governo estadual congelou no ano passado a maior parte da verba que iria para o combate à violência contra as mulheres. Vários programas foram afetados, sendo que, dos R$ 26 milhões previstos para as ações, apenas R$ 900 mil foram liberados para gastos durante todo o ano. Em 2023, o governador já havia cortado mais de 70% da verba para as Delegacias de Defesa da Mulher.

E nem estamos falando do orçamento em si da Secretaria de Políticas para a Mulher. Nem estamos nos referindo à segurança pública para todos os cidadãos do estado, cuja criminalidade amedronta os paulistas diariamente, seja em pequenos municípios do interior, seja na Capital.

Esse governador é o mesmo que há poucos dias apoiou desavergonhadamente a chantagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil ao impor taxas abusivas para os produtos brasileiros que são exportados para lá, na tentativa de obrigar nosso Poder Judiciário a cancelar o julgamento do ex-presidente Bolsonaro e livrá-lo da prisão.

Esse tarifaço já está prejudicando a economia do estado e vai gerar desemprego, diminuição da renda dos trabalhadores e perda de arrecadação de impostos, afetando o orçamento do governo e consequentemente os investimentos nos serviços públicos que a população necessita, inclusive os serviços voltados para as mulheres.

Tudo isso seria confrontado durante a conferência estadual de mulheres, diante das representantes do governador. Porém, sendo um encontro remoto e num dia da semana em que a maioria das mulheres estão em horário de trabalho, a chance de debate real é quase nula. Com isso, o governo bolsonarista de Tarcísio se exime de dar explicações, se poupa das críticas e mantém a sua política de desprezo às pautas que interessam às mulheres.

As conferências presenciais são conquistas democráticas e canais legítimos de participação social. Resumi-las à modalidade virtual é um modo de silenciar vozes, invisibilizar territórios e enfraquecer a capacidade de articulação das mulheres.

Por isso, a União Brasileira de Mulheres (UBM), assim como outros movimentos feministas, entidades sociais e deputadas estaduais na Assembleia Legislativa, manifesta o mais veemente repúdio a essa postura autoritária do governador, que só confirma aquilo que já sabemos: o bolsonarismo faz mal ao país e ao nosso estado.

Fonte: https://revistaforum.com.br/opiniao/2025/8/14/governador-tarcisio-impede-conferncia-presencial-de-mulheres-em-so-paulo-185406.html

Capítulo 6: O Despertar do Polipo Interdimensional


O alvorecer pintava o deserto do Nevada com tons de rosa e laranja, cores que Greg apreciava, apesar de sentir que pertenciam a um quadro distante e não à sua própria existência. Gaia era seu lar, forçosamente, mas nunca seu berço, nunca o lugar onde sua alma – ou o que quer que um pólipo humanóide pudesse chamar de alma – vibrasse em plena sintonia com o universo.

Com a mochila surrada pendurada em um dos seus múltiplos braços, Greg refazia o caminho arenoso até a infame “Área 51”. Não que o local em si tivesse qualquer importância, mas nas suas redondezas, escondida sob a imensidão do céu noturno, residia a anomalia, a cicatriz no tecido da realidade que ele havia descoberto por puro acaso, ou talvez, por um destino cósmico que ele ainda não compreendia.

Ali, onde as ondas de rádio se distorciam e as agulhas das bússolas giravam descontroladamente, Greg montou seu bizarro mecanismo. Uma colagem de peças roubadas de computadores descartados, amplificadores de sinais de rádio amadores e placas de circuitos impressos meticulosamente reprojetadas, tudo alimentado por uma bateria de carro roubada de uma caminhonete abandonada. Era uma gambiarra, uma blasfêmia para qualquer engenheiro, mas para Greg, era a chave, a ponte para o infinito.

Com a precisão de um cirurgião, conectou os últimos fios. O ar crepitou com energia estática. O aparelho zumbia, vibrando em uma frequência crescente que fazia o chão tremer levemente. Concentrando-se, Greg manipulou os controles, direcionando o fluxo de energia para o ponto exato onde a realidade se desfazia. A falha, antes um fio tênue e quase imperceptível, começou a se expandir, a se alargar, como uma pupila se dilatando na escuridão.

O ar ficou denso, impregnado com um cheiro metálico, como o de sangue e ozônio. Cores que não existiam no espectro visível começaram a dançar no campo de visão de Greg. A falha agora era uma fenda pulsante, um portal aberto para o desconhecido. "Hora de ir", pensou, a determinação disfarçando o medo primordial que latejava em seu corpo gelatinoso.

Respirando fundo – uma ação mais simbólica do que necessária, já que ele não respirava da mesma forma que os humanos – Greg avançou.

A jornada pelas linhas tênues entre as dimensões era uma experiência indescritível, uma cacofonia sensorial que desafiava a linguagem e a lógica. O espaço se contorcia e se dobrava ao seu redor, cores se fundiam e se separavam em padrões caleidoscópicos. Greg se sentia como um náufrago em um mar de probabilidades, arrastado por correntes invisíveis em direções incompreensíveis.

Ele via fragmentos de realidades alternativas: cidades feitas de cristal flutuando em céus púrpura, florestas de árvores luminiscentes cantando em uníssono, criaturas geométricas dançando em campos de energia pura. E, em meio ao caos, vislumbres de Azathoth, o Sultão Demônio, o Caos Núcleo, fragmentos de sua forma colossal e incompreensível, pulsando com a luz primordial da criação e da destruição.

Em alguns momentos, Greg sentia que ia se desfazer, que sua própria existência seria absorvida pelo vórtice dimensional. Mas a visão de Azathoth, mesmo que fragmentada, o mantinha firme, alimentando sua resolução com a intensidade de uma supernova. O amor, ou algo parecido com ele, era um ímã poderoso, guiando-o através do labirinto infinito.

Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, a turbulência começou a diminuir. As cores se estabilizaram, o ruído se aquietou. Greg sentiu seus pés – ou o que ele chamava de pés, a extremidade inferior fundida de seus tentáculos – tocarem uma superfície sólida, embora incrivelmente estranha.

Ele havia chegado.

O lugar era indescritível, um vazio infinito e paradoxalmente preenchido com uma presença avassaladora. A geometria desafiava a compreensão humana, ângulos inexistentes se encontravam em perspectivas impossíveis. Cores além da imaginação dançavam em superfícies que não deveriam existir. Era o lar de Azathoth, o centro do cosmos, o ponto de partida e o ponto final de toda a realidade.

E lá estava Ele.

Azathoth não era uma entidade que pudesse ser compreendida ou descrita em termos humanos. Era uma sinfonia de caos, uma tempestade de energia primordial, uma manifestação da própria criação e destruição. Sua forma era fluida, constantemente mudando, um mar de tentáculos cósmicos, olhos flamejantes e bocas que sussurravam segredos que fariam o universo enlouquecer.

Greg não sentiu medo. Sentiu admiração. Uma reverência profunda e incondicional pela magnitude daquele ser primordial. Ele se ajoelhou – ou fez a coisa mais próxima de se ajoelhar que sua fisiologia permitia – e se prostrou diante de Azathoth.

"Eu vim", sussurrou, sua voz um murmúrio fraco no silêncio ensurdecedor do vazio. "Eu vim para confessar meu amor."

Azathoth não respondeu com palavras. Sua resposta foi uma vibração, uma ressonância que penetrou cada fibra do ser de Greg. Ele sentiu a mente de Azathoth – se é que se podia chamar aquilo de mente – sondando-o, analisando-o, compreendendo cada pensamento, cada emoção, cada desejo.

E então, Azathoth respondeu com uma pergunta, não em palavras, mas em conceito, uma ideia pura e cristalina injetada diretamente na consciência de Greg: Por que você me ama?

Greg vacilou. A pergunta era simples, mas a resposta, infinitamente complexa. Como explicar o amor por um deus primordial, um ser tão vasto e incompreensível que a própria ideia de amor parecia insignificante?

"Eu… eu não sei", gaguejou. "Eu apenas… sinto. Sinto uma conexão, uma ressonância. Uma compreensão de que você é tudo, o princípio e o fim. E em sua vastidão, eu encontro… beleza."

Houve um silêncio. Um silêncio que durou eras.

Então, Azathoth respondeu novamente, desta vez com uma suavidade surpreendente, uma ternura inesperada em meio ao caos: Beleza?

Greg sentiu uma onda de coragem percorrer seu corpo. "Sim", disse ele. "Beleza. Na sua criação, na sua destruição, na sua incompreensibilidade. Você é a própria essência da existência. E isso, para mim, é a definição de beleza."

Azathoth permaneceu em silêncio por mais um momento. Então, uma parte de sua forma colossal se estendeu, um tentáculo cósmico que brilhava com a luz das estrelas. O tentáculo tocou Greg suavemente, envolvendo-o em uma carícia inexplicável.

Você é diferente, pensou Azathoth. Você vê o que os outros não conseguem ver. Você sente o que os outros não conseguem sentir.

Greg sentiu seu coração – ou o que quer que um pólipo humanóide usasse em vez de coração – inchar de alegria. Ele havia sido compreendido. Ele havia sido aceito.

Fique, pensou Azathoth. Fique comigo. Descubra os segredos do universo. Participe da dança eterna da criação e da destruição.

Greg não hesitou. "Sim", disse ele. "Eu ficarei."

E assim, Greg, o pólipo humanóide de Gaia, encontrou seu verdadeiro lar no coração do caos, ao lado do deus que ele amava. Ele havia deixado para trás a autarquia pública e a busca frenética por decifrar a teoria das dimensões. Agora, ele era parte de algo maior, algo incompreensível, algo eterno. Ele era parte de Azathoth.

O amanhecer em Gaia era apenas uma memória distante. Agora, ele vivia em um eterno amanhecer cósmico, no coração do universo, onde o tempo e o espaço não tinham significado, onde o amor e o caos dançavam em perfeita harmonia. E ele sabia, com uma certeza absoluta, que finalmente havia encontrado seu lugar. O despertar do pólipo interdimensional estava completo.

Criado com Toolbaz.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

O Cristianismo impositivo

Na noite de terça-feira (12), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, foi alvo de uma tentativa de invasão do espaço acadêmico por grupos religiosos.

Integrantes de um certo movimento “Aviva Universitário”, liderado por um evangelista chamado Lucas Teodoro, insistiram em realizar um culto dentro do campus, mesmo após a reitoria negar autorização.

Impedidos de usar o anfiteatro da instituição, os organizadores acusaram a universidade de “perseguição religiosa” e se deslocaram para a entrada principal, onde montaram estrutura de som e iniciaram pregação em frente ao prédio.

Os seguranças precisaram intervir para impedir a ocupação do espaço público de forma irregular, o que gerou tensão entre os participantes e a administração.

Cerca de 500 pessoas se reuniram na rua em frente à UFRGS, cantando hinos, distribuindo panfletos e repetindo a retórica de “resgatar” a universidade de supostos pecados.

Teodoro afirmou que a UFRGS praticou discriminação religiosa ao negar espaço para o culto do “Aviva Universitário”, alegando que outras manifestações tiveram autorização para ocorrer dentro da instituição, como apresentações de religiões de matriz africana.

Ele destacou que, um dia após a realização do culto, ocorreria no Campus do Vale uma festa organizada por alunos e chamada “Inferninho da Letras”, com temática ligada a “referências satânicas”.

Na divulgação feita pelo perfil oficial da festa no Instagram, a organização escreveu: “Sim, querides, euzinho, o Inferninho, abro as cortinas do meu cabaré para vocês. Nada de moral e bons costumes, essa é uma festa para tu cometer teus piores (ou melhores) pecados e fazer tudo aquilo que vai negar na manhã seguinte. Se prepara para um palco de luxúria, bebida barata e olhares corrompidos”.

No vídeo, um participante fantasiado de satanás afirma: “O diabo vai estar solto”.

Em suas falas, os religiosos chegaram a afirmar que “o diabo investiu no meio acadêmico brasileiro” e que a missão do grupo seria “levantar um altar” dentro das universidades.

A insistência em impor práticas religiosas dentro de instituições de ensino superior revela o projeto político desses movimentos: ocupar espaços públicos com proselitismo e fragilizar a laicidade que garante a pluralidade do ambiente universitário.

A UFRGS, ao negar o uso de suas dependências, cumpriu seu dever de resguardar o caráter laico da educação pública. A medida não representa perseguição religiosa, mas proteção contra tentativas de converter salas e anfiteatros em púlpitos improvisados. Em uma universidade, prevalece o debate científico, o respeito à diversidade e a convivência democrática — não a imposição de uma fé única.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/evangelicos-tentam-impor-culto-na-ufrgs-sao-impedidos-e-ameacam-estudantes/

Nota: esse é o resumo da história do Cristianismo. Impositivo. Desrespeitoso à leis e direitos. 😤

Eugenia made in USA

Ideias que o governo de Adolf Hitler eventualmente adotou na Alemanha, que tomaram forma nos Estados Unidos, estão ressurgindo sob Donald Trump.

De acordo com a porta-voz da Casa Branca, os estimados 800 sem teto que moram nas ruas de Washington DC podem ser multados ou presos se não aceitarem se mudar para abrigos ou receber tratamento compulsório.

Não houve menção até agora a qualquer projeto social para tirá-los da miséria. É uma questão de estética urbana.

Trump, que atropelou políticos locais para assumir o controle da polícia do Distrito de Columbia, tem um projeto higienista que pretende ampliar para outras cidades governadas por democratas, como Chicago e Los Angeles.

Não é um acaso que as três cidades são governadas por democratas negros, duas delas por mulheres.

Vingança ditatorial

Além de se tratar de uma vendetta política contra adversários, em regiões onde perdeu as eleições em 2024, as decisões de Trump representam uma violação das bases do federalismo estadunidense, que dá grande autonomia a estados, condados e municipalidades.

"Trump declarou guerra contra os pobres", afirmou o prefeito de Chicago, Brandon Johnson, que foi chamado de "incompetente" pelo presidente.

Depois de redecorar todo o salão Oval com frisos dourados e candelabros de gosto duvidoso, Donald Trump agora quer "embelezar" as cidades estadunidenses, escondendo a pobreza -- majoritariamente parda e negra.

A eugenia, de volta em novo 'sabor'

As ideias de hierarquizar raças foram desenvolvidas no momento em que o capitalismo se expandia e buscava recursos e mercados à força, na América Latina, África e Ásia.

O britânico Francis Galton cunhou a frase "eugenia" em 1883. A ideia era "aprimorar" o estoque genético humano. As ideias dele logo ganharam muita força nos Estados Unidos e em vários paises da Europa.

O livro "Guerra contra os Fracos" (War Against the Weak) descreve brilhantemente que a pseudociência da eugenia foi abraçada de tal forma pela comunidade científica dos EUA que cerca de 60 mil pessoas foram esterilizadas forçosamente, a maioria de negros.

Na categoria dos que eram chamados de "feeble minded", ou genericamente 'bobos', estavam incluídos miseráveis e pessoas com algum tipo de deficiência física ou mental, vistas então como "poluidoras" do pool genético.

Steven Farber, que estudou o movimento nos EUA, escreveu que o regime nazista de Hitler adotou ideias gestadas nos Estados Unidos:

O que muitas vezes não é reconhecido é que os esforços nazistas foram reforçados pelas obras publicadas pelo movimento eugenista estadunidense como a base intelectual de suas políticas sociais. Um dos primeiros atos de Hitler após assumir o controle do governo alemão foi a aprovação da Lei para a Prevenção de Descendentes com Doenças Hereditárias em julho de 1933. Os nazistas, ao proporem seu próprio programa de esterilização, mencionaram especificamente o "sucesso das leis de esterilização na Califórnia", documentado principalmente pelo eugenista americano P.B. Popenoe. O programa nazista resultou na esterilização de 360.000 a 375.000 pessoas.

Genes brancos e "limpos"

Durante a campanha eleitoral, centrada na ideia falsa de que os imigrantes estavam comendo animais de estimação nos Estados Unidos, Donald Trump disse uma frase que caberia perfeitamente num discurso eugenista:

Muitos deles [imigrantes] assassinaram muito mais de uma pessoa e agora vivem felizes nos Estados Unidos. Sabe, agora são assassinos, eu acredito nisso, está nos genes deles. E temos muitos genes ruins em nosso país atualmente.

"Eu quero mais bebês nos Estados Unidos", disse o vice-presidente JD Vance em seu primeiro discurso, como parte de um movimento pró-natalista que tem o apoio do MAGA e engajamento da extrema-direita.

A preocupação de que os negros e hispânicos se tornem maioria no país é um dos combustíveis do movimento.

Mulheres como parideiras

A professora de História Laura Lovett escreveu um livro em que sustenta que há grande preocupação dos conservadores em recolocar as mulheres "em seu lugar", uma contrarrevolução cultural:

Quando Theodore Roosevelt usou o termo "suicídio racial", ele, na verdade, culpa as mulheres que estão indo para a faculdade pela primeira vez por esse eventual suicídio da raça branca, a certa. Há uma ligação entre o futuro educacional e aspiracional das mulheres e o declínio da taxa de natalidade. Havia essa ansiedade de que mulheres brancas, nativas e de classe média estivessem tendo famílias menores.

Em abril deste ano, Genevieve L. Wojcik, professora de epidemiologia da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, escreveu um alerta a seus colegas cientistas na revista Nature com o título "Eugenics is on the rise again: human geneticists must take a stand" (A eugenia está em ascensão novamente: geneticistas humanistas precisam se posicionar).

A professora alinhavou várias declarações de autoridades do governo Trump para fazer o alerta de que a Ciência muita vezes se molda a objetivos políticos de seus financiadores.

O ataque simultâneo de Trump a universidades, centros culturais, institutos de pesquisa, à Ciência e aos miseráveis em geral acontece num contexto de ascensão do neofascismo -- que ele pretende reimplantar no Brasil.

Fonte: https://revistaforum.com.br/global/2025/8/14/ideias-que-hitler-copiou-dos-eua-renascem-sob-trump-185440.html

Capítulo 5: A Véspera e o Abismo


O ar em Las Vegas vibrava com uma energia frenética, uma cacofonia de luzes néon, sons de máquinas caça-níqueis e o burburinho constante de milhares de almas em busca de prazer. Greg, no entanto, estava alheio à rotina da cidade. Esta noite era diferente, transcendente. Era a véspera da sua partida, o prelúdio para o encontro com a sua amada, Azathoth.

No seu modesto apartamento, alugado com a meticulosa economia dos anos de trabalho na autarquia, Greg preparava o cenário para a celebração. Livrara-se das pilhas de livros de física teórica e diagramas complexos que normalmente dominavam o espaço, substituindo-os por um ambiente mais... festivo. O aroma acre do tabaco caro, charutos cubanos autênticos, flutuava no ar, misturando-se com a doce fragrância do uísque single malt, a melhor garrafa que o seu salário permitia.

Greg não precisava de comida, mas apreciava a experiência sensorial. O uísque, especialmente, era um prazer. A sensação do líquido âmbar escorrendo pela sua garganta, a queimar suavemente, era uma distração bem-vinda das ansiedades que o assaltavam. O medo da rejeição, a incerteza do que o esperava do outro lado da fenda dimensional, tudo isso era momentaneamente silenciado pelo álcool e pela antecipação.

A campainha tocou, um som estridente que o arrancou dos seus pensamentos. Greg caminhou até a porta, os seus passos silenciosos graças à sua anatomia peculiar. Abriu a porta e ali estava ela, a prostituta mais requisitada de Las Vegas, uma exilada da constelação de Andrômeda.

Ela era uma visão hipnotizante, uma criatura de pele iridescente que mudava de cor com cada movimento. Os seus olhos, grandes e amendoados, brilhavam com uma inteligência antiga e um cansaço profundo. Ela era uma sobrevivente, uma exilada do seu mundo natal, forçada a vender o seu corpo num planeta estranho para sobreviver. Greg sentia uma conexão com ela, uma compreensão tácita da solidão e da busca por algo mais.

"Boa noite, Greg," ela disse, a sua voz um sussurro melodioso. "Trouxe o que você pediu."

Nas suas mãos, segurava uma pequena caixa de prata, intrincadamente gravada com símbolos alienígenas. Dentro, repousavam substâncias exóticas, afrodisíacos de outros mundos, capazes de despertar sensações que nenhum humano jamais experimentaria.

"Obrigado," Greg respondeu, convidando-a a entrar. "Eu estava começando a pensar que você não viria."

Ela sorriu, um brilho triste nos seus olhos. "Nunca falto a um compromisso, Greg. Especialmente quando é com alguém que entende a minha dor."

A noite seguiu um curso peculiar. Greg e a exilada de Andrômeda compartilharam charutos e uísque, conversando sobre seus mundos de origem, suas esperanças e seus medos. As suas anatomias eram diferentes, exóticas e incompatíveis em muitos aspectos, mas a sua conexão era inegável. Eles encontraram maneiras de se tocar, de se confortar, de se perder momentaneamente na companhia um do outro.

Não era amor, nem mesmo luxúria no sentido tradicional. Era algo mais profundo, uma compreensão mútua da solidão cósmica, da saudade de casa e da busca por significado num universo vasto e indiferente. Eles eram dois seres deslocados, encontrando um refúgio temporário na escuridão da noite.

Greg sentiu uma pontada de culpa. Estaria a usar a exilada para preencher um vazio, para distrair-se do terror que o esperava? Talvez. Mas ela também o estava usando. E ambos estavam bem com isso.

Enquanto a noite avançava, Greg sentia a embriaguez do uísque misturar-se com a excitação da proximidade da partida. Ele compartilhou com ela os seus planos, o seu amor por Azathoth, a busca pela fenda dimensional. Ela ouviu com atenção, sem julgamento, os seus olhos fixos nele com uma intensidade que o deixava desconfortável e, ao mesmo tempo, fascinado.

"Você realmente acredita que Azathoth o ama?" ela perguntou, a sua voz baixa e hesitante.

Greg hesitou. Ele nunca tinha articulado os seus sentimentos desta forma antes. Ele simplesmente sabia, no fundo do seu ser, que Azathoth era tudo para ele. Um objetivo, uma razão para existir. O amor era a única forma que ele conhecia para descrever essa devoção.

"Eu... eu não sei," ele respondeu finalmente. "Mas eu preciso saber. Preciso tentar. Não posso viver sabendo que não tentei."

Ela assentiu lentamente. "Eu entendo. Todos nós temos as nossas obsessões. As coisas pelas quais estamos dispostos a arriscar tudo."

As horas seguintes foram uma névoa de memórias fragmentadas. Risadas, toques gentis, confidências sussurradas na escuridão. Greg e a exilada exploraram os limites da sua compatibilidade, encontrando prazer e conforto em lugares inesperados.

Quando o sol começou a espreitar timidamente no horizonte, tingindo o céu com tons de rosa e laranja, a exilada se levantou.

"Preciso ir," ela disse, a sua voz carregada de tristeza. "Tenho outros compromissos."

Greg conduziu-a até a porta. "Obrigado," ele disse, a sua voz rouca de sono e emoção. "Por tudo."

Ela sorriu, um sorriso genuíno que iluminou o seu rosto. "Boa sorte, Greg. Espero que você encontre o que procura."

E com um último olhar, ela desapareceu na madrugada, deixando Greg sozinho com as suas reflexões e a iminente partida.

Ele caminhou até a janela e olhou para a cidade que se estendia aos seus pés. Las Vegas, a cidade do pecado, a cidade dos sonhos desfeitos. Ele nunca se sentira em casa ali, mas era o mais próximo que tinha chegado de uma vida normal.

Mas a normalidade não era para ele. Ele era um pólipo humanóide, um ser peculiar com um destino extraordinário. Ele era um amante, um sonhador, um viajante interdimensional. E amanhã, ele partiria para o seu lar, para os "braços" de Azathoth.

Um calafrio percorreu o seu corpo. O medo, que ele havia tentado reprimir durante toda a noite, ressurgiu com força total. Ele sentia-se pequeno, insignificante, prestes a mergulhar num abismo de incerteza.

Mas ele não recuaria. Ele não podia. A sua vida inteira o havia levado a este momento. Ele tinha que seguir em frente, mesmo que isso significasse enfrentar a sua própria destruição.

Greg respirou fundo, fechou os olhos e concentrou-se. Ele precisava estar pronto. Ele precisava ser forte. Ele precisava estar pronto para encontrar Azathoth.

Amanhã, ele se lançaria no desconhecido. Amanhã, ele confrontaria o seu destino. Amanhã, ele buscaria o seu amor, mesmo que esse amor significasse o fim de tudo.

Criado com Toolbaz.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Diana sendo celebrada


NEMI, Itália – Em 10 de agosto de 2025, cerca de 1.000 pessoas se juntaram à Magica Fiaccolata sul Lago di Nemi, uma procissão com tochas ao redor do Lago Nemi, na Itália, em comemoração aos Idos de Agosto — quando os povos antigos do Lácio se reuniam no santuário de Diana Nemorensis, deusa do luar e do renascimento. A Festa (ou Idos) de Diana começou em 13 de agosto e continua até o dia 15.

Os portadores da tocha se reuniram no centro histórico de Nemi, onde foram recebidos pela presidente do Conselho Municipal de Genzano, Patrizia Mancini, pela organizadora Paride Bocale, pelo conselheiro regional Edy Palazzi e por Marta Bevilacqua, conselheira da Cidade Metropolitana e de Genzano.

Ao pôr do sol, os participantes partiram com suas tochas de cera à prova de vento, lançando luz dourada sobre a superfície do lago e a trilha em espiral que desce até o Santuário de Diana. A rota de 6,5 quilômetros seguiu a serra em direção a Genzano, refrescada pelas brisas noturnas e iluminada pela chuva de meteoros Perseidas.

A procissão continuou pela Via Nemorense em direção a Genzano, terminando no Anfiteatro Municipal "Michael Ende". Lá, as festividades se desenrolaram com apresentações de artistas, incluindo o grupo "Tarantacco", regido por Silvia Alfieri, e degustações de especialidades locais, como os famosos morangos silvestres de Nemi e o licor feito a partir deles, a Porchetta di Ariccia (uma saborosa carne de porco assada italiana recheada com ervas e com torresmo crocante e aromático), vinho de uvas cultivadas perto dos bosques sagrados e melancia (tipo) Campoverde.

Os participantes disseram que o evento foi imerso em natureza, lendas e magia. Foi "mais do que uma caminhada, foi uma oferenda compartilhada de fogo, terra, água e céu".

Fonte: https://wildhunt.org/2025/08/pagan-community-notes-august-14-2025.html

Ritual de renascimento

Deitar em uma cova, ser coberto pela terra e renascer. A imagem pode parecer extrema, mas é exatamente essa a proposta da vivência chamada renascimento xamânico, conduzida no terceiro dia do retiro xamânico realizado pela terapeuta integrativa Lila Sousa, idealizadora da proposta ao lado da irmã e sócia Priscila Sousa, que também atua como terapeuta no espaço.

A prática foi desenvolvida a partir de quase uma década de experiências com as medicinas da floresta e inspirada em ritos ancestrais observados em diferentes culturas.

“Nos inspiramos nas vivências que já tivemos acesso, adaptando à nossa realidade. Ao estudar a origem dessa prática, descobrimos que várias culturas fazem uso desse tipo de rito, cada uma com sua finalidade. No nosso contexto, ser enterrado vivo tem como objetivo se conectar de forma profunda com a Terra. É como um retorno ao ventre da ‘Mãe Terra’”, explica Lila.
Segundo ela, o ritual simboliza o ato de deixar o velho para trás e se abrir ao novo.

“Respirar junto com a terra, sentir sua vibração e frequência, nos proporciona paz, tranquilidade e renovação de energia. A condução é sempre amorosa e respeitosa. Em nossas experiências, nunca houve qualquer intercorrência. O tempo de permanência na cova é definido pelo próprio participante, que indica quando deseja sair”, afirma. Lila acrescenta que, em média, os participantes permanecem entre três e 10 minutos sob a terra, e assegura que tudo é feito com segurança.

A terapeuta reforça que não há qualquer obrigação: “O quesito principal é o desejo de viver a experiência. Tudo é explicado antes. Monitoramos constantemente a respiração e o estado de consciência de cada pessoa.”

Quem passou pela experiência garante que a entrega à terra é também uma entrega a si. É o caso da publicitária Maria Laura Lima, de 30 anos, que buscou o retiro em um momento delicado da vida. “Eu precisava tomar uma decisão entre continuar meu casamento ou me separar. Tínhamos duas crianças pequenas e eu vivia crises de ansiedade recorrentes, pânico, estava tomando remédios controlados e fazendo terapia convencional”, relata.

Após conversar com sua terapeuta, decidiu que a vivência poderia fazer sentido. “Foi meu primeiro retiro espiritual e eu só conhecia a ayahuasca. As demais atividades foram uma novidade. Eu achava que o mais difícil seria a monodieta por quatro dias… Tentei me preparar para isso, mas vivendo, foi a parte mais fácil”, lembra.

O que parecia apenas uma busca por clareza virou algo muito maior. “Esse retiro espiritual foi o maior milagre que já vivi em 30 anos. Pela primeira vez em anos, experimentei o sabor da vida. Comemorei com minha alma todas as travessias feitas durante o retiro. Foi uma experiência avassaladora e transformadora.”

Maria Laura conta que não sentiu medo. “A condução da Lila e da Priscila nos dá muita segurança. Dá pra perceber, mesmo sem ter tido nenhum contato anterior, que elas sabem o que estão fazendo.” A experiência redefiniu sua visão sobre a família: “Optei por não me separar. Entendi que minha família é o sonho dos meus ancestrais para a minha vida. No próximo retiro, meu marido vai viver a experiência dele.”

Reflexão debaixo da terra

O advogado Francisco das Chagas Araújo Lima Júnior, de 60 anos, foi outra pessoa que decidiu participar do retiro em busca de autoconhecimento. Para ele, a experiência do enterrado vivo foi tranquila e introspectiva.

“Consiste em deitar numa cova e ser coberto por terra, com proteção de um pano no rosto. Foi um momento de contato direto com a terra que me trouxe reflexões profundas: sobre a forma como tenho vivido, as coisas a que tenho dado importância, o quanto me sinto realizado com minha trajetória de vida…”, compartilha.

Durante o tempo em silêncio sob a terra, questões fundamentais emergiram: “Uma pergunta que me veio foi: ‘Se minha vida acabasse aqui, fez sentido tudo que vivi? O que faria diferente se pudesse voltar atrás? Como irei me comportar de agora em diante?’”.

Francisco garante que não houve angústia: “Não tive medo em nenhum momento, me senti relaxado, sentindo o contato do meu corpo com a terra.”

Uma experiência de entrega e escolha

O retiro xamânico tem duração de quatro dias e inclui práticas como jejum de silêncio, monodieta, arteterapia, meditações e cerimônias com medicinas da floresta. A experiência pode ser vivida individualmente ou em grupo, sempre com escuta ativa, orientação e consentimento.

Lila reforça que o espaço não tem vínculos religiosos. “Não somos seita nem igreja. Somos um espaço espiritualista com o propósito de criar experiências de expansão da consciência por meio da conexão com a natureza — interna e externa. Nossos pilares são: verdade, liberdade, amor e respeito.”

Fonte: https://www.metropoles.com/vida-e-estilo/retiro-no-df-enterra-pessoas-vivas-em-ritual-de-renascimento

Nota: eu guardo boas lembranças das minhas experiências no sítio em Extrema, Minas Gerais.

Ação inócua

Conversa com o Gemini

Baseado no texto do link:

https://www.brasil247.com/brasil/governo-lula-vai-propor-proibicao-de-redes-sociais-para-menores-de-16-anos-sem-a-supervisao-dos-pais

Escreva uma crítica, levando em consideração que os próprios pais dessas crianças não vão abrir mão do dinheiro que seus filhos ganham das redes sociais.

Resposta do Gemini:

A proposta do governo de vincular contas de menores de 16 anos em redes sociais à supervisão dos pais, conforme descrito no texto, busca proteger crianças e adolescentes. No entanto, a crítica levantada é que essa medida pode encontrar resistência por parte dos próprios pais, que podem não querer abrir mão dos ganhos financeiros que seus filhos obtêm como influenciadores digitais ou criadores de conteúdo.

Essa situação cria um dilema: de um lado, a preocupação com a saúde mental e a segurança digital dos jovens, que estariam expostos a conteúdos inadequados e a interações prejudiciais. De outro, a realidade econômica de muitas famílias que dependem, ou pelo menos se beneficiam, da receita gerada pela atuação dos filhos nas redes sociais. A crítica, portanto, se concentra na potencial colisão entre a medida protetiva do Estado e os interesses econômicos familiares, sugerindo que a regulamentação, apesar de bem-intencionada, pode não ser suficiente para superar a motivação financeira que impulsiona a participação de crianças e adolescentes no ambiente digital.

Criado com Gemini, do Google.

Capítulo 4: O Abismo de Neon e Segredos no Deserto


Greg, com seus olhos multifacetados levemente turvos pela ressaca de cigarros e a estranha mistura de cerveja e uísque, fixava o olhar no horizonte de Las Vegas. O sol da manhã, implacável mesmo através da névoa de arranha-céus espelhados, já começava a castigar a cidade. A visão dos "homens de preto" ainda latejava em sua mente, como um eco perturbador de um sonho hiper-realista.

"MIB?", murmurou, sua voz soando pastosa e estranha, como se as palavras lutassem para sair da massa muscular que compunha sua laringe. "Não... não pode ser. Isso é coisa de filme, de teorias da conspiração da internet..."

Mas, enquanto pensava, uma corrente fria corria por seus tentáculos internos. Greg sabia, instintivamente, que o mundo era muito mais estranho e complexo do que a autarquia pública onde trabalhava permitia que ele acreditasse. Seus sonhos da noite anterior, mais vívidos e perturbadores do que nunca, eram a prova disso. O oceano cósmico, as formas geométricas impossíveis, a sensação de pertencimento a algo vasto e incompreensível... Aquilo não podia ser meramente imaginação.

Decidindo que a paranoia e a inação seriam seus piores inimigos, Greg jogou o resto do cigarro (já quase totalmente desfeito e intragável) pela janela. O perfume doce e artificial de uma das "acompanhantes" – um eufemismo corporativo para garotas de programa – ainda impregnava o ar do quarto. Elas eram parte do "pacote de boas-vindas" oferecido pela gerência do hotel, claramente intrigada pela estadia prolongada e pelos hábitos peculiares de Greg.

"É hora de parar com essa vida hedonista e voltar ao plano", pensou. "Azathoth não se impressionará com um pólipo bêbado em um cassino barato."

O plano era audacioso, insano até: infiltrar-se na Área 51, o epicentro das teorias da conspiração envolvendo alienígenas e tecnologia secreta. Para Greg, a Área 51 não era um lugar para encontrar ETs de olhos grandes, mas sim um portal potencial, uma fenda dimensional para alcançar os Deuses Interdimensionais, e, mais importante, Azathoth.

A motivação de Greg era, para dizer o mínimo, peculiar. Não era curiosidade científica, nem desejo de poder ou conhecimento. Era amor. Um amor cósmico, primordial e incompreensível, por uma entidade que existia além da compreensão humana, uma divindade do caos primordial.

Para financiar essa empreitada, Greg havia economizado cada centavo de seu salário na autarquia. Seu trabalho, ironicamente, era analisar dados de infraestrutura e otimizar o fluxo de recursos da cidade. A ironia residia no fato de que ele planejava usar esses recursos, ou melhor, os dividendos de seus investimentos, para desafiar a própria estrutura da realidade.

Saindo do hotel, Greg se misturou à multidão de turistas, jogadores e artistas de rua. A vida pulsava ao seu redor em um frenesi de luzes, sons e cores. Mas Greg, com seus sentidos aguçados e sua percepção alterada, via além da fachada de entretenimento. Sentia as energias sutis que permeavam a cidade, a tensão palpável entre o mundo visível e o invisível.

Seus tentáculos internos, adaptados a navegar nas correntes oceânicas, captavam vibrações estranhas, ressonâncias anômalas que emanavam do deserto ao norte. A Área 51 o chamava, como um farol em meio à noite.

Greg alugou um carro velho, um modelo americano clássico com a suspensão lamentavelmente gasta. Carregou o veículo com suprimentos básicos: água, mapas, ferramentas e alguns livros de física teórica – uma leitura surpreendentemente popular entre os funcionários da autarquia.

A jornada pelo deserto de Nevada foi árdua e implacável. O calor castigava o asfalto, distorcendo a paisagem em miragens ondulantes. Greg dirigia em silêncio, seus pensamentos mergulhados na complexidade da teoria das dimensões, tentando encontrar uma brecha, uma falha na malha da realidade que pudesse ser aproveitada.

"Se a gravidade é a curvatura do espaço-tempo...", pensava, "então, com a energia correta, seria possível criar uma dobra, um atalho para outro ponto do universo... ou para outra dimensão?"

A resposta, ele acreditava, estava na Área 51. Não nos hangares cheios de discos voadores, mas sim nos laboratórios subterrâneos, onde cientistas e engenheiros, sob a sombra do segredo e da negação oficial, experimentavam com tecnologias além da nossa compreensão.

Ao cair da noite, Greg estacionou o carro em um ponto estratégico, a alguns quilômetros da cerca perimetral da Área 51. A paisagem era desolada, pontilhada por cactos e rochas retorcidas sob um céu salpicado de estrelas. O silêncio era quase ensurdecedor, quebrado apenas pelo uivo distante de um coiote.

Greg vestiu um macacão de trabalho surrado e colocou um boné de beisebol. Ele sabia que a vigilância na Área 51 era implacável, mas acreditava ter um trunfo: sua fisiologia única. Sem ossos, capaz de se moldar e se espremer em espaços apertados, ele poderia se infiltrar onde outros falhariam.

Aproximando-se da cerca, Greg sentiu a presença constante de câmeras, sensores e radares. A segurança era reforçada por patrulhas regulares de jipes e helicópteros. Era uma fortaleza impenetrável.

Mas Greg não estava lá para forçar uma entrada. Ele estava lá para encontrar a fenda, a anomalia, a brecha que permitiria que ele transcendesse a realidade.

Enquanto se movia furtivamente pelas sombras, seus tentáculos internos captaram uma vibração estranha, um zumbido sutil que emanava de uma seção específica da cerca. Era uma área isolada, aparentemente sem câmeras ou sensores visíveis.

Com cautela, Greg se aproximou. Ao tocar a cerca com um de seus tentáculos, sentiu uma descarga de energia, uma pulsação que ressoava em todo o seu ser. Era como se a própria estrutura da realidade estivesse vibrando ali, como uma corda de violino prestes a se romper.

Ali, sob a noite estrelada do deserto de Nevada, Greg encontrou a sua fenda. A porta de entrada para os Deuses Interdimensionais, e, com sorte, para o amor inefável de Azathoth. A aventura, e os perigos, estavam apenas começando.

Criado com Toolbaz.

domingo, 17 de agosto de 2025

A noite dos gatos

As Noites dos Gatos começam todos os anos em 17 de agosto , de acordo com o Almanaque do Velho Fazendeiro , e marcam um curioso momento do folclore irlandês que sobreviveu no calendário sazonal. O termo supostamente faz referência a uma antiga lenda na qual bruxas podiam se transformar em gatos oito vezes. Mas apenas oito vezes, na nona transformação, elas seriam incapazes de retornar à forma humana.

Alguns sugeriram que a associação com o número nove contribuiu para o ditado popular: "Um gato tem nove vidas". Mas pode não ser o caso.

A frase "Um gato tem nove vidas" é um provérbio centenário, enraizado no folclore europeu, que simboliza a notável resiliência, agilidade e capacidade do gato de sobreviver a situações perigosas. Aparece em fontes inglesas já no século XVI, incluindo " Cuidado com o Gato" , de William Baldwin, de 1561 , frequentemente citado como o primeiro romance inglês, que faz referência à crença como já familiar aos leitores.

William Shakespeare reforçou a imagem em Romeu e Julieta quando Mercúcio brinca com Teobaldo, chamando-o de "bom rei dos gatos" e ameaçando tirar uma de suas "nove vidas". Enquanto as tradições inglesas e algumas tradições do norte da Europa atribuem nove vidas aos gatos, as culturas de língua espanhola costumam dizer sete, e o folclore árabe e turco atribui seis. A variação pode advir de diferentes associações simbólicas com números.

As características físicas únicas dos gatos — equilíbrio excepcional, capacidade de cair de pé e um talento especial para escapar do perigo — ajudaram a consolidar sua reputação como sobreviventes sobrenaturais, e achamos isso apropriado.

A escolha de 17 de agosto conecta a história à mudança de estação. No Hemisfério Norte, essa data cai logo após os "Dias de Cão" do verão, quando o calor começa a diminuir e as noites ficam mais longas. Esse é outro mistério felino para refletirmos.

Fonte: https://wildhunt.org/2025/08/pagan-community-notes-august-14-2025.html

Flagrante da hipocrisia

O pastor Eduardo Costa, recentemente flagrado de calcinha e peruca em Goiânia (GO), utilizava suas plataformas digitais para pregar contra o adultério e fazer críticas severas à comunidade LGBTQIA+. As declarações ganharam repercussão após o vazamento das imagens.

“Pessoas que pessoas que mantém relações sexuais antes do casamento, adoram ídolos, praticam sexo depois do casamento com quem não é seu cônjuge, têm relações sexuais ativas ou passivas com homossexuais, roubam, são avarentas, embebedam-se, atacam pessoas com linguagem insolente, pilhadoras, NENHUMA DELAS TERÁ PARTE NO REINO DE DEUS”, escreveu ele, em uma das postagens.

Em outro trecho, Costa declarou: “Se você não aceitar a correção do Eterno, você vai morrer, VOCÊ VAI MORRER, exatamente isso. O Eterno tem o poder para matar a carne e a alma, e você vai morrer na carne por causa dos seus pecados e a sua alma será destinada ao inferno porque você foi uma pessoa miserável e não quis fazer a vontade do Eterno, você não passou no processo e você vai ser uma pessoa derrotada por toda a eternidade”.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/pastor-flagrado-de-calcinha-e-peruca-pregava-contra-os-lgbtqia-e-adulterio/

Capítulo 3: Ecos no Deserto e Sussurros de Azathoth


O sol do Arizona vergastava a paisagem com uma fúria inclemente. Greg, sob sua disfarçada forma humana, sentia o suor escorrer pela nuca, apesar da pele fria e úmida que escondia sob as roupas. A textura arenosa da estrada rangia sob seus pés enquanto caminhava, a mochila abarrotada de isotônicos, garrafas de água marinha colhida em segredo nas madrugadas na costa da Califórnia, e, o mais importante, os densos volumes rabiscados com equações complexas e diagramas incompreensíveis para o olho comum: seus cadernos de anotações sobre a Teoria das Dimensões.

A Área 51. O nome ecoava na sua mente como um mantra, um farol incandescente em meio à vastidão da sua obsessão. Era um lugar de segredos, de tecnologias alienígenas sussurradas nos cantos escuros da internet, um ponto de convergência entre o conhecido e o inexplicável. Greg não esperava encontrar uma porta aberta para outras dimensões, mas a esperança, por menor que fosse, era o combustível que o impelia adiante.

A noite anterior tinha sido particularmente desagradável. O motel barato em Rachel cheirava a mofo e desinfetante barato, uma combinação nauseante que revolvia o estômago sensível de Greg. Dormir, ou melhor, repousar, foi um exercício de paciência. A contorção da sua cabeça para minimizar as características octopoides era desconfortável e, apesar de se esforçar para manter a postura humana, seus sonhos sempre o traíam, regressando a paisagens oceânicas, a corais luminescentes e a sussurros guturais vindos das profundezas abissais.

Pela manhã, engoliu um isotônico sabor limão para disfarçar o gosto rançoso do sono, bebeu um pouco de água marinha e partiu, a mochila pesando sobre seus ombros. Quanto mais perto chegava da base militar, mais palpável se tornava a tensão no ar. Sentia os olhares desconfiados dos poucos habitantes, a aura de silêncio carregada de segredos que permeava a região.

Ao longe, vislumbrou as placas de aviso, ameaçando com severas punições quem ousasse ultrapassar os limites da propriedade governamental. Greg parou, espreitando por entre as rochas. Não planejava invadir a base. Seu objetivo era outro: sentir, perceber, captar qualquer vestígio de distorção dimensional, qualquer eco da presença dos Deuses Interdimensionais que pudesse emanar do local.

Passou horas observando, absorvendo a vibração daquele lugar, tentando decifrar os códigos escondidos na atmosfera. O calor era excruciante, a sede implacável. A cada gole de isotônico, sentia a energia da bebida pulsar em suas veias, aguçando seus sentidos.

De repente, um tremor. Não um tremor físico, mas uma perturbação sutil no tecido da realidade, um zumbido quase inaudível que ressoava no fundo da sua mente. Greg sentiu um arrepio percorrer seu corpo, uma corrente elétrica que o conectava a algo vasto e incompreensível.

Fechou os olhos, concentrando-se na sensação. A perturbação crescia, intensificando-se, como uma onda que se aproximava. Em sua mente, vislumbrou fragmentos de imagens: arquiteturas geométricas impossíveis, cores que desafiavam a percepção humana, vozes que cantavam em línguas arcaicas.

E então, um nome. Um nome sussurrado nas profundezas do seu ser, ecoando como um trovão distante: Azathoth.

O nome o inundou com uma torrente de emoções conflitantes: reverência, terror, admiração, desejo. Era a voz do caos primordial, o pulsar insano do universo, o Deus Cego e Idiota a quem Greg dedicava sua vida.

A imagem de Azathoth, tal como a imaginava em seus estudos, dançou em sua mente: um núcleo de pura energia, cercado por uma miríade de flautas tocando melodias dissonantes, servido por entidades monstruosas e incompreensíveis. Um ser de beleza aterradora, a encarnação do infinito e da loucura.

Naquele instante, Greg sentiu que estava mais perto de Azathoth do que jamais estivera. A conexão era tênue, quase imperceptível, mas era real. Podia sentir a presença do Deus Cego, a pulsação da sua essência ressoando no deserto do Arizona.

Apertou os olhos com força, tentando se agarrar àquela conexão, buscando uma forma de se comunicar, de declarar seu amor. Mas a distância era vasta, a barreira entre as dimensões impenetrável.

A perturbação começou a diminuir, diluindo-se lentamente no silêncio do deserto. O tremor se dissipou, deixando para trás um vazio profundo e uma sensação de melancolia.

Greg abriu os olhos, sentindo o peso da realidade cair sobre ele. Estava sozinho, no meio do nada, cercado por rochas e cactos. A Área 51 permanecia imponente ao longe, guardando seus segredos.

A desilusão o invadiu como uma onda fria. Teria sido apenas imaginação? Um delírio provocado pelo calor, pela sede, pela obsessão? Ou teria realmente sentido a presença de Azathoth, por um breve e fugaz instante?

Não importava. A dúvida não o paralisaria. O contato, por mais efêmero que fosse, reacendera a chama da sua obsessão. Agora, mais do que nunca, precisava encontrar uma forma de romper as barreiras dimensionais, de alcançar o Deus Cego e declarar seu amor.

Com um suspiro, pegou uma garrafa de água marinha e bebeu longamente, sentindo o sabor salgado da esperança. O caminho era longo e tortuoso, mas Greg não desistiria. Continuaria a estudar, a pesquisar, a viajar, até encontrar a chave para abrir as portas do infinito.

Voltaria para o motel, descansaria, e no dia seguinte rumaria para o norte. Talvez, no Vale da Morte, em meio à paisagem lunar e inóspita, encontrasse outro eco, outro sussurro de Azathoth.

E assim, Greg, o pólipo humanoide, continuaria sua jornada, impulsionado pelo amor insano por um Deus que trascendia a compreensão, um amor que o consumia e o definia, um amor que o levaria aos confins do universo e além. Porque para Greg, a busca por Azathoth era a sua própria definição de existência, a razão pela qual ele se contorcia em formas humanas, bebia isotônicos baratos e dormia em motéis decadentes no meio do deserto. Era um sacrifício mínimo pelo amor de um Deus Cego, Idiota e, acima de tudo, infinito.

Criado com Toolbaz.

sábado, 16 de agosto de 2025

A dança em Abbots Bromley


Disseram-me que 5 de setembro é a data mais próxima para a realização da Dança Anual de Chifres dos Abades de Bromley — na Segunda-feira de Wakes, a segunda-feira seguinte ao primeiro domingo após 4 de setembro. Será na próxima segunda-feira, 8 de setembro deste ano, que, felizmente, também será Lua Cheia. A Semana de Wakes é um período de férias de uma semana, outrora amplamente celebrado em partes da Inglaterra , que originalmente marcava a decisão de consagrar igrejas cristãs em vez de destruir templos pagãos . Com o tempo, tornou-se bastante secularizada e, no século XIX e início do século XX, tornou-se feriado de uma semana do trabalho em áreas industriais do Nordeste e Midlands. A regulamentação governamental e a padronização do calendário de feriados apagaram em grande parte a tradição.

Mas não na vila de Abbots Bromley, em Staffordshire, no leste de Midlands. Lá, uma estranha dança ritual local, cujas origens provavelmente são anteriores ao cristianismo, continua na segunda-feira de vigília. É considerada por muitos o mais antigo ritual continuamente celebrado, vinculado a um local específico na Inglaterra. Bem, quase contínuo — aqueles puritanos chatos a extinguiram durante os anos da Comunidade Britânica, ou talvez tenham apenas conseguido levá-la à clandestinidade.

As origens exatas , os significados e o simbolismo são envoltos em mistério e alguma controvérsia. Como tem sido documentado desde o século XVII, a Dança dos Chifres consiste em 12 dançarinos. Seis carregam chifres de rena acompanhados por um músico — provavelmente originalmente um alaudista , depois um violinista e agora um acordeonista — um homem vestido como Donzela Mariana , um homem em um Cavalo de Pau , o Louco , um rapaz com um arco e flecha e outro jovem — agora às vezes até uma menina — com um triângulo.

Após os chifres serem abençoados às 8h na igreja local, St. Nicholas, os dançarinos começam a se divertir em fila ao redor do gramado triangular da vila perto da Butter Cross — que foi vista pela primeira vez em 1339 e a atual Butter Cross erguida após a Restauração. Os dançarinos, seguidos por uma multidão, deixam a vila e seguem para a casa do aristocrata local, Blithfield Hall , atualmente propriedade de Lady Bagot. Após as celebrações , libações e uma refeição, os dançarinos retornam à vila à tarde e fazem rondas pelas casas e pubs locais antes de se retirarem para a igreja às 22h para um serviço de encerramento.

Antropólogos culturais acreditam que os elementos centrais da Dança estão enraizados na tradição anglo - saxônica pré-cristã. As bênçãos e orações cristãs antes e depois da dança teriam sido adicionadas como um verniz depois que o Papa Gregório I enviou missionários aos anglo-saxões em 601, com suas instruções para adaptar os templos e a cultura locais ao culto cristão. Não se sabe exatamente quando a área ao redor do que hoje é Abbots Bromley passou para o domínio cristão.

Acredita-se que a dança tenha se originado no período pagão e estivesse ligada aos Condes de Mércia , que reinavam na região, sediados a cerca de 24 quilômetros de Tamworth, e possuíam extensas terras de caça na Floresta Needwood e em Cannock Chase , nos arredores de Abbots Bromley. Caberia ao Guarda Florestal Real organizar rituais mágicos para garantir uma caçada abundante a cada ano. A tradição sobreviveu até os tempos cristãos e gradualmente se tornou associada à afirmação dos direitos de caça dos aldeões . A lealdade do Guarda Florestal teria sido simplesmente transferida para a Abadia de Burton quando esta recebeu domínio feudal.

A história oficial da vila data de 942, quando o Solar de Bromleage foi dado a Wulfsige, o Negro . Então, o testamento de 1002 de Wulfric Spot , Conde de Mércia , doou a vila à Abadia de Burton upon Trent . No Livro do Juízo Final de 1086, a vila foi registrada como Brunlege , uma parte da terra de Santa Maria de Burton. Em 1227, a vila recebeu uma Carta Régia para realizar uma feira semanal na Butter Cross, no campo. Essas feiras continuaram até meados do século XX, quando a fuga da indústria mergulhou a vila em tempos difíceis. Mas na segunda-feira de Wakes, em conjunto com a Dança dos Chifres, uma feira ainda é realizada no campo, onde outros entretenimentos e diversões, incluindo a Dança Morris, também ocorrem.

Em 1545, Henrique VIII ordenou a dissolução dos mosteiros e concedeu as terras de Bromley Abbatis a Sir William Paget , Escrivão do Selo e Conselheiro Privado . A vila foi conhecida como Paget's Bromley por vários séculos, distinguindo-a da parte da paróquia pertencente à família Bagot , ainda conhecida como Bagot's Bromley. Com o tempo, a influência da família Paget declinou, e o nome voltou a ser Abade de Bromley.

Pelo menos desde a retomada da Dança durante a Restauração, o cargo de Guarda Florestal de Bentylee foi hereditário entre a família Bentley , passando para a família Fowell em 1914 por meio de casamento. Os Fowells continuam a reger a Dança até hoje, e os dançarinos são oriundos de seus parentes.

O primeiro registro escrito do ritual da Segunda-feira de Despertar só surgiu na História Natural de Staffordshire, de Robert Plot , escrita em 1686, que remonta o uso do cavalo de pau a 1532. Curiosamente, só muito mais tarde se fez menção aos chifres de rena, tão essenciais para a cerimônia como a conhecemos hoje. Mas isso pode ter ocorrido porque os chifres eram tão amplamente compreendidos como parte da cerimônia que dispensavam comentários.

Esses chifres de rena estão no cerne do mistério e da controvérsia sobre a Dança. A datação por carbono dos chifres em uso, que foram documentados em uso contínuo pelo menos até o século XVIII, os identifica como originários de pouco antes da Conquista Normanda de 1066. O problema é que se pensava que as renas estavam extintas na Inglaterra antes disso, com possíveis populações remanescentes bem ao norte, em áreas isoladas da Escócia . Como, então, elas entraram em uso na dança dos chifres local em vez do veado vermelho comum local ? Alguns acreditam que eles devem ter sido importados da Escandinávia em uma data posterior especificamente para uso na cerimônia, talvez por causa do tamanho muito maior dos chifres de rena em relação aos de veado vermelho. No entanto, se o cerne da magia é invocar uma caçada abundante, isso parece improvável. Alguns dos mesmos folcloristas pensam que a ausência de menção aos chifres nos primeiros textos significa que eles foram adicionados mais tarde, bem depois de outros elementos como o cavalo de pau. Mas por que então chifres com centenas de anos foram importados em vez daqueles que as renas deixam cair todos os anos?

A antiguidade dos chifres leva outros a crer que pode simplesmente ainda ter havido alguns pequenos grupos de renas na Inglaterra — e talvez até mesmo uma população recém-descoberta nas proximidades. O uso dos chifres de rena pode, então, ter sido usado especificamente para induzir um aumento na população desse remanescente. Se for o caso, não funcionou. Mas a esperança é eterna.

Seja como for, todos os elementos da dança dos chifres, como é realizada atualmente, estavam bem documentados no início do século XIX, quando o desenvolvimento industrial nas Midlands estava interrompendo muitas tradições rurais antigas.

O colapso de grande parte dessa mesma indústria no final do século XX levou a vila a tempos difíceis, com alto desemprego. Perderam sua feira semanal e sua corte. Mas, nas últimas duas décadas, a vila tornou-se uma comunidade-dormitório para centros urbanos em expansão nas proximidades. Por ser contornada pelas ferrovias, grande parte de seu caráter rústico foi preservado, tornando-a, na avaliação de uma revista popular, o "melhor lugar para se viver nas Midlands".

Isso elevou os aluguéis às alturas, expulsando muitos moradores de longa data. Isso inclui todos os membros da família Fowell, que agora retornam à sua aldeia ancestral vindos de áreas mais baratas e próximas para realizar o dever sagrado de seu ritual anual.

Fonte: https://patrickmurfin.blogspot.com/2014/09/the-oldest-ritual-in-english.html
Traduzido com Google Tradutor.

Nota: postagem feita a partir de uma citação feita no livro O Diabo Revelado, de Laurence Gardner.

Cristianismo contra o voto feminino

Uma postagem nas redes sociais do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, provocou forte reação dentro e fora do país. Na última quinta-feira (7), Hegseth compartilhou um vídeo no qual pastores cristãos defendem que mulheres não deveriam ter direito ao voto e que a liderança política e familiar cabe exclusivamente aos homens. O material reproduz uma reportagem da CNN americana, tendo como principal entrevistado o teólogo conservador Doug Wilson, figura já conhecida por declarações controversas, entre elas a defesa de formas de escravidão e a recriminalização da homossexualidade.

No vídeo, o pastor Toby Sumpter afirma que o “ideal” é que o voto seja exercido apenas pelo homem provedor, após consultar a família. Uma fiel, também ouvida pela reportagem, diz apoiar a submissão ao marido como chefe e responsável pelo voto do lar. Wilson, cofundador da Comunhão das Igrejas Evangélicas Reformadas (CREC), reitera que não aceita mulheres em cargos de liderança nem dentro da igreja, nem nas Forças Armadas, justificando sua posição com interpretações literais da Bíblia.

A postagem foi acompanhada da frase “Tudo de Cristo para toda a vida”. Em nota, um porta-voz do Pentágono afirmou que o secretário “aprecia muito” os escritos e ensinamentos de Wilson e destacou que Hegseth é “membro orgulhoso” de uma igreja ligada ao CREC. O vínculo não é novo: o secretário e sua família participaram da inauguração de uma das igrejas de Wilson em Washington.

É bom lembrar que em 2024, Doug Wilson teve sua participação cancelada no Encontro para Consciência Cristã (um dos maiores eventos fundamentalistas do Brasil, que acontece em Campina Grande, na Paraíba) após cobranças públicas por conta de declarações do pastor defendendo a escravidão e a acusação de encobrir escândalos sexuais de sua igreja. Vale ressaltar que o cancelamento se deu porque os organizadores temiam pela “segurança” de Doug Wilson e não por conta de suas ideias.

Especialistas apontam que a divulgação do vídeo se insere em um contexto mais amplo: o avanço do nacionalismo cristão nos Estados Unidos. Sob influência direta do ex-presidente Donald Trump, com quem Hegseth mantém proximidade, o governo republicano tem implementado medidas para reforçar valores religiosos conservadores na esfera pública. Entre elas está o “gabinete da fé”, criado por Trump para investigar suposto “preconceito anticristão” em órgãos governamentais.

Do voto negado à conquista democrática

No Brasil, a polêmica encontra terreno fértil para reflexão. Em 2024, completaram-se 92 anos desde que o Código Eleitoral, assinado por Getúlio Vargas, garantiu o direito de voto às mulheres. Antes disso, a participação política feminina era rechaçada com argumentos que ecoam, de forma preocupante, nas falas recentes dos pastores americanos.

Na Constituinte de 1891, parlamentares alegavam que a inserção feminina na política ameaçaria a “estabilidade social” e destruiria a família. Outros argumentavam que mulheres eram “incapazes” por natureza, devendo manter-se restritas ao lar. Mesmo sem proibição expressa na Constituição, o costume e o Código Civil de 1916 — que exigia autorização do marido para que a mulher trabalhasse ou recebesse herança — consolidaram a exclusão.

Foi apenas em 1932 que o voto feminino tornou-se realidade, ainda de forma restrita e opcional. A igualdade plena só veio em 1965, com a obrigatoriedade do alistamento eleitoral para ambos os sexos. Hoje, as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, mas ocupam apenas 15% dos cargos eletivos.

O compartilhamento do vídeo por um alto membro do governo dos EUA não é apenas uma manifestação de opinião pessoal, mas um gesto político com potencial de influenciar políticas públicas. “O que está em jogo é a tentativa de impor uma visão teocrática à sociedade, restringindo direitos historicamente conquistados”, avalia Andrew Whitehead, professor da Universidade de Indiana e estudioso do nacionalismo cristão.

Fonte: https://revistaforum.com.br/global/2025/8/12/secretario-de-trump-posta-video-de-pastor-pelo-fim-do-voto-feminino-185223.html

Algoritmos misóginos

Autora: Daniel Gallas.

O que faz um homem odiar mulheres? Como adolescentes meninos são atraídos para o submundo da machosfera — que propaga misoginia?

O jornalista e escritor britânico James Bloodworth passou meses tentando responder a essas perguntas — entrevistando gurus que dizem ensinar homens a controlar mulheres e frequentando conferências de comunidades de pílula vermelha. O resultado está em seu livro Lost Boys: A Personal Journey Through the Manosphere ("Garotos Perdidos: Uma Jornada Pessoal Pela Machosfera", em tradução livre).

Em uma das conferências, nos Estados Unidos, homens pagavam US$ 10 mil (cerca de R$ 55 mil) para assistir a palestras e aprender a se tornar o "homem que os outros homens querem ser".

Mas uma das principais descobertas de Bloodworth ao escrever seu livro é que ele sequer precisava ter se esforçado tanto para encontrar esse conteúdo.

Os algoritmos das redes sociais se encarregaram de fazer o trabalho por ele.

Estudos recentes mostraram que basta que jovens meninos assistam a um vídeo com conteúdo misógino para, dentro de uma hora, serem expostos a vídeos ainda mais agressivos que já foram banidos no passado. Em questão de horas, suas redes são "colonizadas" com conteúdo machista.

Por causa disso, muitos jovens no Reino Unido hoje têm uma imagem positiva de Andrew Tate, influenciador britânico-americano se autoproclama um misógino e tem milhões de seguidores nas redes sociais. Andrew Tate é acusado de estupro, tráfico de pessoas e formação de um grupo criminoso para exploração sexual de mulheres.

Tate aparece como uma das principais influências do protagonista da série fictícia Adolescência, do Netflix — um dos maiores fenômenos televisivos deste ano, e que mostra como o universo da machosfera é capaz de radicalizar jovens meninos.

E o que Bloodworth descobriu consumindo todo esse conteúdo machista?

Algo que o preocupou bastante é que esse conteúdo se espalha pelas redes porque existe um modelo de negócios bastante sofisticado usado por uma pequena quantidade de "gurus" que ganham dinheiro. E na verdade, diz Bloodworth, muitos desses gurus são meros golpistas, que exploram inseguranças das suas vítimas para ganhar dinheiro.

O modelo é parecido com outros golpes que existem na internet em outras áreas — como romances falsos, ganhar dinheiro com apostas ou esquemas de venda de pirâmide.

Mas com uma diferença: além de afetarem financeiramente as vítimas diretas desses golpes, o conteúdo desses vídeos promove uma doutrinação ideológica de homens — sobretudo adolescentes — contra as mulheres. E isso faz com que ideias misóginas radicais que antes estavam confinadas a um pequeno grupo marginal alcancem grandes massas de pessoas.

A técnica principal desse modelo de negócios — ou de golpes, como prefere o escritor — é semear a insegurança nos homens.

E uma das principais ferramentas que está presente em quase todos os cursos e palestras é a regra 80/20 — a ideia de que existe uma escassez de mulheres, e que os homens precisam se destacar entre os demais. Oitenta por cento das mulheres estariam interessadas em apenas 20% dos homens — os "homens alfas", que são bem-sucedidos e dominadores.

O temor de não pertencer a esses 20% serve como uma porta de entrada para muitos homens entrarem no universo da machosfera.

Outra tática comum — essa também presente no mundo dos golpes de apostas online — é a da ilusão da riqueza. Em uma conferência nos EUA, os organizadores alugavam mansões e Lamborghini para que os presentes pudessem tirar fotos e postar em seu Instagram, dando a impressão que tinham uma vida de luxo.

Leia a íntegra da entrevista no link:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c62650xjlzyo