Os escritos dos druidas e dos antigos foram destruídos; tudo o que sobrou foi seu eco em obras resgatadas pela curiosidade dos Gregos e pelo proselitismo dos Romanos e Cristãos.
Aristóteles fala com respeito da filosofia dos druidas no século IV AC, uma perspectiva reproduzida pelos filósofos Gregos em Alexandria Roma no século I AC. Diógenes Laércio, um historiador da filosofia no século III AC, vê os druidas como grandes intelectuais imersos na sabedoria da Antiguidade, cujo credo era honrar os Deuses, não fazer o mal e ser corajoso. Somente mais tarde, devido ao proselitismo político e ainda depois disso, para promover o Cristianismo, que os druidas passam a ser apresentados de uma maneira depreciativa.
Estrabão e Plínio, o Velho, dizem que o nome druida deriva da mesma raiz da palavra grega drus, carvalho. Também se admite que tenha origens indo-européias e que significa robusto. Pelos propósitos apresentados, qualquer que seja a derivação da palavra, eu entendo os druidas como uma das classes de intelectuais dos Celtas. Embora as fontes clássicas e cristãs tendam a se concentrar nos homens, as fontes celtas também fazem referência às mulheres.
Júlio César forneceu um relato razoavelmente justo e informativo sobre como via os druidas:
Os druidas celebram a adoração dos Deuses, organizam os sacrifícios públicos e privados e dão as diretrizes em todas as questões religiosas. Um grande número de jovens aflui para eles em busca de instrução, sendo muito respeitados pelo povo. Atuam como juizes em quase todos os conflitos, sejam entre tribos ou indivíduos; quando um crime é cometido ou ocorre um assassinato, ou surge uma disputa por heranças e fronteiras, são eles que julgam o assunto e apontam a recompensa a ser paga e recebida pelas partes interessadas. Qualquer indivíduo ou tribo que desrespeitar seu arbítrio é banido da participação nos sacrifícios – a punição mais severa que se pode das a um Gaulês.
Segundo Estrabão:
Os druidas além da ciência da natureza, também estudavam a filosofia moral. Acredita-se que eram os mais justos dos homens, sendo assim encarregados das decisões de casos que afetavam tanto os indivíduos como o povo; de fato, em tempos passados, eles foram árbitros na guerra e conduziram os oponentes a uma trégua quando se alinhavam para a frente de batalha; os casos de assassinato eram, na maioria, confiados às suas decisões.
Júlio César descreveu como a sociedade Celta estava dividida em classes distintas incluindo druidas e guerreiros:
Os druidas não estão habituados a participar de guerras nem pagam impostos como o restante das pessoas. São isentos dos serviços militares e de todas as obrigações. Tamanhas recompensas encorajam muitos a se iniciar no aprendizado, tanto por vontade própria como impelidos pelos pais e parentes. Eles são orientados a memorizar um grande número de versos e poesias e dessa forma passam vinte anos em treinamento.
Plinio, o Velho, fornece o relato mais vívido de uma cerimônia druídica ao descrever uma clareira de carvalhos onde os druidas com mantos brancos e podões de ouro cortavam viscos das árvores no sexto dia lunar. Seguia-se a isso um banquete e o sacrifício de dois touros brancos.
A comunidade dos druidas estava intrinsecamente fundamentada na natureza e, portanto, permitia tanto homens como mulheres em suas fileiras. Muitos sistemas religiosos primitivos refletiam esse fundamento natural ao favorecer casais compostos de homem e mulher. As mulheres ocuparam um lugar central em muitos sistemas religiosos da Antiguidade ou, pelo menos, mantiveram uma posição de igualdade ao lado de um Deus. Isso era natural: as mulheres geram a vida diretamente; os homens, indiretamente. Deuses [e Deusas – NB] sem um par contrariavam as leis da natureza.
Adam Ardrey, Em Busca de Merlim, pg. 71 – 80, Editora Record.
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