Os druidas não eram os iletrados que em geral se supõe. Quando os Romanos os encontraram ao invadir Ynys Mon, a ilha sagrada dos druidas, estes eram capazes de ler em grego e continuariam a ser parte vital de uma tradição que inspiraria a pesquisa científica e social nos mil anos seguintes, mesmo depois de eliminados, apesar da sombra anti-intelectual que pairou sobre a Europa Ocidental entre o final do Império Romano e o Renascimento.
Das entenas de imagens de Deuses e Deusas encontrados em território Celta, a maioria parece seer de deidades locais, o que é de se esperar em uma religião descentralizada e individualista. Algumas eram deidades familiares, pois havia um forte componente de veneração ancestral no modo de vida de alguns dos Celtas mais antigos. Havia, também, claro, os Deuses mais poderosos, como Cernunos, concebido na forma de um homem com chifres de veado. No caldeirão de Gundestrup do século I AC, encontrado na Dinamarca, há a maravilhosa imagem de uma figura divinizada, talvez Cernunos, que segura s homens elos tornozelos, mergulha-os no caldeirão da vida e restabelecendo os mesmos no nosso mundo. O cornudo permaneceria um símbolo positivo poderoso durante séculos, até ganhar características negativas e ser apresentado como o Diabo no sistema de crenças cristão. Não podemos ter certeza do lugar ocupado por Cernunos na Escócia central no final do século VI, se é que desempenhou aí algum papel, embora tenha sido comparado à Dagda, o Bom Deus dos irlandeses na Antiguidade.
Os antigos acreditavam que a alma era imortal e que quando uma pessoa morria, sua alma viajava para um além-túmulo, fosse subterrâneo ou uma ilha no mar, aparentemente um lugar agradável. Era chamado, entre outros nomes, de Tir-na-nog, Terra da Juventude.
Os Celtas acreditavam que uma vez por ano, nos festejos de Sanhaim, quando 31 de outubro vira 1º de novembro, esse mundo e o além se sobrepõem e os habitantes de cada mundo podem visitar o outro.
Os Celtas não tinham um sistema de crenças único e estabelecido. Como os antigos Egípcios, reuniram uma quantidade de cosmogonias e sistemas religiosos para fazer uma única grande mistura de religões. As analogias existentes à idéia de Deuses como Cernunos foram matéria fundamental de adoração, sendo mais importante, obviamente, o sol. Círculos de sol e suásticas são símbolos celtas comuns que remetem às raízes de sua filosofia.
Os druidas reverenciavam a natureza. A força mais óbvia e fundamental da natureza é o sol. O ano foi repartido em quatro partes: Sanhaim, o primeiro dia de novembro; Imbolc, o primeiro dia de fevereiro; Beltane, o primeiro dia de maio e Lugnasadh, o primeiro dia de agosto. Todas as quatro partes envolviam a veneração pelo sol, mas Lugnasadh era um festival sagrado em particular, consagrado ao Deus solar Lugh.
Já foi dito que é impossível, sem o acesso aos escritos dos druidas, reconstruir seu antigo modo de vida. Entretanto, se os antigos tinham como base a natureza, em particulas a natureza humana, temos a mesma matéria-prima disponível que eles. Excluindo ou tratando como algo complementar e opcional os símbolos, rituais e cultos divergentes de personalidades, voltamos ao que temos em comum. A resposta à pergunta fundamental de por que estamos aqui é simplesmente isso: estamos aqui uns pelos outros.
Adam Ardrey, Em Busca de Merlim, pg. 89 - 99, Editora Record.
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