segunda-feira, 27 de julho de 2009

As doze tribos

A civilização teve sua origem entre diversos povos antigos, como os Sumérios, os Egípcios, os Assírios, os Persas, os Gregos, os Romanos. Estes povos começaram sua saga em pequenos grupos que ocuparam, principalmente, regiões que tinham agua em abundancia, como rios, lagos e mares. A mesma água que foi tão necessária para começar a civilização, a falta dela irá terminar a civilização.
A água foi e é essencial para a produção de alimentos, a base para produzir outras coisas, a base da propriedade e da riqueza. A partir destas bases, os grupos crescem, se expandem, se desenvolvem, surgem as cidades, surgem as organizações sociais, surgem os reinos. No rio Jordão não foi diferente, doze tribos se uniram para construir o reino de Israel.
A região tinha diversos povos, como os Cananeus, contra quem o futuro reino de Israel teria que conquistar o território para ter sua hegemonia e poder.
Em todos os povos antigos existia essa necessidade de conhecer suas origens, seus ancestrais e seus Deuses, pois isto dava um sentido de identidade, de valor, de procedência, de superioridade, ainda que ilusória, como perseguem hoje os racistas e alguns reconstrucionistas culturais. Cada povo antigo mantinham seus mitos sobre suas origens, sobre seus ancestrais e seus Deuses, através da tradição popular, através da religião popular.
Com as doze tribos não podia ser diferente, os lideres das doze tribos descobriram ou inventaram um o mais ancestrais, atribuindo a eles não só uma origem, mas também uma crença em comum. Mas seria necessário escolher um dentre os muitos Deuses que existiam e eram adorados entre os Hebreus, tal como são conhecidos os povos das doze tribos, para unir e dar às tribos a vitória necessária. Teria que ser Yahveh, o Deus da Guerra, chamado de o Senhor dos Exércitos, mesmo que para isso eles tivessem que esquecer outros Deuses ou mesmo Asherah, a Deusa consorte, mesmo que para isso tivessem que inventar um mito dentro de outro mito, vinculando seus ancestrais míticos a este Deus em particular.
Em princípio, os lideres inventaram que Israel foi o novo nome dado por Yahveh a Jacó, um dos ancestrais míticos. Mas na Idade Antiga, um Deus tem que ter uma ancestralidade mais antiga para ser aceitável, então inventaram um ancestral mítico, Moisés, e o mito do Êxodo. Ainda assim não era o suficiente, então inventaram um ancestral mítico, Abraão, e o mito de Isaac. Ainda não era o suficiente, então inventaram um ancestral mítico, Adão, e o mito da Queda. Parecia ser antigo o suficiente, então atribuiram toda a descendência humana a Adão, para garantir.
O reino de Israel existiu, graças à adoção de Yahveh como o Deus do povo de Israel, o Deus Único, a conquista de Canaan e a união das tribos seria impossível, se os Hebreus se mantivessem politeístas, se os Hebreus continuassem a adorar a Asherah. Mesmo depois da divisão do reino em dois, mesmo depois da conquista por parte dos Babilônicos, Assirios, Persas, Gregos e Romanos, esse sentido de unidade foi essencial para que seus descendentes, o povo Judeu, mantivesse sua identidade, sua tradição, sua origem.
Esse é o sentido da oração dos Judeus quando eles declaram o Ishmah Israel, esse é o sentido da oração dos Muçulmanos quando eles declaram a Chahada, esse é o sentido da oração dos Cristãos quando eles declaram o Pai Nosso. Ao declarar qual sua crença, você declara mais do que sua crença em Deus ou Deuses, você declara qual é a sua identidade, quais são seus ancestrais, qual é a sua origem, qual é o seu povo. Declare então quem você é, redescubra sua origem, sua tradição, seu povo, sua crença, seus Deuses, redescubra seu lugar no Paganismo.

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