Nos últimos dias de Junho passado, os indígenas da nação de Mari-El celebraram num bosque sagrado da aldeia de Marisola um ritual (solstício de Verão?) em honra de Osh Kughu Yumo, ou "Grande Deus Branco", desta feita adorado sob o nome de Agaivairem, que designa ao mesmo tempo o Deus da energia criativa e também a festa do fim do trabalho da Primavera.
O ambiente da celebração é, como convém a um evento desta natureza, festivo, colorido e marcado pela abundância. Trata-se de um culto típico da religião nativa dos Mari, povo de etnia fínica (parente do Finlandês) que conta cerca de meio milhão de indivíduos e fala uma língua algures entre o Finlandês e o Turco, e que, como já se disse noutros artigos do Gladius, lograram manter a sua religião nacional, como que entrincheirada, numa região obscura sita oitocentos quilómetros a leste de Moscovo, aí sobrevivendo às avalanches cristã e muçulmana.
O sacerdote («Kart», na língua indígena) Vyacheslav Mamayev, líder da congregação do distrito de Sernur, explica que, na teologia Mari, Deus tem nove substâncias, ou hipóstases, do dador de vida Ilyan Yumo à Deusa do Nascimento Shochinava. E que toda a Divindade trabalha através da Natureza.
Tal como a maioria das tradições religiosas pagãs, a fé dos Mari não tem nem escrituras sagradas nem templos. «A Natureza é o nosso templo», diz Zoya Dudina, poetisa e intelectual. As orações e rituais são conduzidas sobretudo em bosques sagrados, onde por vezes se sacrificam animais.
Citado e traduzido por Gladius.
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