O jantar está marcado para a noite deste domingo 24. Os convidados são pessoas LGBT+ em vulnerabilidade social, algumas delas expulsas de suas próprias casas. A iniciativa é da organização não-governamental Mães do Amor em Defesa da Diversidade.
Para atrair mais pessoas LGBT+, as ativistas pagaram por um outdoor próximo a um terminal de ônibus.
Na propaganda, exibida a partir de 17 de dezembro, as mães inseriram uma releitura da famosa representação intitulada A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, em que Jesus Cristo aparece ao lado dos seus apóstolos, sentado à mesa com um forro cujas cores remetem à bandeira LGBT+.
Há ainda os dizeres “Ceia de Natal com a Diversidade – Na mesa das Mães do Amor cabem ‘todes os filhes'”.
Capturas de tela apresentadas à reportagem mostram que usuários de redes sociais escreveram xingamentos e incentivaram atentados contra a iniciativa.
Diante da repercussão, o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrant (Podemos), publicou um comunicado em que negou ter sido responsável pela propaganda. Autodeclarado cristão e evangélico, Hildebrant foi apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e costuma publicar versículos bíblicos em suas redes.
Em entrevista à reportagem, a presidente da ONG, Rosane Magaly Martins, afirmou que as ameaças de atentado motivaram uma vigília das ativistas em torno do outdoor.
Segundo ela, não houve uso de recursos públicos nem no pagamento do painel, nem no financiamento da ceia. As ativistas fizeram investimentos do próprio bolso e contaram com políticas de arrecadação e doações.
“Os ataques começaram nas redes sociais como um rastilho de pólvora. Foi horrível”, conta a ativista. Ela é advogada e mãe de uma pessoa não-binária.
De acordo com a organizadora, 45 pessoas estão confirmadas para a Ceia da Diversidade. Entre elas, há homens gays, mulheres lésbicas, pessoas intersexo e não-binárias.
A ONG foi fundada oficialmente em maio deste ano. A ceia está sendo realizada pela segunda vez, mas é a primeira confraternização natalina que tem uma divulgação por meio de um outdoor.
As ativistas promovem rodas de conversa e articulam um serviço de atendimento psicológico a pessoas da comunidade LGBT+ a partir da colaboração de profissionais voluntários.
Fonte, citado parcialmente: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/maes-que-organizam-ceia-para-pessoas-lgbt-sao-alvo-de-ameacas-e-ofensas/
Nota: foi necessário a morte de mais uma pessoa para que o tema da necessária regulação das redes sociais fosse levantado. Mas isso não é suficiente. A justiça precisa agir contra o discurso de ódio enrustido de sermão.
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