segunda-feira, 27 de julho de 2015

Espiritualidade Contrassexual

O Paganismo Moderno é dinâmico, diversificado e múltiplo em suas vertentes, propostas, cultos, ritos e teologias. No Patheos, no canal do Paganismo, temos diversos textos demonstrando o quanto nós somos inclusivos, ainda que às vezes algumas celebridades tropecem. Existem pagãos modernos que apresentam o que é chamado de Teologia Queer. 

Queer: 

Queer ou Genderqueer é um termo genérico proveniente do inglês usado para designar pessoas que não seguem o padrão da heterossexualidade ou do binarismo de gênero. É comumente relacionado com pessoas que não se identificam com as formas usuais de identidade e orientação sexual, mas também é usado para representar gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros, de forma análoga à sigla LGBT. 

Seu significado inicial pode ser compreendido através da história da criação do termo, inicialmente uma gíria inglesa. Literalmente significa "estranho", "esquisito", "ridículo" ou "extraordinário". 

Por muito tempo a palavra queer foi considerada ofensiva aos homossexuais. No entanto, atualmente a palavra tem sido adotada pela comunidade LGBT com a intenção de ressignificá-la, dando um sentido positivo a ela. De um termo pejorativo, que colocava constantemente à margem os apontados por ela, a palavra queer passou a denominar um grupo de pessoas dispostas a romper com a ordem heterossexual compulsória estabelecida na sociedade contemporânea, e mesmo com a ordem homossexual estereotipada, que exclui as formas mais populares, caricaturais e até artísticas de condutas sexuais. Assim, travestis, drag-queens, transsexuais, pansexuais e outras pessoas consideradas estranhas, não aceitas socialmente, ao se denominarem queer ganham espaço social e individualidade, se distanciando cada vez mais de conceitos tais como desviantes ou aberrações. Ser queer é seguir uma prática de vida que se coloca contra as normas socialmente aceitas. 

Entretanto, é preciso salientar que, de acordo com a teoria queer, ser queer não é sinônimo de ser gay, lésbica ou bissexual. Enquanto os gays lutam para ser aceitos dentro da norma, os queers adotam a etiqueta da perversidade para destacar a ‘norma’ daquilo que é ‘normal’, seja heterossexual ou homossexual. O queer não quer sair da condição de "marginal", mas quer desfrutar dela. [Wikipédia] 

Teoria Queer: 

A teoria queer é uma teoria sobre o género que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de género dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, mas sim formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais. 

A teoria queer recusa a classificação dos indivíduos em categorias universais como "homossexual", "heterossexual", "homem" ou "mulher", sustentando que estas escondem um número enorme de variações culturais, nenhuma das quais seria mais "fundamental" ou "natural" que as outras. Contra o conceito clássico de gênero, a teoria queer afirma que todas as identidades sociais são igualmente anômalas. 

A teoria queer critica também as classificações sociais da psicologia, da filosofia, da antropologia e da sociologia tradicionais, baseadas habitualmente na utilização de um único padrão de segmentação — seja a classe social, o sexo, a raça ou qualquer outro — e defende que as identidades sociais se elaboram de forma mais complexa, pela intersecção de múltiplos grupos, correntes e critérios. [Wikipédia] 

Teologia Queer: 

A Teologia Queer é uma teologia baseada na teoria queer. [Wikipédia] 

Mitologia Queer: 

O estatuto da mitologia varia de acordo com a cultura. Geralmente os mitos atuais são e os antigos eram literalmente acreditados como verdadeiros no seio da sociedade que os criou e considerados errados ou fictícios em outros lugares. Algumas culturas podem considerar os mitos como transmissores de verdades psicológicas ou arquetípicas. Os mitos têm sido usados para explicar e validar as instituições sociais de uma determinada cultura, bem como educar os membros dessa cultura. Esse papel social tem sido postulado em estórias que incluem amor entre pessoas do mesmo sexo, cujos objetivos eram educar os indivíduos quanto à atitude correta a adotar para a atividade sexual de pessoas do mesmo sexo e construções de gênero. 

Desde o início da história escrita, centenas de culturas, mitos, folclores e textos sagrados têm incorporado temas homoeróticos e de identidade de gênero. Assim, desde esses tempos mais remotos, muitos mitos narravam estórias envolvendo homossexualidade, bissexualidade ou transgênero como símbolo de experiências míticas e/ou sagradas. Hoje em dia, o homoerotismo e a variância de gênero nesses mitos antigos têm sido analisados e estudados através das concepções LGBT modernas acerca de identidades e comportamentos, e muitas vezes criam-se termos novos para classificá-los. Por exemplo, divindades que se disfarçam do sexo oposto, ou adotam comportamentos tradicionais, ou certas figuras do sexo oposto podem ser chamadas de transexuais em outras culturas. Seres mitológicas sem órgãos reprodutivos ou com ambos os órgãos masculinos e femininos em suas estruturas, são chamados de andróginos ou intersexuais. Alguns mitos individuais têm sido denominados queer numa tentativa dos críticos rejeitarem a "heteronormatividade" ou o gênero binário em seus estudos. As interpretações queer podem ser baseadas apenas em evidências indiretas, tais como amizades do mesmo sexo invulgarmente estreitas ou a dedicação à castidade. Estas têm sido criticadas por ignorar o contexto cultural ou pela aplicação equivocada de preconceitos modernos ou ocidentais, assumindo, por exemplo, que o celibato significa apenas evitar a penetração ou o sexo reprodutivo (permitindo assim o sexo homoerótico), enquanto ignora a opinião generalizada acerca da potência espiritual contida no sêmen que abrange uma vacância de todos os sexos. 

Os acadêmicos reconhecem a presença de temas LGBT nas mitologias ocidentais e elas são objetos de intensos estudos. Geralmente as narrativas mitológicas consideram a homossexualidade, a bissexualidade e o transgênero como um símbolo de experiências sagradas ou míticas. Também é comum, principalmente nas mitologias pagãs e politeístas, encontrarmos seres que mudam de gênero, ou que possuem aspectos de ambos os sexos ao mesmo tempo. Não deixa de ser comum também, em tais panteões, a atividade sexual com ambos os sexos, e hoje em dia eles são comparados à bissexualidade ou pansexualidade. Os mitos da criação, ou gênese, de muitas tradições, envolvem motivo sexual, bissexual ou andrógino, com o mundo a ser criado por seres assexuados ou hermafroditas, ou através da relação sexual entre seres do sexo oposto ou do mesmo sexo. [Wikipédia] 

O Paganismo Moderno possui toda uma vertente direcionada ao público GLBT, uma tendência que pode ser encontrada em outras religiões [Budismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo e Cristianismo], como parte da Espiritualidade Queer. 

A questão da inclusão de grupos sociais, na sociedade em geral, na política e na religião, surgiu juntamente com a luta pelos Direitos Civis, a Contracultura e a Revolução Sexual. O Paganismo Moderno adquiriu maior evidência e expansão nessa época ao adotar essa visão mais inclusiva. Muitos indivíduos procuraram e acharam nas religiões alternativas uma proposta diferente das religiões main-stream, cuja doutrina oficial possui muito preconceito, discriminação e intolerância, especialmente no tocante às identidades de gênero e opções sexuais. 

O Paganismo é um conjunto de religiões, com princípios e doutrinas, religiões autônomas entre si. Pode-se dizer que é o único conjunto de religiões que aceita a diversidade sexual. Em outras formas de Paganismo e Bruxaria modernos, existem cerimônias homossexuais cuja intenção é o de alcançar o caráter extático e produzir vínculos, mas mesmo nesses casos há um contexto sagrado. 

O pagão moderno, hetero ou homo, deve compreender os mitos como revelações de realidades eternas; deve celebrar os cultos e rituais dentro de seu contexto sagrado e místico; deve servir aos Deuses, honrar seus ancestrais e celebrar a vida. Quando o pagão moderno estuda sobre os povos antigos, seus mitos, seus ritos e sua visão do divino, ele deve perceber qual era a função, a razão e o propósito dos Deuses andróginos, bem como de Seus ritos e cultos.

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