segunda-feira, 13 de julho de 2015

Festas, folias e cultos fálicos

«Folia» s. f. dança rápida ao som do pandeiro em que entra muita gente; • pândega; • folguedo. < (Fr. folie, loucura) «(eu)foria» < Gr. euphoría < eu, bem + phorós, = portador (de objectos sagrados nas festas carnavalescas de Dionísio) = «folião» = • s. m. farsante; • folgazão; • histrião; • dançarino;
É óbvio que é muito duvidosa a etimologia de «folia» perante a «euforia» dionisíaca dos «foliões» carnavalescos com a qual se assemelha muito mais do que com as loucuras francesas.

«Folgar • < Lat. follicare, v. tr. dar folga a; • dar descanso a; • alargar; • desapertar; • pôr à vontade; • v. int. ter descanso; • divertir-se; • «foliar»; • gozar;
«Folia» • (Fr. folie, loucura), s. f. dança rápida ao som do pandeiro em que entra muita gente; • pândega; • folguedo.

Fool (n.) c.1275, do francês antigo "fol", "maluco, pirado", também um adjetivo significando "louco, insano"; do latim follis "fole, sacola de couro," na vulgata usada no sentido de "falastrão, cabeça oca". Tmabme como sanscrito Vat-ula- "insano", literalmente. "avoado, cabeça de vento" < > «fút-il» / «Vaz-io».

Portanto, é na tradição grega das festas carnavalesca que deve ser encontrada a etimologia da euforia dos foliões do carnaval e de outras farras e festanças e não na folie francesa que seria uma conotação «foleira» se não fosse o prestígio pedante da língua dos afrancesados trazidos pelas invasões francesas.

Comos
Filóstrato, o Velho, imagens 2 (trad. Fairbanks) (retórico grego 3º sec. a. C): "[ uma descrição Ostensiva de uma pintura grega antiga em Neapolis (Nápoles):] O espírito Komos (Comus) (Folia), a quem os homens devem os seus festejos, está parado à entrada de uma câmara – de portas dourada, penso eu mas para as fazer é uma lenta questão, por o tempo actuar supostamente durante a noite. No entanto, a noite não é representado por uma pessoa, mas sim pelo que é sugerido estar acontecendo e a esplêndida entrada indica um rico par de recém-casados deitados num sofá. E Comos acabou de chegar como jovem para se juntar aos jovens, delicado mas já adulto, corada pelo vinho e, embora erecto, ele acaba adormecido sob a influência da bebida.
Enquanto dorme reclina o rosto sobre o peito pelo que a garganta não é visível, e eleva a mão esquerda até à orelha.

E o que há mais a revelar? Bem, que mais senão os foliões? Não ouvem as castanholas e a nota estridente da flauta e o canto desafinado? As tochas dando uma luz fraca suficiente para que os foliões possam ver o que está à sua frente, mas não o suficiente para que possamos vê-los. O estridor das gargalhadas aumentando e as mulheres correndo junto aos homens, vestindo sandálias masculinas e roupas em estranha moda de cinta apertada, pois a orgia permite que as mulheres se mascararem como homens e os homens possam trajar de mulher e macaqueiem a caminhada das mulheres. As suas grinaldas estão já murchas, mas esmagadas na cabeça por conta da corrida frenética dos dançarinos que já perderam a sua aparência alegre; porque o espírito livre das flores despreza o toque da mão levando-os a murchar antes do tempo."
O que é mais fascinante na descrição de Filostrato e o carácter actual das pândegas gregas que em muto pouco diferiam das modernas excepto no lado travestido que os modernos reservaram para o carnaval.

Komos (ou Comus) era o Deus da folia, pândegas e festas. Ele era o filho e ocopeiro do Deus Dionísio. Komos foi retratado tanto como um jovem alado, ou como um satyriskos (sátiro infantil) com patê de calvície e as orelhas de burro.
Kama - o Deus hindu do érotisme, do desejo sexual e do amor apaixonado (na «cama»).

Un como (en griego antiguo κῶμος, kỗmos) era una procesión ritual festiva en la Antigua Grecia. Se puede definir como un grupo de hombres en movimiento comunitario. Las prácticas precisas que este término bien atestiguado en la literatura griega comprende son confusas.
Se trataba de una expresión de sociabilidad no confinada únicamente en la esfera de las prácticas religiosas públicas, como por ejemplo las Dionisias, las Faloforias y otras celebraciones unidas al importante culto de Dioniso; si no que a veces se presentaba como una forma de ritual privado, que participaba en festividades como las celebraciones nupciales, y estaba estrechamente unido a importantes prácticas sociales como los banquetes. En este dominio, el como daba rienda suelta al deseo de frenesí y de jolgorio que seguían a las prácticas convivales; constituía un importante componente de la vida social de la Antigua Grecia.
Tal relación es sugerida y confirmada por Aristóteles, referida a la derivación etimológica de κωμῳδία, de κῶμος y ᾠδή/ ôdế, «canto».
Sin embargo, Aristóteles, en la tercera parte de la obra, evoca también la tradición de que el término komoedia derivado de kom-, provenía del término que en dialecto dórico indicaba el pueblo, en el sentido geográfico. En tal caso los orígenes de la comedia habría que buscarlos en los espectáculos y en las farsas mímica megarienses que se desarrollaban, justamente, en los pueblos. Sin embargo, permanece oscuro el saber a través de cuáles voces, las formas expresivas del «canto de la juerga», o de la pantomima, se desarrollaron en la Comedia griega antigua de las Dionisias del siglo VI A.C.

Neste caso, a origens da comédia seria olhar para os espectáculos e as farsas mímicas de Megara, que tinham lugar precisamente nas aldeias. A metamorfoseda piada, popular e improvisada num verdadeiro género teatral viria a acontecer na Sicília.

El helenista español, Francisco Rodríguez Adrados, de común acuerdo con Wilhem, interpreta el término κῶμος «como el conjunto de coros y celebraciones de los concursos de las Grandes Dionisias (el ditirambo, la tragedia, la comedia y el drama satírico)», a tenor de la investigación lingüística del primer fragmento de las didascalias de los concursos de estas fiestas, fragmento recogido en IG II 971. Afirma que el coro de las tres manifestaciones teatrales son «comos, que frecuentemente entran en la orquestra entonando himnos, plegarias y súplicas, cantando luego trenos o peanes impetrando o celebrando la victoria, bendicen o maldicen, todo ello con escarnio o alegría desenfrenada; salen cantando el éxodo, a menudo ejecutando acciones rituales». Lo anterior le sirve para argumentar que el como no es patrimonio de la comedia y que la identificación con ésta se produjo a pesar de que el comienzo de las representaciones oficiales de tragedias en Atenas comenzaron en 534 a C., y las de la comedia en 485 A.C. Infiere que el sentido de la palabra como en komoidía y su derivada kómikos pudo pues haberse producido por oposición a tragoidía y tragikós, por la razón que fuera, igual que ciertos comos se han denominado tragoidíai. Y debido a esto, el término komo en la komoidía designa a «los coros de carácter no trágico». – Wikipédia.

O hípercorrectivismo de Francisco Rodríguez Adrados não pode ser contestado senão por quem saiba mais do assunto do que ele!
Toda a gente sabe que o que começa em comédia pode acabar de maneira trágica, do mesmo modo que “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”! Por isso, não pode ser contestado por ninguém que a farsa não tenha entrado nos primeiros esboços do teatro grego de mistura com a tragédia nem que a comédia não seja tão antiga ou mais que a tragédia ainda que esta tenha começado oficialmente em Atenas quase um século antes da comédia! Porém, ninguém pode contestar que este formalismo aconteceu no seio das festividades culturais das Grandes Dionisíacas sendo por isso no seio do culto deste deus que deve ser encontrada a origem tanto dos nomes das duas grandes formas teatrais como do estranho termo grego κῶμος.

É evidente que tanto Aristóteles como todos os eruditos que o seguiram na busca da etimologia do κῶμος grego se esqueceram de indagar junto da comitiva de Como, o filho de Dionísio, como se deveria interpretar esta palavra, seguramente pré grega porque da mesma origem será seguramente o «comício» latino.
«Comício» < Lat. comitiu = cidadãos que se juntam para discutir assuntos de interesse público > assembleia popular entre os antigos Romanos.
Ora, o termo latino sobrevaloriza precisamente o lado popular do termo dando razão a Aristóteles que o considerava a komoedia derivada de kom-, do termo emdialecto dórico relativo a pessoas do povo.
Na verdade desde sempre o povo diverte-se espontaneamente muito mais com farsas brejeiras do que com representações demasiado trágicas. Não se podendo brincar com coisas sérias o povo reserva o lado dramático da vida para os entendidos e consagrados à religiosidade.
Dados os rigores económicos da época antiga e a típica frugalidade diária da alimentação de Grécia clássica os Komos eram antes de mas uma boa oportunidade para tainas, pândegas, patuscadas e «comes e bebes»! No fundo pouca diferença haveria do que depois continuou a acontecer nas festas e romarias da cristandade tão concorridas quanto divertidas como eram as romarias minhotas…e a Senhora dos Remédios e para as quais se ia cantando e dançando com o farnel à cabeça ou aos ombros.

Comida.
De facto, o contexto do deus Comus reporta-nos para as folias populares que em tempos arcaicos aconteceriam com carácter espontâneo sempre que o povo podia comer bem e beber melhor em festas comemorativas fora em festividades públicas com pompa e circunstância fosse em festanças privadas mais ou menos informais. De facto os casamentos presididos ou não porHimeneu serão, desde tempos imemoriais, motivos bastantes para folias de «comitivas» intrusivas que de forma solidária e oportuna se viriam juntar à festa dos «comensais».
A este propósito, seria interessante saber a etimologia da palavra «comer» de uso comum que, por isso mesmo, varia muito nas línguas latinas.
«Comer» < Lat. *comedere < Lat. edere (comer).

É, não obstante, o ponto de vista teoricamente certo. Antes de tudo, há a circunstância de que os falantes de uma língua nada sabem espontaneamente da história dela e a manejam apesar de tudo de maneira plenamente eficiente. Depois, há a observação de que muitas vezes o conhecimento histórico, aplicado à análise sincrônica, a torna absurda. Por exemplo, port. comer vem do lat. comedere, em que com” era um prefixo com a idéia de «reunião»; mas é claro que “com” no verbo português é a raiz e distingue esse verbo de beber (<< deglutir um alimento sólido» versus «ingerir um alimento líquido»); (...). Finalmente, na análise histórica partimos sempre de uma análise sincrônica, tomada como ponto de partida (lat. comedere, por exemplo, sem cogitar de formas anteriores indo-européias que historicamente a explicariam). É sincronicamente que consideramos comedere = com + ed + ere. -- Estrutura da Língua Portuguesa - Joaquim Mattoso Câmara Jr.
A verdade é que os falantes passam ao lado do que os eruditos pensam saber com majestosa e soberana sobranceria porque se ficam sempre por aquilo que lhe parece e assim pelo menos raramente se enganam.

Para os eruditos ibéricos comedere seria comer com o que em latim se expressava com a raiz era con- não se entendendo assim porque deglutir comissialmente não teria ser conedere. Os eruditos anglo-saxões preferem derivar o termo de comedo / comedones com o significado de comilões em que com- seria um intensificador! Como só os falantes ibéricos usam termos derivados de comedere poderia ficar-se a pensar que os ibéricos eram todos uns grandessíssimos glutões? De modo algum porque os eruditos é que pensam saber tudo mas ignoram por vezes o básico que o senso comum nunca perde.

Edible [adjetivo], do latim tardio edibilis, "comestível", do latim edere "comer", da raiz PIE [Proto Indo Europeu] *ed- "comer" (conforme sanscrito admi "eu como", do grego edo "eu como", do lituano edu "eu como", do hitita edmi "eu como" e adanna "comida"; do antigo irlandes ithim "eu como"; do gotico itan, antigo sueco e antigo inglês etan; do velho alto germano essan "comer"; do avesta ad- "comer"; do armenio utem "eu como"; da velha igreja eslava jasti "comer"; do russo jest "comer").

Obviamente que os latinos não usavam o termo comedere quando degustavam de forma «comedida» Na verdade, a ideia de que «comida» deriva do que é «comido», pelo verbo «comer», é absurda! Na mente do falante antes do acto de comer vem a «comida» que depois de consumida já não é nada senão fezes! Os objectos concretos não derivam de acções abstractas mas é antes coisa a inversa a que ocorre!
«Comer» vem de «comida» e não de comedere que, como adiante se verá, pode ter derivado dum nome divino comum. «Comer» < com(d)er < comider < «comida» + ere < «comida»? Obviamente que a «comida» em sentido retórico seria tanto os alimentos como o momento e acção e comer presidida por Comos, o filho de Dionóisio e deus da fraternidade e liberalidade comicial.

Começamos agora a entender porque é que os termos latinos derivados de comederetinham a conotação de glutonaria dos banquetes festivos. Também agora começamos a suspeitar que ou comedere ou Comos terão que rever a sua etimologia.
•comĕdus, glouton.
•cŏmes-tĭbĭlis, mangeable, comestible.
•cŏmes-tĭo, action de manger.
•cŏmes-tŏr, mangeur, consommateur.
•cŏmes-tūra, action de manger.
•cŏmēs-(t)ŭs, action de manger.
Três termos com a mesma raiz para a acção de comer parece imaginação demais de quem especula que seria de menos a dos falantes latinos! Obviamente que a acção de comer e o que é comido se confundem possivelmente na cŏmestūra, no momento do acto de comer, cŏmēsŭs,e lugar da comida, que seria o cŏmestĭo...e de que derivou o termo comício.

«Comício» < Lat. comitiu = cidadãos que se juntam para discutir (com “comes e bebes”)assuntos de interesse público => assembleia popular entre os antigos Romanos.
Reparando bem verificamos que todos os termos latinos relacionados com comedere revelam a raiz comest- muito próxima do nome do deus Comos. Sendo assim, é legítima a suspeita de que comedus e comedere se teriam afeiçoado para parecerem com tendo a etimologia com-ed-ere. Mas o facto de não ter sido *con-ed-ere reforça a suspeita de estarmos perante uma falsa etimologia.
«Comer» < *come(s)dere <= Comos + ter.

Não há que ter grandes dúvidas de que Comos era a mesma divindade que ente os hindus foi Kama. De resto, Comos não foi uma divindade grega muito diferenciada porque partilhava um terreno comum aos Erotes e a Potos.
Kama - o deus hindu do érotisme, do desejo sexual e do amor apaixonado(não penas na «cama»?)!
Comus Kama.
A relação da deusa mãe Kima com a comida está nos olhos de todas as mães, senhoras dos segredos da cozinha e donas de casa.

Para concluir, no fundo o povo comum reúne-se espontaneamente com alegria sempre que há comes e bebes e quando os tempos eram rudes e de carestia inventavam justificações míticas para o fazerem em feriados e dias fastos dedicados aos deuses da devoção corrente. As “festas dos rapazes”, mais próximas das actuais festas académicas, seriam momentos de diversão juvenil que na Grécia se formalizaram em festas dionisíacas e deram origem ao tão formalizado e comercial carnaval moderno.

Assim, ainda que a comédia e o drama sejam aspectos formais eruditos do lado espontâneo da vida comum e popular há que não esquecer que o nome do κῶμος grego e dos comícios latinos estão relacionados inegavelmente com o nome do deus grego das folias que era Como. Se entre os gregos este deus presidia sobretudo as folias dos casamentos entre os hindus o seu equivalente fonético Kama é mesmo o deus do amor.
Como foi que se ligou semanticamente o amor hindu com o amor casamenteiro grego para acabarem no lado popular dos comícios latinos?

Seguramente por meio da simpatia que a festividade gera entre comensais e comitivas que partilham a mesma mesa e a proximidade da cama muito antes da mesma fé que em tempos arcaicos era mais geral e comunitária que particular e familiar!

"Todos estão vestidos com suas melhores vestes e enfeitado com jóias; a alegria prevalece.Primeiro são os portadores da ânfora de vinho e o ramo videira. Em seguida é o condutor do bode sacrificial, que orgulhosamente avança feliz. Em seguida, uma jovem mulher, a Portadora da Cesta (Kanephoros), enfeitada e decorada em seus melhores ornamentos, leva adiante o cesto de figos sacrificial, a fruta mais sexual. Atrás dela vem os fortes Portadores do Falo (Phallophoroi) que transportam o Falo gigante em uma plataforma que o mantém ereto em um ângulo. É um poste vermelho longo, que é envolto em hera e tem dois olhos pintados nas laterais da cabeça."

O Sacerdote é seguido pelo portador do pote de legumes e ppor outros homens e donzelas. (Embora as mulheres casadas participar do sacrifício e festins, eles não estão na procissão, mas assistem do lado de fora. Neste festival os homens estão no comando, enquanto as mulheres dominam outras festas dionisíacas.

Nem por mero acaso a «cama» aparecia no megaron grego tanto para dormir como para comer.
Na Ática, que nos interessa mais de perto, havia os seguintes tipos de festivais dionisíacos:
Lênaias rurais; as grandes festas das Anthestêrias e as Oskho-phorias urbanas.
1 - As Lenhinas eram literalmente as “festa da lua”, os festivais rurais dos tonéis de vinho, aproximadamente em Janeiro, porque não há luar como o de Janeiro nem amor como o primeiro. O termo grego Lenhia poderá ter a ver com a lenha com que se faziam as fogueiras de Inverno
2 -As Antestérias seriam literalmente as “festas em honra da deusa mãe, Antu”, que só não eram as “Maias” por serem realizadas aproximadamente em Fevereiro e Março, e, que por isso mesmo, seriam o equivalente das festas carnavalescas dos gregos e a antecessora da Páscoa. No entanto faziam parte dos cultos Eleusinos da Deusa Mãe Deméter. Era o mais antigo e grandioso dos festivais dionisíacos e por isso também chamadas de "Velhas Dionisíacas".
3 - As Oscofórias poderiam ser literalmente as “festas do «deus menino», (Dioniso, filho de deus do fogo que era Hefesto”). Este festival da colheita das uvas, realizava-se aproximadamente em Outubros, quando havia uma corrida de rapazes levando ramos de parreiras.

Os homens arrumaram o Phalus fora do santuário aonde os dançarinos cômicos irão dançar em volta dele.
Agora nós Te adoramos como Orthos, aquele que está ereto. E quando colocarmos duas pedras ou odres completos na base do Falo, então nós vamos reconhecer que Deus é Enorkhos.

Enorkhos = ἐνόρκιος = Voto, juramento?

Eles dizem que Dionysos e seu falo divino estão sempre juntos e assim Ele está conosco aqui no santuário.
Dentro do santuário ouvimos o sacerdote gritar: "Euphêmeite Euphêmeite!".

A Portadora da Cesta vem adiante e com uma concha espalha molho nos bolos que foram trazidos para o Deus. O sacerdote ora a Dioniso:
Ouçam bem. Senhor Dioniso, conçeda-me agora
Para apresentar o espetáculo e fazer o sacrifício:
Assim como Vós tens, eu e todo este povo;
Então mantenha com jubilo a Dionisia Rural;
Basta de esforço. E que este descanso
Restaure nossas almas e responda às nossas esperanças.
Antes de sacrificar o bode, o sacerdote diz:
Tu, o Bode, que é o Deus, veio e comeu as vinhas, mas agora as raízes trarão uvas em abundância e teremos vinho suficiente para derramar sobre Ti neste sacrifício. As mulheres proferiram o brado "Ololugê" e o bode é abatido."
EUFHMEITE = Não fale mal < *Kau-kima-tu!

Este grito "Ololugê" parece-se foneticamente com o «Aleluia»!

Na base da estátua de Zeus, Olímpia, Fídias colocou as doze divindades olímpicas em pares formados por um deus e uma deusa, como companhia da Hestiaretratou Hermes, deus do comércio. Há entre eles uma relação profunda: de amizade e afinidade de função. Hestia era a deusa do fogo e o paredro fonético e funcional de Hefesto.
Porém, no Verão celebravam-se na Grécia as festas chamadas Oscophoria,obviamente um culto agrícola relacionado com as uvas temporãs.

Nestas festas dionisíacas os herma eram cerimoniosamente vestidos e coroados ficando com o aspecto de “espantalhos de palhas”. Deste modo fica-nos a suspeita de que, mais do que para espantar os pardais por mecanismo que, de facto não seria muito plausível em etnologia animal, a verdade é que os espantalhos (< ish panta allyum, festa “das fogaças e dos fogachos” em honra de todos os deuses do fogo, e a que Hefesto cerimoniosamente presidia) seriam, tal como os palhaços (palliakius), rastos mnésicos degradados de cultos a deuses fálicos antigos!

PALLIUM ou A PROFANAÇÃO DOS FALOS.

O “santo dos santos” de qualquer procissão católica é o «pallium» que como vimos deriva a sua razão de ser do brilho triunfal do sol no étimo de halya de queveio o «alho» sempre tão ligado à boa sorte e à protecção contra vampiros.
Quer isto dizer que, debaixo do palio da vitória, era ostentado o sagrado corpo do deus dos exércitos. Os cristãos ostentam a hóstia consagrada na luneta da custódia que tem a forma áurea e resplandecente do sol de Mitra! Mal sabem os cristãos que sob o mesmo palio se ostentava outrora o mesmo orgulho resplandecente de deus Kar que era o Phallyum.

O Falo de Sacar seria, de facto, o santíssimo sacramento (< o fermento ou o poder mágico da fertilidade de Sacar ) e daí a referência clássica ao deus Phallo (> Pallas Atenas) como paredro de Dioniso.
As características especiais de Dionísio acabaram por atrair outros seres a princípio de origem heterogénea tais como os Sátiros, seres com características animalescas que representariam forças vigorosas da natureza, paixões e emoções da mente humana. Em geral são representados como covardes, sensuais, livres e bem-humorados e com um pénis em permanente erecção.

Havia também os Silenos, sátiros velhos, bêbados e lascivos. Já as Bacantes ouMénades eram entidades femininas, às vezes ninfas, às vezes mulheres, que tomavam parte no cortejo de Dionísio com os cabelos soltos e enfeites florais e cuja forma de contacto com a divindade era o êxtase, o entusiasmo. Vemos igualmente associados aDionísio os Centauros, representantes também da força e do vigor natural e amantes da embriagues e finalmente Pan, deus da vida rural.

Evidentemente que, não sendo os judeus os únicos a ter o interdito do nome próprio de Deus, P de Pan ou de «pénis» foi apenas um artifício para ocultar o nome do divino «caralho» de Kar < *Karallyum, “a festa e o gozo de Kar”, cobra solar, que alada por conseguir voar no céu durante o dia, já que de noite navegava numa barca no mar primordial?). Inicialmente teria sido também T ou D de teos ou deos pois deve ter havido uma forma em thalyum de que vem o «talo» das plantas, como da forma em D vieram as «dálias»…os «galhos», e os «alhos» que não se devem misturar com os «bogalhos».

Em boa verdade devemos estar em presença dum mito intelectualista que encobre a tradição mais arcaica das colunas fálicas da deusa mãe presentes na porta dos leões micénica e que em Gibraltar eram de Hércules e, de bronze no Templo de Salomão. Retorcidas como as cobras da sensualidade vieram a tornar-se as colunas salomónicas em estilo barroco de Bernini.
Mas…, se tal aconteceu terá sido bem mais tarde depois de ter sido esquecido o nome do deus oculto no Pálio < Pallium.

Sem o hallyum apenas restava o P de «pénis». Este seria genitivo, de tal modo que Phalyum se torna a sorte (lat. alia) e orgulho do «Pê», do Deus Pan.
Tudo leva a crer ter começado pelo som Phi dos Ofídios do culto da Grande Deusa a Terra Mãe, culto este que Moisés respeitou por estranha ordem divina:
«--- Faze uma serpente ardente e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido, olhando para ela, viverá».
Ora, um poste com uma píton é um pálio e era no pau levantado ao alto que se efectuava o «empalamento» dos condenados.

Depos dos Egipcios abandonarem a mina no Vale de Tima durante o declinio no século XII DC, os Midianitas converteram o templo em um santuário deles por algum tempo. No santuário improvisado, no Santo dos Santos, os escavadores encontraram apenas um objeto, o mais intrigante de Tima - uma serpente  pequena de cobre com uma cabeça dourada, o antigo simbolo de fertilidade do Oriente Médio. Imediatamente recordou à "serpente de bronze" de Moisés, que se tornou um objeto de adoração.
"Removeu os altares idólatras, quebrou as colunas sagradas e derrubou os postes sagrados. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés havia feito, pois até aquela época os israelitas lhe queimavam incenso. Era chamada Neustã"

Nehushtan < Nephushtan < *Nephiat An => Neptuno. De resto, esta tradição dos cultos fálicos entre os judeus manifestou-se ainda nas estranhas colunas de bronze que ladeavam a entrada do santo dos Santos do templo de Salomão. De facto, é sabido que um dos símbolos antiquíssimos da deusa mãe era formado por duas colunas fálicas. E são duas as colunas das armas de Espanha tal como eram dois os pilares de Hércules levantados em honra da deusa mãe da terra da Ibéria à entrada do estreito de Gibraltar (< Kiwra-Altar, lit. «os pilares do altar da Kiphura»). Sendo a cobra um animal solar e Atum o próprio deus sol, metade homem metade serpente como Abzu, então: Ophideo < O Phi Deo < Phi + Atum =Deo => Phitom. Cobras, falos e pilares eram símbolos antiquíssimos relacionados com os cultos da Grande Deusa Mãe e de seu filho amantíssimo, ora o deus menino do sol da alvorada ora o amante morto nas guerras quotidianas do sol posto.

Atum = Um Deus primordial que foi representado na forma de um ser humano e uma serpente. A versão do Deus egípcio Amon que cria Shu e sua irmã Tefnut via masturbação (ou expectoração). (Suméria) Um Deus criador na Mesopotâmia, mais tarde chamado Ea. => Aten (Aton) = O faraó Akhenaton decretou que ele era o único Deus em sua tentativa de estabelecer uma religião monoteísta.

No entanto, tudo leva a crer que esta tradição arcaica derivou para o culto do «Filho de Deus» nos cultos de fertilidade agrícula onde Eia/Enki = *Enkur/Kur/*kaukur foi:
Sacar < Saturno e Ósiris, no Egipto, Damuz < Thami-Chu < Ki-Ama-ish, lit. o “filho da deusa mãe *Kima” = Tiamat) na Caldeia, Adonis < At-An-Ish, lit. «filho de Anat/Atena», na Síria e Atis [< At-(An)-Ish] na Anatólia! E depois, Jesus Cristo < Jehu *Karestos < (Kiwe Kurish, o filho do deus do fogo do inferno) no cristianismo.

No Egipto o Pitom sagrado era um dos símbolos do terrível poder dos faraós, chamando-se «Uraeus» (< Uraneu) pela sua relação com os deuses uranianos. A cobra teve uma relação tão intima com Deus desde os começos da humanidade que existe a forte suspeita de ela ter sido o próprio Urano. De facto Gr. Ourá = cauda porque uráfoi cobra, pois… «Cobra» < Cupra, < Kap ura na = cabeça da cobra, campeã!

Hermes, Pane Dionísio eram os únicos deuses gregos que reunia ainda na sua simbologia alegórica e mítica este arcaico papel de «divinos filhos da Mãe» e da tradição solar de Aton!
Cupra, por ser da cor do cobre ou foi o cobre que recebeu este nome por ser da cor da cobra e ser extraído de Chipre, ilha das Cobras da deusa mãe cretense? Estranho, no entanto que de caupra > Capra tenha vindo a cabra, fêmea do bode ligado aos cultos caprinos (dionisíacos, báquicos e saturninos, carnavalescos, etc) de que o diabo herdou o aspecto e a má fama!
O santo padroeiro das festas do fogo de S. João tem todo o aspecto de ser o sucessor de Apolo não apenas pelo lado de Jovanes baptista, o mandaenos e gnósticos, mas pelo lado de Jovani, o evangelista do amor que foi o amado/eromeno de Jesus.

Os Ofitas fizeram um culto muito especial para esses répteis: eles os mantinham e os alimentavam em cestas, eles realizaram suas reuniões próximo aos buracos em que estes viviam. Eles colocavam pães em cima de uma mesa e, em seguida, por meio de encantamentos, seduzia a cobra até que esta vinha fazendo seu caminho entre as ofertas; só então eles partilhavam o pão, cada um beijando o focinho do réptil que tinha encantado. Isso, segundo eles, era o sacrifício perfeito, a verdadeira Eucaristia. "Onde está - nas orgias de Dionísio, no culto de Asclépio, ou nos mistérios de Sabazios que, segundo Arnobius, também fez uso da imagem da serpente - que é preciso olhar para as origens de tais práticas? Ou será que eles não lembram ainda mais os cultos de certas seitas pagãs que fizeram um culto especial da serpente da constelação Ophiuchus? Como nossos Ofitas, estes adeptos mantinham os répteis em seu peito e os acariciavam, como símbolos vivos da imagem celestial que eles adoravam."

A este propósito deve ser referido que o povo católico ibérico manifestou sempre um certo desdém pelo rigor da hagiologia já que era a melhor forma de iludir e convencer o clero a festejar os mitos tradicionais mantendo deste modo um paganismo mascarado de cristão. Assim se compreendem as confusões frequentes de S. João que é Baptista porque os bispos o determinaram mas, porque o seu ascetismo cairia mal numa festa desbraga, o povo trocou-o pelo que é evangelista.
Mantendo-lhe a roupagem ascética deram-lhe ares de pastor com o cordeiro pascal ao colo pois o evangelista apelava na sua epístola para os cristãos exclamando:
-- “ovelhinhas do meu rebanho”!
Ora, a verdade é que estamos perante uma manifestação da arcaica tradição do “Bom Pastor” iniciada por Hermes Crióforo.

Autor: Artur Felisberto.
Fonte: Numancia.

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