sexta-feira, 17 de julho de 2015

A Wilka como apropriação cultural

Aproveitando o texto de Maisha Johnson no Everyday Feminism eu irei expor como a Wilka [que é compreendido como o grupo da neo-wicca, pop-wicca, religiões da Deusa e Ecléticos] é uma apropriação cultural.
Apropriação cultural é quando alguém adota os aspectos de uma cultura que não é a sua própria. Considerando que uma religião é uma cultura, a Wicca possui princípios, valores e práticas que lhe são próprias. A Wilka não possui princípios, valores e práticas próprias, mas adota aspectos da Wicca e isto é apropriação cultural.
1. Ela banaliza a estupidez.
A Wilka não irá admitir que não é Wicca, por que existem muitas bobagens disseminadas na internet por celebridades pagãs e sacerdotes paraguaios.
2. Ela permite que as pessoas mostrem seu amor aos Deuses, mas mantém o preconceito contra a tradição.
Os tradicionalistas não são elitistas, mas os princípios, valores e práticas que a Wilka divulga acabam minando todo o sentido da tradição.
3. Ela faz a “bruxaria” parecer legal para o publico em geral – mas muito “pesada” quando feita por uma bruxa.
A sociedade ocidental é dominantemente cristã, mas a Wilka tem colorido e alvejado a Bruxaria com tons de esoterismo e misticismo genérico para torná-la mais aceitável ao público em geral.
4. Ela permite que vigaristas façam carreira como sacerdotes.
Insistindo na ideia do “faça você mesmo”, típicas de uma sociedade individualista, a Wilka agrega e acolhe qualquer um que se proclame como sacerdote.
5. Ela permite que apareça o culto à personalidade.
A falta de critérios dá espaço para sacerdotes paraguaios conquistem o público e ganhem influência. Sustentados por sua popularidade e sucesso comercial, os sacerdotes paraguaios constroem um culto à personalidade em torno deles.
6. Ela espalha estereótipos.
Para satisfazer sua necessidade de popularidade, reconhecimento e aceitação, a Wilka tem um comportamento que endossam o estereótipo de que a bruxa é uma pessoa que se veste como se estivesse em um cosplay.
7. Ela perpetua a histeria cristã.
A Wilka divulga eventos, encontros, rituais, receitas, práticas, sem qualquer critério e cuidado, para um público que pertence a uma cultura predominantemente cristã.
8. Ela insiste na ideia de que qualquer um pode ser o que quiser ser e que deve ser aceito e reconhecido tal como se apresenta.
Como não tem base, não tem mitos, não tem mistérios, não possui linhagem nem as práticas, a Wilka mantem o interesse e o apelo populista, exigindo ser aceita e reconhecida da mesma forma que aceita e reconhece qualquer um.
9. Ela prioriza as opiniões pessoais mais do que as práticas tradicionais.
Como qualquer um está autorizado ou capacitado para se apresentar como bruxo ou sacerdote, tanto faz qual a ideia, o conceito, o conteúdo, a origem ou o propósito do que se expõe. Debaixo do discurso pela diversidade se esconde a superficialidade e desrespeito que podem ser perigosos para quem tenta realizar tais práticas sem o adequado acompanhamento e treinamento.

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