Direto da Musa Iony:
Eu não entendo esse movimento de sagrado feminino puro, sacro e chato. Há uma falta de “eroticidade” nessas coisas. As vezes eu observo (e eu observo muito!) que há uma necessidade de endeusamento, de santidade,de pureza nessa coisa toda. E não existe nada sensual, lascivo ou erótico nas entrelinhas. Ok...há toda uma história do corpo feminino como pedaço de carne na vitrine do açougue. Mas porque não sermos libertárias e colocar uma sexualidade aflorada, um impulso criador e criativo na nossa fala/ação? Sem essa de Tantra!!!! O Tantra foi deturpado no Ocidente e de qualquer maneira não são todas a conseguir acesso a essa filosofia. E nem por isso podemos desistir do nosso corpo erótico e sagrado. Eu vejo na maioria das vezes (e não vou pedir desculpas por isso) a hipocrisia do politicamente correto permeando e se infiltrando num campo tão extenso e tão sagrado. Os ditames do “pode ou não pode”, do “certo e errado”, a dicotomização (mais uma vez!) do movimento sagrado E feminino.
Tenho pensando em quem sou eu no meio disso tudo. Outra vez. Eu não me sinto encaixada. Eu não tenho mestra xamã, eu não danço danças sagradas aprendidas em academias por um preço alto. Eu não faço Reiki, sou capenga no tarot, sou agressiva com as palavras. Minhas fotos não passam a sensação de candura e sabedoria ancestral. Eu não uso roupas do estilo Hippie fashion, eu não dou cursos, eu não acredito da Grande Deusa Mãe que foi execrada por homens maus vindos das estepes (isso eu realmente não acredito!!). Eu não sou popular na internet e eu não acredito na paz. Não essa paz de um mundo cor de rosa e colorido advinda de um saudosismo de uma época de ouro lá no Paleolitico. Eu me sinto um peixe fora d’água...mas só as vezes.
Eu sou fetichista, eu gosto de Pin Ups, gosto de coisas antigas, gosto de homens grandes e fortes e de preferência bem resolvidos com eles e comigo. Gosto de coisas que deixariam as “mestras” de cabelos em pé. Coisas que fariam elas acreditarem que eu estou no caminha errado, que não sou um ser espiritual e que aposto contra as minhas irmãs sagradas, etc etc etc. E isso agora me faz rir! Eu sou forte. Ahh! Isso eu tenho certeza que sou. Eu estudo, eu leio coisas que desbancariam teorias da Grande Deusa fofa num piscar de olhos. E eu tenho hoje, força para me assumir na contra mão.
Mas eu aprendi a aceitar algumas coisas: se existe uma diversidade de deusas, existe também a diversidade de pessoas e assim como eu aceito quem acredita no que eu não acredito, eu espero que me aceitem assim, meio na contra mão mas com um coração aberto. Acho que foi essa reflexão que me fez deixar um pouco esse blog em hiato.Vamos ver o que vai dar a partir de agora. Eu tenho muito a falar sobre assuntos que ninguém fala porque são errados.
Fonte: Alma Rubra
Nota da casa: A "espiritualidade da Deusa" é um movimento contemporâneo, nascido dos movimentos feministas, da contracultura e do romantismo histórico. Existem vertentes bastante radicais que são uma mera inversão do patriarcado, promovendo uma Jeovulva, segregando os homens, destituindo-os de uma alma e espiritualidade, culpando a todos por esse sistema misogino, sexista e patriarcal. E isso não se resolve dessse jeito, dobrar uma barra totalmente para o outro lado vai manter a barra dobrada. Sagrado feminino, espiritualidade da Deusa, significa reconsagrar o desejo, o prazer, o corpo e o sexo. Bora, mainha, pros lençóis, que eu estou inspirado.
Um comentário:
Poxa Beto...eu fiquei deveras emocionada com o apoio que estão me dando. Foi um ato de coragem escrever esse texto...pq eu sou do contra...acho q vc sabe né?rs Mais uma vez o meu terno agradecimento! E vamo que vamo....sempre sendo leais a nóssas ideias e desejos!
Muitos beijos!
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