No Egipto, comemora-se [em 17 de junho-NB] o festival da Noite da Lágrima ou Leylet en-Nuktah em homenagem a Isis e Osiris.
Uma comemoração que tem sido preservada pelos árabes.
É um dia muito especial no calendário tradicional egípcio.
De acordo com o calendário Copta, realiza-se anualmente no dia 17 de Junho.
Comemora o primeiro dia do aumento do caudal do Rio Nilo antes da inundação do delta e do vale do Nilo.
O Nilo é o garante da vida no Egipto, e perdura há milénios, sem ele, não existiria Egipto.
A inundação do vale do Nilo permite que sejam depositados fertilizante naturais no seu solo, os quais irão dar lugar a produções fartas.
Daí que esta comemoração seja um momento muito especial para os egípcios desde sempre.
Normalmente, e embora exista um dia fixo para o aumento do caudal do Rio Nilo, as alterações significativas ocorrem alguns dias depois. Efectivamente, o aumento do nível do rio ocorre muito perto do solstício de Verão.
A deusa Ísis é uma das principais divindades da mitologia egípcia, no entanto o seu culto transcende as fronteiras do Egipto, tendo-se estendido ao universo greco-romano.
O seu culto remonta a 3.000 A.C..
Simboliza o princípio feminino.
É a filha primogénita do deus da Terra, Geb, e da divindade que rege o Cosmos, Nut.
O seu irmão Osíris, torna-se seu marido, e geram Hórus, o deus do céu, inebriado de energia solar.
O outro irmão, Seth, responsável pelos desertos, transforma-se no principal inimigo do casal.
Seth profundamente invejoso da sorte de Osíris - que tinha como missão governar a Terra, mais concretamente o Egipto, teve a oportunidade de transmitir aos homens conhecimentos preciosos sobre agricultura, e os animais.
De acordo com a mitologia egípcia, Osíris é traído por Seth; é morto e esquartejado.
Seth é associado à essência do mal.
Ísis, desesperada, consegue reunir todos os membros do marido, com excepção do orgão genital masculino, o qual foi substítuido por um órgão de ouro.
Isís ressuscita Osíris graças aos seus dotes mágicos e ao seu poder de curar.
Neste interim concebem Hórus, que vingará o Pai matando Seth.
Ísis é a zeladora; sejam escravos ou nobres, pecadores ou santos, governantes ou governados, homens ou mulheres, a todos protege com o mesmo empenho e a mesma solicitude, apanágio da sua natureza profundamente maternal e fértil.
Durante muito tempo foi venerada como a representação maior da essência maternal e da esposa perfeita, além de velar pela natureza; actua em todas as dimensões da Existência.
Era vista como um símbolo do que há de mais singelo, dos que morrem e daqueles que nascem. Uma mitologia tardia atribui às cheias do Rio Nilo, que ocorriam uma vez por ano, as lágrimas derramadas por Ísis pela perda de seu amado.
Ano após ano a morte e a ressurreição de Osíris foram e ainda são relembradas em diversos rituais.
E é assim que nesta tradição da Noite da Lágrima, se revive o enlace de Geb e Nut, ou seja, da Terra e do Céu, e o surgimento da sua descendência, Ísis e Osíris, e ainda a de seus irmãos, totalizando nove deuses, a famosa Enéada, com início na Divindade criadora originária.
Juntos, Ísis e Osíris, simbolizam a realeza do Egipto.
Isís representava o trono, no qual despontava o poder real do marido.
O seu culto tem revestido grande importância e tem sido constante ao longo dos tempos.
Um facto interessante é o de, no Império Romano, ter obtido muitos discípulos.
Actualmente a arqueologia comprova este facto, e é possível encontrar vestígios de templos e monumentos piramidais por toda a cidade de Roma.
Na Grécia, atingiu espaços sagrados como em Delos, Delfos e Elêusis, e particularmente em Atenas.
Os seus discípulos espalharam-se também pelos territórios gauleses, Espanha, Arábia Saudita, Portugal, Irlanda e na Grã-Bretanha.
Fonte: Sigillum
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