segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Música de Caboclo


Autor: Julio de Paula

Aqueles que não conheceram a morte,
tendo passado da vida terrena ao
plano espiritual por meio de algum encantamento:
são os encantados.
(Mundicarmo Ferretti)

Da umbanda à pajelança, do catimbó ao candomblé, do babassuê ao batuque. Santos, orixás, entidades, pretos-velhos, caboclos e muitos outros integram o panteão dos encantados brasileiros.
"Os caboclos são considerados depois dos pretos velhos os grandes mentores espirituais da Umbanda. Foram eles que junto com os Catimbozeiros, decodificaram e organizaram a religião e suas linhas", anuncia a Tenda Espírita Caboclo Arruda – Seara do Ogum Iara.
Os cultos dos encantados espalhados pelas diferentes regiões do Brasil não estão isolados, aponta Reginaldo Prandi. São marcados por trocas e influências recíprocas além da própria fusão entre os rituais. Para o sociólogo da Universidade de São Paulo (USP), também as entidades migram, são incorporadas a diferentes denominações afro-brasileiras, sofrem mudanças, enriquecendo a cada momento o complexo quadro da diversidade cultural afro-brasileira. Em "A dança dos caboclos", diz Prandi: "Todas essas formas de cultos nascidas no Brasil, que podemos genericamente chamar de religião dos encantados ou religião cabocla, são religiões de transe. As entidades cultuadas se manifestam no corpo de devotos devidamente preparados para isso. Todas desenvolvem ampla atividade mágico-curativa e de aconselhamento oracular, são dançantes e sua música é acompanhada de tambores e ritmos de origem africana".
Bethânia, Baden, Rosinha de Valença, Papete e Martinho da Vila são alguns nomes da música popular que recriaram e interpretaram pontos tradicionais. A maior parte das gravações apresentadas neste programa foram realizadas na década de 1970, ocasião também em que também se lançou uma série de álbuns dedicados ao repertório de terreiro, como o Calendário da Linha Branca de Umbanda, Sete Rei da Lira, Umbanda Vol. 2 (Maria Bonita) – todos aparentemente realizados com fiéis das religiões afrobrasileiras.
Recebido por e-mail do Alex Acioli

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