sexta-feira, 15 de julho de 2022

Experiência e palavra

"Religião é para quem tem medo de ir para o inferno. Espiritualidade verdadeira é para quem já esteve lá."

Eu não tenho certeza de quem é o autor do texto, mas não falta gente que adora desfilar sua espiritualidade em público citando essa frase.

Eu vejo apenas uma pessoa triste e convencida. Ninguém que esteve no Inferno volta incólume. Eu passei por uma experiência que, para ser sincero, equivale à antessala do Inferno e eu estou tentando reconstruir a minha vida, sem saber sequer se é possível e o que eu tenho que fazer.

Quando eu sofri com a zoeira na época do ginásio, eu achei que estava no fundo e até pensei em me matar. Eu costumo dizer que quem me salvou foram essas entidades que o mundo ocidental chama de demônios. Então quem diz que esteve no Inferno não sabe o que diz.

Houve também o momento em que eu praticamente "morri" e, lamento dizer, não vi nada do que costumam dizer desse fenômeno "quase morte". Como das outras vezes que eu fiquei "offline" (anestesia total), eu apenas acordei e continuei a viver.

Em algum lugar eu disse que eu vi um sinal, a lua crescente tendo uma estrela como coroa. Em meu íntimo eu sabia ou sentia que aquele era um sinal da Deusa. Então eu sigo com a minha vida.

Eu li em algum lugar algo sobre a visão do Budismo, de que somos nós quem faz o ambiente em que vivermos ser Inferno ou Paraíso. Então quem diz que esteve no Inferno é porque ele (ou ela) fez ser assim. Eu passei por uma experiência que prova que o ambiente nem sempre afeta ou influencia o indivíduo.

Repetir palavras, bordões ou trechos de textos sagrados nada significa. Os textos sagrados são uma base, um guia, de onde se parte, não o destino. Aquilo que se vivencia e se pratica é mais valioso. Não é por seguir caminho X ou Y. Não é por suas iniciações ou quantidade de Livros das Sombras. Mas aquilo que se efetivamente faz diariamente, em relação ao divino e aos ancestrais.

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