domingo, 3 de julho de 2022

Criando um caso

Por curiosidade, eu usei o Oráculo Virtual (Google) para ver quantas referências existiam com as palavras chave que compõem o endereço deste blog. 

Eu fiquei tão alegre quanto apreensivo, pois os textos que aqui estão expostos foram usados em artigos acadêmicos e outros nem tanto. Tem um "estudo" conduzido por um(a) fundamentalista cristão que citou uma postagem minha que, por sinal, também é uma citação.

Eu acabei encontrando um comentário meu em um blog ateu e eu escolhi alguns textos para escrever esse.

O blog se chama "Proving the Negative", o que é suficiente para fazer várias brincadeiras. Traduzindo o nome, fica "provando o negativo", mas como interpretar? Negativo pode ser entendido na instância da língua, da matemática e do magnetismo. Matt McCormick não dá qualquer esclarecimento, mas inevitavelmente ao falar em "negativo" se deve incluir o "positivo". Como bom ateu, Matt deve saber sobre física, especificamente a parte de eletrônica (e magnetismo), na qual esses pólos coexistem, são opostos, mas não antagônicos. Em um aspecto superficial, esse é um termo abstrato, ou seja, não tem evidência de existência, o que deveria ser considerado um "pecado" para um ateu.

Considerando isso, eu devo descrever algumas palavras, tal como o ateu conceitua. Felizmente, eu conheço o Ateísmo tão bem quanto o Cristianismo.

Deus é a entidade do Cristianismo, senão das religiões abraãmicas.
Religião é a cristã, ou suas semelhantes advindas do monoteísmo.
Igreja é a instituição que representa Deus.
Crença é qualquer coisa que destoa do pensamento científico, desprovida de evidência.
Ainda que desnecessário, eu acho conveniente ressaltar que esse conceito é superficial, generalizante, discutível e questionável.

Matt diz: "Primeiro, o direito à crença religiosa não está em nenhum lugar na Constituição dos EUA ou na Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas."

Errado. Está bem claro:

"Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos." (Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas)

"A R T I G O I

O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, ou proibindo o livre exercício dos cultos; ou cerceando a liberdade de palavra, ou de imprensa, ou o direito do povo de se reunir pacificamente, e de dirigir ao Governo petições para a reparação de seus agravos." (Constituição dos EUA).

O que Matt deveria dizer (e saber) é que os direitos são para todos, não podem ser privatizados para um grupo específico. Matt deveria ter considerado que negar o direito a ter uma crença religiosa negaria o direito dele de ter sua descrença. Isso parece contraditório, mas pense na situação de um ateu vivendo, por exemplo, no Afeganistão.

Matt diz: "Não só é possível ser uma pessoa moral sem uma crença em Deus, mas existem algumas razões muito boas para pensar que, em muitos casos, acreditar em Deus é em si mesmo imoral."

O ser humano se preocupa com a moral, sendo crente ou descrente. Eu escrevi algo interessante: "A moral (ou os conceitos sobre o que é moral) que você tem só existe graças aos povos antigos (mais especificamente, Gregos e Romanos), um produto cultural, sem evidência de existência. Então, você acredita em coisas que não tem evidência de existência."

Matt diz: "Aqui está uma apresentação recente em PowerPoint sobre como provar o negativo: Deus não existe."

Ele então apresenta um link que direciona para um PowerPoint feito por ele mesmo, mas o link deu erro 404 ( ou seja, "não existe"). Onde está a evidência de que uma apresentação em Power Point é uma referência verídica? Aqui teve o Deltan Dallagnol que fez um Power Point para "provar" a culpa de Lula. Sendo o próprio Matt o autor, ele (como o Bob) esqueceu do princípio do conflito de interesse.

Matt diz: "A intromissão de Deus no curso das coisas em alguns casos e não em outros levanta mais problemas do que resolve. Se ele parou esses males, então por que não todos os outros? Um bom Deus não impediria todos eles? Se ele tem todo o poder, conhecimento e bondade, então ele poderia ter feito algo sobre os outros casos de sofrimento gratuito no mundo."

Matt retrata o ser humano como uma criatura fraca, covarde e patética. Nós devemos ser a única espécie que choraminga com as vicissitudes inerentes à existência neste mundo fenomênico. Como não acredita, é incapaz de perceber as bênçãos que nos são dadas diária e gratuitamente. Muitos dos males que nos atingem são produzidos por nós mesmos.

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