terça-feira, 19 de julho de 2022

Os Montanistas

Autor: Leopoldo Costa

Também chamado de heresia frígia, ou Nova Profecia, foi  um movimento herético fundado no século II pelo profeta Montanus. Surgiu na comunidade cristã da Frígia, Ásia Menor, hoje parte da Turquia.

Posteriormente, chegou ao Ocidente, principalmente em Cartago sob a liderança de Tertuliano no século III. Quase sucumbiu nos séculos V e VI, embora alguns estudiosos indiquem que sobreviveu até o século IX.

Os escritos montanistas foram perdidos. As principais fontes para a história do movimento são a "Historia Eclesiástica" de Eusébio de Cesareia (História Eclesiástica) e, alguns textos de Tertuliano e Epifânio.

Eusébio, citando Apolinário de Hierápolis, relata que Montanus, era um recém convertido cristão de Ardabau, uma pequena aldeia da Frígia. Em 156 ele entrou em transe e sobre a influência do Espírito Santo, começou a profetizar. Ele conseguiu a adesão de duas mulheres, Prisca e Maximila, que também disseram ter recebido o Espírito Santo e começaram a fazer profecias. Eles começaram a viajar e propagar a seita. O movimento se expandiu pela Ásia Menor. Alguns textos indicam que várias cidades foram quase completamente convertidas ao Montanismo. Após o entusiasmo inicial ter diminuído, restaram como seguidores de Montanus apenas camponeses dos distritos rurais.

O princípio essencial do Montanismo era que o Paráclito, o Espírito Santo da verdade, a quem Jesus havia prometido no Evangelho de acordo com o evangelho de João, manifestou-se ao mundo através de Montanus e dos profetas e profetisas simpatizantes a ele. Isso não parecia, em primeiro lugar, negar as doutrinas da igreja ou atacar a autoridade dos bispos. Na época muitos profetas surgiram. Logo ficou claro, no entanto, que a profecia montanista era diferenciada. Eles induziam deliberadamente o êxtase e um estado de passividade entre os seguidores que afirmavam que as palavras que proferiram eram a voz do Espírito. Montanus também afirmava de ser a revelação final do Espírito Santo implicando assim que seus ensinamentos deveriam ser adicionados ao do próprio Cristo e dos Apóstolos para tornar-se uma doutrina mais completa.

Outro aspecto importante do Montanismo era a expectativa da segunda vinda do Messias, que se acreditava ser iminente. Essa crença não se limitou aos Montanistas, mas com eles tomou uma forma especial que deu suas atividades o caráter de um avivamento popular. Os Montanistas conclamaram todos os cristãos para se reunirem em Pepuza (Frígia) e prepararem-se para a segunda vinda do Messias. Eles acreditavam que a Jerusalém celestial logo desceria na Terra em uma planície próxima a vila.

Além do entusiasmo profético, o Montanismo pregava uma rigoroso procedimento. Propunha um rígido ascetismo, visando à preparação para o momento final, preceituando-se a castidade durante o casamento e proibindo-se as segundas núpcias. No plano alimentar instituiu-se o jejum durante duas semanas por ano e consumo de alimentos secos, sem o consumo de carne. Negavam a absolvição aos fiéis de pecados graves (mesmo após o batismo com confissão e arrependimento). As mulheres eram obrigadas ao uso de véu nas funções sagradas. Recomendava-se que os seguidores não fugissem às perseguições e que se oferecessem voluntariamente ao martírio.

Quando tornou-se evidente que a doutrina montanista era uma ameaça à igreja católica, os bispos da Ásia Menor se reuniram e finalmente decidiram em 177 excomungar os montanistas. Mantiveram o ministério cristão comum, mas impôs-lhe a obediência a patriarcas ortodoxos. O Montanismo continuou presente no Oriente até que uma severa legislação contra a seita editada pelo imperador Justiniano I (reinado 527-565) quase a extinguiu, porém alguns seguidores sobreviveram até o século IX.

O primeiro registro do Montanismo no Ocidente data-se de 177 e em 202 já havia um grupo de Montanistas em Roma. No entanto, foi em Cartago, no norte da África, que uma seita separada tornou-se importante. O convertido mais ilustre foi Tertuliano, que se interessou pelo Montanismo em 206 e finalmente abandonou a Igreja Católica em 212/213 para aderir a seita. Ele apoiava principalmente o rigor moral do movimento contra o que ele considerava de relaxamento moral dos bispos católicos. O Montanismo declinou no Ocidente no início do século V.

Fonte: https://stravaganzastravaganza.blogspot.com/2017/12/historia-das-heresias-montanismo.html

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