domingo, 10 de julho de 2022

Pânico satânico tupiniquim

Esse texto foi possível depois de várias consultas, começando com uma procura de um livro chamado "Deus, a Grande Farsa", atribuído a Valéria de Andrade e é considerado um texto sagrado do Lineamento Universal Superior.
Mas antes, um contexto. Eu vi esse livro, lá por 1989(?), em uma banca de jornal, quando eu ainda trabalhava no comércio varejista. Na época, eu morava com a minha avó, ultracatólica e eu estava, digamos, ficando mais revoltado ainda com a Igreja e o Deus que representavam.
Eu quase me arrependo de não ter comprado o livro, mas admito que o título me estimulou a escrever o meu mesmo, de onde surgiu minha obra "Evangelhos dos Inconformados". Lamento, você não vai achar em nenhuma livraria, mas eu posso te enviar uma cópia, por uma módica quantia.
Mas voltando ao livro, ao Lineamento Universal Superior e Valéria de Andrade. Em 1993 essas pessoas foram envolvidas e acusadas em uma série de assassinatos. Os jornais, eternos abutres, logo estamparam: "seita satânica" e ladeira abaixo. Os mesmo jornais que, no máximo, devem ter colocado uma nota de rodapé quando a principal acusada foi liberada por falta de provas.
Outro caso, também envolvendo assassinato, pessoas ligadas à algum tipo de religião afro-brasileira foi acusada. O delegado, que também era pastor evangélico, afirmou que teve uma "revelação divina" para achar os suspeitos. Uma celebridade pagã local, ao invés de aguardar o esclarecimento do caso, foi logo condenando os suspeitos. Não demorou muito para a farsa do delegado ser denunciada, o suspeito foi inocentado, mas eu não vi nenhuma nota da celebridade pagã local pedindo desculpas.
Eu citei aqui o caso de uma mulher que foi acusada de ser bruxa quando foi acusada de um crime e até uma revista com alguma relevância naquele momento (Veja, que agora amarga o resultado de ter apostado no golpe contra a Dilma e de ter apostado no presidente fascista genocida) noticiou o caso com alarde, omitindo o detalhe que a acusada era líder de um grupo de um tipo de cristianismo esotérico.
Outro caso, de um serial killer, os jornais fizeram questão de dar ênfase no que foi encontrado no local onde ele morava, objetos típico relacionados às religiões afro-brasileiras, tipificando a intolerância religiosa reinante no Brasil, dominada também pelo fundamentalismo cristão.
Isso não é novidade alguma para nós. Nem parece que estamos no século XXI. Não falta muito para os fundamentalistas cristãos reacenderem a paranóia e a histeria que causou a morte de milhares de inocentes com o Santo Ofício.
Mas nós não somos os únicos alvos do que é chamado de "cristofascismo". As religiões afro-brasileiras e a comunidade LGBT também são visadas pelo discurso de ódio proferido por padres e pastores.
Esse tipo de agressão também é vista nos EUA, conhecido por ser um país marcantemente Protestante e, tal como aqui (se bem que o neopentecostalismo daqui imitou o de lá), não faltam pastores fazendo o mesmo tipo de discurso de ódio, contra religiões não-cristãs e a comunidade LGBT.
O conteúdo é conhecido como pânico moral, nos EUA causou o que foi chamado de Pânico Satânico. As igrejas fundamentalistas cristãs assimilaram esse discurso que também é usado por conservadores, direitistas, racistas, xenófobos, fascistas e (neo)nazistas.
Como eu costumo dizer, não é coincidência que essas igrejas estejam apoiando e defendendo o presidente fascista genocida. Mentes iguais pensam iguais.
Triste é ver pagão, como o Caturo, que adota e reproduz esse tipo de discurso.
Seja você cristão ou pagão, não coadune com racismo, xenofobia, homofobia, fascismo e nazismo.

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