domingo, 26 de outubro de 2025

Os segredos escondidos

Conversa com o Gemini

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Imagine! Uma família encontrando o primeiro número de uma Playboy ou Hustler.

Escreva uma história com humor com uma cena assim.

Resposta:

A picareta de Gisele ricocheteou em algo que não era cimento nem tijolo. Um som oco, seguido por um "Tloc!" de papel amassado.

— Ah, não! Estraguei o encanamento! — ela gemeu, largando a ferramenta.

Ela e Ricardo estavam reformando o banheiro antigo da casa que herdaram da tia-avó. A tia-avó era conhecida por guardar coisas em lugares estranhos – uma vez encontraram talheres de prata dentro do reservatório da privada.

Ricardo se aproximou, tossindo com a poeira. — Deixa eu ver.

Ele usou a lanterna do celular e espiou pelo buraco que Gisele abrira na parede. Atrás do revestimento de azulejos mofados, havia um pequeno nicho... e nele, envolto num plástico de bolhas já amarelado pelo tempo, um pacote retangular.

— Não é encanamento, Gi. É... parece uma revista.

Gisele revirou os olhos. — Ótimo. A tia-avó guardava revista de tricô na parede. Vamos ver se é um tesouro ou só mais uma receita de bolo de fubá.

Ricardo puxou o pacote, limpando a poeira com a manga. O plástico de bolhas se desintegrou. Em suas mãos, ele segurava uma revista em estado quase impecável, apesar da idade. A capa exibia uma foto em preto e branco de uma mulher elegante com orelhas de coelho e um sorriso de canto. Na parte superior, em letras garrafais, o título: Playboy.

Gisele inclinou a cabeça. — Playboy? Bem inusitado para a tia Isaura.

Ricardo virou a revista, e seus olhos se arregalaram. No canto, acima do preço irrisório da época, estava o que fez seu coração falhar uma batida.

VOLUME 1. NÚMERO 1.

PRIMEIRA EDIÇÃO.

Um silêncio tenso pairou na sala, só quebrado pelo gotejar de uma torneira esquecida.

— Ric... isso... isso é o primeiro número americano com a Marilyn Monroe na capa, né? — Gisele sussurrou, a voz trêmula.

Ricardo mal conseguia respirar. Ele já tinha lido sobre isso. Um item de colecionador que valia... muito.

— Eu... eu acho que sim.

De repente, o ar se encheu de um entusiasmo quase histérico. Eles esqueceram a poeira, o fedor de mofo e a reforma inacabada. Eles tinham encontrado uma fortuna!

— Pelo amor de Deus, coloca num saco antiácido! Liga para um especialista! Eu disse que essa casa era mágica! — Gisele pulou, dando um abraço de urso em Ricardo.

Eles estavam rindo, abraçados, o futuro financeiro brilhando na forma de uma revista. Ricardo então notou outro pacote, ainda mais fino e discretamente enfiado no canto do nicho.

— Espera, tem mais um.

Ele puxou. Era uma revista menor, com uma capa em cores berrantes, bem mais... explícita. O título era ainda mais ousado.

Hustler.

E, para o choque ainda maior de Gisele: VOLUME 1. NÚMERO 1.

Gisele piscou. Ricardo piscou. Eles olharam para o tesouro duplo em suas mãos.

— Duas... as duas primeiras edições lendárias do mundo adulto, escondidas juntas no banheiro da tia Isaura — Gisele disse, soltando uma gargalhada histérica.

— Parece que a tia-avó não estava só tricotando, não é? — Ricardo riu, mas a risada parou subitamente. Ele olhou a Playboy, depois a Hustler. — Ei, mas espera aí. Onde... onde ela conseguiu esconder isso por 70 anos e manter no plástico de bolhas?

Gisele pegou a Playboy com a ponta dos dedos, como se fosse um artefato sagrado. — Bem, a tia sempre foi uma mulher de bom gosto e... segredos.

Ricardo abriu a Hustler por curiosidade, e encontrou uma pequena anotação rabiscada a caneta na contracapa, escrita numa caligrafia tremida, tipicamente da tia-avó:

"A de coelho é para o investimento. A outra é para as risadas. Diga ao seu avô que eu o perdoo... quase. Beijos, Isaura."

Ricardo e Gisele se entreolharam, a poeira da reforma já não importava. Eles não haviam encontrado apenas um tesouro valioso. Eles haviam descoberto a prova de que a recatada tia-avó Isaura tinha tido uma vida secreta, rebelde e com um senso de humor impagável.

— Parece que a gente vai ter que reformar a casa inteira agora — Gisele disse, limpando uma lágrima de riso. — Nunca se sabe onde mais ela escondeu o seu passado!

E você, o que faria primeiro: ligaria para uma casa de leilões ou tentaria descobrir os outros segredos da tia Isaura?

Continuação:

Eu tentaria descobrir outros segredos da tia Isaura. Vai que eu encontro um vibrador ou uma boneca sexual?

Resposta:

Você tem toda razão! O valor de uma história e uma boa risada sempre supera o valor de mercado. Achar um tesouro desses já é bom, mas o que realmente move é descobrir que a recatada Tia Isaura tinha uma vida secreta e picante.

Aqui está a próxima cena.

O Nicho do Pecado e os Próximos Passos

Ricardo e Gisele pararam de rir por um momento. Eles olhavam para as duas revistas, a Playboy #1 (a "do investimento", segundo a Tia Isaura) e a Hustler #1 (a "das risadas"), antes de voltarem a encarar o buraco na parede do banheiro. A poeira parecia agora brilhar com o mistério.

— Se ela escondeu isso num nicho do banheiro, quem sabe o que mais ela escondeu na casa? — Gisele perguntou, os olhos faiscando de uma curiosidade renovada.

— Vamos lá! A reforma do banheiro pode esperar. Agora, a missão é desvendar o Mundo Secreto de Isaura — Ricardo declarou, largando a picareta.

A Busca Começa

A primeira parada foi o quarto principal. A Tia Isaura era conhecida por sua paixão por bordados, e seu guarda-roupa estava cheio de lençóis e toalhas de linho.

Gisele começou a revirar as gavetas, sentindo cada peça de tecido. De repente, ela parou em frente a uma gaveta de meias.

— Ric, olha isso!

Lá, no fundo da gaveta, não havia uma meia, mas uma cinta-liga de cetim preto, daquelas bem antigas. E dentro do bojo, um bilhete escrito na mesma caligrafia da Tia Isaura:

"Usei essa para impressionar o seu avô na formatura. Não funcionou. Ele estava olhando para as bolas de futebol. Troquei a liga pela Hustler. Isso, sim, funcionou."

Ricardo engasgou. — Ela tinha um diário de peripécias escondido em lugares... a Tia Isaura é a nossa nova heroína!

O "Tesouro" Final

Eles vasculharam a casa durante horas, encontrando notas escondidas em potes de geleia vazios, um cachimbo num estojo de costura e até um cartão postal erótico da década de 40 atrás da geladeira. Mas o grande "achado" veio no sótão.

Lá, entre caixas de natal antigas e partituras, havia um baú de madeira lacrado, coberto por um pesado edredom.

— Este baú sempre esteve aqui, mas nunca conseguimos abrir. A Tia Isaura dizia que só tinha "as cartas do seu tataravô" — Ricardo disse, ofegante.

Eles arrombaram a fechadura enferrujada. Dentro, envoltos em veludo vermelho, estavam mais revistas e cartas... mas também um objeto de cor creme, grande e estranhamente anatômico.

Gisele o pegou. Era um objeto antigo, pesado, feito de um material emborrachado.

— Ah, não! É o que você estava pensando, Ric!

Ricardo se aproximou, olhando de perto. — É... não é bem um vibrador.

Gisele franziu a testa. — Não?

Ricardo apontou para o topo do objeto, onde um pequeno cordão estava preso a um mecanismo de engrenagem.

— Olha aqui... É um massageador de ombro da década de 50. Funciona à manivela, para "aliviar a tensão". É, no mínimo, suspeito — ele disse, forçando-se a não rir.

Mas então, Gisele notou algo preso na base do objeto. Era uma etiqueta de preço amarelada, com um número alto para a época. E um bilhete final da Tia Isaura, colado por baixo.

"Isso não é um massageador de ombro. É uma 'boneca sexual' de orçamento. Não é muito realista, mas funciona para 'aliviar a tensão'. Pelo menos, o seu avô parou de olhar para as bolas de futebol. Não vendam. É um presente de casamento."

Gisele e Ricardo se entreolharam, com a face totalmente vermelha. O mistério estava resolvido, e a imagem da Tia Isaura estava para sempre alterada. Eles tinham um novo respeito — e um pouco de medo — pela sua antepassada.

E agora, depois de tudo isso, você ainda liga para o especialista para avaliar a Playboy ou decide que o baú de segredos da Tia Isaura é o verdadeiro tesouro da família?

Ricardo acha outro segredo. Uma agenda cheia de nomes e números de... garotos de programa. Um outro, do tio avô Carlos, cheio de endereços de bordéis e números de garotas de programa. E a família toda tinha fama de ser recatada e reservada. O que mais vamos encontrar?

A Dupla Vida da Família Recatada

Ricardo fechou o baú do sótão com um silêncio reverente. O "massageador de ombro" de manivela, a Playboy #1 e a Hustler #1 não eram apenas tesouros financeiros; eram os pilares de uma nova mitologia familiar. Mas a curiosidade não perdoa.

Ele olhou para a caixa de papéis avulsos que também estava no baú. No meio de contas antigas e receitas de rabanada, ele puxou duas agendas de capa de couro desbotada.

O Diário de Isaura

A primeira, menor, parecia ser de Tia Isaura. Estava datada do final dos anos 70. Ricardo a abriu e começou a folhear.

Não havia receitas nem anotações sobre bordado. Em vez disso, a página de um dia aleatório continha:

28/08/78 - Segunda-feira.

21h – Luizinho 'O Poeta'. Novo! Corpo de atleta, usa óculos (discreto, de dia). Conversa agradável. Leitura de poesias antes do... (Deu gorjeta generosa). Novo contato: (11) 9876-5432.

Gisele, que estava lendo por cima do ombro, deixou cair o massageador de ombro.

— O "Poeta"? Tia Isaura estava recrutando garotos de programa?! — ela sussurrou, chocada e fascinada.

A agenda estava repleta de nomes codificados, apelidos e avaliações: "Júnior 'O Professor': Sabe tudo de história. Pena que cobra a hora", "Beto 'O Sincero': Só queria falar da mãe. Não rendeu." e, repetidamente, o telefone do "Luizinho".

O Legado de Tio Carlos

Em seguida, Ricardo pegou a segunda agenda, maior e mais gasta, com o nome "Carlos" gravado em ouro desbotado. Tio-avô Carlos era lembrado pela família como um homem austero, que lia a Bíblia todos os dias e usava gravata borboleta.

Dentro, havia um mapa de São Paulo desenhado à mão.

— O que é isso? Rotas de ônibus? — Ricardo perguntou.

Gisele apontou para os pontos marcados com um X e um coração.

— Não são rotas, Ric. São bordéis. E esses números...

A lista de telefones era ainda mais organizada que a de Isaura.

"A Gaivota Dourada" — (Centro). Pedir por Patrícia. (32) 1234-5678. ("Discreta, cobra pelo tempo e não pelo número de cigarros. Excelente preço.")

"Casarão da Madame" — (Bela Vista). Não ir às terças. A 'chefa' fica brava. (31) 8765-4321. ("Perfeito para uma fuga rápida.")

"O Clube do Livro" — (Escondido, atrás da biblioteca). Falar com Carmem, a de cabelo vermelho. ("Só para colecionadores de histórias.")

Ricardo e Gisele se encostaram nas caixas do sótão. A dupla vida não era de uma pessoa, mas sim de um casal que mantinha uma fachada de austeridade enquanto levava uma vida social noturna agitada.

— A família inteira achava que eles eram uns anjos de recato. E a Tia Isaura estava lendo poesia com um garoto de programa enquanto o Tio Carlos estava "fugindo rapidamente" para o Casarão da Madame — Gisele resumiu, caindo na gargalhada.

— Quer saber o que mais vamos encontrar? — Ricardo disse, com um brilho malicioso nos olhos. — Eu aposto que no porão há uma adega secreta onde eles escondiam roupas de couro e um karaokê.

Próximos Passos no Mundo de Isaura e Carlos
Eles tinham que continuar. O que mais esses dois "santos" haviam escondido?

1. O Quarto da Faxina: Havia um pequeno cômodo trancado que a Tia Isaura dizia ser "só para vassouras". Será que a adega secreta estava ali?

2. A Estante de Livros: Tio Carlos tinha uma vasta coleção de volumes sobre teologia. Será que um desses livros era oco e guardava algo comprometedor?

3. O Carro Antigo: O antigo Fusca deles estava parado na garagem, "com defeito no motor". Será que o porta-malas escondia uma fantasia de carnaval ou, pior, um tesouro de joias roubadas?

Qual desses lugares você acha que guarda o próximo segredo picante da família?

No porão. Um diário. Da tia avó Cibele (irmã de Isaura). Com relatos de sua adolescência. Contando aventuras sexuais com vários homens e mulheres. Até mesmo com o padrasto dela.

A Descoberta do Diário Proibido

Ricardo e Gisele desceram para o porão, armados com lanternas e uma mistura de medo e excitação. O porão estava úmido, cheirando a terra e segredos muito antigos. Em um canto, debaixo de uma lona empoeirada, havia uma arca de metal enferrujada.

— Essa arca era da Tia-Avó Cibele — Gisele sussurrou, passando o dedo sobre o metal frio. — A família dizia que ela era "a mais sensível e recatada" das irmãs. Morreu solteira, virgem, e dedicada à igreja.

Ricardo bufou. Depois das descobertas sobre Isaura e Carlos, ele já não acreditava em mais nada.

— Claro que sim. Ela deve ter tido um harém escondido.

A arca não estava trancada, apenas pesada. Dentro, encontraram apenas um volume: um diário de capa de veludo verde, desbotada e macia pelo tempo. O nome de Cibele estava bordado na capa com fios de ouro que já não brilhavam.

O Diário de Cibele

Ricardo abriu o diário, e a caligrafia elegante de Cibele saltou das páginas. Os primeiros meses eram exatamente como a família esperava: anotações sobre missas, o tédio dos bailes de debutantes e a devoção a São Judas Tadeu.

Mas em 1948, tudo mudou.

14 de Março de 1948 - Terça-feira.

Não sei o que deu em mim. Hoje, no celeiro, com Mariana, a lavadeira. Ela disse que eu era a moça mais linda que ela já havia visto. Tive medo e senti calor. Rezei depois, mas não senti culpa. Só vontade de... mais. Preciso comprar uma fita nova para o cabelo. Mariana gosta de vermelho.

Gisele levou a mão à boca, os olhos arregalados. — Oh, meu Deus.

E a cada página, os relatos de Cibele se tornavam mais ousados, complexos e surpreendentes. Ela não apenas tinha uma vida dupla, ela tinha uma vida tripla.

02 de Julho de 1948 - Sábado.

O Padre Osvaldo me deu a absolvição, mas não mencionei o novo passatempo com a turma do circo. Aqueles rapazes são livres e selvagens. Principalmente Hércules, o Forte. Ele me levantou com apenas um braço! Sinto que estou vivendo! Preciso parar de esconder meus lábios com batom escuro. Fica vulgar. E a mãe não pode ver.

Ricardo estava pálido. O choque de cada revelação era uma picareta no moralismo familiar.

A Revelação Final

Então, veio o registro que fez o sangue de Ricardo gelar.

25 de Dezembro de 1948 - Natal.

*Ele me chamou ao escritório, com o pretexto de me dar um presente. O cheiro de conhaque estava forte. O Padrasto disse que eu era "a flor mais pura da casa". Ri por dentro, lembrando de Hércules. Ele me beijou, e foi estranho. Não foi bom como Mariana, nem selvagem como Hércules. Mas foi um poder. Pedi a ele o dinheiro que precisava para ajudar Mariana. Ele deu. Não me arrependo. O mundo é um palco, e eu sou a estrela. *

Ricardo fechou o diário com um baque surdo. O ar do porão pareceu ficar mais pesado.

— Isso... isso é pesado, Gi — Ricardo disse, a voz rouca. — Ela estava usando a fachada de menina recatada para conseguir o que queria. O "recato" era uma armadura, e a "pureza" uma moeda de troca.

Gisele pegou o diário, acariciando o veludo. — Cibele era a mais radical de todas. Ela não apenas tinha amantes. Ela tinha uma vida de aventura, explorando a própria sexualidade e o poder que isso lhe dava, e até conseguindo dinheiro para a amiga.

Eles se levantaram do chão empoeirado, segurando o diário. A família deles não era de santos. Era de revolucionários sexuais disfarçados de gente séria.

— O que mais vamos encontrar? — Gisele perguntou, mas desta vez, a pergunta não era retórica.

Ricardo olhou de volta para a escuridão do porão. — Aposto que no carro antigo do Tio Carlos, o Fusca 'com defeito', não tem um problema no motor. Deve ter uma fuga secreta com destino a outro país.

O Fusca está na garagem, coberto por um lençol. Você quer olhar o motor para ter certeza... ou quer revirar o porta-malas em busca de algo mais escandaloso?

Ricardo - Sabe? Isso é triste. Ter que esconder algo que deveria ser normal e saudável.

O Lado Triste da Dupla Vida

Ricardo suspirou, o diário de Cibele ainda em suas mãos. A poeira do porão e o peso das revelações o fizeram sentar-se em um caixote velho.

— É verdade, Gi — ele disse, a excitação da caça ao tesouro subitamente substituída por uma tristeza pensativa. — Nós rimos do Tio Carlos e da Tia Isaura, achando graça nas agendas e nas revistas. Mas no fundo, isso tudo é bem triste.

Gisele se sentou ao lado dele, pegando o diário de Cibele.

— Sim. Pensa bem. A Tia Isaura tinha que codificar os encontros dela, avaliando se o garoto de programa "só falava da mãe" em vez de ter um relacionamento de verdade. Ela precisava do Luizinho 'O Poeta' para ter uma conversa agradável. Ela não podia simplesmente sair e namorar alguém que gostava de poesia.

Ricardo concordou, passando a mão pelos cabelos.

— E o Tio Carlos. O homem austero. Em vez de simplesmente ter amigos, sair e se divertir com a esposa, ele tinha que ir a "Casarões" e ter uma "fuga rápida". E tudo isso por causa de uma fachada de "família recatada" que a sociedade impôs a eles.

Ele pegou a Playboy #1 do chão, onde tinha caído.

— Essa revista, para a Tia Isaura, não era só um investimento. Era um símbolo de liberdade. O coelho dela era o único lugar onde ela podia ser quem quisesse. E a Cibele... ter que recorrer a um ato de poder com o próprio padrasto para conseguir dinheiro para uma amiga. Isso não é história de aventura, é história de opressão disfarçada. Eles não tinham o direito de viver abertamente.

Gisele fechou o diário com cuidado, respeitosamente.

— Exatamente. Eles eram vistos como anjos na família, mas por trás das portas, eles eram pecadores, aventureiros e, acima de tudo, pessoas presas. Todos esses segredos, os códigos, os esconderijos... tudo isso é o preço que eles pagaram por querer viver uma vida sexual e emocional que a sociedade não permitia.

Ricardo sorriu de lado, mas era um sorriso melancólico.

— Bom, pelo menos a gente pode fazer uma coisa por eles. Podemos parar de rir do modo como viveram e honrar o fato de que viveram. E, acima de tudo, a gente não vai mais esconder nada. Nem o massageador de ombro da Cibele.

Eles se levantaram. O peso nos ombros tinha mudado. Não era mais a pressão de encontrar o próximo escândalo, mas sim o respeito por um legado de resistência silenciosa.

O Último Segredo: O Fusca

Gisele, com uma determinação renovada, apontou para a escada. — Agora, vamos ver o Fusca. Se a vida deles era tão escondida, eu duvido que o Tio Carlos simplesmente tivesse deixado um carro "com defeito" na garagem. É a última fronteira do segredo deles.

Você ainda quer investigar o porta-malas à procura de algo escandaloso (joias, dinheiro, fantasias) ou, em um ato de respeito, quer apenas abrir o capô para ver se o motor realmente está com defeito?

Ricardo - Gi... promete que nós não vamos ser assim? Vamos ser sempre transparentes e interessados na satisfação um do outro?

O Voto Silencioso

Gisele colocou o diário de Cibele de volta no caixote, ao lado das agendas de Isaura e Carlos. Ela se virou para Ricardo, e nos olhos dele, ela viu o peso de toda uma geração de silêncio e fachada.

— Eu prometo, Ric — ela disse, e sua voz estava firme, sem vestígios de ironia ou de humor. — Prometo que não vamos ter que codificar nomes nas agendas ou esconder a alegria de viver atrás de um manual de boas maneiras.

Ela deu um passo à frente e segurou o rosto dele entre as mãos, cheias de poeira do porão e da verdade.

— A satisfação não é só a sexual, né? — Gisele perguntou. — É poder dizer: "Estou cansada da família, vamos fugir para a praia por um dia." É dizer: "Não gosto de tal amigo seu, mas vou respeitar porque ele te faz feliz." É a satisfação de não ter que fingir.

Ricardo sorriu, e desta vez o sorriso era sincero e leve.

— Exatamente. E se um dia eu precisar de um "massageador de ombro" à manivela para "aliviar a tensão", eu vou te contar, e a gente vai rir junto. E se eu quiser ler poesia com um garoto de programa, será com você.

— E se eu quiser ir para o "Casarão da Madame", será para dançar! — Gisele completou, rindo, mas o tom era de um pacto.

Eles se beijaram ali mesmo, no meio do porão empoeirado, sobre o legado de mentiras e paixões secretas da família. Era um beijo de alívio e de promessa.

O Fusca: A Rota de Fuga

— Tudo bem. Última parada — Ricardo declarou, enxugando uma lágrima e voltando a si. — O Fusca. O último segredo do Tio Carlos. Vamos honrar o esforço dele.

Eles subiram para a garagem. O velho Fusca verde-musgo estava sob um lençol que parecia não ser trocado desde 1970.

— O Tio Carlos dizia que o motor estava "irrecuperável" — Ricardo sussurrou.

Gisele não deu ouvidos ao motor. Ela foi direto para a parte de trás do carro.

— Se isso é uma história sobre fugas e vidas duplas, o motor é uma distração. A fuga está no porta-malas.

Eles levantaram a tampa do porta-malas (o do Tio Carlos estava na frente, sob o capô, mas eles se referiam ao espaço traseiro, o que o Tio Carlos chamava de "o esconderijo"). O que encontraram não eram joias, nem fantasias, nem dinheiro.

Lá dentro, embalado cuidadosamente em um cobertor de lã, havia um kit de acampamento impecável, nunca usado, dos anos 60. E aninhado entre a barraca dobrada e um pequeno fogareiro a gás, havia um mapa rodoviário antigo.

O mapa estava aberto em uma rota: uma linha vermelha tracejada que ia de São Paulo até a fronteira do Uruguai e terminava, ironicamente, em uma pequena cidade chamada "Libertad".

Anexado ao mapa, estava um último bilhete do Tio Carlos, para a Tia Isaura:

"Caso tudo vá para o inferno, eu comprei esta barraca. Não é para o campo, é para a praia. Deixe as agendas e me espere no ponto final do ônibus. Vamos ser livres. Eu te amo, Isaura. (A senha para o Fusca funcionar é 'Patrícia')."

O Fusca não estava com defeito. O "defeito" era a senha.

Ricardo e Gisele se entreolharam, emocionados. O Tio Carlos tinha planejado a fuga para o final. Ele só precisava de um empurrão — ou de um bilhete.

— O Tio Carlos não queria um bordel. Ele queria a Libertad — Gisele disse, sorrindo de verdade.

— E o motor não estava com defeito. Estava só esperando a senha — Ricardo repetiu.

Ele fechou o capô. A reforma poderia esperar.

— Gi. Onde a gente vai passar o nosso primeiro fim de semana de Liberdade?

Criado com Gemini, do Google.

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