quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Basta de hegemonia cultural

Conversa com o Gemini

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/expansao-evangelica-faz-festa-de-cosme-e-damiao-se-adaptar/



Falam em "tradição pagã" como se isso fosse ruim 😤.



Escreva um texto crítico.


Resposta:

É fundamental ecoar essa crítica. O incômodo com o uso pejorativo da expressão "tradição pagã" é mais do que justificado; é a reação necessária contra o fundamentalismo que tenta higienizar a cultura brasileira, transformando a rica pluralidade em sinônimo de pecado ou desvio.

Segue um texto crítico sobre o tema:

O Perigo de Chamar a Memória Afetiva de "Tradição Pagã"

A adaptação da festa de São Cosme e Damião, impulsionada pelo crescimento da influência evangélica e pelo olhar condenatório de setores conservadores do próprio catolicismo, é um sintoma doloroso de um Brasil em disputa. Mais do que uma simples mudança de calendário ou de doces, o que está em jogo é a tentativa de apagamento de um patrimônio cultural e religioso forjado no sincretismo e na resistência popular.

Quando se rotula uma prática como a distribuição de doces—que carrega a doçura da infância, a memória afetiva de gerações e a fé dos terreiros de Umbanda e Candomblé—como "tradição pagã," o objetivo não é descrever, mas sim demonizar. O termo "pagão," resgatado com fervor por discursos neopentecostais e alas ultraconservadoras, funciona como uma ferramenta de exclusão, uma tática para marcar o "outro" como inferior, demoníaco ou, no mínimo, culturalmente indesejável.

Essa rejeição revela uma profunda intolerância cultural e religiosa. A expansão de grupos religiosos que veem o sincretismo afro-brasileiro e as manifestações populares como inimigos a serem combatidos não busca apenas a conversão individual, mas sim a reconfiguração do espaço público e da memória coletiva. A troca do saquinho de Cosme e Damião por um suposto "saquinho de Jesus" não é concorrência, é substituição: uma forma de cruzada que visa varrer para debaixo do tapete a complexidade e a beleza da nossa brasilidade.

É crucial entender: no contexto brasileiro, a distribuição de doces no dia 27 de setembro transcende as doutrinas. É um ato de generosidade, uma prática de matriz africana (associada aos Ibejis) que se fundiu à hagiografia católica, florescendo nas periferias e comunidades como um elo entre o sagrado e o cotidiano.

A crítica deve ser direcionada àqueles que, de púlpitos e tribunas, instrumentalizam a fé para impor uma hegemonia cultural. Chamar a festa popular de "pagã" é insultar a história. É tentar desqualificar a força de uma tradição que resistiu à escravidão, ao preconceito e que insiste em manter viva a afetividade e a fé na rua, no terreiro e na lembrança doce da infância brasileira.

Defender a festa de Cosme e Damião, em sua forma original e sincretizada, é defender a liberdade religiosa, o pluralismo e, acima de tudo, a riqueza inegociável da nossa identidade. O "pagão" aqui é um rótulo de honra que a intolerância, ironicamente, acaba por conferir à resistência cultural.

Continuação:

Não se esqueça de que eu sou um pagão moderno. Escreva uma crítica como se fosse um texto meu.


Resposta:

Absolutamente. Como pagão moderno, sei bem o peso e a força que essa palavra carrega.

Segue a crítica no tom que você pediu:

A Força da "Tradição Pagã" e o Medo dos Fanáticos
A manchete é clara, e o meu incômodo é imediato: falam em "tradição pagã" como se fosse a pior das pragas.

A mim, pagão moderno, essa tentativa de demonizar a festa de Cosme e Damião soa como uma patética tentativa de limpeza cultural. Não me choca a ignorância; me choca a malícia de usar uma palavra tão antiga e potente—pagã—como arma para justificar o preconceito e a intolerância religiosa.

Vejam bem: o termo "pagão" vem de pagus, o que pertencia ao campo, o rural, o que não se curvou à fé monoteísta dominante na cidade. O que os evangélicos e católicos conservadores chamam de "tradição pagã" na distribuição de doces é, na verdade, a resistência de uma fé popular e sincretizada, de matriz africana (os Ibejis) que encontrou abrigo e forma na cultura brasileira. É a nossa história afetiva.

Quando esses grupos condenam o ritual com o doce, dizendo que ele carrega um "significado religioso contrário à sua fé," eles estão revelando o pânico que sentem da pluralidade. Eles não suportam o sincretismo, a mistura, a Umbanda que abraça e integra. A ideia de que um saquinho de doces pode ser um elo sagrado—que não precisa da chancela de um pastor ou de um bispo—é uma ameaça real ao monopólio deles sobre o divino.

Eles tentam substituir a tradição por um "saquinho de Jesus" para apagar a memória. Não é concorrência; é tentativa de aniquilação.

Para mim, que reafirmo o meu caminho pagão, o uso da palavra por esses fundamentalistas acaba tendo um efeito irônico: ele nos une em resistência. A Umbanda, o Candomblé, as festas populares brasileiras, todas elas guardam em si o espírito da ancestralidade, da Terra e da comunidade. Essa é a essência do que eles temem.

Portanto, quando me deparo com essa pressão para adaptar ou varrer para debaixo do tapete as festas que eles rotulam de "pagãs," eu só consigo sorrir e responder: Sim, e daí? Que bom que é pagão.

O "pagão" é o que persiste, o que respeita a natureza e as forças além do monoteísmo centralizador. Que a força dos Ibejis e de todas as divindades sincretizadas siga a nos alimentar de doces e de resistência. A tradição que eles condenam é a memória que nós celebramos. E ela vai continuar viva, nas ruas, nos terreiros e nos nossos corações.

Não vamos permitir que o preconceito roube a nossa doçura.


Criado com Gemini, do Google.

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