domingo, 10 de novembro de 2024

Consuma-me

Debaixo desse mesmo céu
Debaixo dessa mesma lua
Iluminada pelas mesmas estrelas

A Primeira
A Original
A Magnífica
Ela disse não

Não, eu não vou me submeter
Não, eu sou igual ao Homem
Não, eu sou livre
Não, eu não serei domesticada

O Firmamento tremeu
A Terra sacudiu
Ventos e trovoadas
Quando Ela pronunciou o Nome

Esse era um Nome antigo
De Deuses anteriores aos Elohim
De uma antiga Deusa Serpente
Ocultada e apagada
Pelo poder patriarcal

Deuses e Homens
Tentaram erradicar
Esse conhecimento ancestral
Mas o sangue sempre lembra

Muitos a maldizem
Muitos a condenam
Mas bendita seja Ela
Mas louvada seja Ela

Queria eu ter Arte
Para poder descrevê-la
Espírito da Noite
Espírito do Vento
Habitante da árvore Huluppu
Donzela de Inanna
Companheira de Ishtar
Rainha dos demônios
Soberana de Gamaliel
O signo da lua negra

Onde quer que esteja
Eu rogo que me ouça
Divina forma feminina
Coloque seu ninho
No fundo do meu coração

Venha como vieste em sonho
Venha e me morda novamente
Venha e me devore
Venha e me drene
Eu te entrego meu sangue
Eu te entrego meu semen
Eu te entrego minha alma

Que minha existência
Seja consumida por Vós
Aceita-me e sorva-me
Dentro de Vosso ventre

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