Uma execução pública é um espetáculo que entorpece, entretêm e mantêm o povo subjugado. Os poderosos precisavam de um corpo e não faltam a estes colaboradores para apontarem o inocente que carrega sobre si os sinais e marcas que a sociedade projeta. Os colaboradores dos poderosos são os lideres de organizações religiosas e políticas, cujo poder e influencia dependem de manter o povo na ignorância, no ódio, no preconceito e na intolerância.
Não foi suficiente sacrificar o Ungido, pois o sistema está construído sobre a segregação, a miséria, a desigualdade. Aquele que chamaram de Cristo foi judeu, herege, bruxa, cigano, negro, imigrante, mulher, homossexual e agora é transgênero. Os capangas do poder apontam o alvo e os poderosos podem fornecer ao povo o espetáculo.
Eis o corpo! Seu nome é Viviany Beleboni, queria eu que fosse Babalon! Bendita sois vós! Pois de ti vem as palavras de inclusão! Que de seu belo corpo desnudo e castigado pelos açoites da rejeição nos livre a todos do fundamentalismo cristão. Suba no palco, suba no trio elétrico, faça de seu belo e desejado corpo o linimento para todos os que sofrem com a perseguição.
Eis a Paixão! Ela tomou sobre si as dores de muitas pessoas e sua cruz representa os muitos inocentes que foram assassinados simplesmente por serem diferentes. Deus Pai, Deusa Mãe, Nossa Senhora do Arouche, perdoai-nos, por que não sabemos o que fazemos!
Sim, Ungida, nós te bendizemos e veneramos, pois teu ato de coragem denunciou ao povo quem são os seus verdadeiros inimigos! Aceita nossa perece, pois que o sagrado e o divino são todos os gêneros. Sagrado é o masculino, sagrado é o feminino, sagrado é o heterossexual, sagrado é o homossexual, sagrado é o transgênero.
Vinde, então, Babalon. Livra-nos do medo de ser, de sentir, de amar. Livra-nos da vergonha de aceitar nosso prazer, de aceitar nossos desejos e de aceitar nosso corpo. AMÉM!
Nota: texto originalmente escrito e publicado em 2016, em um blog que foi extinto.
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