domingo, 18 de dezembro de 2022

A Teia de Wyrd

Autor: Júlio Cézar de Araújo.

“Ontem, hoje e amanhã não são consecutivos, estão conectados em um círculo sem fim. Tudo está conectado”, disse Jonas Kahnwald, o protagonista da renomada série Dark, que aborda questões sobre o tempo, a vida e o destino.

A ideia de que tudo está conectado por uma “teia do destino” é algo muito antigo, que persegue vários aspectos da sociedade anterior ao Ano do Senhor, passando por cultura, religião, posição social e qualquer outro tipo de pressão que faça as pessoas se conformarem com as próprias realidades.

Isso ajudou a colocar todos em "caixinhas sociais" de conformismo, mantendo, por exemplo, o agricultor em seu trabalho de formiguinha para sustentar as classes mais altas da pirâmide social, sem imaginar que poderia ir além daquela realidade.

A Teia de Wyrd surgiu durante o período nórdico, entre 793 e 1066 d.C., sob o conceito de que as escolhas feitas em um lugar afetam diretamente o que acontece em outros, exatamente por tudo estar conectado por essas "linhas do destino".

No mito nórdico, as três Irmãs do Destino, como aparece em registros históricos gregos e romanos, eram Wyrd, Verdandi e Skuld. Elas foram responsáveis por fundarem a Teia de Wyrd, também chamada Teia de Skuld, que se tornou um componente crítico da sociedade nórdica.

A maioria das pessoas acreditavam que as irmãs teciam o caminho da vida de uma pessoa antes do seu nascimento, passando por alguns eventos inevitáveis, mas, em geral, mantendo o destino tão cego e apático. Rico ou pobre, ninguém estava livre das mãos das tecelãs, tampouco do que estava predestinado.

Conforme o conto oral anglo-saxão Beowulf, escrito em meados de 1000 d.C., um homem só seria poupado de seu destino quando sua coragem valesse a pena.

Acredita-se que a origem da Teia de Wyrd e de seu símbolo rúnico esteja relacionada à árvore do mundo Yggdrasil, que representa a interconexão de toda a vida. 

O símbolo Wyrd, usado atualmente até mesmo como tatuagem, contém nove linhas (um número nórdico sagrado), seis pontas e vários triângulos sobrepostos que representam como as fases da vida foram interconectadas e se tornaram impossíveis de se separarem.

A crença na Teia de Wyrd acabou na Inglaterra com a Era Viking, entre 800 e 1050 d.C., em que esses povos viajaram para várias partes da Europa, incluindo a Escócia e a Islândia, difundido sua cultura e promovendo uma espécie de apagamento sistemático das demais.

Fonte: https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121100-teia-de-wyrd-a-ideia-nordica-de-que-tudo-na-vida-esta-conectado.htm

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